18 de abril de 2012

Dueto com Bia Cunha

Bloquinho

Não contive o anseio de me molhar na forte chuva que de repente inundou a rua, a calçada, a alma minha e até a lua. Parte era asfalto, parte lama e parte de mim que dança. Banho que purifica, deságua, desaparecendo os maus fluidos e elevando minha aura ao patamar que almejo. Faço meu desejo por entre sonhos multicoloridos com parentes e amigos queridos, que se foram e agora me dão as mãos o voam comigo.
Em sintonia com eus, céu, terra e paz interior, caminho em direção a árvore do outro lado rua, na antiga praça que reunimos sorrisos e aprendizados. Procuro o banco logo abaixo dela e sento. Dentro de mim a sensação é de pairar num alto e velho monte. Consigo ver as melhores paisagens das minhas recordações. Choro. Como não poderia ser diferente abro seu bloquinho de poesias... Sei todas de cor, na verdade nem precisaria lê-lo para recitá-las ao vento, como um louvor. Ainda sinto muita nostalgia, e essa saudade esfola e aperta o peito como um torno gigante, mas mesmo assim eu anseio.

Anseio nos ser sempre. Porque tudo ainda vive em mim.
E como de praxe, mais uma vez, choro.

André Anlub e Bia Cunha

Imagem: web

18 de Abril - Dia Nacional do Livro Infantil




LIVRO DO MAL

Voz: Savio Marimon Deble

Foi a mais bela de todas
Vivia em seu castelo protegida por um dragão
Usava ouro, jóias e vestidos de seda
Ninguém podia lhe tocar a mão.

Era pintora e falava mais de dez idiomas
Sua voz era de um belo tom
Tudo de nada serviu
Pois de casa nunca saiu
Para expor o seu dom!

Passava o dia inteiro cantando e escrevendo em sua redoma
Já havia escrito mais de cem livros
Entre contos, prosas e poesias
Havia um que era exclusivo.

Um livro de poesias sobre a vida
Sobre ser o que nunca virá a ser
Falava sobre viver com várias saídas
Livre arbítrio para beber e comer.

Narrava a vida em Gomorra e Sodoma
Sobre vinhos e depravações
Subtrações que se revolvem em somas
Mostrava quase todas as emoções.

Mas o seu tempo foi passando
A velhice chegou
Sua pele foi enrugando
A demência lhe pegou.

Por fim morreu com seus escritos
Nunca os mostrou.
A verve que antes perdida
Surgiria agora como um mito.

As datas foram ocasião
Os livros que o passado deixou fora
Atualmente em uma escavação
Acharam essa biblioteca de outrora.

O mundo caiu em sobras
Sua escrita alguém publicou
Tal sombra do mal o devorou.

Não tinha asteróides nem cobras
Nem as previsões de sábios
É o puro armageddon de alfarrábios.

Embora seja só uma história
E o livro não tenha o menor dolo
Bebemos o vinho e comemos o bolo.

Tomando cuidado com a verve
Sabendo sempre o que lê
Com atenção no que escreve
Fazendo a escrita valer.

André Anlub

17 de abril de 2012



Corpos

Entre quatro paredes geralmente não há frio
Como as palavras que bem encaixadas se tornam um samba
Correnteza lenta que desce sem fim o rio
Entre as pernas, pedras, contornos e subornos...
Calafrio.

As sensações misturam-se em desvairo
Não mais se sabe os inícios, os meios e os fins
Lençóis em êxtase e o leito em vida
Malabaristas tântricos se travestem de querubins.

O tempo é dedicação e ternura
A luxúria e o reto da ação se fazem tortos
O absorto é de pura candura
Corpos que se tocam vivos não se entregam mortos.

André Anlub

16 de abril de 2012



Navalha de Occam

Entre todas as teorias em uma cabeça,
Existe uma mais fácil de explicar e entender
Pergunta-me: Por que pedir adeus?
Um trocadilho? Jamais, erroneamente, irá saber.

Se já deu no que foi... Não perpetue a casualidade
É egoísmo, pois não existe mais porvindouro
Falácia e falsa moralidade.

Não me venha com mais explicações
Sente que as nuvens negras irão sumir...
Pensa se o tempo pode parar...

A aversão é um elo para desunir?
Acha loucura sentir e pensar?

Onde está a razão?
Onde está o sentimento?

Busca no âmago do interior,
Com a redundância desse momento.

O terror de não ter mais emoção...
Nessa ação que lhe faz tão bem

É a vontade de estar vivo...
Voando a favor do vento.

Mas de encontro a um trem.

André Anlub
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Occam's Razor

Among all the theories in a head
There is a lot easier to explain and understand
Ask me: Why ask goodbye?
A pun? Never mistakenly will know.

If what has already been ... Do not perpetuate the casualty
It's selfish, because there is more porvindouro
Fallacy and false morality.

Do not give me more explanation
He feels that the dark clouds will disappear ...
Think if time can stop ...

Aversion is a link to disunite?
Think crazy feeling and thinking?

Where's the reason?
Where is the feeling?

Search inside the core,
With the redundancy of the moment.

The terror of not having more emotion ...
In this action that makes him so well

It is the will to be alive ...
Flying with the wind.

But against a train.

Andre Anlub


Trinta moedas de prata

Vivo em um velho mundo novo
Há poesia que oferece o dote à beleza
E enquanto o vai e vem do vento soprar
Haverá música na semente da natureza.

Vivo do amor por nobre pretexto
E o pensamento nu que habita nessa obra de arte
É a inenarrável magnificência
Do mais puro sentimento que deixo.

Sei que nem tudo são flores
Adéquo minha arte de polimerizar
Às vezes não se sabe qual é trigo ou joio
Nem tudo é exato na ciência do amar.

Na convivência com meu próximo, posso ser traído
Seria como um largo sorriso que mata
Mas eu jamais ficaria surdo com o estampido
Assim como não se compra uma índole...
Com trinta moedas de prata.

André Anlub

Imagem: Anlub

15 de abril de 2012

Para esse final de tarde de Domingo

Tropa de Elite 2 - Filme Completo [HD]

O hipocritamente errado quase sempre forma uma corrente que se junta com o Politicamente correto.

- André Anlub -



Sem Tribeira

Faces, que por sua vez só a sua
Pernas, desenhadas obras de arte
Poemas, que saem em forma de conjectura
Pele da mais crua e nua, pura seda
Amor, a beira da loucura.

Fascínio que deleita minha alma a sua procura
Suor que exala raro aroma, incenso de paz.

Sigo seu caminho, meu destino
Ouço sua voz, meu desalinho
Toco nos seus lábios, desperta a libido
Gemidos saem de minha torta e seca boca... que jaz.

Junto as mãos e faço uma oração
Peço aos deuses e anjos
Quero ser impuro se na sua presença estiver
Busco a insegurança de um ser qualquer.

Me castro... Me xingo e me nego
Vejo-me em uma sinuca de bico
Sem eira nem beira, um cego
Sem nem tribeira
Um cisco.

André Anlub

14 de abril de 2012

14 de Abril - Dia Internacional do Café



Café é coisa brasileira. Determinou grandes momentos da nossa história, ditou políticas e comportamentos, é da nossa cultura. Nós não temos o hábito do chá das cinco, como os ingleses, mas é só chegar uma visita em casa, que corremos para fazer um café fresquinho, "passado na hora".

Durante muito tempo o nosso simpático cafezinho ficou sem prestígio. Sua imagem foi associada a idéias negativas, como estresse e distúrbios do sono.

Alguns estudos, aliados a programas de controle de qualidade do café consumido no Brasil, conseguiram mudar este quadro. O produto reconquistou o respeito da população. Revigorado, com novo marketing, ganhou novas versões para atingir consumidores mais exigentes: agora, você pode escolher se seu café é descafeinado, ou orgânico, ou liofilizado; granulado, solúvel, torrado e moído, torrado em grão; café


História do café

A história do café é marcada por interessantes acasos e coincidências.

Sua origem é estimada em cerca de mil anos e está associada aos árabes, que primeiro cultivaram a fruta. A região de Kafa, no Oriente Médio, parece ser o berço do café, tendo inclusive emprestado seu nome à bebida.

Mas interessante mesmo são os primeiros registros acerca do café, nos quais podemos perceber como a observação dos animais inspira nosso cotidiano.

Tudo começou na Etiópia, quando um pastor percebeu que suas cabritas gostavam de comer certo fruto pequenino, vermelho e arredondado. Estas mesmas cabritas se mostravam mais espertas e resistentes depois de comê-lo.

Quando o pastor resolveu experimentar as frutas (esmagou-as com manteiga e fez uma pasta), conheceu os efeitos estimulantes do café. A versão bebida, porém, vem dos árabes.

Isto foi no século XV. Com o passar do tempo, o café seria não só saboreado, como estudado em seus efeitos estimulantes e revigorantes.

Através do comércio dos árabes com os europeus, o consumo do café foi se ampliando e, com as grandes navegações, chegou às Américas Central e do Sul.


Do amor natural

Mudando o foco para a beleza que há no natural
Nas ínfimas coisas que muitas vezes passam despercebidas
No costume que se assume no mecânico do automático
Fazendo-nos esquecer das coisas mais simples e não menos importantes.

Da grandiosidade de uma atitude humana espontânea
Do querer o bem e enfrentar o mal no dia a dia
Desligar o motor do carro e ouvir uma ave cantar
E as mãos abertas para deixar cair ao chão às pedras que iria atirar.

Não é deixar de solucionar teoremas
Nem tampouco esquecer os problemas
Somente dar um tempo ao tempo de paz.

Se deixarmos o nosso viver, vir e ver o enternecido
Quem sabe consigamos acordar o amor entorpecido
Pois o ódio intransigente está inenarrável nos dias atuais.

André Anlub

No lume focado

Suborno-me nos sentimentos
Não me identifico mais
Fico orgulhoso até quando não posso
Sinto o dissabor sem um pingo de remorso.

Quero sempre mais o poder de ter o poder de ter sempre mais
Mesmo que isso me faça algumas vezes andar para trás
É uma sensação de ter todos os ossos quebrando ao mesmo tempo
Desmontando-me, desmoronando, com um sorriso no rosto.

Rezo à toa em palavras sem nexo
Nunca foi empecilho ser dislexo
Rejeito as emoções, pois meu coração é só flerte.

Furo sempre o sinal vermelho da vida
Pois não vejo graça no verde...
Sendo o amarelo um elo inexistente.

Mesmo com um absurdo teor
Cartas que escrevo não possuem remetente
Incondicionais do meu eu vomitado
Que sem fim pousam no lume focado.

André Anlub


Imagem: web

13 de abril de 2012

Campanha de Apoio ao Casamento Civil Igualitário

Aniversário de Fortaleza 2012 – 286 anos



Fogo brando

Quando o amor alcança tais almas
Engraçadas são as entregas
A sensação de dominados e indefesos
Os que antes eram plumas tornam-se pesos.

Mas um quilo de penas é o mesmo que um quilo de pedras.

Quando o amor é legítimo...
Rasgam-se dogmas, cuecas e calcinhas
Viajamos em um trem fora dos trilhos
São duas lindas pipas sem linhas
Monocromáticos com vivos brilhos.

Moldando as afeições sem aflições
Receita da fidelidade que é inerente
Marinada no tempero das paixões
Fica no fogo brando que contenta a mente.

André Anlub

Sexta-feira 13



O Gato preto

Busco-lhe pelos telhados
Sou seu gato preto da sorte
É de morte morrer atropelado
É de praxe viver rindo da morte.

Arrepiado no encalço da gata
Afio as garras numa estrela próxima
A resposta para aquela sua carta
Pus no correio... Pode fazer uma aposta.

No horizonte olhos brilham de terror
E com pavor de sete vidas, matemática
Subo na árvore como quem pega elevador
Uso o miado, som da minha temática.

Salto bem rápido... Bem mais célere que o vento
E invento caras para conquistar a felina
Alguém me faz viver mais o momento
Com você quero gastar minha sina.

André Anlub

12 de abril de 2012



Quero voar

Sem amor me sinto homem nu
Mas não em cama de lençóis de seda
Sobrevivente nos pólos norte e sul
O frio fazendo o coração gritar que ceda.

Mas procuro, caço e vou além
Marco território como um animal
Jogando a isca para alguém
Mas nunca engodo superficial.

Quero mergulhar na paixão
Como semente forte no chão
Que cresce e se torna jatobá.

Pode ser amor perigoso
Infiel, insaciável e fogoso
Mas que me proporcione voar.

André Anlub


Caso do Acaso do Amor

Brumas sobre águas de um charco
Impérios de um só rei
No brilho do meu espírito
Ato do fato se fez.

Perdida sem remos nem barco
Cria-se um grande amor
O ontem, hoje e o infinito
Navegam banhados em um fardo.

Sinto-me colhido maduro
No pé da árvore da vida
Nasci para todo sentido
De pé ao pé de um muro

Natural e sublime
É cega, irmã da justiça
Entre o fresco e a carniça
Deitado em uma cama de vime

Te aceito paixão imprevista
Amor à primeira vista
Faço do acaso companheiro
Agora dono do meu mundo inteiro

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.