18 de janeiro de 2015

Solto os verbos com as rimas




Foi hoje pela manhã
(André Anlub - 7/4/12)

Solto os verbos com as rimas
Loucura sob o céu que observa
Fortes são minhas asas que vão ao vento
Fazendo do meu mundo minha quimera.

Sem bússola e sem direção
Emoção no contato com novos povos
Povos com ritmo, sem inadequação...
Que eternizam a ação do tempo.

Nas paredes descascadas das igrejas 
Visíveis imagens do envelhecimento
Desmascaram as pelejas
Nas esquinas religiosas.

Joelhos ao chão em devoção
Entregam-se ao fado hipotético
Aproveito e solto meu canto poético
Afiada e desafinada oração.

Na saída não apago a luz
Entregue ao provável destino
Com estilo de esporte fino
Nos pés um belo bico fino.

Charuto cubano no boca
Fito no horizonte o disparate
Aceno para qualquer boa pessoa
Quero à toa uma guarida.

Volto do meu voo imaginário,
Toquei o belo azul turquesa,
Preservo com idoneidade e clareza
O que ponho no papel da minha vida.

- Quero ouvir a verve gritando
Ao mundo, ao pouco, como louca rara.

Preciso da sua leitura,
De corpo nu em noite tão escura
Que nem estrelas darão as caras.


Joga sementes por onde passa, por onde pisa;
Roga por mais leitura, mais astúcia e poesia.
Agora, mais velho, se aposentou da correria;
Mas a mente ainda atua, 
A pena apura e a escrita é viva.

Ser modesto e ser medonho




Ser modesto e ser medonho
(André Anlub - 20/1/11)

Os olhos veem, o coração sente;
Palavras soltas – versos obscenos.
A língua passa por entre os dentes,
As mesmas cenas passam a minha frente.
Não me amofino, restou só eu!
Absolvido por um talvez.
Na sua vez, uma ré sofrida,
Que nessa vida pagou o que fez.
Todas as sombras são desejos
E o seu jeito quase assombra.
Há unicórnio com dois chifres
E quero é mais! (aceito a honra).
Nesse mundo alheio,
Ser um ser bem pequeno:
Um pingo d’água,
Uma semente, vagamente, 
Um grão de areia.
O que restou da mágoa?
Por entre o concreto e o abstrato,
Estar perto ou em um sonho,
Ser modesto e ser medonho.
Um gambá ou ser um gato?
Em todo canto procuro,
Bem longe e próximo do mundo,
Ser parte do seu rebanho.

Dueto da tarde (XXXIX)



Dueto da tarde (XXXIX)

Amanheceu com calor extremo e sol quente; gente indo às praias e piscinas,
Gente deixando a pele em casa, para não queimar demais, e alugando outra pelo caminho.
Há pessoas de essência e atitudes frias, sentadas em suas mesas frias onde só o café está quente.
E há pessoas que sustentam estas mesas, como se as carregassem nas costas.
Não seria desatino, se porventura – de repente – afinal, contassem o tempo de trás para frente, como uma contagem regressiva para um funeral.
Amanheceu com calor extremo e o sol implacável fazia fermentar algumas verdades na pele sensível da indiferença
Caiam mitos, ritos e crenças, tiravam as chupetas das bocas de algumas crianças
E o tempo súbito pareceu gelado, embora escaldante. Estar de frente para si mesmo não é tão fácil quanto ir à praia, abrir guarda-sol, passar creme e olhar o desfile dos corpos.
“O hábito não faz o Monge” – um monte de gente indiferente ao que verdadeiramente é por dentro, no cerne, no seu montante.
O sol brilha generoso, mas quase sempre ilumina a escuridão. A luz está sempre ali, mas quem enxerga é quase sempre a cegueira.
A covardia não fica de bobeira (toma posse do corpo feito um espirito de porco) faz do ser um ser oco, e no caminhar do tempo segue destruindo seus dias.
Dias que às vezes amanhecem tão bons de ir à praia, de ir à piscina, de gastar dinheiro tranquilamente, porque há mais dinheiro pra gastar.

Rogério Camargo e André Anlub

(18/1/15)

17 de janeiro de 2015

Enlace das almas - Um dos poemas e a orelha para o livro "Contos, Crônicas & Poesias".




Um dos poemas e a orelha para o livro "Poemas à Flor da Pele - Contos, Crônicas & Poesias".

Enlace das almas
- André Anlub

Por debaixo da seda você me seda...
Brinca de ser a pura, e, em apuros, me cedo.
Deu início aquela conversa; deu o ensejo com a fuça de lua cheia;
No bule o café bem fresco, na mesa o bolo, a maça e a ameixa.
Na troca de vocábulos transpõem-se os obstáculos,
Surge um oráculo inócuo no enleve dos versos leves;
O dia rasgando com o sol no arrebate da torra,
A noite fica sem jeito e deseja que escuridão se entregue.
Nada daquilo é fracasso se o ocaso se vestir de amarelo,
Largar um breu quase eterno, e com isso também foi-se o tédio...
Há de parar com os remédios, vestir uma sunga e calçar o chinelo.
(pisar no solo do sortilégio)
Para todos a areia está fofa, o mar bem calmo e a brisa a contento;
O inesperado não é tão enigma, pois temos a insígnia de um nobre guerreiro.
O cabelo castanho vai ficando branco; o branco dos olhos, vermelho.
O ano já está acabando e depois de um espirro já é novamente janeiro.
Vem uma luz no fim do túnel, arrasando a desesperança,
Criando a salutar aliança de aceitar o escuro, mas procurar a clareza.
Dizem ser indelicadeza – mas assim a vida tem mais futuro;
Dizem que estão em cima do muro – mas o muro é puramente adereço.
Deu-se o fim da conversa com um sorriso em todas as faces.
No bule o café ainda quente, na mesa um vazio e nas almas os enlaces.


É mágico o mundo literário, colocando asas em nossas costas e convidando ao voo... Assim estamos em mais uma empreitada poética Poemas à flor da pele, onde o escritor tem o direito de sonhar, parir seu íntimo, colocar seu toque e flertar com o abstruso amor e o afeto de quem o cerca, conquistando seus leitores, e seguir desenhando sentimentos. 
Os terrenos inóspitos dos iniciantes na literatura são conquistados aos poucos, e nós, autores, avançamos despretensiosos com idoneidade, talento, com apoio, sabendo que somos aprendizes e a cada dia evoluímos mais, mergulhando com vontade nas letras e rumo ao estrelato de quem é lido, apreciado e ovacionado.
Há tempos noto novos escritores gerando vida e feitiço, graça e sonoridade, avivando o agora, alcançando os ouvidos e bulindo mil verves afora. 
Somos escritores e leitores de sorte, fizemos da literatura um dos nossos “Nortes”, e ela nos adotou de uma forma tão ímpar e constante. A mim, particularmente, me acudiu e me arrancou das mãos maldosas de demônios antigos e internos, enfermos e sombrios; mostrou-me o pôr do sol mais pulcro e despontou-me para uma estrada nova, difícil e íngreme talvez, mas nada negra tampouco gananciosa.
Desde que se dá início a movimentos literários, deve-se ter como objetivo maior o apoio aos que principiam, aos que estão dando seus primeiros passos e durante todo o ínterim nada deve ser perdido, nada deve ser proibido ou de não agrado.
O que a Poemas à flor da pele passa para nós, leitores e escritores? O nosso próprio deleite delirante salutar, quiçá primordial, onde obtemos nosso quinhão poético prometido com mais uma grande pitada da pimenta vermelha da inspiração.

André Anlub – Escritor - Crato/CE

Gatilhos errantes




Gatilhos errantes

Já vai à guerra fazer o que é preciso,
Com esse brioso dom, com esse sétimo sentido,
Breve e incrivelmente leve em tal comunhão;
À sua mente: o grito grato expondo a dor
E o corpo frio que levantam do chão.

A lua untuosa ilumina o caminho,
Pés calçados na chinela velha de um guerreiro nato,
Na mão empunha a espada ao alto 
E a outra que quase esmaga
Um garrafão de vinho barato.

Hilário no seu imaginário
Com muito peixe – com muito lago
Sem vil aquário...

É pescador e nômade,
É gigante navegador,
Senhor de diamantes
Das ricas pedras sem esse valor.

Emblemática a fábula dos seres pensantes,
(no oitavo sentido)...
Bichos do mato abraçados ao calor do amor;
Flutuam como pássaros em palácios de sonhos 
(passam batido)
Esquivam-se dos ínvidos gatilhos errantes.

André Anlub®
(16/6/14)

Poema do livro "Talento Poético" lançado em SP no dia 10/1/15.

Dueto da tarde (XXXVIII)


Dueto da tarde (XXXVIII)

As misérias da Miséria encostaram a testa no muro do desconsolo,
Assistiram com olhos úmidos o contemplar prepotente do mau agouro
Desenvolveram uma reza estranha, uma patranha com os céus, sem muito escopo
E nos copos erguidos, com sangue – com vinho –, brindaram e blindaram o que não tinha vindo.
Estava na imaginação, como num louco delírio, como num delírio louco, e não era pouco, era de tamanho brilho que iluminava o brio escondido no fundo do poço.
Fazia estremecer a esperança que um dia animou aquele destino roto
E, de um jeito torto, com muita ganancia e deselegância, algo despertou de morto...
As misérias da Miséria então reuniram num só todo aquele logro,
Levantaram um estandarte de que a felicidade estaria ao lado delas,
Para dar um tempo no sufoco, uma mão de tinta no reboco, pagando caro e ao menos ficando com o troco.
E veio a anistia, como “Anastácia” ganhando nova biografia; veio a nova chance de deixarem a sombra da Miséria
Parar com o jogo de joão-bobo, drenar o lodo, espanar o mofo, destronar o Rei Momo neste carnaval de falsa folia, de improdutiva regalia, fazendo terapia com um médico louco.

Rogério Camargo e André Anlub

(17/1/15)

16 de janeiro de 2015

Só o sol é feliz sozinho

Foto: Anlub

Só o sol é feliz sozinho
(14/6/13)

Quero voar, mas não ver tudo de cima,
Gosto de ver de dentro, todos abraçados ao vento,
Dentro do sorriso de lua minguante.
Quero o olhar de cão manso, 
Quando quer entender o homem,
Pois desde quando me entendo por gente,
Só compreendo o mar batendo no corpo.

É sim, se encara de pé e de frente,
Com absoluta fé no abc do amor.

As conquistas estão por aí,
Do seu jeito, cada uma,
Nas qualidades, nos defeitos,
Confrontando com os rubros e anjos.

Cada passo de cada vez,
E sempre, e firme, e forte.

A mão da paixão que toca,
Vai arranhando e colorindo corações,
Deixando a voz rala e turva,
Mas com a excelência de um fulgor,
Que vai esculpindo emoções.

Mas não é o amor que fala?
No que valha do tempo,
O gozar dos momentos,
Pois o mesmo cala diante de si,
E assim é agrado e é sagrado
Vendo o sol viver feliz solitário.

São Paulo – SP



São Paulo – SP
(André Anlub - 24/1/13)

De tudo que leio
Que vejo e escuto
Nada e nem tudo
Pode descrever-te.

Sampa é só flerte
É paixão e poesia
Cultura, boemia
Endereço e adereço.

Sampa de apreço
Será que te mereço?

Pois me perco em teu ritmo
Teus ecos, teus signos
Nas noites em delírios.

Sampa da arte
Moderna e eterna
Museus e histórias.

Cidade mutante
Bravos bandeirantes
Lar dos retirantes
Alçada na glória.

15 de janeiro de 2015

Dueto da tarde (XXXVII)





Dueto da tarde (XXXVII)

No alvorecer subiu a montanha mais alta e recitou poesia.
Era um poema velho, parecia ter nascido com ele. Mas naquele momento foi o que veio, foi o que percorreu sua veia e tocou sua verve.
Inflado de emoção, olhou em torno e o contorno das palavras juntou-se à sombra das árvores.
Era de uma beleza rara, estonteante; era de um deleite berrante que contagiava os lugares em que sua memória buscava comparação. 
Não havia comparação: aquilo era único e mágico; a poesia batendo suas asas sem estrada, sem direção.
Se lhe pedissem para dizer, diria. Mas era só viver, então vivia.
Era tudo que se escolhia para bem-viver, e então o alvorecer fez-se melodia no alto da montanha: recolhia em réstias de luz o que a imensidão lhe dava,
Sentia-se um rei que quer dividir o trono, como um dono de alguma coisa que o tem.
Então, como uma tempestade que chega sem avisar, sutil, cinza, ranzinza, para desafinar a orquestra, 
Um outro texto apareceu no horizonte, entre um arco-íris já morto e um por-de-sol doente.
Deixou todos os olhos dançantes, displicentes; deixou a razão doente, sem chance de voltar atrás na decisão de voltar atrás. Queria ser lido em voz alta, em voz muito alta, em voz de ensurdecer,
Queria aparecer, e conseguiu; queria fazer sorrir; mas foi ele quem riu (primeiro); porque olhou para a pretensão do que veio depois e queria ser o que veio antes, olhou para o que desejava espaço apenas para ter espaço
E disse apenas: Não!

Rogério Camargo e André Anlub
(15/1/15)

Olheiros




Olheiros
(André Anlub - 2/4/14)

Em ziguezague, cá e lá, tantos olhos nus,
Aguardando a ponta do sol
Que vai nascer num mote distante...
De um lugar nenhum... não importa!
Como sossegos que assustam morcegos
Escondidos em cavernas,
Companheiros dos sentimentos tímidos;
Alma cálida daquela paixão nada passageira,
Derramando na veia, demudando o que corre no corpo.

Da sola do pé ao topo:
- Vinho tinto - Vinho do Porto... saboreia.

Seu lugar à mesa não está vazio,
É seu disponível - é seu abrigo.
Inimigo e amigo do seu espírito
Em plena consciência da compaixão...
Humildade; venha fartar-se tão breve
Nessa mesa ou naquela
Na panela de quem se atreve...
Venha sentar-se tão logo
Nesse ou naquele colo ou no solo frio do chão.

As torradas estão prontas,
Saltam da torradeira,
Na hora exata de derreter
A manteiga; o aroma intenso do inexperiente mel
Espalha-se pela mesa junto com as tintas
De um novo artista que os olheiros cobiçam.

14 de janeiro de 2015

Limpeza (Um quê de Bovarismo)




Limpeza (Um quê de Bovarismo)
(André Anlub - 11/11/13)

A realidade concorre com minhas vertentes,
E elas, céleres e insanas, saem na frente:

- Ouvi dizer que sempre vale a pena.

Faço roleta russa com o imaginário
E nesse voar de um total inventário
Castram-se cobiças e integra-se a pena.

Vozes tendem o som do trovão,
Apocalíptico pisar no vil tédio.

Letras brotam num mata-borrão,
Curam, inebriam quão doce remédio.

- Tenho certeza que vale a pena.

Estouram paixões sempre aludidas,
Cantam canções, danças nas chuvas.

No certo e no cerco um céu de saídas,
Arte que inspira expurgando áureas turvas.

Gosto é gosto, e gosto que gosto:

Gosto de dizer:
Esvazie-me – preencha-me,
Conheça o verso e o avesso,
Rima após rima,
Sabe que deixo!

(...) e depois, ao acordar sozinha,
Vá viver se estou na esquina.

Há vidas passando



Há vidas passando em lembranças 
Que surgem ao fechar dos olhos
Nos quentes lençóis e frias noites
No embarcar e ilusões.
Há guerreiros, fantasmas internos
Munidos de lanças, espadas
Com a cabeça em redemoinhos
E sentimentos em explosões.

André Anlub

Gostei tanto


Gostei tanto
(André Anlub - 17/3/13)

Gostei tanto que quis vivê-lo novamente.
Se for preciso passar por todos os problemas,
Tentar estacionar nos bons momentos.
Pronunciar diariamente que a amo
- Afagos e abraços corriqueiros.
Gostei tanto que congelei aquele sussurro,
Aquele sorriso, aquele beijo.
Congelei o suspiro, o pão de queijo,
A quiché, a pimenta do reino.
Congelei o licor de menta (ficou uma merda),
Congelei o peixe.
Nadamos na praia e dançamos na chuva,
Rimos juntos e choramos também. 
(ninguém é de ferro)
Digo agora e direi sempre que não posso,
Não posso viver sem!
Nem como amigo - nem como abrigo
Nem louco ou zen.
Gostei tanto que quero mais,
Até tento gostar menos!
Mas é em vão.

Dueto da tarde (XXXVI)


Dueto da tarde (XXXVI)

Quando a primeira luz do primeiro sol beijou a primeira praia
Criou o perdão, colocou a mão nas cabeças pensantes (e não).
Houve um rebuliço entre as estagnações. Criaram mais de quatro estações
E assim deu-se início ao sacrifício, ao precipício, rumo ao ser feliz.
A primeira luz/dificuldade foi saber o que era ser feliz.
A segunda foi reter/manter quem – qual – tal – o que vier.
A terceira foi o próprio sol beijando a primeira praia e não sabendo que nome dar a si mesmo.
O sol estava hesitante, pois nesse instante vinha o receio de que tudo que fizesse seria dedicado ao amor pela areia/praia/mar, tudo que compunha o lugar.
Talvez fosse o momento do vento intervir. Mas ele também estava amando, namorando a brisa, assim como a brisa beijava as folhas, levitando-as e levando-as para seus destinos, seus funerais.
Não foi a última vez que foi a primeira vez. Mas aquela sintonia-sinfonia-sincronia estava formada, estava predestinada a ser o que era para ser, sem precisar de porquês.

Rogério Camargo e André Anlub
(14/1/15)

Dueto da tarde (XXXV)



Dueto da tarde (XXXV)

Quando a luz incidiu no diamante dos teus olhos, coloriu meu mundo
E eu já não era mais um garimpeiro de mãos gretadas, batido pelas decepções.
Ouvi as canções no meu antigo coração surdo; soltei falações da minha boca de mudo
E pude ver o que minha vista cega de procuras falsas ainda não tinha visto, pois já fui um ser oprimido, castigado pela vida e pela lida, e abandonado pelos pais.
Encontrar o que encontrei em ti me encontrou. Das coisas que me disseste vem o mais importante: aceitação do meu pedido de companheirismo na aceitação de ser minha sombra.
Luz e sombra. Garimpo e diamante. Cansaço e renovação do dia-a-dia na voz de um silêncio pura melodia que anima minha alma e alivia e quebra as pedras do meu corpo tirando-me do imóvel.
Contigo sou movimento. E me movimento em tua direção, abrindo meus braços ou ajoelhando aos teus pés, redescobrindo o viés, não importa nenhuma outra importância porque entre nós a distância caiu da bateia.
Agora esta luz que vejo multicolorida não precisa mais incidir no diamante.
Agora a pedra preciosa é nossa vida, a vida nossa construída, desenvolvida de forma assim (pedra) preciosa.

Rogério Camargo e André Anlub
(13/1/15)

13 de janeiro de 2015

Despedida XIII





Despedida XIII
(cozinheiro de banquetes)

Quando busca a inovação encontra o aconchego,
Não tem medo, e o mergulho é de cabeça.
Na sinceridade da devoção pelas letras, na fé na escrita,
Na aflição esquecida, morta, afogada na tinta,
Mergulha... e de cabeça.

Solve a arte, respira até pirar, come a arte,
Sente, brinca, briga e se esbalda.
Balde de água fria, quando ele quer que seja;
Balde de água quente, quando ele quer que ferva.

Na construção das linhas, ele sonha...
É um gigante em solo de gigantes (é um ser igual).
Nada é pequeno ou menos, mas ele é gigantesco;
Nada é estranho no pensamento sereno. (a mente é sã)

Criou algo mais do que o passo à frente,
Excedeu-se, ousou – usou e abusou.
Chegou a ser inconsequente...
Até achou que passou rente do perfeito (foi bem feito),
Pois assim tentará mais e mais, e irá tentar sempre.

E aquele gigante, aquele ser igual?
Foi para terras inóspitas e foi jogar novas sementes,
Agarrar novidades e desbravar castos campos.

E aquele cozinheiro?
(sonhou e se levou)
Cozinhou pratos raros e fabricou azeites,
Adornou a mesa com belos enfeites,
Chamou parentes, chamou amigos,
Encarou os indigestos...
Assim tornou-se quase um guerreiro,
Escritor, amigo, artista, rico e mendigo,
Cozinheiro de banquetes, ritos e festas...
Tornou-se gente e verdadeiro.

André Anlub
(12/1/15)

Som do novo, som de novo!




Foi hoje pela manhã
(André Anlub - 7/4/12)

Solto os verbos com as rimas
Loucura sob o céu que observa
Fortes são minhas asas que vão ao vento
Fazendo do meu mundo minha quimera.

Sem bússola e sem direção
Emoção no contato com novos povos
Povos com ritmo, sem inadequação...
Que eternizam a ação do tempo.

Nas paredes descascadas das igrejas 
Visíveis imagens do envelhecimento
Desmascaram as pelejas
Nas esquinas religiosas.

Joelhos ao chão em devoção
Entregam-se ao fado hipotético
Aproveito e solto meu canto poético
Afiada e desafinada oração.

Na saída não apago a luz
Entregue ao provável destino
Com estilo de esporte fino
Nos pés um belo bico fino.

Charuto cubano no boca
Fito no horizonte o disparate
Aceno para qualquer boa pessoa
Quero à toa uma guarida.

Volto do meu voo imaginário,
Toquei o belo azul turquesa,
Preservo com idoneidade e clareza
O que ponho no papel da minha vida.

- Quero ouvir a verve gritando
Ao mundo, ao pouco, como louca rara.

Preciso da sua leitura, 
de corpo nu em noite tão escura 
que nem estrelas darão as caras.

Excelente terça rapazeada poética




(27/5/14)
Existe o mundo como enorme tela branca à qual tem que curvar-se para pintar perto do chão e todos observarem, ou subir a extensa escada para o pincel alcançar o limite onde a visão é parca; a tela onde alguns pintam a pobreza, outros o conforto, alguns criticam, não gostam, atrapalham as pinturas e tentam lavar com água e sabão enquanto a própria consciência fica aguardando o esfregão; Eles existem e coexistem, mas muitos deles, muitos mesmo, nem sabem o que é pintar.

(28/5/14)
Escrever muita gente pode/escreve/deve/quer, mas conteúdo é outra história. Se o autor ficar atormentado com fama, barganha, carreira e/ou lucro, não sobrará tempo para evoluir na escrita; há de se ler e escrever ao extremo, com constância, afinco e exaustão (e toda a redundância que há). A meu ver a escrita tem que primeiramente ser um hobby, algo que se faça com muito amor e muita paixão, que caminhe junto com sua labuta normal/diária (ganha pão).

(27/5/14)
Vez ou outra há um milagre só pra tal pessoa; 
Não há registro, palavra, pintura, período, motivo ou à toa; não há contorno ou qualquer som que ecoa. Os olhares e bocas insanas em agonia
Sequer saberão o que realmente houve, e se houve... Não importa a vil lamúria
Dos olhos rebeldes da cobiça. 

12 de janeiro de 2015

Os vivos corais do mar morto




Os vivos corais do mar morto
(André Anlub - 11/6/13)

A ideia vai e vem à paisana, é assim:
Olá, escreva-me, como vai?
Ouço certo do outro lado da muralha
E a imaginação não se esvai
Como um surto atípico...
Não me corta feito navalha,
Nem me beija como o fim.
Reaparecer requer confiança.
É aceitar o dom que foi dado de herança,
Sem nem mesmo querer receber.
Tudo fica mais intenso e brilhante
Quando as barreiras caem.
Pode-se ver, ouvir e sentir - o além.
E quando vem a implacável esperança,
Ponho-me a escrever cada vez mais.
O azar eu nocauteio com certeiro soco no queixo;
A solução está no fundo do mar...
Prendo o fôlego e mergulho até lá,
Mesmo em plena maré cheia.
Pude ver belos corais que fazem desenhos
Que completam os traços nos corpos dos peixes.
Vi o majestoso feixe da luz do sol incidente
Que faz contentes as arraias que se entregam.
Enfim, vou repetindo as dicas
Que venho recebendo na vida.
Adaptar-se é fácil, complexa é a nostalgia!
principalmente das farras em família,
Das ondas que vi o mar oferecer.
As paixões incompletas estressam,
Surgem, mas não se deixam ver.
Ficam cobertas com o manto da noite
E somem no mais sutil alvorecer.

Um ser imbatível




Um ser imbatível
(André Anlub - 14/10/13)

Avise-me quando tiver um tempo,
Caso eu não esteja, por favor, deixe recado.
Passo por maus bocados sem a menor notícia sua,
Vivo um grande tormento olhando os velhos retratos.
Para o meu conforto tenho seus poemas tatuados,
Às vezes os leio a esmo para desmanchar possível mácula; vejo uma fábula que outrora romance barato, erguer-se das cinzas, renascer do cálido aborto.
Agora vago tão-só, sem rumo, em nuas noites sem lua, em garrafas de gargalo torto - vivo com a vida nas mãos, cambaleando na esperança do zero multiplicado por doze e na dose dos passos brandos, gasto meu quinhão.
É, sou impostor vivente, fantasioso e sensível,
Mas é vantajoso passar o inverno nessa novela.
Pinto com aquarela a imagem de um deus no céu,
Escrevo no papel minha quimera de um ser imbatível.

Poema futuro




Poema futuro
(André Anlub - 4/9/13)

Um homem joga o seu jogo mais brilhante,
Se for conciso é um tom preciso e crucial.
Sendo o mais temido caçador (poeta e amante)
Que com unha faz tatuagem da alcunha de imortal.

Até o momento ninguém aqui teve tanta sorte,
O clima sempre bom e o vento às vezes forte.

O solo produtivo e ao longe os tambores
Rufam os amores de um hoje acontecido:
- e vão saudades e ficam sonhos
- e vão estranhos num tempo amigo.

A lua saiu com frio e tão pálida,
Pensamos que estivesse acamada.
Veio a nós pelo mar e tremendo
Até chegar à praia...

E assim deu-se o beijo.

A lua olha por todos os lados,
Chora por quaisquer dores,
Explica a atual loucura de não mais existir o pecado
E nascer cada vez mais pecadores.

Dueto da tarde (XXXIV)



Dueto da tarde (XXXIV)

A graça iluminou-se com uma lembrança pueril. Era um dia comum de setembro e, se bem me lembro, também me iluminei por aqui.
Nada diferente havia no ar e, no entanto, enquanto mesmo indigente me fiz abrolhar, na poesia que pari.
Havia uma cor na cor que deixava o desbotado da mesmice pensando em vermelhos de calor; 
Era algo nada vago, assim como a brisa que há na brisa quando a brisa se acalma e na alma se apressa, para acariciar a brasa que de birra teima em queimar.
Tudo isso a graça sem assédio passava na lembrança e, com ou sem intermédio se deixava levar, sempre com finura e harmonia na memória vinha.
O que era simples e era completo, o que era singelo e era absoluto, o que não tinha importância e definia uma vida de “poète maudit”, de poeta matuto, que pega a caneta e lança no oportuno.
Oportunamente era a graça. Oportunidade sempre há – de graça. E a cor do lápis vive a prática: a arte se inspira em nada e em todos: cores, dores, amores, graças e desgraças... tudo soprando numa lembrança/presença.

Rogério Camargo e André Anlub
(12/1/15)

Despedida XII




Despedida XII
(corpo e café – torrados e moídos)

Hoje me sinto dentro da melodia
“Rio quarenta graus”;
Mas quarenta... só se for na sombra.

A aura parece que quer deixar a carcaça
E se perder na atmosfera.
O sossego berra, a quietude é onipresente...
Mas “péra”...
Ouço o tilintar dos dentes,
Como se fossem lâminas de aço.
Saboreio a pera,
E o sumo resseca meus lábios.

Meu lema para sair da lama
É sorvete de lima-limão
E um chá verde gelado.
Estão bebendo cafés quando esfriam,
Vi gente saindo pela rua, pelado.

Agora a aura quer ficar no corpo,
Um bom banho gelado.
Ao alto as audaciosas asas de Ícaro,
Há tempos derretidas...
Agora aparecem em nuvens, desenhadas.

Vejo o futuro, não vejo sempre muito boa coisa;
Há decepção, sempre há;
Há ressurreição, tem que haver.
Há de aparecer alguma ligeira solução,
Nas poesias sinceras despontadas.

Sai da melodia, penetrei no sigilo
Já são bem mais de meio dia;
Entrei entre as almofadas
E sorri para a nostalgia.

André Anlub
(11/1/15)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.