24 de fevereiro de 2012

Algumas histórias IV

Conto um conto verídico...
Um céu absolutamente negro arranja essa paisagem que agora exponho
Hoje me recordo não como pesadelo, mas sim um bom sonho.

Personagens afins...

Lua minguante, tímida boca sorrindo
Um grande amigo comigo
Os dois loucos de pedra
Um fusca branco
Um garrafão de cinco litros de vinho
Disposição e atitude
E a insensatez da juventude.

Era um final de semana comum
Do nada, às três da manhã, tivemos a ideia de ir à Miguel Pereira
A casa era de um conhecido
Mas nunca havia ido, não conhecia o caminho...

Problemas e afins...

São Pedro solta uma água bem forte
E pra arrematar a imensa falta de sorte
Não temos limpador de para-brisa
Para resolvermos a premissa
Duas goladas bem fortes...

Metade do meu corpo estava fora do carro
Camisa velha na mão
Limpando o campo de visão
Até acharmos abrigo.

Encontramos um bar aberto de beira de estrada
Tinham uns quatro indivíduos com ares suspeitos
Esperamos o temporal passar
Nos informamos e ainda levamos um sujeito.

Finalmente chegamos à cidade
“desovamos” o amigo em sua casa
Entramos em uma estrada de barro
E nada do endereço procurado.

Estávamos tão ébrios que resolvemos ceder
Entramos em uma pequena rua que dava em um portão
Desligamos o carro e fomos descansar
Dormimos até o sol nascer


Ficou mais fácil a busca com a luz do dia
Logo em frente havia uma mercearia
Perguntamos ao dono onde ficava a casa
Com o dedo em riste e a face atroz sorrindo...
“D’outro lado da rua, logo ali na esquina!”

André Anlub



Imagem: web

23 de fevereiro de 2012

Le Petit Maurice

Depois de sair do seu banho...

Reparte o cabelo ao meio
Passa um pouco de Gumex
No pulso seu belo Rolex
Separa um trocado pra cerva
E não se esquece da erva...
E a chave de seu Chevrolet Veraneio.

Coloca uma bermuda de marca
Um chinelo de dedo
Mesmo sabendo que é cedo
Um uísque e dois cubos de gelo.

Vai sem rumo pra Urca
Louco varrido na praia
Depois uma pizzaria famosa
Com gente bonita faz prosa
Nunca soube o que é uma árdua labuta!

Esse ano fez trinta anos
Nunca na vida fez planos
Mede um metro e noventa
Um par de olhos azuis
Ama bala de menta
Pai rico, famoso juiz.

Estudou nos melhores ensinos
Fez inglês nos Estados Unidos
Mulheres ele coleciona aos quilos
É inteligente e feliz.

Fundou uma confraria de solteiros
Charutos e bebidas, prostitutas e cavalos
Quando chegou aos quarenta...
Dinheiro e saúde pro ralo.

A vida ficou antipática
Empilhando contas em sua mesa
O burguês que migrou pra pobreza
Morreu de cirrose hepática.

André Anlub


Imagem: web

21 de fevereiro de 2012

Das Perspectivas

Disseram-me uma vez que tudo é variável dependendo do ponto de vista
Hoje, com outros olhos, penso diferente sobre isso.
Mas assim eu atualmente não estaria concordando?

Todos defendem com unhas e dentes seus conceitos e convicções...
Às vezes até na força.
Não sabem, ou não querem saber, que saber ouvir é uma arte...
E ser flexível não cabe nenhuma perspectiva, já ser áspero sim!

Certa vez fiquei curioso ao ouvir uma piada de Juca Chaves, a qual ele diz ser verídica...
Tentarei resumi-la...

Ao entrar no avião ele se senta ao lado de uma famosa modelo
Indaga a ela se a mesma faria amor com ele por um milhão de reais... Ela topou.
Por seguinte faz a mesma pergunta, mas com o valor de cem reais.

Sem querer estragar o contexto, aí vem a clara perspectiva...

“Cem reais? Pensa que sou o que?” – retrucou a modelo.
“O que você é nós já sabemos, o que falta é negociar o preço” – objeta Juca.

A perspectiva dela mudou no mesmo grau que não foi modificada a dele.
Ao vermos fatos no dia a dia, automaticamente adquirimos diversos pontos de vista...

Podem ser mutantes conforme o adequado
Entusiasmáveis conforme as mídias
Descer redondo ou taxar de quadrado.

Mas seja dono de sua perspectiva...
Saiba muito bem qual o seu lado.

André Anlub



Imagem: arq. pessoal

20 de fevereiro de 2012

Dos Carnavais

Prólogo...

Nos idos da década de oitenta...
Recordo-me nada remotamente de um carnaval peculiar
Saímos bem cedo e impetuosos do Rio de Janeiro
Éramos cinco no carango, um Chevrolet marajó
Véspera de carnaval... Meados de fevereiro.

Não pegamos transito, pois saímos numa quinta-feira
Fomos a uma fazenda em um município de Minas Gerais...
Lugar calmo, muito verde, cavalos e cachoeira.

De lá, na manhã seguinte, já partimos ao sol nascendo
O objetivo era São João del Rei
Chegando e como já conhecíamos a cidade...
Aproveitando que ainda era dia
Fomos à caça de um teto, de uma estadia.

Tudo andava bem até o instante momento...

Arrendamos uma casa deveras engraçada
Não tinha camas mas quatro quartos, um banheiro e uma privada
Era o único sanitário e ficava bem debaixo do chuveiro.
Com um teto rebaixado, só se entrava agachado.

Mas o mais inusitado ainda estava porvir
A dona criava um porco na área dos fundos
Das nossas janelas dos quartos, tínhamos a bendita visão
O grande suíno nutrido nos olhava como amigos.

Saímos na primeira noite para a farra
Muitas garrafas e copos foram derramados
Ao voltarmos já na madrugada
Quase ninguém conseguiu dormir.

O porco estava inquieto
Com o grunhido estranho, muito grave e abafado
Parecia que estava engasgado...
Ou podia estar só dormindo.

Todos desceram e foram ver o bichano
Mas o mesmo se escafedeu
A dona da casa acordada explicou que o havia vendido
E o último a acordar e descer foi eu.
Não havia mais nada à explicar...

O som havia parado, o silêncio invadiu o lugar.

André Anlub


Imagem: web

18 de fevereiro de 2012

Das virtudes

Ele, como todos nós, tem defeitos
Mas são as qualidades que se destacam
Vertentes de virtudes nas verdades
Idôneos atos e puros pulcros feitos.

Altruísta ao extremo
Doa sangue, é prestativo.
Sempre ativo com os amigos...
Que necessitam de apoio.

Mas proseando...

Seu problema veio de repente, com exames de rotina
Diagnosticado um mal, um câncer de retina.
Precisou de um doador... De um transplante urgente
E nem por um instante duvidou e desdenhou sua sina.

Essa história poderia ter um final díspar
Mas felizmente, de tanta gente, ele achou o doador...
Um morador de rua que ele sempre dava um prato de comida.

O que sempre soube, reaprendeu com a vida...
Feito o ato de bondade... Sem ver raça ou idade, credo ou classe social...
Você estará sujeito... Em qualquer tempo ou jeito, escapar de um mal.

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.