5 de março de 2015

ALGUNS MINICONTOS

- Eu acho tudo isso um saco!
- Já eu acho tudo isso muito interessante. Até isso de você achar tudo isso um saco.


Precisando desabafar, Pulino contou coisas suas, íntimas, a Caluffo. Caluffo era seu amigo de confiança. Mas comentou o que ouviu com Matella, sua esposa, sua amiga de confiança. E Matella comentou o que ouviu com Sunira, sua amiga de longos anos, sólida amizade, de confiança. Mas Sunira não era amiga de Pulino. A ela Pulino jamais contaria coisas suas, íntimas.


Ankaldo achou sua cabeça rolando no pátio, para lá e para cá. Ralou com ela. Estou te procurando há horas, disse. A cabeça de Ankaldo deu uma gargalhadinha satisfeita, de menina coquete que conseguiu chamar atenção. Ele, pelo menos, percebeu.


- Não, obrigado, não é pra mim.
- Mas você não disse que deseja tanto?
- Desejo. Mas desejar é uma coisa, Obter o que não é pra mim é outra.


- Foi muito feio.
- Foi mesmo?
- Mesmo. Nós nos dissemos horrores.
- E vocês já conversaram sobre isso?
- Não. Desde aquele dia não nos falamos mais.
- Talvez isso seja o mais feio de tudo...


Menino ingênuo, facilmente enganado pelos outros nas brincadeiras de esperteza, sempre ludibriado nos trotes e nas tretas, jamais vencedor em nada. Menino ingênuo a ponto de confundir ingenuidade com deficiência e estragar-se em autoacusação. Grande trabalho, mais tarde, para recuperar a inocência. Mas um trabalho que valeu cada gota de suor, pois lhe devolveu não apenas o que já tinha como acrescentou muito mais.


- Você me ama?
- Claro, claro.
- “Claro, claro” não é resposta!
- O que é resposta? “Muito, muito”?
- Se eu te disser, não tem graça. Vai, responde, você me ama?


Uma gota de luar caiu distraidamente nos olhos da rosa e ela despertou de seu perfume noturno para o sol que havia na imaginação de suas pétalas.


- Você nunca me disse que dava pra fazer assim!
- Você nunca me perguntou.
- Mas você podia ter me dito!
- Podia. Se você me perguntasse.


- Como se te faltasse alguma coisa!
- Claro que falta: o principal.
- E o que é o principal?
- Achar que não me falta nada.


Somos três e o tempo todo nos vigiamos: eu, a felicidade e a desconfiança de que a felicidade vai acabar em seguida. Somos três e poderíamos ser apenas eu sem vigiar o que não precisa de vigilância.


Vamplérgio caminhava solitário por uma trilha na montanha de seus desejos. Nada havia que confirmasse um destino – nem tampouco uma desistência. Vamplérgio não parecia conhecer ou recear o ambiente, que também não parecia hostil ou amistoso. Era apenas uma forma de ir. E Vamplérgio ia, até porque nada o convidava a parar.


Antípio cumprimentou a morte de um jeito que ela achou muito engraçado. Tão receptiva foi que o cumprimentou de volta utilizando seu próprio senso de humor.


Ernídio cobrava de Fanteka:
- Você me fez de trouxa!
- Fanteka respondia a Ernídio:
- Até pode ser. Mas você também se fez de trouxa.
- O que você está dizendo? Eu me apaixonei por você!

- É exatamente disso que estou falando.

ROGÉRIO CAMARGO 

Dueto da tarde (LXXXIV)



Dueto da tarde (LXXXIV)

O bicho mau, que come as folhas do jardim, olha pra mim e diz: hoje o banquete está farto, vou terminar e parto.
O bicho mau por vezes demonstra educação e gentileza. Mas quando bota a mesa ele age com rigidez; quer encher a pança pois pode não haver "outra vez".
Voracidade, determinação. Tudo para ontem, sem compaixão. 
O bicho lá de baixo vê o mundo bichado dos "lá de cima"; então sorri, entra no clima e segue a trilha antes da tempestade.
Tempestuoso, intempestivo. Temperamental: bicho mau. Mas do seu ponto de vista é apenas passar em revista as oportunidades.
E assim segue até o próximo quintal, bicho mau é "o bicho", é do bem, não do mal; gosta de luxo, não come lixo nem perde tempo com homem mau.

Rogério Camargo e André Anlub
(5/3/15)

4 de março de 2015

Dueto da tarde (LXXXIII)



Dueto da tarde (LXXXIII)

Nenhuma represa detém as águas do sono. Elas vêm com a determinação dos sonhos, nos permeiam com um toque do “homem da areia”.
Tudo se desmancha, como o homem de areia, quando o sono toma conta. E o sono sempre toma conta.
Houve um tempo que seu sono era em branco, era um vulto de nada da hora de dormir até o acordar; tempos ruins para quem ama sonhar.
Ele até sorri lembrando disso. Um sorriso que vai adormecendo como a pedra em que recosta a cabeça.
Embarca numa barca no sono ao som do oceano de águas claras, aparentemente rasas e lotadas de peixes; e aqui, ele e sua vara de pescar sem isca e sem pressa.
A brisa passa por ele e imagina sonhos de brisa. Mas apenas porque é generosa. A pedra é mais dura: tem convicção nos sonhos de pedra.
São contrassensos: dorme-se como uma pedra para acordar feito brisa, sonha-se com nada para sonhar mais quando estiver acordado e pesca-se sem isca para alimentar a consciência.
No mundo que há por trás do muro, as possibilidades são todas. De todas, os olhos fechados veem nenhuma, do lado de cá do muro.
É o mote diplomático de encarar a barreira, emoldurar o muro, seguir os rastros da serpente, ultrapassando a fronteira entregue a seu inconsciente.

Rogério Camargo e André Anlub
(4/3/15)

3 de março de 2015

Dueto da tarde (LXXXII)



Dueto da tarde (LXXXII)

Não há problema: saiu à francesa fazendo corretamente o esquema, pegando a viola e pondo no saco.
Sair sem ser notado e não haver problema são sinônimos em algumas línguas.
E falando em línguas: distraído esqueceu-se de esquecer o gosto da língua dela que ainda permanece na sua boca.
Tinha sido bom. Queria que continuasse bom. Talvez até a próxima esquina, quem sabe. 
Mas o caminho até em casa é longo.
Tão logo se esqueça, mesmo que não mereça, outras línguas virão; antes mesmo da vitamina ao chegar em casa, depois de dobrar a próxima esquina, outras línguas virão.
Por enquanto, o prazer de meia hora tem aspecto de eternidade. Mas... O que era mesmo para trazer do mercado?
Seria o leite das crianças? Mas ele não lembra nem mesmo do preservativo! Só lembra de inventar um pretexto evasivo.
A distração no brinquedo ainda vai fazer a brincadeira acabar mal. Mas por enquanto é esse gosto, esse perfume, essa lembrança.
E vão-se as casas de luzes vermelhas, voam as abelhas empanturradas de mel; no seu mudo céu de estrelas salientes se sente um errante violeiro e infiel.
Assobia estridente, finge estar contente. Talvez esteja mesmo, feliz a esmo, de graça, porque tudo passa – menos este gosto, pelo menos até o lado oposto da calçada.

Rogério Camargo e André Anlub
(3/3/15)

Barco



Ele é barco à deriva,
com pernas já cansadas 
olhos que veem pouco
a voz que é quase nada.
Mas ainda joga o jogo
tem asas para o voo
e aposta sempre alto
num farto salto solto...
Ele pode ser eu
ser você
e ser todos.

André Anlub®
(5/2/14)


Líquido sagrado de Baco


Líquido sagrado de Baco
(André Anlub - 15/5/13)

Rigoroso esse tempo bom na tela do céu azul,
Enorme pingo quente dourado, 
Mas amargurado ele caminha sem norte (também sem sul).

Só esperou o cair da noite e foi-se frenético abraçar a boemia:
Nas mesas bambas dos piores bares sentiu-se bem, satisfeito,
Era aquilo ali (Alá, a luz, além) que ele queria.

Com as paredes descascadas e encardidas, 
Banheiros de intolerável cheiro ruim;
A meia luz...
A farra no garrafão de vinho barato que esvazia:
Todo feio se faz tolerável;
O detestável é a alegoria da vida.

Com três palitos de dente se faz um xadrez psicológico,
De deixar Freud confuso e Confúcio fã de Pink Floyd.

O que eu faria em uma atmosfera assim? 
Além do porre corriqueiro:
De janeiro e meu aniversário;
De ver estranhos saindo do armário;
De tudo que é falso tornar-se verdadeiro.
O que eu faria?

Largaria o último copo e voltaria ao primeiro,
Desde onde a mente vai demudando,
O tom de voz aumenta, palavrão atroz vira salmo,
E enterra-se qualquer tormenta.

O que eu faria?
Vou voando – bem calmo ao terreno estrangeiro.
A insanidade das horas perdidas no líquido sagrado de Baco:
Com uma mão vai afundando o barco
E com a outra fornece o salva-vidas.

2 de março de 2015

Bloquinho de papel de pão



Bloquinho de papel de pão
(André Anlub - 22/3/14)

Viagens na forma e na cor,
De contornos vê-se a alvura das nuvens 
E o livre leve nacarado da flor.

Esparramando nas entranhas,
Eis entranhas que fulgem:
De paixão e luz tamanhas
Que aqui e ali nomeamos de amor.

Sonhos que voam e pousam num flash,
Longínquas dimensões são transpostas
Nos pífanos porretas do agreste.

Segurando um ínfimo lápis mal apontado,
Com a borracha aos pedaços no outro extremo
- Desenha a clave de sol - escreve um belo soneto
Num papel de pão amarelado.

Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos


Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos

Deu um gole no chá verde gelado e ao descansar a xícara, sorriu; viu-se num lago novamente o guri que um dia brincou com seus sonhos alados.

Congelando o momento foi trajando o futuro, luz no fim do túnel do incerto predestinado; no amanhã um apogeu deveras absurdo é a essência madura que utopicamente nasceu. Viu-se feliz com o viver protegido, viu-se ungido com o suor de mil anjos.

Na boca pequena um grandioso sorriso e os ouvidos docemente arranhando violinos de Vivaldi em arranjos; faz-se adulto, pecante e andarilho, com rugas no rosto e prantos arquivados.
É trem de carga que não carece de trilhos; abandonou seu abrigo, sem culpas e mágoas.

Chegou o tempo das convicções positivas, de amores desatados por mãos limpas e lavadas com o suor da procura. Eis mais um desafio no meio do povo  “de andar semelhante”: - barba bem feita, o sapato novo e alma nada desnuda.

Eis o semblante guerreiro, os filhos na escola e hora na labuta: - comida na mesa e nove talheres para apenas duas mãos.

Chegou o tempo de desprender-se do básico
E não se sentir um traste por nada ter de praxe.

Fugindo da história: 
Foi convicto à feira no domingo e comprou seu peixe... subiu no velho caixote e disse a todos os ouvintes: - é bendito e bem-vindo o tal de Benvindo Nogueira... deputado do povo (eleito por ser um homem oprimido).

Voltando à história: 

No arraste das horas a barba crescendo e o sapato mais velho; vê-se esotérico ao som erudito de um novo critério; agora homem simples, Sicrano da vida em um mundo baldio.

A vida estava por um fio, mas as nuvens se foram e  tempestades sumiram. (o chão é o limite)
O tempo chegou, o clarão é mais vivo das asas no apoio e o voo continuo. (o céu é o limite).

Há estradas fáceis que levam ao pecado, mas há também caminhos íngremes que estendem o tapete vermelho pro nada.

Ao final da tarde as flores enfim se mostram (mais dela) submissas, num colorido real e pétalas como olhos famintos de belo. 

Ela, dama, atravessa os jardins, os passos tímidos e sutis, abrindo os lábios e deixando brotar as próprias cobiças; um artista do amor sorri, aponta seus dedos magros, (outrora gordos e inebriados de nanquim): - Ai, ai, ai, é o fim, ela não me notou... choram eu, ele, você e os jardins. E o chá, um sopro para esfriar; vem aqui – foi lá. 

A fumaça do tabaco profana a luz
Que atravessa a janela adentrando o quarto, trazendo a beleza que há, aos olhos abertos, no limpar das remelas, no sonhar – realizar e fazer jus. 

Beltrano dos Santos é uma figura, já foi profeta, mas não se mostrou... só ele sabia; nas alquimias que os anos trouxeram, a derradeira ainda estaria porvir; mas ele não tem pressa, o amor não tem pressa e o que só interessa é o acreditar sem fim.

- André Anlub

Dueto da tarde (LXXXI)



Dueto da tarde (LXXXI)

É um rapaz criativo, mas que usa palavras repetidas, tidas como ingênuas e nuas no sentido implícito; cito um exemplo conciso:
Informação nunca é demais. Você fala, ele ouve. Ouve mesmo. Mas você nunca vai ficar sabendo o que ele “criou” com elas.
E nas mazelas elas se reinventam, tamanha incoerência exposta, posta aos olhares e ares.
É um rapaz super ativo, mas você não percebe a super atividade dele. É um rapaz que dá voltas em torno da terra, mas você não percebe seu corpo se mexendo.
Camufla-se em árvores, em peixes, pássaros e tudo; cresce galgando espaço e faz do externo seu núcleo.
Certo dia uma nuvem lhe perguntou por onde andava. Ele respondeu. A nuvem não ouviu. Certa noite uma lua lhe sorriu. Ele retribuiu. A lua não viu.
Se o núcleo fosse o centro, a nuvem ouviria, a lua veria e com o sol também conversaria. Mas o núcleo não é o centro.
O núcleo é um embuste, é como um busto em praça pública que ao “João ninguém” representa.
Fora é fora. Dentro é dentro. Dentro fora é nada. Mesmo para um rapaz criativo que use palavras repetidas, tidas como ingênuas.

Rogério Camargo e André Anlub 
(2/3/15)

1 de março de 2015

Dos desafios



Dos desafios
(André Anlub - 2/8/12)

Sentinelas do mais profundo amor, vejo pela janela as folhas e pétalas que caem pintando o chão... 
formam os tapetes dos amantes, síntese da emoção de todos os seres vivos.
Já tentei deixar de ser romântico, ver o mundo em branco e preto, lavar bem lavado meu despeito e organizar minha semântica.
Pego a massa e faço o pão, uso a farinha que vem do trigo;
Existe aqui dentro um insano coração que se materializou tão somente por você.
Vai dizer que me embriago por não tê-la, sons antigos na vitrola e deito-me em posição fetal... estou fraco para o viral e depressões e forte para construir minhas teias.
Em absoluto desafio... quero ser chefe dos meus desatinos
levantando e regressando à caminhada, vestindo minhas melhores roupas e colocando meus anéis...
(fazendo o que sei fazer de melhor).

Dueto da tarde (LXXX)



Dueto da tarde (LXXX)

A lembrança mais querida de uma infância muito feliz bateu à porta,
Tempos de rodas de ciranda, rodas de bicicletas, rodas de leitura e a vida rodou na estrada.
A porta abre para a lembrança e para o que a lembrança não tem nem pode ter:
Rebobinar a fita e viver tudo novamente – claramente – calmamente – em HD.
Pela porta aberta o que entra, com pantufas de melancolia e passos nostálgicos vai em busca de um abraço e acaba achando a ironia, os braços ocupados no futuro, segurando a nova vida.
Suspira, abre a geladeira, pega uma cerveja, pensa em guaraná, em coca light, em fanta uva, dá um sorriso torto e deixa cair uma faca dos dentes. Faca? Lembra-se de que não sabe como surgiu ali, de onde veio, não sabe seu nome, nem o início – o fim, nem ao certo o meio.
A faca quase atinge seu pé. Cai cravada rente. Não há nenhuma lembrança igual, nem parecida, entre as lembranças mais queridas de uma infância muito feliz.
A loucura sobe à mente e novamente a faca volta aos dentes; há controvérsia em seus pensamentos e há indiferença em seus esquecimentos. Sem saber o que fazer: ajoelha, reza, chora e sente.
Sente e ressente-se. Senta-se, levanta. Levanta, senta. Tenta outra coisa. Não consegue. Pensa em usar a faca para cortar os pulsos. Mas vê que ela pode ter outra utilidade:
Corta um peixe, tempera, acende o forno e espera... enquanto isso abraça sua criatividade, pois seja qual for sua idade, em seu sonho – sua mentira – sua verdade,  ela sempre impera.

Rogério Camargo e André Anlub
(1/3/15)

Por onde andei? - oficina de lirismo do Balcão de Poemas

Mais uma vez entre os amigos da NOP - http://inspiraturasbooks.blogspot.com.br/2015/03/por-onde-andei-oficina-de-lirismo-do.html

Das lágrimas



Das lágrimas
(André Anlub - 24/5/14)

Preciso de versos certos
De encaixes precisos,
Que construam uma obra prima
Da mais bela e enigmática.

Preciso da ideia no foco,
Estar sedento e famélico,
Lutando contra o branco do vazio
Sem armas ou mapas,
Sem asas endurecidas
Ou velas furadas.

Quero ouvir a verve gritando
Ao mundo, ao pouco,
Como louca rara
Que absorve a vida aos poucos.

Preciso da sua leitura
De corpo nu em noite tão escura
Que nem as estrelas deram as caras.

Preciso do deleitar dos olhos vexados,
Umedecendo e emudecendo,
Abertos, fechados,
Deixando cair suas lágrimas.

Rio 40° - 450 anos

28 de fevereiro de 2015

Ponderações



- Tenho mente clara e aberta, alma e aura brancas e corretas, ninguém me desbanca. Não importa a cor da minha casca, sempre serei “camaleoa”; não me avalie, gosto de pessoas raras que não existem à toa.

- A vida é muito curta para entre uma rotina e outra ficarmos preocupados com hábitos rotineiros.

- Não vim ao mundo para durar; quem dura é pilha de marca e conselho de avó; vim ao mundo para fazer o que gosto, ser feliz e ter qualidade de vida à minha maneira. Vivo sem me preocupar com o tempo de estadia. 

André Anlub

Dueto da tarde (LXXIX)



Dueto da tarde (LXXIX)

Cavalo selvagem procurando o vento da liberdade na liberdade do vento.
Campos verdes em ares puros tendem à sensação inócua de nada ocorrendo.
Nada ocorre mas tudo corre: as patas do ansioso devoram o chão de pedras, o chão de lama, qualquer chão.
No agito da passagem a calmaria afoga-se, o fogo envolve a cena da vida e enfoca-se no céu o pleno escarcéu.
As narinas nervosas perscruta: há sempre um mais além que pode ser o definitivo. Correr a ele, pois.
E o galopar antes e depois, ontem e hoje: há sempre a necessitada marchada, com a parada, descanso, sono e sonho.
A dança das crinas no ritmo irregular e nos beijos do vento cortante chega a seu corpo como uma carícia áspera.
Num relance saí da várzea um laço errante de moléstia e desatino, que se lança em alvoroço ao alvo no pescoço do equino.
Coisas do destino. Num desatino, ele quer ainda galopar, ginete dono de si mesmo, bebendo espaços com a força dos músculos jovens.
Mas o laço laça-lhe a pretensão, amarra-lhe a ousadia e ele sucumbe ao desleixo do homem mundano em desengano, tentando domar o mundo quando não doma nem a si mesmo.

Rogério Camargo e André Anlub
(28/2/15)

Da arte


Engatinho na escrita e na arte, feito criança sapeca, levada; 
vou de encontro ao bolo ou a bola, entro de sola; 
mergulho no sonho totalmente cego e sem ego, sem pretensão de ser nada.
Lá no final de tudo, onde o grito é mudo, quem sobrevive é o talento.

Da arte
(20/3/12)

Primeiro marquei meu horizonte
Em um traço negro em declínio,
Deixo a inspiração fazer domínio
E depois me embriago na fonte.

Pintores são fantoches e fetiches,
Sobem em nuvens, caem em piches;
Respiram a mercê de sua cria,
Bucólicos profetas à revelia.

Tudo podem e nada é temível,
Nem mesmo perderem o dom,
Sabem o quão infinito é o tom.

Seus corações de loucos palpitam
E no cerne que eles habitam
Saem às cores do anseio invisível.

A arte é muito além do coerente, é avesso e infinito, 
é forma ou desforma; 
a arte não se envolve com quaisquer opiniões, 
existirá de qualquer forma.

27 de fevereiro de 2015

Dueto da tarde (LXXVIII)



Dueto da tarde (LXXVIII)

Vem chegando o outono, com ares de galã, trazendo frutos, florindo caminhos e convidando à caminhada pela manhã. 
Se eu precisasse ter uma estação preferida, seria o outono. Ele e sua cor de vida mais vida, mais colorida. 
Voo alto e torno-me laranja, vermelho, amarelo e muito marrom. Torno-me bom em entornar-me no tom. 
Se eu pudesse beber uma estação até encharcar-me dela bem mais do que o mais encachaçado bêbado, seria o outono. 
Ele é meu dono, meu trono no bônus das estações. O que eu falar é pouco, é parco, é especulação. 
Se eu pudesse comer uma estação até ficar com o estômago dilatado, seria o outono. Ele e o seu sabor de eternidade instantânea. 
Agora voo baixo e torno-me eu mesmo em preto e branco - humano e sonhador. Torno-me na língua o sabor do que saboreio e às estações apenas os olhos no entremeio. 
Se eu pudesse vestir uma estação até nunca mais sentir frio ou calor ou alergias ou asperezas ou qualquer coisa que não fosse a certeza de estar agasalhado em beleza pura, seria... Bem, seria. Ainda não é. O outono ainda não chegou.

Rogério Camargo e André Anlub 
(27/2/15)
Leonard Nimoy, o Spock, se foi! Marcou minha época! (minha singela homenagem) - 


Hospício



Hospício (do livro “Poeteideser”)
(André Anlub - 23/7/09)

Salientaram no hospício
Ninguém iria comer
Injeções na testa...
Mais que um sacrifício.

Uma doutrina errada,
Condições terríveis,
Faces amarguradas...
Pessoas mais que sensíveis.

Não tinham valor algum,
Exclusos da sociedade,
Pessoas novas e de idade...
Somavam um mais um.

Indigentes, obscenos
Cenas do dia a dia,
Pretos, brancos, morenos...
Sujeitos à revelia.

Desprezados pela verdadeira família,
Inúteis sem poder reciclar,
Cães expulso da matilha...
Sem ter mais em quem amamentar.

Aos montes iam se definhando,
Em um frenético vai e vem,
Homens mortos andando...
Passos calmos pro além.

Despedida (I – XII)

(André Anlub – 2014/15)

De tudo que foi vulto, agora é muito o que é céu, e é seu, e é meu, que me cerca e cega – num todo! Caço tumulto, e acho, porém não gosto mas finjo que gosto e me enrosco (chega a ser tosco). Vejo verdade e abraço; vejo regaço, trago no laço; procuro calmaria: amizade de João; desenho de Maria (um dia foi fosco) – num nada! De tudo que foi concreto, continua sendo, continua a sede da procura; achando miragem viu-se correto, beijou o insano, do assanho foi/é primário – aquele dia foi pouco – qualquer dia é pouco; vejo o que vejo, já basta; vejo o que resta do festejo; preparo asas para a travessia, e já que não podia, acabei não sendo (foi até muito) – nu tolo! Dia cheio, dia quente, dia rente, muita gente na frieza em Paris (qu'est-ce que c'est?), fanatismo, “marquetismo”, dedo em riste; bala, vala – boletim, infeliz. É cá e lá; é diz que não diz, é borogodó balangadã, é melhor inquietar o tantan. Aqui de repente à esperança, trem bala do tempo, o sol belo na varanda, cedro puro e o verniz. O coração faz cálculos no abracadabra das horas; lubrifiquei minhas dobras, ensopei minhas válvulas; beijos soltos na terra, céu e mar, afogando bem no fundo as intolerâncias; sou aquela ave que foge da gaiola e por dentro sai cantarolando Wild Horses dos Stones, mas pelo bico sai o canto mesmo; é aquele animal em extinção, que anda na lenha, no lema, na linha; aquele “ex-tição” que ganha lume; é tal que tem tal de compaixão e com paixão põe à mesa e na sobremesa assopra as quarenta e quatro velinhas. Somos um só, somos complementos: imaginação e momento, arco, flecha e arqueiro; temos um amigo: o mundo; temos o reduto: a escrita; o vagabundo passa ser somente vago, e o hábito de conhecer a si mesmo é corriqueiro. O mundo canta ao toque da bateria, entra o ritmo em arritmia, então levanto e danço: “Mercy” de Dave Mathews; os pés se agitam e a mão trabalha no bloquinho: tinta, frase, crase, pinta – é a perturbadora calmaria, você quer que ria, talvez chore; quer que implore, obrigue: algo seja feito (mesmo de fininho). “Prefiro Toddy ao tédio”; é punk, só que (infelizmente) não; é a tal perseguição do silêncio (stalker), que vem, silencia – vai, silencia; lá ao longe: avião. O mundo se cala ao toque do botão, fones de ouvido descansam: caneta freneticamente eletrizada, o papel é namorado, e a amante é “inspiração”: caneta é “bi”, é tri, é tetra, é triatleta; ligo “Mercy” de novo (misericórdia), Dave é unanimidade. “Bucolicozidade” – O sol parou de lascar o beijo quente no asfalto, fim de tarde, mais um dia; ônibus passa, crianças voltam a brincar de bola, roupas voam em varais e levam o cheiro do café e pão frescos; pessoas passam com sacolas e o bucólico torna-se culminante; viajo no espaço por um instante, meu corpo suado – estafado – planeado quase que atravessa o país; o cheiro da minha casa penetra o nariz: fina flor que invento para a comodidade. As pernas hoje pediram longa rua, queriam andar, ver novos caminhos; sons se repetem, horas ecoam sozinhas, o tempo estaciona e me açoita nas nádegas; meus olhos buscam novos rostos, tristes ou alegres, mas novos. Amanhã tomarei coragem e irei à luta, sair novamente, quero rua. A perpendicularidade do raciocínio chega a desafiar a gravidade; nem sei a gravidade desse desafio, prefiro distrair minhas ideias, escrever; amanhã é outro dia, nova sexta-feira, e o tempo vai ter que mexer e me mexer. Foi dada a pausa no ponteiro dos segundos, é aquela noção de congelamento; senti-me voando num céu de brigadeiro, vendo formigas da cidade grande. O alerta foi dado ao público, nisso, nessa, nossa, “bola”; o amor pode estar parco, e não é desesperança, é realidade. Então façamos assim: mais afeto/abancar coragem, engraxar engrenagens, largar a flecha e o arco, pegar os rumos, pegar os remos e flores e abarcar e embarcar nos amores: “de quebra”, no majestoso barco. Tiraram a pausa do ponteiro, acabaram com o imbróglio, vou por meus pés na estrada. (a vida é curta quando é corte; a vida é longa quando é logo). Sábado de sol, de sola de sapato sendo gasta pelos amigos que passam e se vão, ao longo da rua. Sábado de poesia; acordei escrevendo, depois li um pouco; agora escrevo novamente; voltando algumas horas no tempo: essa noite fez um frio de inverno, acordei na madrugada em posição fetal e com uma estalactite no nariz. “Eta ferro”, me meti no frio da Serra; frio que me serra os ossos e quase gela meu sangue. Foi por um triz. Voltando ao tempo atual: almoço pronto, deixo meu “boa tarde” ao moço que passa (mais solas gastas); barulho de maquita cortando algo completa o som que ouço aqui: qual música? hoje deixarei à imaginação de quem lê. Indo adiante no tempo: em casa com os cães, meu salmão pronto, o mesmo som de agora, sol queimando a cachola, e ao tédio meu afronto. Preciso só imaginar e já sinto o cheiro de café, aquele fresco – novo – aquele meu; misturando-se ao perfume L’occitan que estou usando; vejo o céu limpo, ouço os cães distantes e os cães aqui também latem. Preciso só imaginar e já sinto o beijo... Ah, o som é Joni Mitchell, do disco Blue. Subiu a colina íngreme, audaz cabrito montês, fez seu filme na bravura, desenhou nas pedras a astúcia, onde passou com os seus fortes cascos. Penso na vida assim: às vezes desafios sem nexo que buscamos por aventura, por comodidades, por boemias; às vezes desafios concisos, extremamente necessários. A cena se fez diante dos meus olhos, talvez na importância da minha história; o homem atrás de sua glória, fugindo dos terrenos fiascos. um mortal louco subiu a montanha mais alta; talvez para outros olhos seja pouco, talvez para outros poucos sejam olhos; A cena se desfez em um instante com o toque do telefone; agora a questão já é outra, pintar de rosa o elefante. Desceu a montanha mais alta, a imaginação passageira; de dia a luz não faz falta, de noite trouxe à luz a parteira. A vida é assim: de repente a batucada do Olodum; de repete um “pam” e tchau. Foi nesse pensamento antigo que começou a abraçar excessos, nessa sensação de trem expresso que já vai chegar, já está chegando. Usava como sombras a boemia, nostalgia e a arruaça. Ontem ele era um pouco doido, hoje continua sendo, apenas segue fazendo um pouco menos de alvoroço. Foi cachorro louco, daqueles que despontam nas esquinas, com alma de menino e pensamento torto. Hoje ele é mais ponderado, muito mais “na dele”; hoje segue na trilha de trem Maria Fumaça, sentindo na alma e na pele o que deixou no passado. A vida é assim: de repente acaba o repente, acaba o velho e o novo, acaba a sobra e acaba o ouro. É nesse estouro que se vai um corpo: casca de ovo no galinheiro de um Deus. Cobiçando a luz do sol que passou pela porta e me deu um sorriso. Fui correr atrás, fui ao encontro do calor; desci pela rua feito a bola da pelada de domingo. E a chuva?  também amo, clamo e quero; gosto da água batendo no corpo e no rosto; gosto do gosto, do cheiro e do aspecto. Vai deixar lembrança; vai deixar vontade de voltar, curto o zelo; assim quem sabe eu volto em outro tempo (há esperança), no lamento em saudade, no aumento das panças e cair dos cabelos. Pego novamente minha espada (sempre fui eclético), sempre tive sorte; esqueço minha lança, deixo-a na estrada, mas só por empréstimo, deixo com São Jorge. (corpo e café – torrados e moídos) Hoje me sinto dentro da melodia “Rio quarenta graus”; mas quarenta só se for na sombra. A aura parece que quer deixar a carcaça e se perder na atmosfera; o sossego berra, a quietude é onipresente, mas “péra”... ouço o tilintar dos dentes, como se fossem lâminas de aço, saboreio a pera e o sumo resseca meus lábios. Meu lema para sair da lama é sorvete de lima-limão e um chá verde gelado. Estão bebendo cafés quando esfriam, vi gente saindo pela rua, pelado. Agora a aura quer ficar no corpo, um bom banho gelado; ao alto as audaciosas asas de Ícaro, há tempos derretidas, agora aparecem em nuvens, desenhadas; vejo o futuro, não vejo sempre muito boa coisa; há decepção, sempre há; há ressurreição, tem que haver; há de aparecer alguma ligeira solução nas poesias sinceras despontadas. Sai da melodia, penetrei no sigilo, já são bem mais de meio dia; entrei entre as almofadas e sorri para a nostalgia. Quando busca a inovação encontra o aconchego, não tem medo, e o mergulho é de cabeça; na sinceridade da devoção pelas letras, na fé na escrita, na aflição esquecida, morta, afogada na tinta, mergulha... e de cabeça. Solve a arte, respira até pirar, come a arte, sente, brinca, briga e se esbalda; balde de água fria, quando ele quer que seja; balde de água quente, quando ele quer que ferva. Na construção das linhas, ele sonha... é um gigante em solo de gigantes (é um ser igual). Nada é pequeno ou menos, mas ele é gigantesco; nada é estranho no pensamento sereno (a mente é sã). Criou algo mais do que o passo à frente, excedeu-se, ousou – usou e abusou; chegou a ser inconsequente... até achou que passou rente do perfeito (foi bem feito), pois assim tentará mais e mais, e irá tentar sempre; e aquele gigante, aquele ser igual? foi para terras inóspitas e foi jogar novas sementes, agarrar novidades e desbravar castos campos. E aquele cozinheiro? (sonhou e se levou) cozinhou pratos raros e fabricou azeites, adornou a mesa com belos enfeites, chamou parentes, chamou amigos, encarou os indigestos... assim tornou-se quase um guerreiro, escritor, amigo, artista, rico e mendigo, cozinheiro de banquetes, ritos e festas... tornou-se gente e verdadeiro.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.