29 de abril de 2015

Os cavalos, as tulipas e uma vida

Desabafo de uma professora paranaense

Posted by Enio Verri on Quarta, 29 de abril de 2015


Os cavalos, as tulipas e uma vida (continuação de “Se todas as tulipas fossem negras”)
(André Anlub - 7/6/13)

Meu cavalo relinchou por comida
quer algo esquecido e sem fim.
Quer banquete farto e antigo
quer minhas loucas iguarias
pois já está farto de capim.

Meu cavalo veio à minha porta
nessa torta manhã de domingo.
Ouvi com delicadeza sua clemência
e chorei feito menino.

Mais uma vez só vejo as tulipas negras
e o verão mergulhado no inverno.
O inferno com suas portas abertas
badalou os sinos
e colocou o capacho de “bem-vindo”.

Mas, minha gente amiga...
beijo a vida vadia.
Deem-me as mãos, me deem guarida
não quero ser julgado, é covardia.

Como réu confesso, meu cavalo se vai
some ao longe, pelo canto da estrada.
Sua estada é sempre trágica
e, como mágica, ressuscita as tulipas.

ATUALIZAÇÃO: números do SAMU: 150 feridos, 8 em estado mais graves, devido a tiros de borracha e mordidas de cachorros...
Posted by Gazeta do Povo on Quarta, 29 de abril de 2015

Tarde de 29 de abril de 2015


E quando o português ganha este acento oliventino?► Comovente este "fado corridiño" dos ACETRE (folk bilingue) de...
Posted by Café PORTUGAL on Sábado, 11 de abril de 2015


Tarde de 29 de abril de 2015 (com um “tico” de “pronto, falei!”)

Veio um cheiro de sopa, aquela que a avó fazia nos tempos de criança... Geralmente quando eu adoecia. De repente é psicológico: o cérebro me pregando uma peça.
A solidão atualmente é momentânea – é tempestade – que passa rápido e me dá até gosto – até gosto – pois refresca. Aprendi a lidar com a solidão não sendo solitário, pois às vezes a escrita pede reclusão e às vezes a leitura o isolamento; há tempos havia muita companhia, mas também um vazio importante a ser preenchido e isso me tornava só e sempre disperso. Achei à escrita, achei o meu Norte. Hoje tenho poucas, mas importantes e essenciais companhias: escrita, companheira, cães e alguns amigos, e sinto-me completo... Acho que amadureci nas carências, pois hoje em dia me conheço melhor; conheço meus defeitos e os assumo sem medo e piedade (é no assumir que se dá o primeiro passo para a correção). Desfoco as certezas (pois já estão certas, o que há de se mexer?) medito e foco absoluto nas incertezas; desconstruo o que me faz mal, pois tudo que faz mal pode e deve ser desmontado e não destruído. Se você destrói algo, acaba deixando destroços que podem vir a atrapalhar no seu caminhar, fazendo-o tropeçar e, por conseguinte, ter que remover do caminho (fazendo novamente um elo com aquilo). Em poética: Sinto sempre que há o toque da aquarela, há o tom certo para cada olhar, fazendo de cada olha a paisagem de gosto. Vidas ambíguas acontecem e não é a falta de tinta, pois nada deve mergulhar ininterruptamente no colorido e/ou no preto e branco. Até porque um e outro são cores. Vidas de umbigos também aparecem, e temos que saber lidar/liquidar/adestrar o ego. O ego é uma das armas mais perigosas existentes no mundo, até mais que o dinheiro. O ego se camufla, se mascara, se maquia, transmuta, diminui e cresce conforme sua necessidade de existência, ostentação, parasitagem e sugação/destruição. Quem domina o ego tem total domínio da imagem, das vitórias e derrotas, dos sentimentos crus e da convivência salutar perante a sociedade. É algo que foge do diálogo raso, de fofocas e intrigas, de manipulações e insolências. O modo mais rápido, fácil e democrático que encontrei para domesticar meu ego foi no autoconhecimento, na meditação e no espelho eterno que crio diante de mim.

André Anlub

De um poeta amigo:


O Poeta e a Rima...

Um sonho que carrego
desde a minha juventude
ser poeta, fazer poesia
inspirado nos autores
dos livrinhos de Cordel
do meu avô Chiquinho.

As histórias sempre belas
Algumas, porém bem tristes
outras de lutas e glorias
que muito me comovia
sentia cada palavra 
como linda melodia.

Rabiscava alguns versos
em casa ou na escola
no sonho de ser poeta
o que escrevia mostrava
mas ninguém se interessava
eram poemas ao vento.

Começou minha procura
garimpando pela vida
buscava a palavra certa
muitos livros, muitas poesias
rimando, rimava rimas
sonhando em ser um poeta.

Procurei por todo canto
o que está aqui comigo
a poesia está na alma
a poesia está num gesto
a poesia está no olhar
a poesia está em nós.

Achei as sílabas certas
achei as rimas perfeitas
vontade rima com amor
saudade rima com distancia
amizade rima com encontro
felicidade rima com alegria. 

Descobri mais nessa arte, já sei rimar, sei versejar:
Aline Romariz rima com Teco Seade e Wander Porto,
Akira Yamazaki com Edvaldo Santana e Lady Lin Quintino,
Dilce Nery e Cris de Souza rimam com Mário Quintana!

Maria Lamanna rima com José Regi Poesia e Adriane Garcia,
Bianca Velloso com Cely de Ceci e Luiz Alexandre,
Lourença Lou com Paulo Bentancur e Sacha Arcanjo,
Cai Duarte, Manogon e João Caetano rimam com Castro Alves!

Lázara Papandrea rima com Marco Antonio e Valeria Pisauro 
Glaucodélia Branco com Marcia Barbieri e Fabio Luis,
Lucas Afonso com Lu Narbot e Franciangela Clarindo,
José Vicente, Mayra Diniz e Andrade Jorge rimam com Ferreira Gullar!

Ligia Regina rima com Liz Rabello e Santiago Dias,
Mauro Gouvêa com Katia Storch e Andre Luiz Ribeiro,
Edinho Twin com Andre Anlub e Adriane Lima
Enide Santos, Zito Silvério e Tercio Sthal rimam com Jorge de Lima!

Ronaldo Ferro rima com Betina Marcondes e Francisco Xavier,
Zulu de Arrebatá, com Sheila Mara e Casciano Lopes,
Diô Mendonça com Seu Ribeiro e Cris Massarelli,
Luciane Lopes, Elany Morais Alice Alba rimam com Cecília Meireles!

Emilia Guerra rima com José Luiz Bernardes e Chris Herrmann,
TaniaContreiras com Orlando Bona e Patricia Salkw,
Walter Passos com Pedro Campos e Flavia Assaife,
Angela Ramalho e Luka Magalhães rimam com Augusto dos Anjos!

Tereza Azevedo rima com Escobar Franelas e José Couto,
Seh Pereira com Tania Amares e Andrea Gallo,
Consuelo Pereira com Osvaldo Tiveron e Cymar Gaivota,
Marcos Magoli com Cleo Alves e Vlado Lima e rimam com Hilda Hilst!

Luiz Carlos Bahia com Verinha Fagundes e Estrela Dalva ,
Geraldo Aguiar com Marcelo Adifa com Emilio Passos,
Catarina Santos com Sandra Ribeiro e Joelma Bitencourt,
Danielle Bonfim e Wagner Marim rimam com Cora Coralina!

Vera Margutti rima com Ismael Rocha e Tayla Fernandes,
Carlos Almeida com Heloisa Peixoto e Guilvan Miragaya,
Airton Souza com Haydêe Souza e Felipe Rey,
Victor Lima, Dri Ferraz e Eder Lima rimam com Drummond de Andrade!

Debora Garcia rima com Marco Alvarenga e Enice de Faria,
Marilene Pacheco com Claudio Castoriadis e Eliabe Nogueira,
Gouveia de Helias com Mardonio Azevedo e Claudio Correa,
Chico de Abreu, Lia Boká e Saulo Buosi rimam com Mário de Andrade!

Cecyro Cordeiro rima com Silvana Gonçalves e Antonio Corvo
Menina Menduiña com Andrio Candido e José Luiz Pires
Ilza Nascimento com Carlos Bacelar e Ana Stoppa
Wagner Felix, Arnaldo Afonso e Ivany Fulini rimam com Paulo Leminski!

Rachel dos Santos com Arlete Franco e Valdomiro “Pérola Negra,
Paulo Barroso rima com Geraldo Trombin e Rafael Carnevalli,
Gisele Sant Ana com Valciãn Calixto e Punky Alem da Lenda,
Paulo George com Gilberto Nascimento e Silvio Durante,
Sueli Kimura, Val Branco e Liria Porto rimam com João Cabral M. Neto!

Carlos Valverde rima com Marcia Mattoso e João Nery,
Nurimar Bianchi com Carlos Magno Sena e Carmem Teresa,
Graura Hilário com Celso Corrêa de Freitas e Romulo Marinho,
Sergio Matos, Anna Bueno e Inácio Fitas rimam com Vinícius de Moraes!

Paulino Vergetti rima com Ana Carolina Marques e Vinicius Cassiolato,
Wagninho Barbosa com Paulo Cesar Gomes e Francisco Mendes,
Elizabeth Oliveira com Talita Moryama e Carlos Alberto o “Big Charlie”,
Flá Perez, Marla Rocha e Ana Claudia rimam com Manoel de Barros!

Claudio Poeta rima com Mardilé Fabre e Homem Arara,
Quimera Araucária com Assis Freitas e Simone Cristina,
José Pessoa com Carvalho Junior e Carla Carbatti,
Lucia Agulhari, Bessa Luna e Maria Balé rimam com Patativa do Assaré!

Rosinha de Morais, Rosa Lunna, Rosa D Saron,
Helena da Rosa, Rosa Rocha, Rosa Lunna de Angelis,
Rosanas... Nobrega, Marinho ou Cappi, Rosilene, Rosiane,
Rosilena ou Rozélia, são lindas rosas rimando no roseiral de Noel Rosa.

Todos rimando com todo
poetas citados ou não
assim encerro o poema
um tanto sentimental,
rimando Keula Ribeiro
com Mestre Zeza Amaral!
“Melhor que isso, tem igual, melhor não há”
(Milton Luna) 

Enlace das almas

Cruising through the incredible Kimberley region of Western Australia. Pretty amazing right? (Video: Clip Media Motion onboard Kimberley Expeditions)
Posted by Australia.com on Quarta, 22 de abril de 2015


Enlace das almas 
(André Anlub - 20/8/14)

Deu início aquela conversa; 
Deu o ensejo com a fuça de lua cheia;
No bule o café bem fresco,
Na mesa o bolo, a maça e a ameixa.

Na troca de vocábulos transpõem-se os obstáculos,
Surge um oráculo inócuo no enleve dos versos leves;
O dia rasgando com o sol no arrebate da torra,
A noite fica sem jeito e deseja que escuridão se entregue.

Nada daquilo é fracasso se o ocaso se vestir de amarelo,
Largar um breu quase eterno, e com isso também foi o tédio...
Há de parar com os remédios e vestir uma sunga e calçar um chinelo.

Para todos a areia está fofa, o mar bem calmo e a brisa a contento;
O inesperado não é tão enigma, pois temos a insígnia de um nobre guerreiro.

O cabelo castanho vai ficando branco; o branco dos olhos, vermelho.
O ano já está quase acabando, e depois de um espirro, já é novamente janeiro.

Vem uma luz no final do túnel, arrasando a desesperança,
Criando a salutar aliança de aceitar o escuro, mas ver a clareza.
Dizem ser indelicadeza – mas assim a vida tem mais futuro;
Dizem que estão em cima do muro – mas o muro é puramente adereço.

Deu-se o fim da conversa
Com um sorriso em todas as faces.
No bule o café ainda quente,
Na mesa um vazio e nas almas os enlaces.

Dueto da tarde (CXXXVIII)

A partir das 22h, assista ao filme Gata Velha Ainda Mia e converse ao vivo com o diretor Rafael Primot! Prepare suas...
Publicação by Canal Brasil.


Dueto da tarde (CXXXVIII)

As lamentações da menina complicada batiam numa parede de indiferença,
Mas não a muralha sólida do machismo (desse era estava habituada, não conivente). Era algo mais fácil de engolir, se fosse compreendido. Mas se a menina compreendesse a indiferença da parede provavelmente não se lamentaria. Nem seria complicada. 
Na visão nada simplista da maioria: a maioria quer ser compreendida e não compreender. Então assim se coloca um cérebro na parede com direito a diploma de filosofia.
A menina chama pintores, decoradores, construtores, arquitetos, engenheiros: ninguém possui a fórmula e a parede permanece intacta.
Habitualmente, no corriqueiro das pessoas, a saída seria construir outra parede em frente à parede; camuflar o problema criando outro.
A menina não chamou os técnicos para isso. Ela quer a parede no chão e quer seu cérebro, com diploma e tudo, nas nuvens.
Empenhou-se – trabalhou e estudou para isso –, e agora quer seguir com sua profissão. Mas a parede é forte e a protege do frio, do vento, do sol e da chuva.
Tanto estudo para chegar aonde já estava. As lamentações da menina complicada vão valar esta mesma linguagem com a indiferença da parede até o fim da vida.
Já há uma enorme torcida para que ela faça pelo menos uma janela para olhar o mundo, mesmo de longe.
Mas a menina é complicada. Janelas simplificam. Janelas mostram além deste aquém.., Isto simplifica.
Só a vida estava de acordo com ela, ratificando sua fala, andando de mãos dadas, pelo simples fato de também ser complicada. 
Aos olhos de qualquer menina lamentosa a vida é complicada. E esta era a vida dela.

Rogério Camargo e André Anlub
(29/4/15)

Manhã de 29 de abril de 2015



Manhã de 29 de abril de 2015 (com um quê de barba feita)

A animação acorda junto! Coisa rara atualmente, mas sempre muito bem-vinda.
Abri meu jornal eletrônico, o qual assino, e li sobre política. 
É, politica. Aquela coisa que muitos odeiam, alguns participam e muitos não entendem. Todas as vezes que faço uma postagem com algum cunho político me arrependo! 
Acho que realmente fica complicado quando se fala o que as pessoas não querem ouvir (até mesmo quando se está do lado delas). 
Vou me ater em escrever meus singelos rabiscos e continuar me expondo politicamente somente no meu voto e no boteco da esquina onde bato meu ponto, jogo gamão e derramo meus copos. 
Lavo o rosto e vejo aquela cara de ontem, meu cabelo está carecendo de um corte curto, é mais prático e o calor abranda. Escovo meus dentes, lavo novamente o rosto, faço meus alongamentos e vou-me ao banheiro de fora, da área dos fundos. 
Lá já tem um livro me esperando e o meu trono que adoro. Agora vamos falar em poesia, em algo romântico que me toca, me desmancha e me conserta, me dobra e desdobra, me faz feliz e moleque. Já estou pintado de guerra, já ouço tambores e ao fundo a água cai de um céu pardo e enterra meu otimismo. 
A espada é das Cruzadas, a roupa de soldado negro, as botas de couro bem grosso e o olhar de quem já morreu de véspera. 
Dilacerei meus fantasmas em praça pública ao som de Björk, a luz de holofotes com canapés diversos e a cachaça da boa.
Era uma manhã como a de hoje, quarta feira; era Maomé indo à montanha e Maria ondo à feira; um carro avança um sinal, outro estaciona erroneamente em vaga de deficiente; uma criança cai muito doente e de repente cai meu astral.
Fui caminhar e me perdi no tempo e no espaço, deixei a cabeça divagando até romper em uma dimensão paralela. De repente me deparei com um belo castelo de cor púrpura, cercado por orquídeas raras, uma mangueira alta e com um capacho enorme na porta escrito: “Essa casa é sua”.

André Anlub

28 de abril de 2015

Ótima noite

E você aí achando que desenha ou pinta bem... :pO vídeo mostra o impressionante talento de Marcello Barenghi. É realmente de cair o queixo!Para conhecer melhor seu trabalho, acessem o site www.marcellobarenghi.com
Posted by JornalCiencia on Domingo, 20 de julho de 2014


Não quero paixão egoísta, profunda
Feita poça de chuva fina;
Não quero paixão quente
Feita água que o bacalhau se banha...
A paixão que quero deixou pista:
Muito beija, muito afaga,
Não apanha e não amarga... 
É brincadeira de criança... 
Pera, uva, maça e salada mista.

- André Anlub

Boa notícia



Boa notícia
(André Anlub - 10/4/13)

A boa notícia é que começou a batalha,
Uma guerra geralmente sem vencedores:
Do marechal ao cabo, todos os soldados,
Sem quaisquer exceções,
São franco-atiradores:

Invadi o campo inimigo,
Fui render e ser rendido,
Sem a menor cerimonia,
Sem medo do sentimento,
Sem convite, sem umbigo.

Pude ver fatos delirantes,
A ternura tem dessas coisas.

Expus o sentimento ao vento
E o vento o levou emprestado.

Chegou a uma alta montanha,
Ao cume totalmente congelado.

A boa notícia é que descongelou.

O vento o trouxe de volta,
Mas deixou por lá forte resquício...
A sinceridade e o afeto,
A coragem de enfrentar corredeiras,
Rio abaixo, precipícios.

A coragem fez um homem melhor,
Mais atento e prestativo 
(que dá valor e recebe)

Encarando as tempestades que passam,
Aproveitando o solo fértil e a hora certa do cultivo.

A boa notícia é que as artérias vivem.

As veias não mais enferrujam,
O óleo quente e doce do sangue
Passeia dando alimento ao corpo,
Dando luz à vida e adoçando a alma.

Dueto da tarde (CXXXVII)

Ator e diretor Antônio Abujamra morre em São Paulo
Artista foi encontrado morto na casa onde morava em SP nesta terça.
Ele também apresentava o programa Provocações da TV Cultura.


Dueto da tarde (CXXXVII)

Os olhares se cruzam bruscamente nessa tarde de verão; o sorvete vai ao chão e nesse exato momento cai uma tempestade de granizo.
A bonança vira Bonanza em momento de tiroteio, bandidos atacando Panderosa, os Cartwrigh defendendo sua casa com denodo.
O sonho torna-se real, a TV torna-se real; agora tem material para continuar o seu livro; agora achou quem procurava para protagonizar sua história.
Senta-se diante da memória e recompõe-se depois de um pequeno desequilíbrio. Imagina-se imaginando e é o suficiente.
O cheiro do chá quente se espalha ao som da máquina de escrever enquanto a brisa balança as cortinas finas que parecem dançarinas de balé.
Na fumaça azulada escrevem-se nomes e datas. Altera todas. Mistura todas. E sorri como um garoto na confeitaria.
Derrama no papel o que não viveu e sabe que nunca viverá. Cria aquele casal completo, de mentes idênticas – de hábitos isentos, que ficariam juntos até além-morte.
Cria o detetive, o mistério, a solução do mistério. Cria o romance político e depois se pergunta: Por que criei o romance político?
Nesse exato momento, atrás dele, a porta é aberta por um sujeito estranho. Os olhares se cruzam e um grito é ouvido.
Estou dentro de meu livro? O meu livro abriu portas em vez de páginas e eu entrei por elas? Bem, isso fica para depois. Agora é este sujeito aqui.
O real torna-se sonho e seu livro torna-se sonho porque sempre viveu sua vida projetando uma possível realidade. Uma realidade paralela.
Paralelo ao sujeito que é ele e não é ele, senta e estende a mão. O de lá também estende. Toca e sente. Toca e não sente. Sente e não toca. E põe-se a rir como quem entendeu, afinal, o que escreve.

Rogério Camargo André Anlub
(28/4/15)

Insanidades



Insanidades 
(André Anlub - 19/8/11)

Teria que ter sido pelo menos companheira:
Mesmo não cobrando o amor que ela devia.
Não importa cargas d’água tenha denegado
Diz que viu duendes, vacas voando, unicórnio alado.

Teria que ter sido pelo menos afeição:
Mesmo se nada cobrassem, nem um beijo perspicaz...
Nem se o desejo vem ao acaso ter sido esnobado,
Meu corpo era seu leito, do seu jeito ao seu agrado.

Teria que ter sido pelo menos sincera:
Calada no nosso leito, fechando-se e indo ao sono;
Trancada a sete chaves, deixando-me em abandono,
Parte da realidade pintada como quimera.

Teria que ter sido pelo menos uma verdade:
Sendo personagem da imaginação mais fértil...
Viva no papel, nas idéias, um lindo sonho,
Que me deixa cancro exposto, frágil e medonho.
Teria que ter sido pelo menos qualquer coisa:
E foi muito mais que isso.

27 de abril de 2015

É nessa paz



É nessa paz 
(André Anlub - 26/11/12)

É nessa paz que me entrego
Navego
Desbravo
Envergo
Não quebro
Não largo.
A paz de batalhas
Conquistas
Navalhas
Equilibristas.
Paz que me atrevo
Arrisco
Arisco
Rabisco
Meu trevo.
É nessa paz que escrevo
O que devo
Vejo
Viso
Vaso
Viajo
Invejo
Piso.
É nessa paz o lampejo
Que ofusca
O fosco
Que se perde
Se busca
Se bica
São tolos
São todos
E eu mesmo.

Amor embriagado

Percebam o minucioso trabalho que é construir um relógio. Parece ser um profundo exercício de paciência e cuidado. Construir coisas duradouras geralmente demanda muita perseverança. Vale a pena ver.
Posted by Marcos Pereira on Segunda, 30 de março de 2015


Amor embriagado 
(André Anlub - 2/2/15)

- Remédios para uma cabeça retrógrada: uma dose de “amanhã” pela manhã, 
uma de “acaso” no ocaso e outra de “ironia” ao fechar do dia.

Venha, venha logo, traga o vinho e a taça,
Pois a comida quente e saborosa vai esfriar.
O ar está glacial, deve ser o efeito do ar condicionado
Com minha impaciência e a corriqueira pressão baixa.

Seu amor me implantou uma espécie de dormência,
Algo incômodo que carrego junto à carência. 
Amor fantasiosamente assombroso – casto colosso,
Que me pisa impetuosamente com pés quilométricos
E me acende o sorriso mais um par de vezes.

Por você, a nado, atravesso quaisquer continentes...
Sigo de mansinho ao limbo desconhecido e inóspito;
Escrevo o poema sem nexo, sem contexto e pretexto,
Mas o faço um texto bem-sucedido, laureado e exótico.

Venha, venha logo, antes que acabe esse meu sonho.
Como de praxe: amanhã olharei novamente sua doce foto,
Fecharei meus cegos olhos negros, ainda encharcados de clemência...
E construirei, esculpindo pouco a pouco, o seu corpo ao meu lado,
Com vinho, com a taça, com a pirraça da minha demência
E o meu tenro amor embriagado.

Fábula dos Piratas

É através a mídia que eles fazem "a cabeça do povo" Agora é "curral eletrônico". Fora coronéis da mídia! Acorda povo brasileiro.
Posted by Antonio J. Cardiais on Segunda, 27 de abril de 2015


Fábula dos Piratas - André Anlub
(Mar é moradia - 8/5/12)

II

Avança por mares revoltos
Reafirma sua total identidade
Navegador guerreiro, punhal nos caninos
Amante de tempestades e estorvos
Vento intenso e leme solto.

Olho ímpar e rubro no horizonte
Seguido por gaivotas e morcegos
Pernas magras de carne e cicatriz
No ombro, um incorrigível atroz falante.

Um náufrago o observa com ansiedade
Faz moradia numa ilha equidistante
Deu-lhe um susto farta bandeira de caveira
Sepultou sua esperança de três anos.

A solidão é uma amiga em comum
Veio a coragem de acender uma fogueira
E na fumaça o pirata avista a ilha
Dá meia volta! (o mar é moradia)

Mulher

"O assunto é sério, mas Tina Fey, Julia Louis-Dreyfus, Patricia Arquette e Amy Schumer utilizaram a ironia e o humor nesse vídeo aqui para alertar sobre o sexismo existente ainda hoje em Hollywood.
O vídeo foi criado para a estreia nova temporada do programa de comédia da Amy Schumer e mostra Tina, Julia e Patricia num piquenique para comemorar o “Último Dia Fudível”, ou “Last Fuckable Day” no original, que seria o último dia da carreira de uma atriz em que ela ainda é considerada jovem e gostosa: depois disso ela passa a ser a mãe de alguém.
Na esquete, elas utilizam como exemplo a atriz Sally Field, que fez par romântico com Tom Hanks em “Palco de Ilusões”, de 1988, mas alguns anos depois foi escalada como mãe do ator em “Forest Gump”, de 1994."


Confira o vídeo, infelizmente em inglês sem legendas: http://www.papelpop.com/2015/04/julia-louis-dreyfus-patricia-arquette-e-tina-fey-fazem-video-sensacional-contra-o-sexismo-em-hollywood/


Sempre com sua beleza ímpar
É deusa, rainha de todas as cortes
Perfume surreal na explosão poderosa
Feita e recitada em verso e prosa.

Dourada quão o sol.

Sempre com sua cautela discreta
Almejando o bem-estar da família
Convicções e certezas infindas
Nada ínfimas as conquistas e metas.

Inspiração quão a lua.

Irresistível, inteligência e candura
“Coveira” da aflição e lamúria 
Guerreira, sem espada e armadura
No braço e no ventre a força.

André Anlub®

Dueto da tarde (CXXXVI)



Dueto da tarde (CXXXVI)

Descobri o amigo entre fotografias que já não mais olhava.
Lembrei-me de poesias trocadas, cantigas em duetos e noites em desvelos.
Um olhar distante muito próximo, uma voz distante muito próxima.
Montávamos nos cavalos e embrenhávamos pela mata fechada; sem medo.
A vida era uma presença em linha reta, cheia de curvas fáceis de curvar.
A vida tentava ser sempre bem-comportada, fácil, básica e pé no chão para nós; mas dávamos nosso jeito de voar.
Por vezes trombando com muros. Muros onde esperávamos ar livre e céu aberto. Não sabíamos voar ainda...
Hoje sei que a graça estava no tentar voar, cair em ambientes inóspitos e sairmos ilesos; mas sempre juntos.
É o que estas velhas fotos me mostram e na época eu não podia ver. É, e sempre será, meu melhor amigo, meu parceiro e irmão e isso sempre soube e vi, mesmo não vendo.
Porque a gente vê não vendo. E fica sabendo sem saber. As fotos da vida não mentem.
Também descobri um inimigo entre essas fotografias que já não mais olhava.
Um inimigo implacável, sem perdão, sem negociação, olho por olho e dentre por dente:
O esquecimento. Esqueci do mais importante numa importância, do mais valioso num valor, do mais fundamental num fundamento. Olhando agora eu vejo o que olhando antes não via. 
O amigo que sempre esteve continua estando. Mesmo que eu não saiba onde está.

Rogério Camargo e André Anlub
(27/4/15)

26 de abril de 2015

Madrugada de 27 de abril de 2015



Madrugada de 27 de abril de 2015

Sempre me flagro longe, pensando na minha velhice, na minha careca reluzente e no meu coração ainda batendo e amando, pescando em águas calmas e fartas de peixes e inspirações; é recorrente. 
Penso no meu futuro barco simples, azul turquesa, nas águas de uma cidade do nordeste. Um barco com aquela tradição de um nome feminino escrito em letras simples e sóbrias nas laterais da embarcação...
Há um tempo eu colocaria alguma pintora que gosto, que simbolizou algo em mim: Tarsila ou Djanira ou Haydéa ou Malfati ou Lia Mittarakis... 
Mas hoje em dia mudei e o mais provável é que seja algum nome de uma das escritoras que também me marcaram, nas leituras e/ou nas respectivas histórias: Emily Dickinson ou Sylvia Plath ou Ana C. ou Carolina de Jesus ou Virginia Woolf ou Beauvoir...
Ai, ai, ai, as mulheres... De repente seria melhor escolher uma deusa de alguma mitologia. Mas não! Ficarei mesmo com as escritoras que são/foram/serão deusas reais e eternas.
Em sempre: (Ainda mergulho de cabeça em uma paixão; mas checo a profundidade e a temperatura da água, coloco touca, tapa ouvidos e vou).
Estico a mão para o céu e peço força captando alguma energia silenciosa. Na varanda, na minha cadeira, os cães deitados ao meu lado e um ar gélido, um céu limpo e os insetos em minha volta me observam.
Estico os pés e apoio na minha escultura, “O tronco”, dou uma talagada no suco gelado de maracujá. O gelo aqui derrete em segundos, é quase um milagre sair da cozinha, sentar em uma cadeira e ainda vê-los boiando no copo. Meu corpo estala e já pede cama, meus olhos cansados, ardentes e coçando me convidam ao sono.
Vou-me ao repouso, repousar o corpo, a mente, o bloquinho e a catarse que adoro, pois me persegue nos momentos mais curiosos, mais gráceis, carrancudos e impressivos.
Em nunca: (agora estou satisfeito, debaixo de uma coberta fina o ventilador me banhando em ventos com o silêncio que a noite presenteia).
Não há o que temer quando se tem como companheiro uma garrafa de saquê. É um paradoxo, pois se foge da luta encarando a fera. A verdade é que não está mais ali quem segura o quarto copo. Ele já se foi embriagado, alto em voo sem bússola sem tempo, o corpo físico presente, o espiritual enfermo sem intento e localização nos mapas. Mas o corpo que fica ainda tem força, tem luta, tem truta e maneja uma faca de caça e um punhal. É um perigo, arriscadíssimo, perigo descomunal. 

André Anlub

Tarde de 26 de abril de 2015



Tarde de 26 de abril de 2015
(esse bagulho que é o barulho)

O silêncio pega pelo pé; por isso sempre estou em companhia da música;
Tomei gosto por expor o que ouço ao escrever... É um toque, é um tique, é uma marca.
Agora escuto “Poles Apart” do Pink Floyd, e com ela rabisco algumas ideias.

O barulho, no ar, solto, solta minha alma. Mas tem que ser um bom barulho – o meu barulho –, e não precisa ser alto.
Se não houver música volto-me ao barulho dos pássaros ou das ondas ou dos latidos ou dos gemidos ou da leitura que imerge no silêncio de todos os sons.

Sou flexível aos sons naturais e sou extremamente austero aos sons do homem; chego a ser o chato que beira o caricato; chego a ser um pouco incoerente, pois sou o moderno de fones no ouvido que saem de um aparelho minúsculo com mais de duas mil músicas de outro século. 
Mentira! Há sons novos no repertório... Bem poucos, mas há.

Saindo do assunto: esse bagulho que faz um “barulho” bizarro que voa sem direção e aterrissa sem hora marcada; que toca no coração e na alma e (muitos dizem) na inspiração; que acende e queima em um cigarro ou em um cachimbo, sem ou com ritmo... E faz estrago, ou não – dá barato, ou não –, custa caro, ou não – pode custar vidas e causar mortes, ou não –, mas sempre cria muita polêmica e discussão. 
Mas é outro assunto, para outro dia, outra estação.

Voltando ao assunto: peguei carona na leitura alheia que bateu na veia e tirou à teia e atiçou a aranha a fazer outra, futuramente. 
Os versos me saem famintos e querem mergulhar no branco da folha ou na tela alva do computador, quiçá na orelha da amada, arrepiando a nuca e os braços, ou simplesmente ser falada ao vazio do ar.

Esqueço que os meus versos querem navegar (mas metaforicamente) – pelo menos os meus; todos os meus escritos, versos e até desenhos voam (mas metaforicamente²), pois na verdade saem em um veleiro, em um barco atraente (mas metaforicamente³); às vezes pega um mar de calmaria marmórea, sem brisa, sem onda, só aves que soltam sons baixíssimos e passam famintos dando mergulhos certeiros. Saem com aquele peixinho no bico e o sorriso implícito. 
Mas outras vezes é um mar agitado, assombroso, terrível, com uma bela ilha ao fundo e um sol acanhado que aguardam a chegada das letras.

Ando lendo muito (além do corriqueiro) e nesse período estou devorando: “Confesso que vivi”, o livro de uma amiga e Ana Hatherly... Fora as leituras digitais e de notícias.
Acho que engessei um pouco a mão (apesar de estar há meses mergulhado em duetos com um grande poeta e amigo) e desengessei meu tempo comigo mesmo: estou orando mais (do meu jeito insano) e tentando fazer mais meditação; há tempos mudei de maneira drástica minha alimentação, focando o natural e comendo peixe e frutos do mar seis dias da semana; tem um ano e meio que venho correndo todos os dias (para ter direito a um dia de folga), sem escolher dias ou criar normas e horários, apenas o próprio tempo da corrida.

O silêncio agora será quebrado pelo fim de tarde que chega e meu mergulho na piscina, uma cerveja sem álcool e um bom filme. Vamos atualizar os minutos, vamos fazer diminuta essa noite que chega rasgando – despedaçando meu tempo que foi devidamente aproveitado nesse domingo acabado, nesse sol que se foi...
Amanhã já é nova semana e nova incidência da inspiração.

André Anlub

Dueto da tarde (CXXXV)

Entendendo a Relatividade em 2 minutosMais rápido que fazer um miojo.
Posted by Brasil Post on Quarta, 22 de abril de 2015


Dueto da tarde (CXXXV)

Seu altruísmo era difuso, o seu confuso é que era lacônico.
Se por acaso falasse, nada que calasse calaria mais. Faria inveja a um silêncio de pedra.
Uma dissonância eterna, mas bem harmoniosa e organizada; com hora, local e data.
A hora é agora, o local é aqui e a data é sempre. Não precisa de calendário nem de relógio para confirmar.
Nadar, correr, voar, doar e se doar. A dor que já conhecia não subestimava seu infinito valor.
Dor é oposição – à vida e a si mesmo. E pouco havia de oposição na entrega, na aceitação do que lhe era dado dar e receber.
Seus olhos de guarida observavam tudo; suas mãos sempre estendidas não aceitavam os absurdos.
Era o maior de todos os absurdos... Com um sorriso, até concordava. Mas não estava em si sair de si.
Gente honrosa em seu trato, mas tem fome e sede como qualquer um; gente bondosa de fato, mas desde que seu calo fica intacto.
Olhar com os olhos de ver. Ver com os olhos de sentir. Sentia muito e não sentia muito: não havia do que, se havia porque.
Havendo um buraco na tez ou na alma ou no bolso ou no esboço do caráter, no mar, no céu ou no asfalto... Aonde for... Tenta fechar.
Ou passar por ele. Por aberturas, se forem aberturas, passa-se. Buracos não existem apenas para quebrar as pernas. Nunca quebrou as pernas. Buracos não devem e não podem é servir de quebra-galhos, de atos falhos para gatilhos aos novos erros, obscurecendo cruelmente a bondade inerente.
Saber disso leva adiante. Sabe disso. Vai adiante.

Rogério Camargo e André Anlub
(26/4/15)

Filhotes recentes



25 de abril de 2015

O sábio e o tolo

Forromob em Colôniagalera dançando forró em frente a catedral de Colônia
Posted by Bicho de Pé on Quarta, 13 de junho de 2012


O sábio e o tolo 
(André Anlub - 24/3/13)

O mais sábio homem também erra,
Erra ao tentar ensinar
Quem nunca quis aprender.

Os tolos morrem cedo!
Senão por fora
Morrem por dentro... ou ambos.

O mais sábio homem
Também ama.
E nesse amar,
Mergulha... e se entrega,
Confia e muitas vezes erra.

Os tolos desconfiam, nunca arriscam,
Nunca amam, por isso acabam não vivendo...
Morrem por dentro e por fora,
Acabam errando sem jamais terem sido sábios. 

Dueto da tarde (CXXXIV)



Dueto da tarde (CXXXIV)

Uma pequena modesta singela flor obscura na beira da estrada.
Jeito jovem de imaculada nua, menina moleca, selvagem delicada, isolada só e nada à toa.
Seu perfume imperceptível soma-se a tudo mais de imperceptível nela.
Faz do externo sentinela e dos olhares alimento. É inércia e movimento, escultura e aquarela.
Quem passa por ela passa pelo nada de uma vida toda e pela intensidade infinita de uma vida toda.
O vento a beija e nada, então ele se vai; o sol a embriaga e nada, então ele se vai; a lua lhe paquera, flerta, beija, embriaga e fica até amanhecer.
A tudo deixa passar estando. Não por acaso escolheu o anonimato. Escondida em si mesma, brilha ao sol de si mesma.
É flor formosa dona do pedaço, ocupando seu espaço de maneira magistral. É flor quieta de quenturas internas, sonhos intensos na saliva do açúcar e do sal.
Não há uma história para contar dela. Mas toda e qualquer história cabe nela, inteira, da maneira que quiser.
É apenas uma em mil, em mim, em nós, mas em todos ela desperta alguma coisa, algum sentimento, e isso ela já deixa de lembrança.
Flor particular, flor genérica; apenas uma e todas elas; insignificante e sustentando o universo. 
Confesso que cria o fascínio, faz o dia ainda mais belo, menos arredio
E se eu tiver que lhe contar, vou lhe contar apenas isto: 
É uma pequena modesta singela flor obscura na beira da estrada, bela e formosa como outra qualquer.

Rogério Camargo e André Anlub
(25/4/15)

Madrugada de 25 de abril de 2015



Madrugada de 25 de abril de 2015

Não se diz ganancioso, apenas não se contenta com pouco; só não percebeu ainda que também não se contenta com muito.

Uma corda:

Já baixou a noite, deitado e cansado vejo pela janela as estrelas sorrindo no céu;
Faz um frio atípico que pode futuramente principiar um temporal.
Já fiz minha leitura noturna, escovei os dentes e bochechei o enxaguante bucal.
Vou até a cozinha e abro o freezer deixando sair aquele bafo de fumaça gélido e gostoso, pego um copo comprido e coloco gelo até a borda e na porta pego a garrafa de vodca (resfriada/intensa – branca/alva – coloidal/viscosa – irresistível/fatal).

As asas querem voo, me incomodam, querem que eu volte à leitura ou pegue a caneta.
Mas com o copo na mão e o líquido na cabeça: estou de muleta.

Um acordo:

Fiz um acordo certa vez, um pacto com um dos meus medos e com o mais forte deles.
Nosso encontro foi em sonho: eu solitário no mar com ondas gigantes – é impossível estar sozinho quando se tem ondas gigantes, mas eu estava –, nada de terra em volta, nada de ilha nem sequer um barco. O medo voava enquanto soltava uma forte chuva sobre mim e soprava um vento muito frio e extremamente forte, no estilo terral, que fazia nas ondulações pequenas chuvas ao contrário. Era um cenário “Hitccokiano”, só um pouco pior, que parecia durar uma eternidade; eu gritava a ele para deixar-me livre, para expor a verdade, para não me enrolar mais... Ele concordou e eu então acordei.

Quando o tempo passa em branco é como estar alegre na jaula o Corvo; se acomodando no contrassenso de ser castrado da liberdade do voo.

Um acorde:

Pego minha faca importada, minha faca de guerra, sento na varanda ao relento e começo a amolar – é um bom passatempo. A madrugada grita em silêncio, os cães das casas vizinhas e os daqui fecharam suas bocas sorridentes e babonas. Agora falta pouco, falta o parco: um mar, uma vara de pescar, uma lua cheia, inspiração e um barco.

André Anlub

24 de abril de 2015

Manhã de 24 de abril de 2015



Manhã de 24 de abril de 2015

“Êta, porreta” deixo para trás o rompante e no montante e na montanha vejo essa manhã, tamanha, sedenta de inspiração. Manhã avermelhando ao longe...
Cereal, frutas, café – sustentação –, o branco da parede e quadros coloridos, aqui.
Vou dar minha corrida e ganhar pensamentos; ganhar sonhos e novidades;
Vou dar minha pitada de irrealidade e abarcar fingindo ser um monge.

Não escondo minha simpatia pelo Budismo! Nem deveria.
À revelia está em quilo/peso a religião contraditória, algumas oratórias sem noção;
Há momentos em que não me queixo, e o quebra-cabeça se deixa e se encaixa... 
Na maioria dos momentos não.
Prefiro sempre a adequação...
Ter uma/duas/três escolhas (fiz escola nisso) e fazer o que acho sensato, justo e honesto: sem ordem – desordem – prevaricação.

“Êta, disposição”, é bom acordar para vida depois de acordar da cama e depois de anos estagnado; não vou mais reacender tal (nenhum) carma (não foi para fazer trocadilho, gente. Juro!).
Já vivi na lama; já vivi no limo; já vivi no limbo; já vivi sem gama e “me virei” na vida sem colorido – sem poesia – sem improviso, com garrafas e ideias sempre vazias (ou a caminho)... Sem fim, sem confetes e sem ninho.
Na obsessão pela saída achei a poesia. Hoje a amo sem a necessidade da recíproca.

André Anlub

Dueto da tarde (CXXXIII)



Dueto da tarde (CXXXIII)

O peso da consciência desafia a lei da gravidade; é dilema, é problema, é iniquidade.
Culpa não é solução: é problema. Teorema muito mal conduzido. Cinema mudo e comprido como o arrependimento.
Já não há mais idade para se sentir capaz. Vê agora por cima: cenas em câmera lenta o que deixou para trás.
Cobre seus passos com outros, iguais e diferentes, os mesmos mas nunca os mesmos. Porque hoje é ontem, mas hoje é hoje.
Não há mais planeta em que caiba a certeza do cimento pronto e seco, e de refresco seu desenho em afresco na muralha que sobe voraz.
O peso da consciência, o peso da muralha, o peso nos pés, que poderiam andar e só se afundam neste pantanal.
Mais uma vez veio à gravidade moldando a consciência como um peso pesado (grande muralha)... Não haveria nada de errado em errar urrando estar correto, se estivesse correto.
Roído pelo que o corrói, abre estradas no rosto com as unhas. Nelas transita o transe intenso em velocidade máxima, que vai muito além da compreensão, rompe a barreira do som, vai ao espaço vencendo enfim a gravidade.
É grave vencer a gravidade. É ela quem mantém a coesão da matéria. Em matéria de desespero, ele ainda não conheceu tudo...
O mais grave vem agora, pois terá que vencer o peso da consciência... E por ter derrotado a gravidade está ainda mais pesada.
É a derrota na vitória. Enfim, pra frente é que se anda, diz ele, patinando no ar sem sair de onde está.

Rogério Camargo e André Anlub
(24/4/15)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.