11 de abril de 2015

Dueto da tarde (CXXI)



Dueto da tarde (CXXI)

Um desafio dos mais complexos para quem não quer perder tempo com coisas simples: 
Ficar parado, tão somente parado, simplesmente parado. É preciso mesmo uma simples mente, uma mente simples para ir além do somente “isso” ou “aquilo”. Movimento é o que ela conhece. Movimento é o que fará sempre, mesmo entendendo alguma coisa do não-movimento.
Em um dado momento o pensamento rompe a barreira do tempo, do som, do sol, do sempre... Assim sendo, rompe a barreira do trivial, dá-se então o fatal:
Vê que não adianta querer não querer. Vê que parar é outro movimento. Vê que silenciar é outro barulho. Os olhos então se fecham para enxergarem melhor e se abrem para o interno fazendo do criador um médico e da criação o enfermo.
Está dentro e imagina o fora. O fora imaginado dentro é apenas o dentro de novo, ainda e sempre.
O cerne em um minúsculo círculo é o mundo, e o universo é a arte; a arte em um A maiúsculo é um músculo que carrega o corpo do cerne.
É a saída mas não é a saída. É a resposta mas não é a resposta. E sorri como se fácil entender porque.
Um desafio dos mais simples para quem tem todo o tempo a perder com coisas complexas:
Achar a saída pelo que não é a saída. Achar a resposta pelo que não é a resposta.

Rogério Camargo e André Anlub
(11/4/15)

Ótimo final de semana

SP-Arte/2015Galerias de diversas partes do mundo participam da feira de arte em São Paulo. O Arte 1 conversou com os...
Posted by Arte 1 on Sexta, 10 de abril de 2015


Se não há cor, colora; se já há colorido, se esbalde.
Se cansar de se esbaldar, desbote... 
e repita sempre tal dote.

Hipnotiza-me sem a mínima hesitação, 
e com a carcaça não tenha perdão. 
Me molda e muda, me desvenda e desnuda, 
aperta tanto meu coração, 
que em seu transmuta.

- André Anlub

10 de abril de 2015

Um quê de Bovarismo



A tal mutação em determinada sociedade deve-se que principiar unicamente nos próprios umbigos; caso contrário é plantar limão e esperar laranja.

Limpeza dos corações inteligíveis (Um quê de Bovarismo)
- André Anlub

A realidade concorre com minhas vertentes
e elas, céleres e insanas, saem na frente.
Ouvi dizer que sempre vale a pena.
Faço roleta russa com o imaginário
e nesse voar de um total inventário
castram-se cobiças e integra-se a pena.

Vozes tendem o som do trovão
apocalíptico pisar no vil tédio.
Letras brotam num mata-borrão
curam, inebriam, quão doce remédio.
Estouram paixões sempre aludidas
cantam canções, danças nas chuvas.
No certo e no cerco um céu de saídas
arte que inspira expurgando áureas turvas.

Ah, nesse amor descolado, desnudo
das mais gostosas traquinagens
organizando as engrenagens,
desorientando meu mundo.

Acordei afogado no pranto
praticamente um tsunami violento
que fez-me lembrar dos tantos encantos
que migraram para o desejo vagabundo.

O tempo se esgota, é a gota d’água...
que desagua na grota e no vento.
Pois invento a lorota da mágoa
por não encontrar meu contentamento.

Perco a razão do vivente
mas no convívio, dentro de um conto
lapido do meu jeito o sonho
E à francesa, saio pela tangente.

Ah, sei que o seu pensamento é só meu
e num breve instante em branco
escorrem os pigmentos mais francos
e colorem todo o nosso apogeu.

Esvazie-me – preencha-me
conheça o verso e o avesso
rima após rima, sabe que deixo!
E depois, ao acordar sozinha

vá viver se estou na esquina.

Enxugando os Prantos

1 Negro em 100#tvCarta Único aluno negro em uma sala de 100 no primeiro ano de administração na FEA, Renan Silva precisou se levantar do lugar para defender a adoção de cotas raciais na USP. O desabafo foi uma resposta à oposição da professora e de alguns alunos em iniciar um debate sobre o assunto, como pedido pelo movimento negro, que acabara de entrar na sala. A negativa aumentou a tensão que terminou em uma discussão filmada por um aluno contrário às cotas. O vídeo, compartilhado pelo Quebrando o Tabu, viralizou: 2,3 milhões de acessos. Dias depois da briga, Renan conversou com CartaCapital no prédio da FEA. No vídeo ele relembra a discussão e explica porque, embora não seja cotista, defende que a USP também adote o sistema de cotas raciais.
Posted by CartaCapital on Quarta, 1 de abril de 2015


Enxugando os Prantos 
(André Anlub - 8/7/10)

Toda a paz do mundo caindo em gotas de chuva
Plena abundância do amor
Reconstruída a fé e a esperança
Saúde dando aos montes em cachos de uva.

O ciclo de felicidade dando voltas no infinito
A cada segundo mais e mais sorrisos e gargalhadas
Desarmadas todas as facções e exércitos do planeta
Soldados com roupas de banho fazendo um churrasco.

Só com uma luneta posso ver o mal que está no nada
Crianças sem fome ou sede e com um futuro abissal
Empáfias, crueldades e cóleras morrendo asfixiadas
Caem vis preconceitos, caem muros.

Pessoas que estavam perdidas sendo encontradas
Hinos de todos os países poeticamente cantados...
À toa, só fazendo assim valer gastar toda a saliva.

Presídios se tornando museus e teatros
Retratos e pinturas só de natureza viva
“Guernica” se transforma em um realismo abstrato
Toda a censura se foi depois de descer do seu salto
Não existe rabisco, a arte provém de um ínfimo traço.

Todos tem o direito de subir em um palco
Poetas surgem com os ventos, por todos os cantos
O ego e autoestima do homem se perdem no espaço
Poesia trazendo alegria e enxugando os prantos.

Dueto da tarde (CXX)

Israelis Make Ultimate A Capella Bob Marley TributeThis awesome a capella version of Bob Marley's 'Could You Be Loved' was made by Israeli musicians in honor of what would have been the late Marley's 70th Birthday. An event is being held in Israel on January 31 to celebrate in Tel Aviv.Produced by: Guy Dreifuss (Afficoman) and Shmulik Bar-DanDirected Filmed & Cut by: Alon Segal - http://Alonsegal.com/Music Production: Amit SagieVision and additional editing: Guy DreifussProduction: Adi EzerSpecial thanks: האוס אוף מארלי ישראל House of Marley IsraelThanks to all the artists and people that participated:Alon Landa, Amit Sagie, Gadi Altman, Odelia Oknin, Ohad Rein, Oren Wilson, Shira Chen, Tony Ray, Urijah Gazit, Yonathan Liner.Facebook page: Bob Marley Israel בוב מארלי ישראלEvent page (Jan 31): Tel Aviv: https://www.facebook.com/events/699790453468690/YouTube link: https://www.youtube.com/watch?v=5aN6eDGEc0URepublished with permission from the artists - all rights reserved.
Posted by The Jewish Standard on Segunda, 12 de janeiro de 2015


Dueto da tarde (CXX)

O sol hoje acordou com algum complexo de lua.
Quis aos poetas inspirar, mexer com marés, espiar a donzela nua tomando banho de mar.
Quis trocar o ouro pela prata e andar muito devagar por entre a sombra das árvores.
O sol hoje tem o lado negro. Dizem que é suntuoso, quente, alegre e ouvem-se batuques no estilo AfroReggae.
Ninguém sabe o que a lua diria se ouvisse este sol. Nem o que o sol faria se fosse uma lua negra assim.
Há boatos de choramingo do sol na fase Minguante, cantares pop na fase Novo, garbosidade na fase Crescente e na fase Cheio dieta de peixe.
Quatro semanas bastam para o sol ser de todo tipo, quando lhe bate o complexo de lua.
Depois pode voltar ao seu eixo, iluminando tudo em volta, bronzeando corpos em praias e cachoeiras e fervendo a própria cabeça.
Mas hoje ele acordou com este complexo e exige um seresteiro em vez de bronzeadores.
Hoje tem temores de noites frias, de estrelas guias e desfeitos amores.
Hoje agasalha-se nas estrelas e segue a trilha dos sonhadores.
O sol não quer mais se pôr. Quer pôr os pés pelas mãos e se expor pelas noites de verão, sem claro e escuro – sem céu, órbita e chão.
Quer que a NASA envie uma Apolo e um astronauta crave a bandeirinha dos EUA na sua pele.
O sol realmente está louco e ainda faz drama, quer encabular a dama da noite. É um açoite querer ser pisado. O sol deveria ouvir: “Tendo a Lua” dos Paralamas.
Como a lua faria (ele sabe), para, olha, pensa, reconhece, agradece como um cantor ao fim de seu número, acha graça das palmas imerecidas e sai do palco levando o sonho da visita não de militares, mas de poetas meninos, bailarinos, de estrelas aos milhares e de “você e eu”.

Rogério Camargo e André Anlub
(10/4/15)

De encontro à vida

simpsons explica terceirizaçãoSIMPSONS EXPLICA TERCEIRIZAÇÃORindo para não chorar...É preciso que desenhe para que algumas pessoas entendam: a terceirização é destruição das condições de vida da população e maior concorrência entre os trabalhadores.abaixo o projeto de lei da terceirização!(agradecemos ao leitor P.R. pela recomendação do vídeo!)
Posted by território livre on Quinta, 9 de abril de 2015


De encontro à vida 
(André Anlub - 25/1/15)

(... e o arrogante prepotente morreu e não ficará sabendo que a vida continuou logo após seu enterro).

É, é missão; é, é improviso, concepção, papel e caneta na mão... deixem estar, deixem “star” – noite escura e quente de verão; vejo as nuvens brancas e cinzas, em degrade – jazem no céu, aqui jazo eu, caso continue o branco desse funesto papel.

Há um estalo, sobe pelo ralo o cheiro de uma fragrância estrangeira; há frequência, talvez de rádio, talvez aquela vizinha louca indo ao bordel; ela vive sozinha e às vezes apara seu Bonsai – (vejo pela janela).
Vez ou outra ela acende uma vela e reza nua em pelo. 
– (vejo pelo basculante do banheiro).

Ensaio todos os dias uma conversa (estilo Sartre),
Pode até ser perversa, se for para me tirar do ostracismo,
Passar a conhecer mais a mim, dar-me bem mais importância;
Quero escalar a parede desse abismo que mergulhei e não tem arremate.
É, foi missão; é, foi de supetão; preenchi o papel em branco, enterrei o ranço sendo franco e fui de encontro à vida.

(Lembra? vale ressaltar... até se derramam as tintas, até se misturam as cores, até se pintam falsos amores – mas a tinta não pode acabar). 

9 de abril de 2015

Ótima sexta

videobook kyvia rodriguesAtriz e poeta Kyvia Rodrigues interpretando seu texto: SOBRE ONTEM À NOITE. direção maiuricio antoun.
Posted by Kyvia Rodrigues on Quarta, 22 de junho de 2011


Mudei de século, moldei o crédulo
E passei a sonhar com as Valquírias.
Vi um mundo sem máscaras,
Sem muita diplomacia.

- André Anlub

Bucólico Eu

Meu lindo cratinho de açúcar.Rico em cultura e beleza, este é o meu Crato amado. - Créditos pelo excelente vídeo:
Posted by Cleiton Valentim Almino on Terça, 17 de setembro de 2013


Bucólico Eu 
(André Anlub - 30/10/14)

Um bardo e suas moças, suas musas,
São suas asas em êxtase – motor propulsor;
Buscam paixões arquitetadas, minudências focadas,
Na alma, no corpo e no papel...
No entanto e no intuito elas extravasam nuvens, 
Voam assim: avivadas e soberbas, plumas,
Buscando a veemência – a coerência, ao léu.
“Buarqueando” – como não falar de Chico?
Se a moradia na emoção é o botão de liga/desliga 
de uma alma incendiária. 

E por falar em musas... 
são obsoletas? são absolutas? algumas reais:
“A Marieta manda um beijo para os seus...”.

Agora, veio-me a mente “Cecília” 
(nome da minha mãe);
Mas vivem muitas na permuta aos olhos do poeta;
Tornam-se paixões, canções, tentames, rabiscos infames. 

Fragmentos do meu bucólico Eu. 
(que nunca se completa).

Dos bardos*



Dos bardos*
(André Anlub - 11/2/12)

É pensante, mas sóbrio poeta insurgente,
Daqueles que anseiam tirar poesia de tudo;
Menos do que o toca no absoluto profundo,
Pois nele o mesmo é extremamente faltante.

Precisos são seus pontos, vírgulas e aspas,
Às vezes palavras ásperas que consternam o humilde.
Notória sincronia com o público que aclama;
Forca em praça pública com linchamento e chamas.

O bardo é liberdade, Ícaro que deu certo,
Sem normalidade, sem torto e sem reto;
Equidistante do mundo mora no cerne da alma
E com doação e calma, conquista os sinceros.

Mas há poeta que grita abraçado ao berrante;
Só vê perfeição nos seus soberbos espelhos,
Pois narciso é conciso e sem siso é errante,
Cai por terra, dúbio, e vê-se de joelhos.


* “Menção honrosa no 2° Concurso Literário Pague Menos, a nível nacional, ficando entre os 100 primeiros e assim participando do livro “Brava Gente Brasileira”.

Comunicado importante do cantor Ed Motta:
‘Não falo em português no show’, diz Ed Motta sobre tour na Europa
'Não é possível que o imigrante brasileiro não saiba o básico de inglês', diz.
Meu público é 'culto', mas 'turma simplória' costuma aparecer, diz Motta.

Link: http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/04/nao-falo-em-portugues-no-show-diz-ed-motta-sobre-tour-na-europa.html

Dueto da tarde (CXIX)



Dueto da tarde (CXIX)

Há o elo entre a inspiração e o sucesso, mas muitos dispensam elos.
O sucesso é um veneno. Há organismos mais resistentes e organismos menos resistentes a venenos.
Há o elo entre o ego e o egoísmo, mas muitos disfarçam elos.
A inspiração é a nuvem. O sucesso é a tempestade.
O ego é a fuligem. O egoísmo é fatuidade.
Há quem tente costurar. A toalha nem sempre é para o banho.
A toada poderá desafinar. O desafino nem sempre é no canto.
A posse esmaga, espreme, suga. A posse quer para si o que é de ninguém.
Faz pose para outrem ao mesmo tempo em que lança a facada nas costas; dá passe à discórdia achando-se dona do além.
Enquanto a coisa bonita escorre pelos dedos, o autor da coisa bonita pega a calculadora e calcula.
Com gula ou sem gula concluiu-se que houve beleza na obra e que se cobra caro por isso; há (in) justiça e há o omisso; há ambição, sacrifício e até viço... Valeu a pena o egoísmo?
Autor não é dono. Autor trabalha “pro-bono”. Autor trabalha pela graça da graça. O resto é o protesto da posse.
É quase um “autor que se dane”, isso, claro, no bom sentido; nele o que deve ter importância é a verve: ler – escrever – ser lido.
Autor é gente. Gente quer sucesso. Sucesso é veneno. Há organismos que resistem muito bem ao veneno. Outros jamais se recuperam.

Rogério Camargo e André Anlub
(9/4/15)

Mar de doutrina sem fim



Mar de doutrina sem fim 
(André Anlub - 12/5/14)

Houve aquele longo eco daquele verso forte desafiador;
Pegou carona na onda suntuosa de todo mar agitado:
- fui peixe insano com dentes grandes e olhar de bardo;
Fui garoto, fui garoupa, fui a roupa do rei de Roma...
E vou-me novamente mesmo agora não sendo.

Construo meus barcos no sumo da imaginação:
(minhas naves, pés e rolimãs),
E como imãs com polos iguais, passo batido... 
Por ilhas virgens – praias nobres – boa brisa;
Quero ancorar nas ilhas Gregas, praias dos nudistas e ventos de ação.

Lá vem novamente as velhas orações dos poetas,
A tinta azul no papel árduo
E vozes roucas das bocas largas,
Mas prolixas: mês de maio, mais profetas.

E houve e não há, o que foi não se repete;
Indiferente das rimas de amor – vem outro repente...

O mar calmo oferece amparo:
- sou Netuno e esqueci o tridente,
Trouxe um riso com trinta e dois dentes;
Sou mistério que mora no quadrado de toda janela,
O beijo dele, dela, da alma ardente que faz o mar raro.

8 de abril de 2015

Na saliva da vida


Na saliva da vida 
(André Anlub - 4/4/13)

Sem rumo, faz do instinto sua bússola,
Anda com a cara e a coragem...

Não mata um leão por dia,
Mas encara a besta macabra.

É dono dos prós e contras,
Um pé na frente e outro atrás.

Constrói seus moinhos de vento
Ao som de um clássico do jazz.

A cada lua minguante,
Pinta um cômodo da casa
E rega o jardim das camélias...
Que vibram nas águas dançantes.

O cachorro deitado num canto
E o canto dos pássaros belos:
- O pica-pau e o trinca-ferro
- O bem-te-vi e um melro...

Dão mais vida ao montante.

O voo da tranquilidade
Num céu azul de espaço,
Abraço da vida em liberdade
É o beijo na sede no riacho.

Não mais submerso em vil fachada,
Brinda os versos da mãe natureza;
Em aquarelas muito além das janelas
Que atravessa seguindo as pegadas.

Agora não são mais quimeras,
Novas paixões o esperam...
Sem sonho, sem pouco, sem mera
Nas mil opções de chegadas.


Charles Darwin sobre a escravidão.

Ao chegar no Brasil e ver de perto a escravidão, Darwin escreveu esse relato:

“Perto do Rio de Janeiro, minha vizinha da frente era uma velha senhora que tinha umas tarraxas com que esmagava os dedos de suas escravas. Em uma casa onde estive antes, um jovem criado mulato era, todos os dias e a todo momento, insultado, golpeado e perseguido com um furor capaz de desencorajar até o mais inferior dos animais. Vi como um garotinho de seis ou sete anos de idade foi golpeado na cabeça com um chicote (antes que eu pudesse intervir) porque me havia servido um copo de água um pouco turva… E essas são coisas feitas por homens que afirmam amar ao próximo como a si mesmos, que acreditam em Deus, e que rezam para que Sua vontade seja feita na terra! O sangue ferve em nossas veias e nosso coração bate mais forte, ao pensarmos que nós, ingleses, e nossos descendentes americanos, com seu jactancioso grito em favor da liberdade, fomos e somos culpados desse enorme crime.”

(Charles Darwin, A Viagem do Beagle)

Olheiros

et pendant ce temps là du côté d'Hawaii...
Posted by MCS Extrême on Quarta, 8 de abril de 2015


Olheiros 
(André Anlub - 2/4/14)

Em ziguezague, cá e lá, tantos olhos nus,
Aguardando a ponta do sol
Que vai nascer num mote distante...
De um lugar nenhum... não importa!
Como sossegos que assustam morcegos
Escondidos em cavernas,
Companheiros dos sentimentos tímidos;
Alma cálida daquela paixão nada passageira,
Derramando na veia, demudando o que corre no corpo.

Da sola do pé ao topo:
- Vinho tinto - Vinho do Porto... saboreia.

Seu lugar à mesa não está vazio,
É seu disponível - é seu abrigo.
Inimigo e amigo do seu espírito
Em plena consciência da compaixão...
Humildade; venha fartar-se tão breve
Nessa mesa ou naquela
Na panela de quem se atreve...
Venha sentar-se tão logo
Nesse ou naquele colo ou no solo frio do chão.

As torradas estão prontas,
Saltam da torradeira,
Na hora exata de derreter
A manteiga; o aroma intenso do inexperiente mel
Espalha-se pela mesa junto com as tintas
De um novo artista que os olheiros cobiçam.

Hora do recreio

10 Composition Tips with Award-Winning Photographer Steve McCurry!www.artFido.com/popular-art
Posted by artFido - fetching art on Sábado, 21 de março de 2015


Hora do recreio 
(André Anlub - 21/9/13)

Quem será o guardião desse coração:
Tão intenso raro e quente.
Nesse vai e vem do povo a cólera passa rente...

Tentando roubar o puro, esconder o tesouro, 
Cavando um túmulo e matando os loucos.

Tudo se transforma na fala
Da saliva da ponta da língua.
Na palma da mão que entorna a raiva,
Perdendo-se no céu anfitrião.

Sendo o alicerce mais forte,
Fez-se o castelo - nasce o coveiro...
Que rompe vis elos, enterra as contendas.
Encarcera o faqueiro que insiste no corte.

A verdade mostra para que veio
E o ópio evapora na veia.
Surge a sorte pisando na morte,
Tornando o instante um instante perfeito.

O som é mais ameno,
No feliz badalar dos sinos
Para a hora do recreio.

Dueto da tarde (CXVIII)



Dueto da tarde (CXVIII)

A prisão do prisioneiro sorria (e ele não via) para ele do lado de fora
É o dentro roçando a morte, mas a “mais-valia” da vida sempre mostrou um tal norte que mesmo ao sul do sul sempre seria.
Mas era preciso abrir a porta. O prisioneiro não abria a porta.
Abria um largo sorriso – abria um conciso abraço – abria o laço, o lenço –, e abria até um tenso espaço... Mas a porta nada.
Para quem sorria o prisioneiro se a prisão lhe sorria e ele não via nem abria a porta que lhe sorria? Para tudo e para nada: tudo é nada na prisão que mantém a porta fechada.
Será que vinha em sua mente que tão torta é a tal porta, ao ponto de ser prepotente e se achar no direito que venha sempre um sujeito e a abra?
Dá dois passos para dentro e no centro do calabouço cala a boca e procura a saída.
Mexe no baú, nos maços de cigarros, vasculha o armário, levanta o colchão, enfia no sanitário sua mão e por fim encontra o seu vácuo... E dentro do vácuo sua história.
Reescreve o que deve sem pegar caneta, prancheta, papel, ideia de céu ou de inferno. Só reescreve o que deve mentalmente.
Deixa para por no papel depois, pois o ritual é notívago: dobrar bem dobrado, colocar dentro do saquinho plástico, enfiar novamente a mão no sanitário e esconder bem escondido.
A prisão tem suas regras. O prisioneiro segue as regras da prisão como um religioso. A única discussão ainda não se deu. Porque há um sorriso do lado de fora. E ele não vê.
Chega o dia em que o sorriso oculta seus dentes dando vez ao manto negro e a foice; foi-se a chance de se fazer visto, brota de imprevisto o inferno em longo alcance... o leva, o devora, ignora sua cela e seus manuscritos.
Quem não sai fica. Quem fica enraíza. Enraizado vai frutificar uma fruta não muito rara de sabor acre, de crosta em aço, quase, de perfume aziago, de aparência repulsiva. E a prisão continuará sorrindo para ele, do lado de fora.

Rogério Camargo e André Anlub
(8/4/15)

7 de abril de 2015

Foi hoje na madrugada

INCRÍVEL! O músico Wojtek Pilichowski, surpreende em um lindo solo de Baixo!
Posted by Cifras on Terça, 24 de junho de 2014


Foi hoje na madrugada
(André Anlub - 11/3/12)

Querem saber o seu verdadeiro nome,
Anseiam que diga seus mais secretos mistérios,
Depois irão espalhar aos quatro cantos e ventos,
Assim talvez possam beber na sua fonte.

Não que seja pecadora ao extremo...
Que confesse com afinco o passado e o presente.
Sei que sou afetuoso e inexperiente,
Pois meu coração está absolutamente enfermo.

Posso ouvi-la gritando por dentro,
Sentir o seu ventre ininterruptamente clamar:
- quero novamente arriscar um rebento,
Pois sei que você sabe exatamente o que é amar.

E vem me dizer com olhares irrigados:
- essa noite eu o vi em um maravilhoso sonho,
Abraçado comigo era belo e afetuoso,
Voávamos por sobre a Ilha de Páscoa,
Carregava-me nos braços, batendo suas asas.

Assim choro junto! E ela continua:
- tinha o seu rosto de quando era pequeno
sorriso, feição e discurso sereno.
Vi-me abençoada e regada em satisfação
Criei esse filho em minha imaginação.

Na raiz do dom

Atenção, rockeiros da madrugada! À 0h15, o diretor Vladimir Carvalho expõe seu lado cinéfilo no programa "Faróis do Cinema" e, logo na sequência exibiremos seu documentário "Rock Brasília - Era de Ouro"! Veja mais >> http://bit.ly/RockBRAss
Posted by Canal Brasil on Terça, 7 de abril de 2015


Na raiz do dom 
(André Anlub - 8/6/14)

A lava incandescente esfriou-se 
Deixou seu toque, deixou sua marca...
Na raiz do dom brotou a escultura.
Tornou-se uma espécie de diamante;
Como se habitasse o cerne de um vulcão
Com sua mente até o momento na vadiagem.
A imaginação no foco extremo em reflexão
E é erma a ínfima preocupação,
Pois assim cresce a suntuosa viagem.
Há o segredo escondido nas chamas,
Canção rara, afetuosa e leve,
Letra que derrama em sonho breve
No mistério do império na miragem.
Há o manuscrito de um Deus cintilando aos olhos,
Nas minhas, nas suas e nas leituras de todos.
É o ritmo dos jogos,
Parábolas com flores,
Pássaros pousados em bonecos de neve.
Vem à faísca em inspiração,
Veio o derramamento das tintas
Em mãos poéticas de mentes abertas
Em vozes de alerta.
Foi no ponto final ou nas três letras do “etc.”...
Ainda em algo abreviado de tal ser banal,
Ser errado que jamais o é,
E como transforma (-se)!

Veio novamente em nós,
Fez criação e liquefez na ação
E se tudo der certo em breve retorna.

Dueto da tarde (CXVII)

Trabalhador: querem tirar os seus direitos!Conheça o Projeto de Lei que pode atacar a CLT e os direitos dos trabalhadoresO PL 4330, que libera a terceirização para todas as atividades de empresas entrará na pauta do Congresso. As entidades trabalhistas acusam o projeto de, na prática, legalizar o desmanche da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), retirando direitos da classe trabalhadora e proporcionando aos setores patronais segurança jurídica para manter e até mesmo ampliar a precarização das relações e condições de trabalho.Centrais e movimentos vão às ruas contra o PL da TerceirizaçãoCentrais sindicais e movimentos populares do campo e da cidade realizam nesta terça-feira (7) manifestações em todo o Brasil para barrar a votação pelo Congresso Nacional do Projeto de Lei 4330. Os atos em todo o Brasil serão também em defesa da saúde pública, da democracia, dos direitos dos trabalhares, da Petrobras e das reformas política, tributária e agrária. Combate à corrupção e a necessidade do marco regulatório das comunicações também estão na pauta.Segundo o estudo “Terceirização e Desenvolvimento: uma conta que não fecha”, produzido pela CUT em parceira com o Dieese, O Brasil tem atualmente, 12,7 milhões de trabalhadores (6,8% do mercado de trabalho) terceirizados, muitas em vezes em condições de subemprego e análogo à escravidão. A pesquisa mostra que os terceirizados ganham menos, trabalham mais e correm mais risco de sofrer acidentes, inclusive fatais.Em dezembro de 2013, os trabalhadores terceirizados recebiam 24,7% a menos do que os que tinham contratos diretos com as empresas, tinham uma jornada semanal de 3 horas a mais e eram as maiores vítimas de acidentes de trabalho.Dos 10 maiores grupos de trabalhadores em condições análogas à de escravos resgatados entre 2010 e 2013, 90% eram terceirizados.No setor elétrico, segundo levantamento da Fundação Comitê de Gestão Empresarial (Coge), os trabalhadores terceirizados sofreram 3,4 vezes mais acidentes fatais do que os efetivos nas distribuidoras, geradoras e transmissoras da área de energia elétrica.#Dia7DiaDeLuta
Posted by Podemos Mais on Terça, 7 de abril de 2015


Dueto da tarde (CXVII)

A água fria na cascata, tempo gélido, céu gris, bruma pairando baixa pela mata e o sortilégio de um aprendiz.
Passos cuidadosos medindo o perigo e a segurança, colocando os dois numa balança, com a atenção de quem avança e a predileção pela alegria. Bem, era assado e assim que se dizia.
Olfato apurado: adiante há algo interessante. Mas só um ignorante avançaria sem medir o que pode e o que poderia.
Olhos de Lince no lance: há rastros largos que um leigo dirá ser da chuva. Dá chuva? nem chovendo!
Olhos de lanceiro lançando-se, mas com cuidado e método, com método e atenção, com atenção e cuidado.
Vê por todos os lados, e vê por dentro e por fora, e vê até além dessa bola: o tudo exposto em um porta-retrato.
A água fria da cascata pode ser a água quente da cascata, a água fervente da cascata e a mata, que mata, pode (deve?) dar vida.
Quem sabe a vida espera à frente e curará no mundo toda ferida – moléstia do doido doente que tudo tem mas nada presta.
O quem sabe é um “quem sabe?” Por enquanto é aqui e agora, um passo depois de outro, uma espreita depois de outra.
O rastro largo a cada pensar vago o deixava ainda mais fuçador; a água fria presta-lhe o banho e o sol não deu as caras, mas emprestou seu calor.
A floresta é o que resta e não se presta a descasos. Avançar sempre, mas com estratégia. Régia recompensa? Talvez, mas pouco importa. Tirando para sobreviver até amanhã já está ótimo.

Rogério Camargo e André Anlub
(7/4/15)

Billie Holiday completaria 100 anos nesta terça-feira

"Exposta como vítima e criminosa, cantora, para além da voz imortal, foi ícone da luta pela igualdade racial

Poucas cantoras representam tanto para um conjunto de gêneros musicais quanto Billie Holiday. Talvez porque nunca tenha de fato interpretado uma canção, mas sim personificado a tristeza que carregava na alma e despejava no palco. Ninguém jamais cantará o blues, o jazz e o soul como Billie cantou.


Nascida Eleanora Fagan há exatos 100 anos, em Baltimore, filha de mãe solteira, teve a típica infância rica em privações que uma criança pobre e negra teria nos EUA da década de 1920. Quase sem acesso a escola e passando a maior parte do tempo sozinha, foi criada em lares adotivos onde foi vítima de abuso sexual e acabou em um internato católico. Quando saiu, partiu para Nova York, onde a mãe tentaria recomeçar a vida."

Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2015/04/billie-holiday-completaria-100-anos-nesta-terca-feira-4734790.html



Preto e branca
(5/6/13)

Garanto minha frágil presença
No pensamento mais estranho
Que remete ao pesadelo
Da minha pele pintada de branco.

Enxergo essa minha entrega
Em reflexos de uma lâmina cega.
E de maneira sutil, tão simples,
Transcendo ao corte seguinte.

Em doação que faz mistura,
Nossas cruas carnes nuas
Fez contraste no arraste,
Na queima que é de praxe,
Do protocolo em leitura.

Ah, minha branquinha!
Bebemos na água pura.

Pegue o banco e a caipirinha
Venha sentar-se ao meu lado...

(desnuda – noite - minha)

O calor da Flor



O calor da Flor 
(André Anlub - 18/11/14)

Prefere a Natalie a Keira, mas isso é outra história!
Aproveitando o gancho, a deixa, dá-lhes os loucos amantes, sempre por ai, largados e atinados.
Há um poeta que tem amor platônico,
na verdade são tantos... antagônicos e adjacentes... 
(por que não insanos?).
Prefere, no inverno, usar um cobertor de orelha,
ao invés de um casaco de pele, desses de pele de ovelha... 
e ele escolhe, acolhe e se recolhe no conforto do lar e do sonho... (bardo sonhador).
E sonha! sonha em se abrigar do frio com o calor da Flor... 
(é, ela mesma! a Maria).
É franco, modesto e aprendiz; é raro um sujeito assim, muito raro; 
tem a alcunha de “Macuquinho-preto-baiano”, e não há engano: é bem assim!
Na luz dos olhos verdes, azuis ou pretos,
no bate-papo na cama, caminhando pela praia ou na rede da varanda, nas várias opiniões contrárias, 
nas várias ações que valham o tempo sublime em comunhão... sempre entrega seus pontos.
Vem, acorde-o, puxe uma cadeira e sente-se;
Prepare a paciência para ouvir seu longo sermão.
Depois surgem histórias lindas, poesias doces e inúmeras canções. 
Irão servir também uns trecos para acompanhar: canapés com camarões e azeite de dendê, sucos de frutas raras, amor verdadeiro e música “démodé”. - Lembra-se daquele boneco de ventríloquo?
Resolveu ser astronauta, mas não conseguiu!
Mas pelo menos agora ele se mexe sozinho,
Fala o que quer e deixou de ser menino.

6 de abril de 2015

Dos desafios

"Embarque nesse carrossel onde o mundo faz de conta, a terra é quase o céu..." ♫♫♫
Posted by Catraca Livre on Segunda, 6 de abril de 2015


Dos desafios 
(André Anlub - 2/8/12)

Sentinelas do mais profundo amor, vejo pela janela as folhas e pétalas que caem pintando o chão... 
formam os tapetes dos amantes, síntese da emoção de todos os seres vivos.
Já tentei deixar de ser romântico, ver o mundo em branco e preto, lavar bem lavado meu despeito e organizar minha semântica.
Pego a massa e faço o pão, uso a farinha que vem do trigo; existe aqui dentro um insano coração que se materializou tão somente por você.
Vai dizer que me embriago por não tê-la, sons antigos na vitrola e deito-me em posição fetal... estou fraco para o viral e depressões e forte para construir minhas teias. Em absoluto desafio... quero ser chefe dos meus desatinos levantando e regressando à caminhada, vestindo minhas melhores roupas e colocando meus anéis... (fazendo o que sei fazer de melhor).

Cantar pra subir


#tvCarta Jonathan Duran é pai adotivo de um menino negro. Há pouco mais de uma semana, ele denunciou um caso de racismo...
Posted by CartaCapital on Segunda, 6 de abril de 2015


Cantar pra subir 
(André Anlub - 25/6/14)

Da boca só se ouvia aquele timbre suave 
Que soava na nuvem fazendo canção;
O sol sorria rasteiro e olhava cabreiro
Certo campeiro de cabeleira rastafári;

Chegaram o broto de feijão e o camarão
Trouxeram a tatuagem da maresia na pele e a santa festa “al mare”.
No horizonte o vermelho entre dois apreciáveis coqueiros
Que formavam aquele meu e seu (nosso) coração.
Talvez no mundo haja muito de injusto acontecendo,
Mas naquele momento, ali, só festejos;
Nada de ser herói tampouco bandido,
Das bocas agora, ao sol e a sós, só o estalar dos beijos.

A vida estava tão boa que aproveitando a garoa
Todos se desnudaram vestidos:
Eram confissões de pecados insurgentes,
Pensamentos e elos perdidos,
Eram tantos caracteres maus e travestidos,
Que há escassez de caracteres para escrevê-los.

Agora a felicidade foi ao extremo
E conseguiu atenção...
Agora grita quem já foi pérfido:
“Todos nus, todos nus... será que posso?”
A sensação de mais gengibre no quentão,
O balão subindo com o silencio a se esvair.

Vai cantar pra subir sacolejando o corpo
No branco na roupa ao avivado da emoção.

O amor endossa, emboça e adoça a vida.

Dueto da tarde (CXVI)



Dueto da tarde (CXVI)

Quase nenhuma chance de alguma chance ser quase: todas querem tudo.
Tenta cercar pelos lados, mas não há lado em um círculo rotativo.
Sempre a mesma coisa é a mesma coisa sempre. Olhar e não ver porque acha que já viu é a mesma coisa.
Sempre tudo é diferente, mas o diferente quando é abundante e frequente, acaba tornando-se igual.
Então as chances brigam com as possibilidades, querendo a prioridade, querendo a maioridade já ao nascer.
A prioridade por sua vez não pode ser indiferente a tal luta, pois sua labuta é calcada naquilo que se mostra com urgência.
Vamos falar sério, ela diz. E não fala sério. Não parece sério dizer vamos falar sério e não falar.
Para piorar a contenda chega de repente o improvável, que provavelmente foi barrado em uma festa adolescente.
Não há ninguém para dizer você fica aqui, você fica lá. Todos querem ficar ali. E ficam.
Ninguém vê, mas está ali para ser visto: quase todas as chances de todas as chances tornarem-se fatos; basta tirarem os sapatos e após esse ato saírem dançando.
Liberdade é libertar-se. Leveza é não carregar pesos. Mas quem bate em paredes apenas bate em paredes.
De todas as chances e fatos, de todos os atos consumados – acertados, pedantes ou pendentes, a única coisa coerente é saber que a incoerência está com seus dias contados. 

Rogério Camargo e André Anlub
(6/4/15)

5 de abril de 2015

Morrem as abobrinhas

PARA MATAR " AS SAUDADES "
Posted by Restaurante El Novillo Carioca on Sexta, 22 de agosto de 2014


Morrem as abobrinhas 
(André Anlub - 3/8/13)

Venha, chegue mais perto,
Quero sentir seu hálito delicado e forte 
(sopro de amor).
Agora chegue ainda mais perto e cole seu nariz no meu.

Quero entrar nos seus olhos, no mar infinito
E no universo negro e mágico 
Onde tento ver o meu rosto.
Digo em alto e bom som: 
Como é bom, quero sempre fazer parte dessa história (é salutar); mas periga ser um vício.

É no início, na essência, onde bulo e reviro a memória, vejo que nessa guerra vale a pena lutar.
Ninguém vai nos dizer o que devemos fazer,
Nunca mais... (não, não)!
Com o certo ou o errado deles: 
(dos ralos - dos reles)  limpamos o chão.

Acabaram-se as abobrinhas nas nossas mentes,
Nem se falarem hipoteticamente
Só verei as bocas mexendo (sem som).

Dueto da tarde (CXV)



Dueto da tarde (CXV)

Arranca de forma violenta o tapa-olho de aço, cúmplice das cenas fantásticas e cruel ladrão de seu tempo.
A venda punha à venda o que não queria vender, o que morreria se vendesse. Enterra no quintal junto ao cachorro da infância.
Agora haja tempo para correção. No esconderijo dos sentimentos acenderam o lampião do (in) juízo: saiu – sumiu – senil foi a preguiça que agora sopra seu vento.
A distensão diz tensão também. O acordo acorda a corda que o enforcado pôs a dormir. Pensa num bilhete de despedida.
O mundo – o céu – a Via Láctea é pouco para quem deixou de ser rouco e quer cantar ópera.
Corre o tempo – é um contratempo. Vem a vida – é uma sobrevida. Se quer saber, não quer nem saber.
As águas escorrem pelas mãos: o arredio convida à mesa do bar da esquina; o monstro quer companhia para o banho no lago Ness; o garoto na laje quer cruzar sua pipa e o eterno é um segundo enquanto a água passa a seus pés.
Quem sabe não era melhor com o tapa-olho? Não, nada é melhor com o tapa-olho. De aço tem que ser a vontade. Fica à vontade para tremer.
Com tanta vida que perdeu, qualquer coisa torna-se um achado. O buraco de bala no muro torna-se um olho mágico que o remete à Baía da Guanabara.
Terra de cego não é terra de tapa-olho arrancado. Não há rei de um olho só na Baía da Guanabara que ele enxerga.
Se tudo é pouco, ele concluiu que o pouco já é tudo; é o obtuso do concluso, mas é que tem para hoje... e não é a fase de perder o seu fuso.
Confuso? Não para quem arrancou a venda porque não está à venda.

Rogério Camargo e André Anlub
(5/4/15)

Na saliva da vida

Técnicas de Grabado - Xilografia - Calcografia - Litografia - ...Koz Palmakozpalma.wix.com/kozpalma
Posted by Koz Palma on Domingo, 24 de agosto de 2014


Na saliva da vida 
(André Anlub - 4/4/13)

Sem rumo, faz do instinto sua bússola,
Anda com a cara e a coragem...

Não mata um leão por dia,
Mas encara a besta macabra.

É dono dos prós e contras,
Um pé na frente e outro atrás.

Constrói seus moinhos de vento
Ao som de um clássico do jazz.

A cada lua minguante,
Pinta um cômodo da casa
E rega o jardim das camélias...
Que vibram nas águas dançantes.

O cachorro deitado num canto
E o canto dos pássaros belos:
- O pica-pau e o trinca-ferro
- O bem-te-vi e um melro...

Dão mais vida ao montante.

O voo da tranquilidade
Num céu azul de espaço,
Abraço da vida em liberdade
É o beijo na sede no riacho.

Não mais submerso em vil fachada,
Brinda os versos da mãe natureza;
Em aquarelas muito além das janelas
Que atravessa seguindo as pegadas.

Agora não são mais quimeras,
Novas paixões o esperam...
Sem sonho, sem pouco, sem mera
Nas mil opções de chegadas.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.