5 de fevereiro de 2015

ALGUNS MINICONTOS

A Pequena Pergunta queria muito falar com a Grande Pergunta. Mas a Grande Pergunta só tinha interesse na Grande Resposta, em mais nada. E a Grande Resposta era demais para a Pequena Pergunta.


- Olha, eu acho que você não sabe o que está dizendo.
- E eu acho que você não sabe o que está ouvindo. Mas isso pode ser coisa de quem não sabe o que está dizendo.


Lapiva morava muito longe, Clâmpio estava quase desistindo. Pegar três conduções para chegar lá e ser mal recebido não podia se chamar de um bom negócio. Mas Lapiva ainda lhe dava alguns sinais de que talvez, quem sabe. Por causa deles Clâmpio continuava enfrentando a maratona e, depois dela, a decepção.
- Você acha que vale a pena? – a voz da sensatez lhe perguntava.
- Talvez, quem sabe – respondia um exausto e neurastênico Clâmpio.


- Como é que se joga isso?
- Não sei. Não faço a menor ideia. Mas já perdi 200 reais em apostas.


- Você acha que eu sou muito egoísta?
- Só quando quer tudo pra você.


O anonimato encaixava muito bem com a vida que Pilitro vivia. Ele estava perfeitamente em paz com isso. Até o dia em que, bêbado numa festa, fez e disse coisas muito engraçadas que foram parar na internet. A partir daí reconhecido era na rua, alguns caçadores de talento apareceram com propostas “irrecusáveis”, Jô Soares e Marília Gabriela o queriam em seus programas e um vasto etc assim. Pilitro jurou que nunca mais poria uma gota de álcool na boca.


O sinal de vida estava muito preocupado: alguma coisa não corria bem. Ainda não era o colapso, mas alguma coisa não corria bem. Então o sinal de vida tentou ser apenas o que se esperava dele e deixar que acontecesse o que aconteceria mesmo sem a sua preocupação. Se alguma coisa continuou não correndo bem o sinal de vida não ficou sabendo.


O lugar ao sol não queria se afastar para que saísse da sombra o que não tinha lugar ao sol. Foi quando o próprio sol usou meia dúzia de nuvens para mostrar algumas verdades facilmente esquecíveis.


Por que Marivella não ficou, se gostava tanto do lugar, das pessoas e nada a impedia de ficar? Por que Marivella foi embora, se não precisava ir embora e ir embora não era melhor que ficar? Marivella não sabia explicar, mas sabia que se ficasse teria a explicação.


Carmelina sentou para esperar a felicidade na terça-feira. Parecia um dia bom para isso. Estava frio e chovendo. Não havia ninguém em casa. Nem na vizinhança, que há muito debandara do bairro. Goteiras empoçavam tudo. O gato Laércio morrera. Parecia um dia ótimo para Carmelina sentar e esperar a felicidade.


- Que fim levou Magulva, você sabe?
- Magulva?
- É, aquela galinha que a gente comia quando quisesse.
- Magulva foi para os Estados Unidos.
- Ah é?
- Formou-se em medicina.
- Ah é??
- Casou com um americano rico.
- Ah é???
- Tem dois filhos. Um engenheiro da NASA e outro embaixador da ONU.
- Ah é????
- É.
- Tem certeza que é mesmo a Magulva?
- Tenho. Me correspondo com ela desde que saiu do Brasil. Somos muito amigos.

- Hum... Ah... E a Tivinha, você sabe que fim levou? 

ROGÉRIO CAMARGO

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Agradecemos pela leitura.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.