30 de julho de 2012

Segredos de amor

Almejo no teu olhar tua sinceridade
Na voz, sons de flautas doces, mistérios
Deixo pegadas salientes nas saliências de tuas curvas
No meu sentir, nos teus quereres, o elixir doce de nossa igualdade.

Mas se na tua fonte me tiraste o meu banhar
Não for mais minha panacéia
Ocultares o amar e desenterraste o desapego
Deixas-me em estrada deserta, sem placas, com medo.

Sinto que de certa forma estou em um purgatório
Onde se encontram carrascos de afagos e castigos
Teu doce segredo destoa, se mostra imponente e notório
Mas logo surges em beijos e um abranjo amigo.

Por fim torno-me teu amo
Tua bondade, sensibilidade e clareza
Afogas as mágoas e avarezas
Pedes para eu gritar em tons inaudíveis o quanto te amo!

André Anlub

29 de julho de 2012

Revivendo...

Nossos Litígios

Pelos nossos próprios litígios
Tentei organizar nossas vidas
Apagando insensatos vestígios
E acendendo e excedendo as saídas.

No doce ninho, que mesmo em sonho
Onde criamos rebanhos, rebentos
Em águas límpidas que fazem o banho
Depurando, em epítome, nossos momentos.

Amontoando em vocábulos incertos
Vejo e escrevo, em linhas tortas, n'alma
Optando por esse amor na justa calma
Nas brigas que expulsam demônios e espectros.

Mas na sensatez do amor verdadeiro
Vi-me lisonjeado por ser o primeiro
O real, fiel e o ardente.

Sou o qual lhe agarra a unhas e dentes
Sendo o mais perfeito, da paixão, mensageiro
Andando feito ébrio a passos doentes.

Mesmo se somassem todos os números e datas
Secassem todas as águas do planeta
Encharcando sua face que no ápice da tormenta
Sempre responde com lisura imediata.

O ardor do âmago do seu ser
Acabou escrevendo minhas linhas
Nesse bem querer de minhas rinhas
Só, e mesmo cego, posso lhe ver.

André Anlub


Me vi pela vida

Sai do ostracismo
Marasmo jamais
Abri a janela!
Larguei a bebida, peguei minha magrela... Sai para a vida.

Chamei de “tesão” a donzela!

Curtindo meu tempo, pois o mesmo é curto.
Um absurdo, com tudo no mundo e tudo voa ao vento

E o contentamento?

Larguei a tristeza, cuspi na grandeza com delicadeza
Senti a brisa no rosto, me vi pela vida.

Não sou mais esboço!

Mostrei o dedo pro desgosto... Com muito gosto
Cicatrizaram feridas.
Pude retornar feliz, com a incumbência resolvida
Viram-me pela vida, como eu sempre a quis.

André Anlub


28 de julho de 2012

Olhos e mãos

Olhos que fitam o azul celeste
Pensando em um dia desvenda-lo
Olhos que veem vultos por detrás de ideias
Sabem da capacidade do poder imaginário.

Ousadia das mãos...
Plantam e criam
Remetendo os seres ao mais adiante mundo
Ser que fica desnudo
Ser que fica vestido
Todo e qualquer atributo.

Olhos que mergulham em longínquas profundezas
Tirando o corpo físico do lugar comum
Olhos que trafegam no vão e vêm de letras
Na mão e contramão de amores e lendas.

Mãos de um ser...
Rápidas, elas desvendam segredos
Revelam medos da mais delicada forma
Transmitem o que dos olhos já foram vistos...
Ou até mesmo o que gostariam de ver.

André Anlub


Quem caça um poema?

Já nem sei por onde anda
No gole, na gola, na manga
Nem sei de onde veio
Do ventre, da saia, do seio.

Sei que em bares é citado
amado e temido.

Sei que fica exposto aos olhos
e dos olhos sorve o pranto
Das mãos às vezes é santo.

Dizem que é dissabor e contentamento...

No seu corpo tem amor
no coração, lamento
Dizem a má e a boa língua
Que é terra, mar e vento.

André Anlub

27 de julho de 2012

TURBILHÃO...






São cacos, sim. Cacos
que brilham ao chão 
Turbilhão, tubarão
Caçadores de mim


A vaidade não me impele
Minha idade, um querubim
Em sonhos me revele
voar para além do fim


São sonhos, sim. Sonhos
que navegam pra fora da escuridão 
Intenso e extenso, em puro lume
Vagalumes risonhos


Levo no meu cajado rebanhos
Permito-me à imaginação
semeio contos, romances e ilusão
e colho estrelas com brilhos tantos


Constelo um novo céu
que na retina se refaz 
Volto então ao turbilhão
Aos anjos e luzes


No papel o fel da plenitude
Vasto na embriaguez ao léu
Abro mares intensos,
correm todos os eus, escarcéu


arranha-céu de folhas desnudas,
regadas de tinta e sal 
Novamente os cacos e sonhos
cruzam minha incerta estrada


O perdão de fala abrupta
Sinceridade exposta nessa caminhada
Assento em calmaria a brasa
para aquecer o frio, a queda, toda jornada


Substituo frases, texto e poemas
por silêncio, mantra e um sorriso
Acompanhada de mim sigo
encerrando aqui o turbilhão de teoremas 




André Anlub e Bia Cunha

Das arapucas

Um queijo novamente está à vista...
Perto e perfumado
Mostra-se muito simples
Mostra-se muito fácil...

Algo emana pelo ar do porão.

No buraco não se coloca a mão
No furacão não importa o errado
A ratoeira almeja o seu rato...
Mas há a eficácia da incoerência.

A proposta torna-se conveniência
Assina-se com sangue na carne
Foram os dedos, ficaram os anéis
Preocupa-se em levar vantagem.

Armadilhas das caminhadas e voos
Clarezas nos dias que somem
No chão ou em imensuráveis alturas
Águia fita o alvo, loba fita a vítima.
Todas alcunhas do bicho homem.

André Anlub

26 de julho de 2012

Dia no vácuo

Ontem a inspiração não deu as caras
Tornou-se peça muito rara
De um dia chuvoso de março.

Ontem nem sinal de uma ideia
Mesmo com choro e com vela
Com água que encharcou a janela
Respingou nas minhas pálidas folhas.

Ontem mudei na arte o meu foco
Já estava com saudade das bolhas
Nas tintas e em minhas mãos dos cinzéis
Dos pincéis tirei a poeira
E encruei na mente a aquarela.

Hoje na alva das nuvens...
Como bela ave do paraíso
Desceu e mostrou-me em sorriso
Pintou as folhas brancas e telas.

André Anlub


Dos Fetiches

Posso passar as manhãs de domingo com você?
Faço aquela massa de pão com alho que você adora
Faço suco de acerola, da nossa árvore do quintal.

Pensei em vermos aquele filme do cachorro...
Aquele que você sempre chora!
Confesso que em mim desce uma lágrima no final.

Podemos, após o filme, nos beijarmos em ventania...
Mas o amor, faremos serenamente
Orquestrando nova sinfonia
Na varanda sob a lua crescente.

Em seguida tomaremos um maravilhoso banho quente...
Quiçá na jacuzzi, com aromatizantes e ervas calmantes
Com “only time” da Enya de fundo musical
Agora somente a luz de velas.

Podemos novamente fazer amor
Com mais ardor.

As espumas na água formam desenhos
A luz do ambiente compõe de forma majestosa o cenário.

Quando tudo acabar poderemos prosear
Perguntarei o seu nome...
Seus gostos e preferências...
Se hoje fui o seu homem...
As suas andanças...
Sua profissão e reticências...

E por fim, nos dedos vazios...
Colocaremos novamente as alianças.

André Anlub

25 de julho de 2012

25/07 - Dia do Escritor


Das inspirações

Veio assim de repente como essa brisa gostosa que corta o vale
A lembrança recente que se faz nascente no amor que ainda insiste em você.

Eu, sentada aqui nesse tronco velho de eucalipto...
Os pássaros dando rasantes, bebendo água no lago
Vendo, lá do outro lado, o vento batendo e fazendo no dossel das árvores um balé formoso.

Sinto uma enorme saudade que me aperta o peito feito um torno sem controle
Tento escrever algumas linhas no meu bloco, só saem rabiscos e o seu nome.
Meus pés descalços tocam nas folhas secas, marrons.
O som que elas emitem me remete à uma época em que eu ainda me arriscava com a velha máquina de escrever.

Tempos remotos e maravilhosos
O velho cesto de lixo, lotado de folhas amassadas
Pensamentos que saiam já amarrotados da minha cabeça
As imagens que só vinham à noite, como fadas ou almas aladas.

Inspiração é assim... Um mistério em frente e verso
Quando a verve lhe toca é como um empurrão...
Um mergulho no buraco nada negro do universo
O colorir da emoção.

André Anlub

24 de julho de 2012



A luz do amor

Beleza exposta no tom de um ingênuo feixe de luz multicolorido
Entrou pela janela e beijou meu subconsciente
De criança inocente tornei-me seu adulto amante
Em um amor nada errante – em uma paixão toda ardente.

Tesouro das águas profundas, ricos barcos afoitos
Vidas que fulgem no ouro que ofuscam olhos presunçosos
A cada passo, cada raso e cada fundo
Um plantar em outras épocas, agora inevitável fruto.

Ah, amor profundo, pro mundo não findo amor
Amor vagabundo de pés descalços na grama mais verde
Sinto no seu encalço o verdadeiro flerte
Perdido e achado – no fundo e no alto - doado e presente.

André Anlub (24/07/12)

Do ego

Ele segue altivo, vitorioso e de bela aparência
Segue muito bom naquilo que gosta e faz
No seu andar desfila, brilha e transmite paz.

Mas tudo isso não deixa de ser o que ele pensa.

De superego inflado permuta por mais uma dose de ar
Procura estar onde abonam os “tapinhas nas costas”
Ignora algumas perguntas, mas sabe as respostas.

Mas nisso tudo ainda pode estar muito enganado.

Elogios e afagos, sem dietas, vão lhe alimentar
No pódio ele quer sempre os três primeiros lugares
E nos altares... Ainda almeja ficar mais elevado.

Ego não tem encanto nem quando é verdadeiro
Resta a agudeza de se achar beleza e um ser superior
Tudo se mescla com as empáfias e indelicadezas
E mostra um mendigo buscando ser um pouco amado.

André Anlub

“Nunca se viu egoísmo que não se queixe de ingratidão.”
- Emmanuel -

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.