6 de março de 2012

Nem mais uma vírgula

Meu coração é meu presídio, minha cela
Havia, de frente pro mundo, uma janela
Ficava escondida, bem no canto
Foi cimentada e pintada com aquarela
Com misto de cimento, pigmentos, areia e meus prantos.

Não existem mais paisagens, só grades
Ainda que eu grite pedindo ajuda
Não seria honesto
Um simples gesto de euforia
Não valeria o mesmo.

E se eu escrever um belo poema...
Que fale de rosas e saudades?

Seria mais uma lágrima nos olhos dos enamorados...
Um unicórnio ou um ser alado...
Nos tantos sonhos.

E se eu me entregar por inteiro...
Ficar nu e rasgar dinheiro, me largar na rua?

Nem seria notado.

Pois sou desarmado de inspiração
Sou um mal amado sem coração
Tenho a candura que não vale a guerra
Tenho a emoção que já caiu por terra.

Mas sem compromisso no fogo coloco a mão
Tenho tudo escrito acima...
Nem mais uma vírgula...
Um ponto final então.

André Anlub


Imagem: web

5 de março de 2012

Das Anuências

Sinto sua farsa, faca que tenta tocar-me.
Palavras pesadas - Cristais de gelo que se lapidam em pontas prontas, tontas, que se propõem a ferir e rasgar.

Da sua boca saem venenos, voz atroz que de momento visa matar.
Das ventanias que criam desavenças, em varias crenças que inventa, vive e usa para apoiar-se.
Seu desdouro levanta voo, se perde no espaço, sem rumo, sem leme e sem retorno.

Mas também sinto sua verdade, maquiagem que me faz mais belo
Olhares leves – plumas das mais raras aves, presenteando o mais talentoso poeta, que se propõem a inspirar.

Dos seus olhos saem paixão, veracidade.
Um grande mar, um lindo céu.
Puramente e tão somente a razão de um amar.

Desse misto de emoções, de perfeição e o avesso
Da vida, que você faz de adereço...
Quero fazer parte.

Quero rematar e ser completo
Quero o certeiro e o hipotético
O atlético e o peso morto
Quimera de seu seguro porto...

Só quero.

André Anlub

Foi hoje pela manhã

Solto os verbos com as rimas
Loucura sob o céu que observa
Fortes são minhas asas que vão ao vento
Fazendo do meu mundo minha quimera.

Sem bússola e sem direção
Emoção no contato com novos povos
Povos com ritmo, sem inadequação
Que eternizam a ação do tempo.

Nas paredes descascadas das igrejas
Visíveis imagens do envelhecimento
Desmascaram as pelejas
Nas esquinas religiosas.

Joelhos ao chão em devoção
Entregam-se ao fado hipotético
Aproveito e solto meu canto patético
Afiada e desafinada oração.

Na saída não apago a luz
Entregue ao provável destino
Com estilo de esporte fino
Nos pés um belo bico fino.

Charuto cubano no boca
Fito no horizonte o disparate
Aceno para qualquer boa pessoa
Quero à toa uma guarida.

Volto do meu voo imaginário
Toquei o belo azul turquesa
Preservo com idoneidade e clareza
O que ponho no papel da minha vida.

André Anlub (05/03/12)



Imagem: web/Grécia

4 de março de 2012

Da Arte

Primeiro marquei meu horizonte
Em um traço negro em declínio
Deixo a inspiração fazer domínio
Depois me embriago na fonte.

Pintores são fantoches e fetiches
Sobem em nuvens ou caem em piches
Respiram a mercê de sua cria
São puros profetas à revelia.

Tudo podem e nada é temível
Nem mesmo perderem o dom
Sabem o quão infinito é o tom.

Seus corações de loucos palpitam
E no cerne que neles transitam...
Saem às cores do anseio invisível.

André Anlub



Foto: arq. pessoal

3 de março de 2012

Para Sylvia

Abra a porta e deixe a felicidade entrar
Conte à ela toda sua vida e suas histórias
Fale de suas amarguras e vitórias
Convide-a para um chá
Temos pão integral e frutas.

Que tal a deixarmos recitar um poema seu?
Fazer desse momento aquele que nunca se esqueça
Vamos Sylvia, então escolha você...
Assim, de repente, sumimos para além dessa redoma de vidro
Para longe de uma coação em sua cabeça.

Diga em voz alta, exponha o que lhe faz falta
Abram todos, todas as janelas
Se for repressão ou depressão...
Ainda não está fenecida
Faça as pazes com a vida.
Invente que escrever é sua mazela.

Coloque mais um prato na mesa
Mais lenha na lareira e ajeite a cama
A alegria quer ficar.

Sylvia, não se vá...
As letras já estão em prantos.

Todas as pessoas que foram seus sufrágios
Agora estão deitadas em posição fetal
Com olhos encharcados...

Olhando o além, com suas poesias em mãos
Vivenciando o quão a vida é fatal
Descobrindo que nem a morte é em vão.

André Anlub

2 de março de 2012

Das mudanças

Acordei com desejo de tocar-te
Ver teus olhos fechando devagar...
Ao beijar tua boca até dar câimbra no maxilar
Sentir o calor de teu abraço com o acalorar do corpo.

Acordei sabendo que laços podem arrebatar
Sendo todos pintores do arco-íris...
Responsáveis e determinados
Tecemos a seda dos nossos próprios céus.

No mundo que os olhos são em quatro...
És minha deusa, sagrada e áurea
Tens-me em tuas estendidas palmas
Sou uma espécie de servo e confesso réu.

Acordei querendo ouvir tua voz
Ser o ser mais importante para ti
Experimentar tua sensualidade
Possuir-te.

Uniremos nessa amplitude
E no êxtase da inquietude
Ter carta de alforria
Persuadir-te.

Acordei mais livre, com novos aforismos
Assim poderei te amar com tenacidade
Na igualdade de sermos um só
Como um nó cego de vontade própria
Que pode até desatar na intensa lealdade.

André Anlub

29 de fevereiro de 2012

Rio 447 anos - Parabéns ao Povo Carioca



Ode ao Louco

Sente na carne o estrago que a trincheira do corpo deixa passar
Flecha que não era bem quista, disritmia foi-se a bailar
Casco inquebrável, por vezes tentado a traições.

Entre o espírito luzidio e a aura, há um fulgor de Foucault mais forte.
Persevera a bondade do antes e do agora
Ser altruísta de cumplicidade afortunada e contínua
Mostra com clareza, destreza e simploriamente, os “nortes”.

A altivez tem tratamento, seja por vezes até o suicídio!
Segurando forte em uma mão a vida moribunda...
Na outra mão a morte... Acalento que soa sem perigo

Suspenso pelo pescoço, com as canelas ao vento
No abismo vê-se isento de culpa, de dor e remorso.

Dimanem sacrifícios?
Não, chega de ignorância!

André Anlub


Imagem: web

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.