11 de janeiro de 2015

Tempo de rir...


Dois rabiscos...


Despedida XI




Despedida XI

Cobiçando a luz do sol
Que passou pela porta
E me deu um sorriso.
Fui correr atrás,
Fui ao encontro do calor.
Desci pela rua feito a bola
Da pelada de domingo.

E a chuva? 
Também amo, clamo e quero;
Gosto da água batendo no corpo e no rosto,
Gosto do gosto, do cheiro e do aspecto.

Vai deixar lembrança;
Vai deixar vontade de voltar;
Curto o zelo,
Assim, quem sabe eu volto,
Em outro tempo (há esperança)
No lamento em saudade,
No aumento das panças
E cair dos cabelos.

Pego novamente minha espada,
Sempre fui eclético;
Sempre tive sorte.
Esqueço minha lança,
Deixo-a na estrada,
Mas só por empréstimo,
Deixo com São Jorge.

André Anlub
(11/1/15)


Despedida X




Despedida X

A vida é assim: 
De repente a batucada do Olodum;
De repete um “pam” e tchau.

Foi nesse pensamento antigo
Que começou a abraçar excessos.
Nessa sensação de trem expresso
Que já vai chegar, já está chegando.

Usava como sombras a boemia,
Nostalgia e a arruaça.
Ontem ele era um pouco doido,
Hoje continua sendo,
Apenas segue fazendo
Um pouco menos de alvoroço.

Foi cachorro louco,
Daqueles que despontam nas esquinas,
Com alma de menino
E pensamento torto.

Hoje ele é mais ponderado,
Muito mais “na dele”;
Hoje segue na trilha
De trem Maria Fumaça,
Sentindo na alma e na pele
O que deixou no passado.

A vida é assim:
De repente acaba o repente,
Acaba o velho e o novo,
Acaba a sobra e acaba o ouro...
É nesse estouro que se vai um corpo:
(casca de ovo no galinheiro de um Deus)

André Anlub
(11/1/15)
Alguns minicontos:

- Eu tinha uma coisa pra te dizer.
- Eu também tinha.
- O que é?
- O que “era”. Pois eu disse que “tinha”. E você?
- Bem, eu também disse que tinha...


Bazingo queria entrar para a política. É a maior mamata, dizia. Não faz nada, ganha bem e ainda tem uns por-fora que dão uma grana violenta, cara! E como é que você pretende chegar lá, perguntavam os amigos. Bazingo ainda não sabia. Mas o prêmio final era tão bom que, aparentemente, ele estava disposto a qualquer coisa para conquistá-lo. Por via das dúvidas, sua mulher passou todos os bens do casal para o nome dela e dos filhos.


A mãe dela era gorda, o pai também, seus avós eram gordos e, até onde ela sabia, seus bisavós de magros não tinham nada. Zubika, no entanto, era um fiapo de gente, uma sílfide. “O senhor tem certeza?”, disse ela ao endocrinologista depois que ele garantiu que ela era normal.


Colocar as coisas em seus devidos lugares. Era tudo que Reginuvo queria. Tudo que Reginuvo não queria era continuar com as coisas fora de seus lugares. Mas teria que chegar a cada uma delas. E teria que agir sobre cada uma delas. Reginuvo tinha muito trabalho a fazer.


Zepecka odeia perder tempo, oportunidades, tudo que dê a impressão de que poderia ter feito e não fez. Então Zepecka não se deixa em paz.


O Sim marcou encontro com o Não já sabendo o que ouviria. Mas como vivia de esperanças, chegou como se tudo fosse mesmo possível.

O apartamento tinha um banheiro só. Moravam seis pessoas ali. O sonho de todas elas era ter um banheiro exclusivo e poder passar lá dentro o tempo que quisessem, até morar lá dentro se também quisessem. Nenhuma delas conseguiu realizá-lo, todas tiveram que se conformar com horários, pressa e pressão.


O cliente chegou pedindo o impossível.
- Mas está aqui no anúncio!
- Isto é apenas um anúncio, senhor.
- Como assim, apenas? Quer dizer que não é para acreditar nele?
- Não ao pé da letra. O senhor com certeza sabe o que é uma metáfora.
- Mais ou menos. Mas com certeza eu sei o que é uma enganação.


Cassandra tem duas bocas. Com uma boca ela morde, com outra boca morde também. Cassandra poderia explicar por que, mas detesta perder tempo falando.

(Rogério Camargo)

Dueto da tarde (XXXIII)




Dueto da tarde (XXXIII)

Cavei no fundo da alma para tentar achar aquela paz esquecida. 
Cavei com as unhas cansadas já de procurar na carne exausta a alegria que um dia encantou-se com a melancolia.
Encontrei sonhos antigos, sons que eu gostava, leituras empoeiradas, luas vazias e sóis apagados,
Recostei-me na montanha do desconsolo, olhando longamente o que desfilava lentamente
E ponderei: já foi feito o bastante, o possível... cumpri minha missão ou haverá novas batalhas?
As unhas quebradas me responderam que aquela muito era já uma nova batalha. Ergui então o torso curvado, não me senti ultrajado, arregacei as mangas, chupei umas mangas e encarei meu fardo.
Dele me veio a certeza de que não preciso ter certeza. Dele me veio a força de que só preciso ter força.
Então levantei do banquinho do pessimismo, sugeri que a forca da depressão fosse pular corda, pisquei um olho para o abismo e fui ao próximo capítulo – onde encontrei a mim mesmo, sempre a mim mesmo, nada mais que a mim mesmo.

Rogério Camargo e André Anlub®
(11/1/15)

10 de janeiro de 2015

Despedida VIII




Despedida VIII

Sábado de sol,
De sola de sapato sendo gasta
Pelos amigos que passam e se vão
Ao longo da rua.

Sábado de poesia, de escrita;
Acordei escrevendo, depois li um pouco...
Agora escrevo novamente.

Voltando algumas horas no tempo:

Essa noite fez um frio de inverno,
Acordei na madrugada em posição fetal
E com uma estalactite no nariz.
“Eta ferro”, me meti no frio da Serra;
Frio que me serra os ossos,
E quase, mas quase, gela meu sangue...
Foi por um triz.

Voltando ao tempo atual:

Almoço pronto,
Deixo meu “boa tarde”
Ao moço que passa
(mais solas sendo gastas).
Barulho de maquita cortando algo,
Complementa o som que ouço aqui...
Qual música?
Hoje deixarei à imaginação de quem lê.

Indo adiante no tempo:

Em casa com os cães,
Meu peixe pronto,
O mesmo som de agora,
Sol queimando a cachola,
Ao tédio meu afronto.

Preciso só imaginar e já sinto o cheiro de café,
Aquele fresco – novo – aquele meu;
Misturando-se ao perfume L’occitan que estou usando.

Vejo o céu limpo, ouço os cães distantes
E os cães aqui também latem.
Preciso só imaginar e já sinto o beijo...

Ah, 
O som é Joni Mitchel,
Do disco Blue.

André Anlub®
(10/1/15)

Despedida IX

Abaixo:
"Em 1980, Chico Buarque participa do programa "Canal Livre", da Bandeirantes, comandado pelo jornalista Roberto D'Ávila. Os entrevistadores são: Tárik de Souza, Paula Prétola, Vivi Nabuco, Zuenir Ventura, Olívia Byington, Luiz Carlos Franco, Claudio Azeredo, Mauricio Beiru, Ana Maria Tornai e Moreira da Silva."



Despedida IX

Subiu a colina mais íngreme,
Audaz cabrito montês;
Fez seu filme na bravura,
Desenhou nas pedras a astúcia,
Onde passou com os seus fortes cascos.

Por que será que ele sobe tal pedra?
Penso na vida assim:
Às vezes desafios sem nexo que buscamos por aventura,
Por comodidades, por boemias.
Às vezes desafios concisos, extremamente necessários.

A cena se fez diante dos meus olhos,
Talvez na importância da minha história;
O homem atrás de sua glória,
Fugindo dos terrenos fiascos.

Um mortal louco subiu a montanha mais alta;
Talvez para outros olhos seja pouco,
Talvez para outros poucos sejam olhos;
Mas será que o que o outro pensa, importa?

A cena se desfez em um instante,
Com o toque do telefone;
Agora a questão já é outra,
Pintar de rosa o elefante.

Desceu a montanha mais alta,
A imaginação passageira;
De dia a luz não faz falta,
De noite trouxe à luz a parteira.

André Anlub®
(10/1/15)

Canal Brasil: 
"Neste domingo, 11/01, às 23h30, o programa 'Abertura' resgata uma entrevista histórica de Chico Buarque, onde ele falou sobre o que esperava da abertura política no Brasil e criticou o que chamava de "democracia de fachada". Não perca!"

Veja um trecho clicando no link a seguir: http://bit.ly/ChicoAbertu

Ponderação da tarde


"Porque Breivik foi apenas um "atirador" maluco. O fato dele ser um fervoroso defensor do capitalismo, racista, anti-socialista e ter matado 77 pessoas por causa disso, não conta e tampouco diz algo sobre a "cultura ocidental". Julgar uma cultura, religião ou etnia se baseando no comportamento de extremistas só vale pros não-brancos."


Quem alimenta os terroristas com armamentos e depois surge como salvadores oferecendo ajuda?

Dueto da tarde (XXXII)


Dueto da tarde (XXXII)

A lua procurava seu pedaço faltante com a preocupação de uma criança no meio de um brinquedo complicado.
Era como um grito calado, a boca minguante tornando-se cheia e a névoa parecendo sair dela.
Quem olhasse talvez visse. Mas não era com isso que a lua se ocupava, não era com o espetáculo que dava.
Com o mar como ofurô, flertava com as águas sem pedir nada em troca (pelo menos no reflexo).
Ela quer a si mesma, como todo mundo quer a si mesmo: os que flertam com as águas e os que flertam com a lua.
Sim, no fundo pode não haver distancia para o nexo; sim, no mundo pode não haver na fenda a distância para o fundo.
A lua procurava seu pedaço faltante como todo mundo procura seu nexo. E o seu fundo.
O momento de se conhecer: se olhar no espelho e não saber quem é quem; momento de florescer: ser o que é sem se importar em ser para alguém.
Enquanto isso, a luz da lua, sempre a luz da lua, ainda e sempre a luz da lua
Ilumina o pedaço que falta, dá espaço aos espaços das fendas, é presença em todas as almas, espelho para o mundo que há no mundo.

Rogério Camargo e André Anlub®
(10/1/15)

Despedida VII





Despedida VII

Ele sonha que invadiram o lugar comum
E experimentaram a presença do sossego;
Os olhos de todos voltaram a ver
O simples toque de desapegar do supérfluo.

Sonhos são sempre sinceros,
Basta aos loucos laicos entendê-los.
Metendo os bedelhos em sonhos alheios,
Tentando decifrá-los, desfragmentá-los...
Mas obedecendo, com esmero.

Ele já é um sonhador,
Sonha sempre em sons de sinos.
Hoje só sonha acordado – eis alguns marasmos... 
Os pesadelos...
São suas sinas.

Assassinas vozes entram em acordo 
E acordam em acordes...
Acordam os doentes,
Geralmente nos sonhos bons,
Agora sons estridentes...
Irreconhecíveis tons, cantoria, idioma:
Variam conforme os dias,
Variam conforme o Valium,
Voltamos ao “Frontal com Fanta”.

André Anlub®
(10/1/15)

Despedida VI




Despedida VI

Foi dada uma pausa no ponteiro dos segundos,
É aquela noção de congelamento;
Senti-me voando num céu de brigadeiro
Vendo as formigas da cidade grande.

O alerta foi dado ao público,
Nisso, nessa, nossa, “bola”. 
O amor pode estar parco
E não é desesperança...
É realidade. 
Então façamos assim: 
Mais afeto/abancar coragem,
Engraxar engrenagens,
Largar a flecha e o arco
Pegar os rumos,
Pegar os remos e flores
Abarcar e embarcar
Nos amores...
E, “de quebra”,
No majestoso barco.

Tiraram a pausa do ponteiro,
Acabaram com o imbróglio,
Vou por meus pés na estrada.
A vida é curta quando é corte;
A vida é longa quando é logo.

André Anlub®
(9/1/15)

9 de janeiro de 2015

Um Futuro Ser Completo




Um Futuro Ser Completo
(André Anlub - 9/3/10)

Saber viver, saber esperar,
Tudo na contramão da situação.
Montar no mundo e cavalgar,
Largar o cogente por só querer.

Se o tempo é sua Nêmesis
Levante e corra em qualquer direção;
Saia do ostracismo de um abrigo
Pois essa saída é enganação.

No adjunto de tudo que te faz feliz
Vale a pena o tempo perdido;
Se por um lado desce ralo abaixo,
Por outro alimenta sua alma.

Com sabedoria e muita calma
O mundo estará em suas mãos;
Com paz, integridade e humildade
Tornar-se-á muito mais do que aprendiz.

Ser um monge na pura meditação
Que paira o silêncio ao se encontrar,
Passeando ao redor do espaço tempo
Sem sequer ter hora para chegar.
(versa e vice)
Totalmente de bem com sua vida
Sabiamente convida ao vivo o bem,
Com sua mente muito bem na vida sã
Para conviver sabiamente com sua vida zen.

Dueto da tarde (XXXI)




Deixei um pedaço de mim naquela última esquina; aquela do ipê amarelo.
Este pedaço procura florir toda primavera, mas as lembranças do outono persistem.
Costumo me despedaçar com prazer, e arriscar: às vezes é áspero – às vezes terno.
Levo comigo o gosto do amargo doce e o gosto do doce amargo. Deixo nas esquinas o que é de deixar nas esquinas.
Já se foram amores eternos; já ficaram amores passageiros; deixo o guerreiro numa rua deserta
A meditar sobre ruas desertas habitadas por ipês amarelos. Ele não me conta muito de suas conclusões.
Ele faz ações sem muito pensar; ações de coragem e bondade, de igualdade e de paz; de guerra consigo mesmo e de guerra com quem mais houver; de silêncios e de tumultos; de lógicas e absurdos; tudo no mundo reservado às minhas situações.
Eu sou meu ipê amarelo de muitas cores. Eu sou minha esquina em linha reta.
Sou aquarela em amores; sou preto em branco nas dores e no viver, sentinela voluntária do que se passa e do não passará, porque ipês e esquinas passam, enquanto duram para sempre.

Rogério Camargo e André Anlub®
(9/1/15)

Despedida parte IV



Despedida parte IV

O mundo canta ao toque da bateria;
Entra o ritmo em arritmia,
Então levanto e danço...
Agora é “Mercy” de Dave Mathews,
Os pés se agitam e a mão trabalha no bloquinho:
Tinta, frase, crase, pinta...
É perturbadora a calmaria
Você quer que ela ria, talvez chore;
Você quer que ela implore ou obrigue...
Mas que algo seja feito.
(mesmo que de fininho)

“Prefiro Toddy ao tédio”
É punk, só que (infelizmente) não;
É a tal perseguição (stalker) do silêncio,
Que vem, silencia – vai, silencia...
Lá ao longe: avião.

O mundo se cala ao toque do botão,
Fones de ouvido e ouvidos descansam.
A caneta freneticamente eletrizada,
O papel é namorado, e a amante é “inspiração”.
A caneta é “bi”...
É tri, é tetra,
É triatleta...

Ligo “Mercy” de novo (misericórdia),
Dave é unanimidade...
A música me lembra “merci”,
Remete-me a Paris
E todo o mal que houve e ainda há...
Digo: excusez-moi...
Em nome da humanidade.

André Anlub®
(8/1/14)

Despedida parte V




Despedida parte V
“bucolicozidade”

Sol parou de lascar seu beijo quente no asfalto,
Fim de tarde em mais um dia;
Ônibus passa, crianças voltam a brincar de bola,
Roupas voam nos varais
E levam o cheiro do café e pão frescos;
Pessoas passam com suas sacolas
E o bucólico torna-se culminante.

Viajo no espaço por um instante,
Meu corpo suado – estafado – planeado 
Quase que quase atravessa o país;
O cheiro da minha casa penetra o nariz...
Fina flor que invento para a comodidade.

As pernas hoje pediram longa rua,
Queriam andar e ver novos caminhos.
Sons se repetem, as horas ecoam sozinhas,
O tempo estaciona e me açoita nas nádegas.

Meus olhos buscam novos rostos,
Tristes ou alegres, mas novos: olhos e rostos.
Amanhã tomarei coragem e o café bem quente,
Irei à luta, sair novamente, quero rua.

A perpendicularidade do raciocínio
Chega a desafiar a gravidade.
Nem sei a gravidade desse desafio,
Prefiro distrair minhas ideias, escrever.

Amanhã é outro dia, é nova sexta-feira...
O tempo vai ter que mexer e me mexer.

André Anlub®
(8/1/15)


Despedida parte III




Despedida parte III

É aquele pássaro que foge da gaiola,
Por dentro sai cantarolando Wild Horses dos Stones, 
Mas pelo bico sai o canto dele mesmo.

É aquele animal em extinção,
Que anda na lenha, no lema e na linha...
Aquele “ex-tição” que ganha brilho;
É tal que tem tal de compaixão
E com paixão põe à mesa
E na sobremesa assopra as velinhas.

Somos um só, somo complementos... 
A imaginação e o momento,
Arco e flecha e o arqueiro.

Temos um amigo: o mundo
Temos o reduto: a escrita
O vagabundo passa ser somente vago,
E o hábito de conhecer a si mesmo é corriqueiro.

André Anlub®
(8/1/15)

8 de janeiro de 2015

Dueto da tarde (XXX)




Havia uma resposta que nunca era dada para uma pergunta que nunca era feita.
Aquela sensação do ar rarefeito, do vácuo, do nada... espelho frente ao espelho.
As palavras anestesiadas contorciam-se como um sequestrado no porta-malas de um automóvel.
A loucura do ignóbil sobressaia a qualquer grito, qualquer esquisito fica cabreiro de meter o bedelho
Onde não é chamado, mesmo quando é chamado pela voz interna que inferna-inferniza, quase agoniza por espaço e liberdade.
É “Frontal com Fanta”, talvez uma elefanta voando com asas enormes e o rosto esnobe seja mais possível que qualquer verdade.
Embaixo do tapete mora o tropeço. Embaixo da pedra os vermes prosperam. Embaixo do embaixo a pá não alcança.
Em cima da cabeça um chapéu de cadeira elétrica; lá no topo, no céu, o grito de alerta avisando que falta luz e sobra esperança.
A palavra pode olhar para cima, pode. O dono da palavra pode olhar para cima, pode. Mas o mas do mas e o porém do porém são as respostas já. 
Já que a “procura” é a loucura necessária que alavanca o corpo, tira da cama, da camisa de força, força viver e viver é a tempestade e a bonança.

Rogério Camargo e André Anlub®
(8/1/15)

7 de janeiro de 2015

Despedida parte II


Despedida parte II

Dia cheio, dia quente, dia rente
Muita gente na frieza em Paris...
Fanatismo, “marquetismo”, dedo em riste;
Bala – vala – boletim – “baletum” – infeliz.

É cá e lá
É diz que não diz
É borogodó, balangadã
É melhor inquietar o tantan.

Chegou de repente à esperança
Trem bala do tempo,
O sol belo na varanda
O cedro puro e o verniz.

O coração faz seus cálculos,
No abracadabra das horas;
Lubrifiquei minhas dobras
Ensopei minhas válvulas.

Beijos soltos na terra, céu e mar,
Afogando bem no fundo as intolerâncias;
Zé Lideraesperança e João Deixaestar...
Adotei mais duas nobres crianças.

André Anlub®
(7/1/15)


Dueto da tarde (XXIX)

A coruja entortou o pescoço, olhou todos os lados, arregalou ainda mais os olhos e sorriu.
Havia visto ou sido vista, havia compreendido ou a compreenderam e ela gostou disto.
Para todos um dia qualquer, para ela não; carregava a sabedoria de saber que cada momento é ímpar.
Sem fazer par-ou-ímpar com a sorte, abriu suas asas de coruja e partiu em busca de seu destino
Avistou um menino, deduziu ser amigo (pelo sorriso); faz tempo que não sente medo, tampouco fome ou frio,
Um menino com uma pedra pesada e cortante em cada mão, um menino que sente medo, fome e frio.
Pousou em um galho alto, mas perto do iminente perigo; de repente veio um apetite e de brusco um arrepio.
O menino pondera a possibilidade. Tem idade pra saber do certo e do errado, pra saber do conveniente e do não. 
Talvez não tenha idade pra saber do belo e do delicado e do sutil e do diáfano que se escondem atrás das aparências, 
Mas há um vil desígnio no ar e há tensão e atenção; duas vidas em desafio nos ritmos estonteantes em união, 
Dois momentos possíveis. As mãos se crispam, apertando as pedras. Os olhos se estreitam, apertando a angústia. O coração acelera, apertado pela indecisão. É a vida.

Rogério Camargo e André Anlub
(7/1/15)

Moedas no fundo do poço




Moedas no fundo do poço
(André Anlub - 12/8/13)

Tudo mais claro e prático
Dentro do meu sorriso.
Fez o improviso arrepiar o pelo
E esquentar a alma.

Então exibo agora o nosso real
E o meu inventivo.
E pedindo eu viso que assim o faça
Sem mais ou mal...

Seja leve seja doce, assim como nossa melodia.
Seja a lua do meu dia e da minha razão o sol.

Nos anos de branco e preto só tenho que agradecer
A lealdade que migrou pra força e explodiu sincera.

Procurei a luz nos versos
De todo e qualquer resplandecer;
Topei com as mais vivas cores e amores
De uma nova era.

Vindo as noites frias já me aquecia
Nos seus lábios.

E nos alfarrábios com as poesias que levam ao alto.

Fiz do poço o salto
E do básico todo um universo.

Ilustrei meu inverso
E ao invés do trágico fitei o palco.

Sem obrigação a vida corre farta feito um rio
No calor e frio por entre rachas, por entre rochas.

Não há razão pra ter em tudo uma noção,
Nem resposta.
No oposto se faz aposta
E sempre haverá moeda
No poço de toda fossa.

------- x ------

Quem fala bem passa de jato ou de trem
Quem fala mal pega a cadeira e o jornal.

------- x -------

O sujeito é tão egocêntrico que passa e repassa 
Os dias todos querendo se ferrar.

------- x -------

O corpo pode até viver melhor com doutrina e rotina, mas a imaginação não.

6 de janeiro de 2015

Mar de doutrina sem fim


Mar de doutrina sem fim
(André Anlub - 12/5/14)

Houve aquele longo eco daquele verso forte desafiador;
Pegou carona na onda suntuosa de todo mar agitado:
- fui peixe insano com dentes grandes e olhar de bardo;
Fui garoto, fui garoupa, fui a roupa do rei de Roma...
E vou-me novamente mesmo agora não sendo.

Construo meus barcos no sumo da imaginação:
(minhas naves, pés e rolimãs),
E como imãs com polos iguais, passo batido... 
Por ilhas virgens – praias nobres – boa brisa;
Quero ancorar nas ilhas Gregas, praias dos nudistas e ventos de ação.

Lá vem novamente as velhas orações dos poetas,
A tinta azul no papel árduo
E vozes roucas das bocas largas,
Mas prolixas: mês de maio, mais profetas.

E houve e não há, o que foi não se repete;
Indiferente das rimas de amor – vem outro repente...

O mar calmo oferece amparo:
- sou Netuno e esqueci o tridente,
Trouxe um riso com trinta e dois dentes;
Sou mistério que mora no quadrado de toda janela,
O beijo dele, dela, da alma ardente que faz o mar raro.

Despedida (Parte I)




Despedida (Parte I)

De tudo que foi vulto, agora é muito, 
Que é céu, e é seu, e é meu, que me cerca e cega...
Num todo!
Procuro tumulto, e acho... porém, não gosto,
Mas finjo que gosto e me enrosco (chega a ser tosco).

Vejo a verdade e abraço; 
Vejo o regaço e trago no laço;
Procuro agora calmaria: 
Amizade de João; o desenho de Maria (um dia foi fosco)...
Num nada!

De tudo que foi concreto, continua sendo,
Continua a sede da procura;
Achando a miragem viu-se verdadeiro,
Beijou o insano,
Do assanho foi/é o primeiro (aquele dia foi pouco)...
Qualquer dia é pouco.

Vejo o que vejo, e já basta;
Vejo o que resta de um festejo.

Preparo as asas para a travessia,
E já que não podia...
Acabei não sendo (foi até muito)...
Num todo!

André Anlub®
(6/1/15)

Dueto da tarde (XXVIII)

A pedra que fica perto da areia que fica perto do mar que fica perto da floresta olhava o céu.
“Olhar de pedra” – pessoas olham outras assim; mas não tão naturais como a pedra.
Natural natureza: a pedra olha e o céu se deixa olhar como o que nunca tem fim, como o que nunca vai acabar
E nesse ciclo milenar há equilíbrio, há calmaria, há flerte em uma espécie de melancolia.
A pedra pensa em rolar, volta e meia. Mas dá meia volta sem sair do lugar e retorna a sua contemplação muda.
O céu pensa em rugar, vez ou outra. Mas sabe que é indispensável, que é inspirativo e a morada dos olhos metediços e apaixonados.
Controle de impulsos incontroláveis, contenção de ânsias criando voos na imobilidade, ir e vir sem nunca partir
É a alcunha do amor recíproco (nosso amor – coração), como pedra e céu; uma palpável e sólida, outro gigantesco e vulnerável; trocando às vezes de lugar, mas guardando o seu lugar sempre.

Rogério Camargo e André Anlub®
(6/1/15)

5 de janeiro de 2015

Obrigado Macy...

Dueto da tarde (XXVII)

Vivi verão e vi; assim como quero ver e viver muitos outros mais, 
Mesmo que eles voltem atrás e revoguem minha licença: não compensa pensar nisso,
Quero compromisso em não viver submisso pra isso ou aquilo, ou o que possa vir
Do que já veio, lembranças com receio ou com recheio de coisa boa.
É, sou assim mesmo; provo do meu próprio veneno só para ver se vou me envenenar,
Viro do avesso para brincar de recomeço, dou um salto adiante, desastrado ou galante, tudo no mesmo aqui e agora
Refaço minha aurora e pinto com outro enredo, tipo um arremedo de uma conhecida música clássica.
Clássico: venci, vi e vim. Com o verão pela proa, meu barco é uma cidade e eu sou o perfeito prefeito
Nesse mundo em trejeitos, sinto o abraço do vento, aquele que esquenta e refaz o refeito; corpo bronzeando-se ao relento 
No sol da noite completa é uma completa declaração de amor ao amor e verão que o verão responde, porque eu vim, venci e vi.

Rogério Camargo e André Anlub®
(5/1/15)





Cantar do futuro

(André Anlub - 28/9/13)

Na trilha do som e do cheiro,
Entre outros planejes,
Já havia o longo tempo de um asilo.

E saiu, enfrentou,
Nisso e naquilo,
Foi certeiro.
Conhecia um pouco de tudo
E de todos a prudência do cantarolar;
De cor (tão-somente) do sábio sabiá.

O verde vivente evidente
Fez nuance nos raios dourados do sol
Que surgiam e sumiam
Ao bailar de folhas,
No cair de sementes
Da jabuticabeira.

E a comunhão com a quietude
Ao chegar o negrume,
O que estaria por vir?
E os motores aos ouvidos em dores;
Os odores do carbono a calhar;
O cruzar de mil pernas;
As janelas com visão limitada;
E a empreitada de ser e estar.


Nua em pelo, no pulo e num palco




Nua em pelo, no pulo e num palco
(28/11/13)

Nadando no gélido lago foi encontrada
(Feliz e pelada)
Com os pelos arrepiados,
Seus belos cabelos negros cacheados,
E como seria imaginável...
Cantarolando aquela lacônica balada: 
“...you can’t always get what you want...”

- olhos esbugalhados, olhar simplório.
Perfil de romântica rebelde
Com a sensação de estar nada errado.

- Seria assim que eu a descreveria
E é assim que ela é!

Entre os dias que se passaram em sua vida,
Estão de um lado algumas horas que se petrificaram
Na sensação de não seguir um vil modelo.

Na outra ponta da história (não menos importante)
Fica o momento: 
- replay - déjà vu
- oposto de um pesadelo.

Quase sem querer, de repente por estar mais magra,
A aliança caiu no ralo.

(num estalo a lágrima sem jeito a seguiu).
O próspero havia recebido conserto
E a velha flecha no seu peito
Enferrujou e ruiu.

Os olhos agora mais secos
Caçam felicidade;
E a sombra não se encontra
Por aí, vagando.

(meramente sumiu)

A alma quer plateia, quer zelo, 
nada de estar sozinha; 
ela quer que outros olhos 
curtam seu curto vestido decotado, 
o sorriso do rosto com duas covinhas... 
E todos (mas todos) os seus pelos eriçados.

De longe, longe, chegaram os berros de amor:
Profundo, nobre e precioso... 
Abraçaram as nuvens, beijaram o sol,
Tiraram as ferrugens, criaram a mudança...
Fizeram valer o desafio, o anseio por um fio... 
E um coração frio, novamente, tomou-se de esperança.

Tenho seus poemas tatuados para meu longo conforto 
(às vezes os leio a esmo), 
desmanchando possível mácula, 
dentro de uma garrafa de fino gargalo torto, 
com as letras distorcidas que renasceram de um cálido aborto. 
Leio um romance barato que se tornou simpática fábula.

Boa semana aos amigos...

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.