23 de março de 2015

É mentira



É mentira

Ouço aquele antigo e famoso soneto; 
Aquele soneto penoso, faceiro e genioso.
Criou um rolo que rola pela rua ao desígnio;
Sopro do delicado açúcar que soa e sara como seiva na sua nuca.

Vou fingir ressentimento, pirar e respirar o mais fundo possível...
Vem passando o caminhão do fumacê.
Faça como fiz: coloque seus espertos óculos espelhados
E vire um servo que serve de espelho aos cabelos despenteados dos amigos.

Lá vem ele de novo!
- enganou-se o bobo na casca do ovo.

Teve tal sujeito sem jeito para quase nada,
Mas que fez cabana na colina.
Colhia taioba e fazia um refogado supimpa.
Tal homem babava – bebia sidra e dormia cedo, sonhava muito e muito sorria...
Era gente boa, boa bica, de boa índole – dependente de sol e insulina.

Lá vai ele de novo!
- é mentira!

André anlub
(23/3/15)

Dueto da tarde (CII)



Dueto da tarde (CII)

Fala pelos cotovelos, reclama pelos cotovelos, quase não usa os cotovelos para dar cotoveladas ou salutarmente apoiar na janela – paquerar ou ver o sol nascer.
Acotovela-se “linguando” e “linguando” passa o tempo que os cotovelos passariam se apoiando.
Cotovelos nada selvagens, todos pamonhas. Avermelhados de tanto descanso, quiçá de vergonha.
Pensa em fazer uma tatuagem em cada cotovelo: duas bocas.
Há planos de aposentar a própria boca, pois para os queijos há o regime e para os beijos se auto restringe.
Se não der certo, vai falar e reclamar e repetir que tem razão até que os cotovelos criem joelhos.
São cotovelos carentes de desvelos; até são como aço, mas em pedaços. Acabarão parecendo pinturas de uma fase de Picasso.
Por enquanto, enquanto falam, têm de si a ideia posta sobre si: é necessário - e se é necessário é preciso.
Pensam e discutem (um com o outro) e falam muito e se iludem. Não repararam que são apenas cotovelos (metade do braço) sem rédeas sem rodeios, são só meios. 
Cotovelos com conotação farpada não está com nada; cotovelos tem que ser como novelos de lã, irem ao vento sem ferir quem passa.
Quem fala pelos cotovelos deve mais respeito aos cotovelos: seus e alheios. Alheio a isso, quem fala pelos cotovelos fala.

Rogério Camargo e André Anlub
(23/3/15)

A Perda da Fé




A Perda da Fé
(André Anlub - 21/1/11)

A visão mais turva, suja,
Deixa que eu mesmo piso na uva.
Sei que irá curar o desalento,
Muito mais fácil deixar cair dos olhos uma chuva.

Cansei de levantar para o céu as mãos,
Engasgo com o medo, ébrio e hipocondria.
Supre a dor com o Comprimento de um comprimido* comprido...
Levanta e não cai de joelhos ao chão.

Dizem que um Deus te ama!
O resto do mundo não.

Todos os elos dessa corrente,
Foram tomados pela ferrugem.
Águas só me molham, aos outros ungem,
Palavras incertas e ditos incoerentes.

Com os nossos cabelos ao vento
Que acabam levando a vida,
Uma partida fez-se momento,
Para um lugar bom será sempre bem-vinda.

Como sabemos dos nossos erros
E como fingimos indiferença.
Como negamos todos os zelos
E como sofremos com nossas crenças.

Dedão nas orelhas,
Mãos espalmadas
E línguas a mostra...

Armado o circo, chamamos os santos.
Com olhos cegos soltem seus prantos...
Eu perdi a fé, quero uma forra.

22 de março de 2015

PurOOsSo na area com preço de custo!

OBS: Esse livro e todos os meus lançados no Clube de Autores estão a preço de custo, sem comissão, para assim sair mais popular possível e com o simples, claro e salutar objetivo de entreter e levar meus escritos ao maior numero de leitores.

(...) aqui, pelo Clube de Autores. 205 páginas recheadas de poesias, imagens, pensamentos, textos e suor. Link: https://www.clubedeautores.com.br/books/search?utf8=%E2%9C%93&where=books&what=andre+anlub&sort&topic_id


Dueto da tarde (CI)



Dueto da tarde (CI)

A fidelidade não era seu forte, por outro lado na conversa construía seu forte.
O apache que tentasse invadi-lo, sentiria a força da paliçada. Palhaçada? Talvez, mas era sua e não abriria mão dela.
Sua boca dançava aos ouvidos adocicando um por um. Falava o que queriam ouvir, pois até mentiras sempre foram bem-vindas.
Tudo para mantê-los lá longe, enquanto de perto não quisesse olhar suas coisas.
Sinal de fumaça foi visto, seguido de agito e grito de guerra. Ao longe a mata se agita e da gruta sai um grande exército.
A fidelidade, que não era seu forte, media-lhe as fraqueza, cobrando seus despojos, seus tributos, suas taxas e impostos.
O que resta de senso crítico grita, tatuado no coração: para quem não é fiel a praxe é não cobrar fidelidade... nem dos amigos/inimigos.
É um grito no vácuo. Vacas são todas elas. E o querem na canga, puxando a carreta do dia-a-dia.
Seu forte mesmo era a fatalidade e nada sabia de mudanças nas cabeças alheias. Nem do que viam os olhos das cabeças alheias.
O mundo havia mudado, evoluído. Os sinais de fumaça eram fábricas, os gritos eram as festanças com danças e hinos.
O mundo mudou para quem mudou com o mundo. Quem cultivava pedras seguia colhendo muros. Duros conceitos, parapeitos para os peitos não caírem em si.
No seu forte nunca iria ver o farto. Mas era a única fortaleza que conhecia. Então jamais conheceria a força.

Rogério Camargo e André Anlub
(22/3/15)

21 de março de 2015

Vem ai: PurO OsSo

Vem ai: PurOsSo (duzentos escritos de paixão)


Não negue o seu beijo 
(André Anlub - 31/05/13)

Deveria ser lei:
Não se nega um beijo!
Ainda mais para um carente de amor,
Um desajeitado com as palavras,
Confuso com os sentimentos.
Jamais se nega um beijo,
Pois o mesmo é um elo...
Encontro do sabor marmelo,
Com gorgonzola, parmesão...
Quatro queijos.
Não, não se nega um beijo,
Ainda mais o desmedido,
Pois é a afirmação de um bem querer,
Doce momento de prazer,
Que faz no emudecer,
O grito de tudo a ser dito.

Falam de bailarinas,
De estrelas cadentes e flores;
Falam de amores, de destinos,
Esquinas, borboletas e odores; 
Mas poucos falam do artista
Em seu mergulho no meio, 
Sem medo e sem freio
Num oceano de caos.
E ao unir os extremos,
Teremos sem pressa
A composição de um poeta,
Que beija na cópula
O corpo e a alma

Do bem e do mal.

Dueto da tarde (C)



Dueto da tarde (C)

O passado passando e as mãos tensas enterradas nele, querendo mais.
O que uma vez foi jamais agora se torna sempre, e o diferente é meu mais novo espelho.
Busca desesperada do que não está estando: a memória é um fato. Fatal é ser mais do que memória.
No bloco de notas as anotações recentes de décadas atrás. Déjà vu eterno que serra seus dias e se enfia no meio.
Já foi mas continua sendo na vontade de que não deixe de ser. O delírio é um antúrio de pétalas negras e odor de enxofre.
Há dinossauros dançando Polca no centro da sala enquanto balas gorduchas de garruchas voam sem bússola.
Uma boca enorme com dentes descendentes de acidentes pretendentes a tragédia se abre.
Agora veio buscar a vida e visando romper o tempo – cem anos são parcos aos que vivem vivendo, erguem monumentos e não se chamam Oscar.
Quando fala, as arcadas tamborilam, castanholam, saxofonam, (de)compõe o som da cor no arco (e flecha) da íris.
Agora se abrem alas, surge o som do sino abrindo caminho para as passagens dos carros-chefes, carros-fortes, carros-anfíbios e os caros amigos.
Amigos caros, que custam a pouca paciência destinada à suportação. O presente é um presente que o passado já desembrulhou e deixa de antemão na mão de quem o mereça. Depois se torna barro para esculturas, torna-se ideias e é atirado à dança no meio do salão do mundo.

Rogério Camargo e André Anlub
(21/3/15)

Quatro em Salvador:



Quatro em Salvador:
(André Anlub - 26/10/13)

                  I

É no embalo do calor humano,
Arte que grita no urbano;
Salto das classes
Que falam aos ouvidos,
Destemidos artistas do azul infinito... 

É de sal e saudade,
De real e sonho,
Esperança e destino. 

                  II

(a merecer) 
O por do sol por trás do Farol da Barra,
É barra não me pôr à mercê
Do (so far) rol dos saudosistas.

III

Moqueca e bobó de camarão,
Vatapá, caruru, azeite de dendê,
Sururu, acarajé, pirão e um assado cação;

Viver só é bem bom
Quando é mais, mas muito mais,
Que o bater de um coração.

IV
Salvador de amor de sol generoso
E poderoso sal de mar de amar...

20 de março de 2015

Outonos...





Dueto da tarde (XCIX)



Dueto da tarde (XCIX)

Nada versátil e deveras feroz era o algoz de todos os vinte personagens de seu livro; matou todos.
Quem sobrou para contar a história lambuzou-se na glória de não fazer parte dela. Esparrela muito comum.
Houve o incidente com tal sujeito que ele não quis que morresse no acidente. Pronto, estava feito: foi um sonho.
Rigidez cadavérica até para sonhar. Mais ainda para transformar o sonho em literatura. Tortura autoimposta.
Em suas histórias morrem os bandidos, morrem os mocinhos; as cidades ficam completamente desertas e o narrador acaba frustrado falando sozinho.
Fala sozinho e não tem como fazer um diário. Nem como enviar cartas para si mesmo. Uma pena. Ele gostaria de enviar cartas para si mesmo.
Vê-se, e é, um bem-conceituado homicida sangrento, um carrasco literário que vende mortes às mentes sedentas.
Algumas morrem junto, na ausência de vida disso tudo. Outras, contudo, fazem de tudo para viver.
Certa vez pensou em escrever em primeira pessoa, se incluir no novo romance e consequentemente morrer no final.
Adiou o projeto, projetando-se para um futuro em que não precisaria da ficção para fixar-se na morte que já carregava.

Rogério Camargo e André Anlub
(20/3/15)

19 de março de 2015

Vendendo meu peixe...


Focamos a vida em construir. É o que nos norteia e nos faz levantar e lutar a cada dia. Temos uma conotação ruim à palavra “desconstruir”, pois vemos um cenário negativo, desqualificativo e nocivo nela. A questão é que crescemos nos moldando com o tempo, ganhando corpo/conhecimento como um castelo que nunca ficará pronto. Vamos sendo construídos tábua por tábua – pedra por pedra – cimento – areia, e influências externas. Nesse processo de construção, nessa massa, nessa essência, coloca-se também estigmas sociais, preconceitos, teimosias e arrogâncias. É salutar aceitar, reconhecer e aprender a desconstruir tais sentimentos, a fim de sermos mais tolerantes e justos.

Dueto da tarde (XCVIII)



Dueto da tarde (XCVIII)

A grama teimosa cava espaço entre as lajes de concreto, adornando o seu cinza sem graça e quebrando a dureza frígida.
Seus desenhos despretensiosos poderiam inspirar a pretensão mais rígida.
A joaninha escala a grande muralha só para lhe presentear com sua presença.
O grilo noturno sai ao sol e desafia as lógicas que o querem noturno e, de preferência, silencioso.
A grama olha curiosa, e volta a pintar sem gana – sem grana – sem gula. A grama não é indigente, diz que sempre esteve ali, mas não cobiça o terreno.
Apenas luta pelo seu direito. Torto é o que veio depois. Um depois que é agora e sempre. Um sempre que a grama luta para que seja nunca.
Chove uma água de banho e deita e rola em seu espaço. Acalora um sol de outono fingindo ser dono do pedaço.
A grama fica com o que é seu e luta. Alguém lhe pisa em cima, alguém cospe nela, alguém joga-lhe um toco de cigarro. A grama fica com o que é seu e luta.
Aparecem todas as solas dos sapatos, todos os sóis, os fins de tardes endiabrados, luas a sós; vieram tórridos banhos de chuva, de orvalhos e de brumas... até de banhos de suor. A grama é vivida, conhece tudo de cor.
Sua memória ancestral chega até ontem, quando também havia pedras em seu caminho e seu caminho era estreito entre as pedras.
Seu intrépido crescimento a faz pensar em novos ares. Surgem no trapejo do lampejo um fugaz desejo: sonhos com outros lares.
Podia ser uma coisa simples. Não é grama de muitos luxos. É só uma grama que as lajes do concreto não deixam ir longe. Mas que insiste. Existe porque insiste.
De tanta existência e insistência surge certeza de sair dali: um ruminante a passos calmos vindo, perdido – faminto – tranquilo – distinto e mais: apreciador de capim.

Rogério Camargo e André Anlub
(19/3/15)
ALGUNS MINICONTOS

- Tobinha, olha só, o sol da primavera voltou!
- Ótimo. Agora vamos ver o que a primavera diz disso.


Campos Ocampo não dormiu muito naquela noite. Campos Ocampo nem lembrava mais  em que noite havia dormido muito. Se lembrasse, talvez também lhe viesse à memória a dor de cabeça e o mal-estar que sentiu durante o dia por haver dormido demais.


- Ando com poucas ideias para escrever.
- Mas mesmo assim andas, não é? Pior se ficasses parado com poucas ideias para escrever.


Janilara foi deitar pensando em que não precisava ir deitar, que podia ficar bestando no computador – sempre tem alguém a fim de um papo – ou bestando na televisão, com os quatrocentos e cinquenta canais inúteis da NET ou bestando na janela, vendo o trânsito lá fora, uma coisa realmente besta. Eram tantas as opções de bestagem que Janilara foi deitar pensando que tinha uma vida muito rica, obrigado Senhor por tantas dádivas diárias.


O racismo chamou o preto de macaco, mas era só brincadeira. O preconceito chamou o gay de viadinho, mas era só brincadeira. O machismo chamou a mulher de vagabunda, mas era só brincadeira. Eles vivem brincando, têm um senso de humor inesgotável.


A frase enigmática estava tendo uma coisa que mais tarde o EEG identificou como uma convulsão, mas na hora pareceu apenas mais um de seus exercícios. A frase enigmática adorava se exercitar. Depois do ataque vai ter mesmo que fazer isso e muito, para desentortar a boca.


- Vô, se o senhor tivesse um milhão de dólares, o que faria com ele?
- Usava um pouquinho a cada mês para reforçar minha aposentadoria.
- Que coisa mais sem graça, vô. Acho que é por isso que o senhor não tem um milhão de dólares.
- Provavelmente, filho.


Quem te disse que quem te diz está mesmo te dizendo? Quem te diz que quem te diz não está só falando, aproveitando que o escutas?


Os filhos são dois. O pai é um só. Os dois querem um pai só para si. Mas é só um pai para os dois. O que recebem é sempre insuficiente, acham. Talvez continuasse insuficiente se fosse um pai só para cada um. Mas é um pai só para os dois.


A surpresa bateu na porta, a porta abriu para a surpresa e, num instante, surpreenderam-se pela intimidade instantaneamente conquistada.


- Isso tudo está muito chato!
- Mesmo sendo tão redondo?


- Quer casar comigo?
- Mas nós já não estamos casados?

- Não. Nós só assinamos um papel no cartório e suportamos a cerimônia na igreja. Estou perguntando se você quer casar comigo.

ROGÉRIO CAMARGO 

Tempo de ser servido



Tempo de ser servido
(André Anlub - 2/3/12)

Quero me doar ao máximo:
Perder (por livre e espontânea vontade) a liberdade.
Quero a salutar realidade de um amor:
Aos quatro olhos, eterno.

Quero ter filhos, ou não
Quero repartir e debater nossa opinião.
Ser servido e servir,
Ser a ilusão mais verdadeira e óbvia.

Vamos nos fartar em mesas fartas,
Comer salmão ou sardinha,
Beber vinho oneroso ou sangria,
Juntos, tudo será sempre o melhor.

A taça fina, que ao rodar do dedo canta,
Ouço o som mais doce e apaixonado;
Junto ao seu cálice que me acompanha
Fecho os olhos, embarco e me entrego.

18 de março de 2015

Dueto da tarde (XCVII)



Dueto da tarde (XCVII)

Avalia-se como bem quer, e usa de coerência mesclada com a ironia à la mode Samuel Beckett.
Sua equação é simples: não usar equação nenhuma. Seu esquema é fácil: se quiser ir, vá; se quiser ficar, vá também.
Na prece e na pressa acende duas velas, uma ao insone – outra à remela.
Mão e vela: manivela que não gira o destino, desatino que não corrompe a razão.
Rasga o verbo, mas fez cópia antes; rasga o instante e rejeita o eterno.
Entre San Juan e Mendoza, fica em Copacabana, tentando convencer a princesinha do mar de oceanos que ela não vê.
“Não liga para nada e ninguém, acha-se um despótico no harém” – li isso em algum lugar, mas não tem nada a ver.
Não para definir o que tem a ver. E o que tem a ver? Limpar as lentes dos óculos pode ser um começo.
A sua coerência detêm o apreço e no seu endereço lacrou a caixa de correio; em seus devaneios vê vampiros em espelhos, lobisomem sem pelos e Sacis de joelhos.
Não limpar as lentes dos óculos pode ser o fim... Nada, no entanto, é nada no intento de deixar como está para ver como é que não fica.
Segue em frente e de ré para um lugar qualquer; e chegando ao destino ouvirá o sino para destituir sua insígnia.
Avaliação: aval e ação, pensa. Estamos todos no mesmo barco. E afunda na direção do pré-sal.

Rogério Camargo e André Anlub
(18/3/15)

Antologia virtual Logos N° 13 - Mar/15


17 de março de 2015

Da Arte

Elis Regina faria 70 anos hoje, 17 de março. Vai ganhar uma nova biografia e um site oficial, com material inédito, como o vídeo de uma sensacional apresentação dela na TV francesa: 
http://www.50emais.com.br/cultura/video-raro-para-celebrar-os-70-anos-de-elis-regina/


Da arte
(André Anlub - 20/3/12)

Primeiro marquei meu horizonte
Em um traço negro em declínio,
Deixo a inspiração fazer domínio
E depois me embriago na fonte.

Pintores são fantoches e fetiches,
Sobem em nuvens, caem em piches;
Respiram a mercê de sua cria,
Bucólicos profetas à revelia.

Tudo podem e nada é temível,
Nem mesmo perderem o dom,
Sabem o quão infinito é o tom.

Seus corações de loucos palpitam
E no cerne que eles habitam
Saem às cores do anseio invisível.

A arte é muito além do coerente, 
é avesso e infinito, 
é forma ou desforma; 
a arte não se envolve com quaisquer opiniões, 
existirá de qualquer forma.

Falando com nuvens



Falando com nuvens
(André Anlub - 16/1/14)

Noite passada sonhei com poesia,
Aquele sonho arranjado de calores misteriosos.
Ao som de uma orquestra as janelas se abriam
E em mil cantorias - pássaros curiosos.

Longe, no alto, algo reluzia,
Mas não sei o que era, tampouco queria.

Sempre enfoquei seu belo rosto em tudo
- é de um absurdo - é meu mundo de gosto.

No sonho alagado os caminhos imersos,
Feito um delírio aos montes, na mente famélica.

Estrelas pratas formavam de tão doces quimeras
E transbordam à vera, e transcorrem os versos.

Fiz de mim um homem pássaro
(o passo)
No meu eixo um homem peixe
(muito avexo)
No meu mundo, homem comum
(o oriundo)

Longe, as nuvens comunicam:
Surgirá a estigma do amor sem fim.
Tudo se torna arquipélago numa única ilha,
Uma desmesurada esperança que contente habita,
Fazendo-se amiga e parte de mim.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.