17 de outubro de 2014

ALGUNS MINICONTOS

Foi o terceiro dia de novidades ruins. Juvelínio olhou para cima e cuspiu uma série de palavrões, ao fim dos quais perguntou:
- Ouviu bem?
Exatamente nesse instante, passou um pombo.


Definitivamente, Zaugusto Bertol não cantava nada. Sem senso de ritmo, sem afinação alguma e com um pingo de voz quase inaudível. O que Zaugusto Bertol queria então inscrevendo-se para aquele concurso cuja seleção era super rígida, só passava quem cantasse bem? Vá saber.


“Só pra ver ele berrar”. Era assim que Gunacco explicava sua conduta em relação a Muskov, um amigo. Se é que cabe o conceito de amigo para alguém que goste de ver alguém berrar. Mas as pessoas têm disso. Muskov berrava e a amizade deles ia resistindo, resistindo.


Disciplinado, mas nada fanático. Assim Baravick se autodefinia. Baravick levantava sempre no mesmo horário, calçava os mesmos chinelos (resistentes: há quase trinta anos eram os mesmos), tirava o pijama (sempre o mesmo modelo), vestia-se (primeiro as meias, depois as calças, por fim a camisa e o que a cobrisse), ia ao banheiro para o mesmo ritual: lavar o rosto, escovar os dentes, fazer a barba. No café da manhã, a mesa disposta de modo igual por anos a fio. Até a leitura do jornal era feita de modo idêntico: detrás para a frente, começando pelo esporte, terminando com a política. Às vezes o jornal não vinha. Aí Baravick se incomodava. Ia para o telefone e dava chás de moral. As pessoas não precisavam ser fanáticas, mas disciplina era indispensável.


Apátia era uma menina simples. O que havia de mais complicado nela era a intransigência com que se apegava à simplicidade. Onde surgissem complicações, Apátia eximia-se de participar. Isso complicava bastante. Porque nem sempre Apátia podia ser simplesmente Apátia.


- Não consigo parar de rir!
- Como não aconteceu nada tão engraçado assim, deves estar rindo de outra coisa...


O apartamento tinha um banheiro só. Moravam seis pessoas ali. O sonho de todas elas era ter um banheiro exclusivo e poder passar lá dentro o tempo que quisessem, até morar lá dentro se também quisessem. Nenhuma delas conseguiu realiza-lo, todas tiveram que se conformar com horários, pressa e pressão.


A cidade de Gordagrossa era inimiga mortal da cidade de Gordafina. Os gordagrossinos consideravam os gordafinórios muito esnobes, elitistas, arrogantes. Os gordafinórios, por sua vez, tentavam mostrar aos gordagrossenses que tudo na vida tem dois lados, que não se pode radicalizar, que a flexibilização é uma arte. Mas faziam isso com esnobismo, elitismo e arrogância.


A campainha da porta, em vez de soar com o velho e conhecido bééééé de sempre, apresentou-se com uma “música” de Michel Teló. Que droga é essa, perguntaram uns. Não sei, mas boa coisa não deve ser, responderam outros. Acho melhor atender logo, disse quem não perguntou nem respondeu, mas ficou pensando muito na atitude da campainha.


Dentro dela havia uma coisa querendo saltar fora e dizer que dentro dela não havia espaço para mais nada. Essa coisa às vezes conseguia dar um grito. Esse grito às vezes conseguia ser ouvido. E depois voltava para dentro dela.


O cliente chegou pedindo o impossível.
- Mas está aqui no anúncio!
- Isto é apenas um anúncio, senhor.
- Como assim, apenas? Quer dizer que não é para acreditar nele?
- Não ao pé da letra. O senhor com certeza sabe o que é uma metáfora.
- Mais ou menos. Mas com certeza eu sei o que é uma enganação.


Cassandra tem duas bocas. Com uma boca ela morde, com outra boca morde também. Cassandra poderia explicar por que, mas detesta perder tempo falando.

(Rogério Camargo)

Ótima sexta


11 de outubro de 2014

Ótimo Sábado...

Todo mundo tem certo preconceito, é hipocrisia absoluta falar que não! Há o preconceito por trauma, por indução e por ignorância. Agora: "Tenho um amigo que amo no Sul, então vai falar bem de lá; tenho outro que amo no Norte, então idem... " tá errado. Ninguém deve ter necessidade de afago barganhoso (neologismo), de dizerem que teu sotaque é lindo, aquele cantor do seu estado é ótimo, etc. Temos que viver nossas vidas e sempre com muito respeito. Pois de nada adianta você nascer em uma Cidade, Estado, Pais Rico, de gente "bonita" se não nasceu com respeito. Mau caratismo não tem fuça, nem sotaque, nem cor ou religião! No mais, se gostam de você "venha beber um chope", se não gostam "um abraço e beijinho no ombro".

André Anlub®

(10/10/14)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.