22 de maio de 2015

Seda pura na pele

Dia do Abraço


Seda pura na pele

O corpo foi na onda, forte e firme em direção ao sossego;
O medo caminhava longe, descalço e bêbado.
O abraço (prévia do beijo) fez-se ao relento:
Onde mais poderia ser?

O trabalho, mais que merecido, aparecido, beirava um milagre;
Amizades afiadas, a moeda separada para o possível troco do pão.
Suadas mãos... na toada do tempo que diz ainda haver o intento,
Nesse movimento e em todos, para toda criação.

Tintas aquecidas: fervem, borbulham, tremulam, brilham...
Tantas esquecidas, agora ressuscitam.
Por trás dos pesadelos estão as musas
Com seus corpos tatuados de desejo e despudor.

São cordeiras com seus contornos que deslumbram,
Preparando os retratos dos fetiches do sonhador.
E posam quase nuas, apenas a peça de seda pura de paixão.

- André Anlub

Pepe Mujica completa 80 anos hoje.


Prefácio do meu livro Fulano da Silva:

"André Anlub é autor de poesias contemporâneas que abordam assuntos variados. Suas mensagens sobre fatos do cotidiano
são muito interessantes do ponto de vista sociopolítico, principalmente porque Anlub possui a visão singular de um verdadeiro 
artista. É um homem do povo, que por onde passa conquista pessoas com seu jeito espontâneo e simples de encarar a vida,
um verdadeiro bon vivant. Membro da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba Grande - RJ, André possui uma escrita direta 
e acessível para todas pessoas. Suas frases estão presentes em vários livros como Poeteideser, de autoria própria, além de
Café com Verso I e II, Bar do Escritor, Controversos, Antologia I, Antologia versos de Outono e Antologia Versos de Verão, 
nos quais ele faz sua parceria com outros grandes nomes da literatura. 
Na adolescência este autor começara escrevendo jornais de bairro de autoria própria, o mais famoso Banche e que se tornou febre entre 
os leitores do Bairro Peixoto-Copacabana (RJ), onde ele fixou residência por mais de 20 anos de sua vida. Aos 30 anos mudou-se para a 
serra fluminense onde descobriu seu talento para a poesia e conquistou o Brasil através do seu blog Poeteideser. Há cinco anos reside na cidade do Crato-CE escrevendo livros fantásticos e compartilhando a vida com sua mulher e cães, e ha pouco recebeu a honra de ter um poema recitado num dos aclamados festivais de Genebra.
Pessoa incrível, tenho muito orgulho de ser irmão deste mestre das artes, pintor de grande talento, desenhista, escultor e agora se mostra um perfeito poeta. Recomendo a leitura de suas obras, principalmente aquelas carregadas de opinião política e críticas
a governos ausentes, pois são muito estimulantes e proporcionam uma agradável experiência literária. 
Boa leitura."

Felipe Freitas
Irmão, músico e professor.

Anjo sedento

É de arrepiar! Sério!
Posted by Brasil Post on Sexta, 22 de maio de 2015


Anjo sedento      
(André Anlub - 15/04/13)

Sedento cupido chegou, e nas costas carrega mágicas Flechas de ardor: - arco de osso de brontossauro, corda de tripa de Triceraptor, flechas feitas de costelas de homens que Semeavam amor.

São lançadas aos desígnios,
Voam ultrapassando cometas, 
Seguem as luzes das estrelas
E aos corações as carícias;

Fartas águas brotam límpidas em nascentes de rios;
Abriga, na paixão periga amparo, advindo da alquimia,
Já para – alvejado o amor.

Saciado, o cupido se engasga nas gargalhadas;
Deleita-se na verdade da entrega alheia... e em seguida lamenta (aos prantos) devora-se, grita, ajuíza e tonteia.

Inflama seu próximo armamento, derrama seu secreto tormento; de punho bem cerrado,
O arco e a flecha tomados na mão... 
Aponta para o próprio peito.

Dueto da tarde (CLX)



Dueto da tarde (CLX)

Muito lentamente, como convém ao esquecimento, as coisas foram se acomodando.
Um abraço, uma conversa e um afago – esvaeciam a cada manhã acordada.
Éramos muitos e deveríamos ser nenhum naquela lembrança ruim.
Em algum lugar o Querubim canta forte a última estrofe da música que nunca quis ter fim.
Então o coração trabalha para trabalhar menos, esforça-se para se esforçar menos. 
Abre-se em duas mil pequenas estradas para assim correr melhor o fluxo dos sentimentos.
Muito lentamente, como se a velocidade não existisse, a seiva do não estar mais ocupa os espaços deixados pelo que sempre esteve.
A grama cresce aos poucos e árvores dão seus frutos. É como a água do rio que segue em direção ao mar, e evapora e torna-se chuva e torna-se rio e novamente segue indo, indo, indo...
Talvez deságue no mar da Liberdade. Talvez faça foz no oceano do Alívio. Por enquanto é isto. Amanhã é amanhã.
Na mão a nostalgia já se faz papel, enquanto na mente está soldada como soldado na guarita blindada do seu quartel.
Vigilância tensa. Também ela precisa passar com as águas, precisa lavar-se das mágoas, precisa passar a régua.
Não é filtrar o que se pensa, é pensar no que se filtra; pois coisa nenhuma vale a pena se a balança pesar plena a um lado ou outro.
Muito lentamente também o peso das coisas pesadas pensadas tem lugar na canoa. E no boa tarde que o sol da tarde morrendo deseja a todos.
E muito, muito lentamente, como convém às lembranças, algumas coisas se vão da memória, enquanto outras tatuam-se no inesquecível.

Rogério Camargo e André Anlub
(22/5/15) 

Boca que se cala – pedaço da história que se vai – fica a saudade


Boca que se cala – pedaço da história que se vai – fica a saudade
(Manhã de 22 de maio de 2015)

O dia está sem graça? Vem logo alguém e põe graça nele, é só esperar... de repente não. Estou sentindo o arrepio de um amigo que está partindo. Já falo nisso! Sinto-me cada dia mais distante das antigas amizades, mas cada vez mais perto da compreensão das mesmas. É uma sintonia às avessas, que me faz mais forte para futuramente abraçar de vez tais amigos. Mas no momento me dói em saudade. Uma confusão de sentimentos, que ainda não me atormentam, pois sei lidar inteiramente com eles. Já os coloquei diversas vezes na balança para ter noção quem/qual/quanto vale à pena. A conclusão mais lógica e clara que cheguei é que com uma (re) aproximação mais intensa perderei a análise e ficarei na boemia, no tapinha nas costas, na conversa de boa –, falando o que querem ouvir e ouvindo o que queiram falar. Ficará uma amizade rasa, amizade de esquina, de copo, praia e corpos femininos... Dessas banais que vejo muito por ai. Não é fazendo barganha que a amizade (re) nasce. Não há sacrifício algum em uma amizade criada para terceiros olhos, para Inglês ver, tampouco almejando “lucros”. O amigo nasce amigo e não há nada que o separe... A não ser que a amizade só exista de um lado (muito comum). Vive-se ao lado de uma pessoa dando enorme afeto e consideração, mas na mesma não há reciprocidade. Até ai não há problema algum, pois amizade só de um lado continua sendo amizade. O problema é quando o outro lado carrega esse embuste tão bem que cria-se uma armadilha sem fim: os dois lados passam a acreditar na amizade mútua. De um modo ou de outro as complexidades de tais fatos não valem um aprofundamento absurdo e absoluto de quaisquer analises... Pois nunca se chegará a um denominador comum se o outro lado não pondera sobre o assunto. É um Deus nos acuda... Mas que no final de tudo o importante é a consciência limpa. Sinto muito por um amigo que está doente, sinto na pele o medo de quem está indo. Mas não serei hipócrita de falar que sei o que ele está sentido. Não sei! Só digo que foi uma amizade de muitos anos; ele foi parceiro e querido por mim. Mas sempre tive a absoluta certeza que havia algo que nos distanciava. Algo que não irei esmiuçar, pois caso eu descubra não terei como trocar essa experiência com ele. Não mais. Agora ele se encontra nas minhas orações e fora das minhas meditações.
Segue em série a sensação do lápis, tinta, pincéis, ideias e um som para embalar e alucinar como um ópio. Uma volta pela casa na companhia dos cães; o céu lindo observando calado; as nuvens fazendo caminhadas; o abacateiro balança com o vento e o tempo que estacionou em si próprio. Há olhos para verem coisas que só querem ver. Mesmo sendo prejudiciais a eles. Há luz no fim do túnel, mas também pode haver no início e meio dele. O louco saiu à caça do ambiente mais largado, com menos contrastes e mais matizes e cores. O louco se diz louco e a loucura se diz dele e os outros o dizem louco; muita loucura em um pequeno corpo – muita galinha e pouco ovo. Uma receita de bem-estar é abraçar-se a premissa de que para qualquer assunto abordado pode haver uma chance enorme de você estar errado. Dentro dessa ideia inicial e verdadeira cabe qualquer saída; cabe a aceitação de ser ouvinte e o aprendizado de quem queira transmitir. Saber ouvir é uma arte... Mas poucos artistas a dominam. Pois há alguém que anda de mão dadas com o atraso, dorme na mesma cama e há anos vem causando mais transtornos do que soluções: a defesa em unhas e dentes da sua ideia. Não ser flexível, não ponderar sobre o que está sendo colocado. Se preciso for, leve o assunto para casa, medite e reflita. Não acredite na primeira impressão. Coloque-se no lugar de todos os “atores” vigentes na fábula: pense – estude – pesquise... Assim volte depois com sua ideia mais sólida ou, quiçá, uma nova e esculpida visão sobre o mote.

- André Anlub

E por fim...

CHAPADA DIAMANTINACHAPADA DIAMANTINA
Posted by Moviedrone on Segunda, 16 de março de 2015


E por fim...       
(André Anlub - 4/4/13)

Ela quer recuperar a autoestima,
Não ser a vítima dentro da situação...
Na contramão de um sorriso largo,
Na contradição de um fácil enigma.

Não quer falar nada sobre o salto alto,
Nem a inocência da criança interior.
Não fala do caro perfume de barato odor
Que ao apreço e ao berço impregnou.

Traz má sorte ver a cara da morte
Antes de consolidar o casamento.

Se for para elogiar, que seja seu consorte,
Se for para ferir, que seja o mundo inteiro.
Se há algum segredo nos que cultivam medo,
Deve ser mostrado, pois o solo é sagrado;
E se o mesmo é fértil (produz belos rebentos)
Esconde-se o erro, fere a fogo e ferro.

Primeira manhã de primavera



Primeira manhã de primavera       
(André Anlub - 28/9/14)

Colibris, (pra variar um pouquinho)
Hoje Beltrano irá chamá-los assim:
Voam belos e ligeiros, são charmosos e bem-vindos,
Vivem indo e vindo e vivem muito bem,
Pois tocam e beijam íntimos festeiros.

Os colibris não carregam em si os “desvirtuares”:
Misteriosos orbes novéis que são vomitados das telas,
Das tecnologias, das palavras tortas de bocas malditas
Com suas ganâncias... (sensação de ser maior)
Por ter o privilégio do raciocínio.
É sabido das pragas
Que imputam em nossas mentes desde a infância.

Podem fazer-nos pensar diferente
E fazer-nos perder a sensibilidade,
Muitas vezes a ternura, a tolerância e a individualidade.

Mas, voltemos aos colibris e afins:
Beltrano quer agora o “tanque cheio”
Da sensação absurda de harmonia.

Olha a majestosa árvore no alto da montanha,
Tamanha; sem precisar provar nada a ninguém,
Dona de tudo e todos, 
Pois é uma diva com todos e sozinha:
Então ele exige a escrita madura,
O coração que imerge no pleno de ser do seu jeito.

Já se passaram quatro, de repente cinco, pássaros desses, e pousam, pousam e ousam no fio de luz
Como quem descansa no plácido.

Já avistou também dezenas de árvores assim...
Não querem plateia; não querem os olhares de quem os admira, pois correm o risco de errarem,
De estarem ao lado da inveja.

Hoje Beltrano abaixou o estilingue,
Nessa primeira manhã de primavera,
Foi pra casa abocanhar um sanduiche
De frango, alface e “mozzarella”.

21 de maio de 2015

É o lodo na ladainha do saber viver

Shark: Mobula Ray SplashingWant to stand out from the crowd and attract the partner of your dreams? You won't believe how mobula rays do it...#Shark. Thursdays. 9pm.
Posted by BBC One on Quinta, 14 de maio de 2015


É o lodo na ladainha do saber viver
(André Anlub - 5/8/13)

Farei uma enorme promessa,
Dessas difíceis de acontecer:
Subo escada de joelhos,
Levo uma pesada cruz até o outeiro,
Deixo de fato a bebida e o cachimbo,
Mudo-me no ato para o limbo
E fico o tempo que merecer.

Tudo que é novo de certa forma vai assustar.
Já foi construído o castelo
E agora recebe uma bela pintura.
Foi escolhido aquele azul clarinho,
Quase turquesa, 
Que é gêmeo da beleza,
Da azuleja do seu olhar.

Fim de papo, na papada cansada
Dessa ladainha.
Vou cair na real, pois agora é hora de festa.
Colocarei a torta de amora na mesa
E aquele café fresquinho.
Pegue o bongô, afine o cavaquinho
E tocaremos aquela preferida do meu avô.

O amanhã será sempre improvável
Se eu não sentir seu cheiro.
Irei me sentir o ébrio de beira de estrada
Com os faróis ofuscando a visão.

Várias vezes fui bem abusado
E mal avisado fiquei visado.
Já sou conhecido por ter nascido
No lado errado na hora em vão.

Sempre comecei pelo modo mais fácil,
Afinando os chifres nas cabeças dos cavalos...
Mas só nos domados.
Chorei com os poetas e pintei inúmeras zebras.
Uma vez até me sentei
E ri, com as hienas.

Espantalho de força motriz

Who like doing hand stands    :)  Do you think you would want to do one on the edge of a 3,000 foot cliff   :)
Posted by Jeb Corliss on Quarta, 20 de maio de 2015


Espantalho de força motriz
(André Anlub - 16/6/13)

Ao ver seu choro
Da fumaça danada,
Senti-me com uma facada,
Uma dor aguda nos ossos,
Na alma e no peito.

Nos olhos as pupilas dilatam
E na lata o vermelhidão do sem jeito,
Pela carência de ar
Da imposição do respeito.

Limpe essa lágrima!
Não a deixe chegar ao queixo...

Da pátria é filha,
Levante o nariz,
Tal qual pessoa arguta.

Sabe do queijo e da ratoeira,
Conhece o corvo e resguarda o milho
Como espantalho de força motriz.

Já sabe que haverá crítica,
Culpas – culpadas
Prisões e clareiras.

Se esquiva das pedras quando ouvir asneira,
Da boca do filho de uma meretriz.

20 de maio de 2015

Tempo de ser cágado

LavaLava incandescente ao cair no oceano e a formação de uma nova terra...
Posted by Adilson Costa on Quarta, 20 de maio de 2015


Tempo de ser cágado
(André Anlub - 2/3/12)

O dia amanhece com muitas nuvens
E a jornada de fome e reprodução.
Anda cabreiro com olhos céleres;
Lento, sujo e determinado...
Vendo de lado ao modo arredio.

Pisando em barro com passos calmos e vida mansa,
Como se houvessem as danças (balés solitários).

Com a pança que arrasta,
Para e ensaia o sorriso.
O pescoço é farto
Para dez relicários.

Tarde caindo afogueada
Confunde-se com o vermelho dos flamboyants.
A garoa molha e limpa seu casco,
Olha a sequoia que é a direção,
Caminha bem lento, vagabundo...

Mastiga e engole algo alucinógeno
E elefantes voam por sobre o verão.

Dueto da tarde (CLIX)



Dueto da tarde (CLIX)

Olha novamente a vontade de chegar. Dessa vez é tamanha a pressa que ultrapassa o tempo e agora é obrigada a viver do passado.
Queria tudo, ficou isso. E isso é um compromisso. O ouriço da sua irritação rejeita, mas não dá sumiço no que ali está.
Vai andar, navegar, namorar e voar. Mas nada há além de todos os momentos contemplativos e imaginários no seu sofá de pedra que se funde ao corpo.
Quer movimento. Move o momento na direção do vento, cultiva o lamento cem por cento e enterra-se no afastamento.
O mundo já estava quadrado há tempos e o céu não passava de um segundo teto sem graça; a vertigem tornava-se divertimento e o choro seu copo salgado de água.
Rói as unhas com seus dentes de ouro. Não deixa marcas de ouro nas unhas.
Dói ver pulhas querendo seu couro. Não se queixa se facas os apunhalarem nas ruas.
Faz tatuagens com as cicatrizes. Escreve mensagens com as varizes. É muito direta com as diretrizes.
Tudo se limita ao seu mundo, no raio que o cerca e que o parta, ao longo de dois metros do seu braço, ao longo do espaço que o espreita.
E daí que parte a vontade de chegar. É para aí que volta a vontade de chegar. Pois não há como sair daí.
O traseiro criou raiz no sofá e a mão congelou na xícara de chá; a TV esteve e está fora do ar e de cogitação e qualquer ação sempre fica no “falar”.
Pode olhar eternamente a vontade de chegar: só vontade de chegar não levanta o corpo de ninguém, não descola as pernas de ninguém, não dá vida a quem já morreu.

Rogério Camargo e André Anlub
(20/5/15)

Manhã de 20 de maio de 2015



Não haverá mais nada para se ouvir além de tudo que se ouve e sempre houve
(Manhã de 20 de maio de 2015)

Já era previsto meu visto ao mundo absurdo do ressurgimento. Já era o momento e já era – acabou – já foi. Já acabaram as fatias do bolo e do tolo e seu falso ouro. Agora, no tempo certo, acabam a penúria e os vinténs. Caindo de cachola no muito ingênuo de honras e glórias, tudo próprio e interno, no adentro contentamento. As luzes pipocam, o som é “da hora”, as luas sorriem no céu. Muitas pegadas na areia, e queima a fogueira, o mar salivando o sal benzido das Sereias e Sereios e o meu e o seu. Ostentação de metáforas, dialéticas com os deuses, no bate-papo sadio, sábio e social. Nas gargalhadas trocadas, nos apertos de mãos, nos tapas nas costas e conselhos de direção. No olhar sincero, no tiro que é certo, abstrato e concreto, no reto e no reto. Nenhum de nós há de saber, há de entender a perícia dos grandes lá em cima. Vejo as árvores crescerem dando sombra e fruto, mas de nada vale aos olhos de muitos. Na poética momentânea, no instantâneo estalo que abre a mente e põe dentro uma ideia. Acede-se a luz na alma e faz-se uma luz tão absurdamente forte que cega os olhos e só ficam os pensamentos. A meu ver assim se faz a inspiração. Não é à toa que muitos se concentram a tal ponto que entram em uma espécie de transe – “transa” sexual com a mente. É uma espécie de meditação às avessas, pois tudo ao mesmo tempo naquela hora pode atravessar a linha do raciocínio. É trem expresso; é avanço e retrocesso; é o Rei subordinado e o escravo tomando posse; é o círculo tornando-se quadrado, e o quadrado perdendo as pontas. Aquele clima frio, o céu totalmente branco com nuvens aparentemente de espessuras grossas; noite calma com os bichos de sempre. A luz fria da garagem serviria para iluminar as telhas e não deixar que morcegos transitem pela área. Mas está apagada... Prefiro assim, deixo assim e viajo...

André Anlub

Na raiz do dom



Na raiz do dom 
(André Anlub - 8/6/14)

A lava incandescente esfriou-se 
Deixou seu toque, deixou sua marca...
Na raiz do dom brotou a escultura.
Tornou-se uma espécie de diamante;
Como se habitasse o cerne de um vulcão
Com sua mente até o momento na vadiagem.
A imaginação no foco extremo em reflexão
E é erma a ínfima preocupação,
Pois assim cresce a suntuosa viagem.

Há o segredo escondido nas chamas,
Canção rara, afetuosa e leve,
Letra que derrama em sonho breve
No mistério do império na miragem.
Há o manuscrito de um Deus cintilando aos olhos,
Nas minhas, nas suas e nas leituras de todos.
É o ritmo dos jogos,
Parábolas com flores,
Pássaros pousados em bonecos de neve.

Vem à faísca em inspiração,
Veio o derramamento das tintas
Em mãos poéticas de mentes abertas
Em vozes de alerta.
Foi no ponto final ou nas três letras do “etc.”...
Ainda em algo abreviado de tal ser banal,
Ser errado que jamais o é,
E como transforma (-se)!

Veio novamente em nós,
Fez criação e liquefez na ação
E se tudo der certo em breve retorna.

Ótima quarta

Orelha que fiz para o livro de uma amigo

A “Amada”:
Às vezes beira o impraticável falar da nossa amada; não somente por ela ser tudo em nossa vida; não por ela estar presente em quase todos os nossos melhores momentos e, quiçá, em todos os pensamentos absurdos, absortos, ou não; mas pelo simples motivo de que qualquer coisa que se fale a respeito da mesma será redundante.
A prolixidade:
A minha adorada numero “um” é a poesia (que minha esposa não leia). Ela permeia pelos meus campos visuais, mentais, físicos, aquém e além; por isso deferência e admiração extremas.
A questão:
Ao me confrontar com quaisquer obras poéticas, de amigos ou não, já me preparo perfumando a alma, abrindo e limpando minha mente e quero/procuro estar pleno e são; quero dar o melhor de mim na leitura, no deguste, pois trato esse “encontro” como único, como o primeiro olhar numa estrela, como um flerte.
O epílogo:
Então, sem/com exageros, temos que encarar com discernimento e submissão a leitura poética a seguir; ter o livro em mão como uma espada e ir ao combate; a meu ver estamos em guerra pela poesia, pois com certeza vamos nos apaixonar por ela, nos enfeitiçar, nos transformarmos em servos e transformá-la em uma espécie de vício salutar que nos remeterá ao “nirvana” das letras, ao “Big Bang” poético e/ou ao “Paraiso” na terra.

- André Anlub

Ode ao Louco varrendo

This is very true!www.artFido.com/popular-art
Posted by artFido - fetching art on Terça, 28 de abril de 2015


Ode ao Louco varrendo
(28/6/12)

- Sente na carne o estrago que a trincheira do corpo 
Deixa passar;
Flecha que não era bem quista 
- disritmia foi-se a bailar
Casco inquebrável,
Por vezes tentado a traições.

Entre o espírito luzidio e a aura,
Há um fulgor de Foucault mais forte;
Persevera a bondade do antes e do agora
Ser altruísta de cumplicidade
Afortunada e contínua:

Mostra com clareza, destreza e simploriamente os “nortes”.

A altivez tem tratamento
(seja por vezes até o suicídio)
Segurando forte em uma mão a vida moribunda
E na outra mão a morte. 
(acalento que soa sem perigo)

Suspenso pelo pescoço,
Com as canelas ao vento
No abismo vê-se de culpa isento 
(dor e remorso)

Dimanem sacrifícios?
- Não, chega de ignorância!

É um louco varrendo...

19 de maio de 2015

É mentira


Veja este episódio NA ÍNTEGRA no #CanalBrasilPlay >http://bit.ly/SOMzeliaZélia Duncan conta todos os detalhes do álbum...
Publicação by Canal Brasil.


É mentira
(André Anlub - 23/3/15)

Ouço aquele antigo e famoso soneto; 
Aquele soneto penoso, faceiro e genioso.
Criou um rolo que rola pela rua ao desígnio;
Sopro do delicado açúcar que soa e sara como seiva na sua nuca.

Vou fingir ressentimento, pirar e respirar o mais fundo possível...
Vem passando o caminhão do fumacê.
Faça como fiz: coloque seus espertos óculos espelhados
E vire um servo que serve de espelho aos cabelos despenteados dos amigos.

Lá vem ele de novo!
- enganou-se o bobo na casca do ovo.

Teve tal sujeito sem jeito para quase nada,
Mas que fez cabana na colina.
Colhia taioba e fazia um refogado supimpa.
Tal homem babava – bebia sidra e dormia cedo, sonhava muito e muito sorria...
Era gente boa, boa bica, de boa índole – dependente de sol e insulina.

Lá vai ele de novo!
- é mentira!

Entrevista de Zélia Duncan na íntegra aqui: http://canalbrasil.globo.com/programas/o-som-do-vinil/materias/veja-o-1o-episodio-da-nova-temporada-com-zelia-duncan.html

Copo de plástico

"A natureza sabe ser belíssima". Foi o que disse uma astronauta ao ver isto

"A astronauta italiana Samantha Cristoforetti publicou nesta terça-feira (19) um vídeo em timelapse com cena de aurora boreal vista da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Junto com o vídeo, a astronauta escreveu em seu perfil no Facebook: "Auroras: raios cósmicos, vento solar e nossa atmosfera... a natureza realmente sabe ser belíssima!""



Copo de plástico
(André Anlub - 13/1/15)

E vai o ar mais quente do verão,
Pelos espaços em brancos, pelas alamedas vazias,
Nas narinas dos santos e dos pecadores.

Vai um filete de água descendo o canto da calçada,
Leva um copo de plástico; talvez leve um vulto sagrado.
No velho casebre o homem esculpe uma cálida imagem,
Que logo, em breve – quem sabe, esboçará uma crença.

No campo azul lá em cima, há gritos de prosperidade...
No palco azul piscina, no alto, no voo e no espaço.

Ninguém mais chega ao ponto, na resposta da longa pergunta...
Numa desconexa permuta de línguas encafifadas rescendentes.

No lago verde, verdinho, com vitórias-régias, peixes gordos e belos...
Alarga a reflexão, vem junto em coroação, um pedinte pé de chinelo.

E vai o ar mais frio de inverno,
Alavancando sua marcha pelo horizonte mais gélido;
Dentro de um copo de plástico, 
Dentro da velha cachaça do pedinte pé de chinelo.

Madrugada de 19 de maio de 2015


O que você faz quando percebe que uma coisa leva a outra e você não tem nenhum controle sobre isso?Às 22h, assista ao...
Publicação by Canal Brasil.


Alguns fatos amargos para quem ama café puro e limonada suíça sem açúcar.
(Madrugada de 19 de maio de 2015)

Corriqueiramente se pega pensando na sua adolescência atípica; por que atípica? Apenas por quatro poréns:
O primeiro aspecto é justamente a própria adolescência que durou até os trinta anos de idade. Não que ele tenha brincado com brinquedos de criança, muito pelo contrário; a convivência, os interesses e os desenvolvimentos familiares, amorosos e nas amizades evoluíram naturalmente; até mesmo quando terminou a escola, trabalhou e fez uma especialização em computação gráfica. Sendo que no ínterim de tudo isso, até os trinta, não aceitava as responsabilidades de adulto perante as diversões e às drogas.
O segundo aspecto é que ele foi extremamente imaturo. Ao ponto de encarar cada minuto da vida, cada situação com extrema surpresa e insano deslumbramento. Tudo era fascinante e em quase todas as manhãs tinha a consciência de que acordava para algo novo, curioso e formidável. Era como mágica, assim como a imaturidade é.
O terceiro aspecto – com correlação ao primeiro e ao segundo – é o fato de mesmo havendo imaturidade ele sempre arrumava um modo de estar ligado aos conhecidos mais velhos. Seja na turma de rua, na família, no gosto musical ou nos esportes. Havia naturalmente algo nele que queria transcender ao tempo, ir mais rápido, mergulhar mais fundo antes mesmo de se molhar. Mas isso nunca foi empecilho algum para ele ser um jovem realizado e extremamente feliz; jamais.
O quarto ponto é mais complexo e leva às drogas. Havia nele uma curiosidade e uma alacridade tamanhas em estar fora do eixo, fora do normal – da normalidade – fora do padrão e à margem das situações impostas pela sociedade.
Ele descobriu o clorofórmio com doze anos. Ficou apaixonado por aquele transe, aquela sensação de aparentemente estar bem aos outros; um corpo de fachada, como se usasse uma máscara com sua cara mais normal possível, e por dentro estar em turbilhão absoluto, além de Via-Láctea. Certa vez chegou a usar clorofórmio na sala de aula, com o professor dando aula e trinta ou mais alunos à sua volta. Com as mãos dentro da mochila molhava o líquido no pano, enfiava a cabeça e sugava o cheiro, o gás, pela boca. Ninguém reparava em nada, as pessoas até falavam com ele normalmente, sem nada perceber. Passou quase uma aula inteira fazendo isso. O corpo dele ali, inerte, olhando para as explicações do professor como se fosse o mais atento dos alunos; e, ao mesmo tempo, inteiramente em outro planeta. Também aconteceu no recreio e até mesmo em casa, várias vezes, ao sentar-se para jantar com a família estando em completo voo.
(continuando nesse quarto aspecto) A coisa foi piorando (como era de se esperar) – ele então a cada dia se enturmava mais com os mais velhos. Eram encontros em casa e nos bares da vida. Procurou essa saída já que alguns da sua idade eram sóbrios, outros fumavam cigarro e maconha (nada do seu interesse) e poucos estavam alienados por algo mais forte. Esses que estavam no pique mais forte geralmente procuravam se esconder dos amigos e família, não tinha convívio de amizade plena e dependiam de bocas de fumo para conseguir o que queriam... Os mais velhos tinham acesso a outros tipos de drogas, como ácidos, coca, bola, anfetaminas e cogumelo... Coisas de maluco!
Isso acima daria para escrever um livro; e ele, como não perde tempo, já está providenciando isso.

André Anlub

Dueto da tarde (CLVIII)



Dueto da tarde (CLVIII)

A vontade de chegar regula os passos desde a partida.
Nos pés as feridas aumentam, o corpo é bigorna e a exaustão é lamento.
Respiração arfante, o peso da determinação determinando a velocidade. E as consequências. 
Nas mãos os calos calados na corda da calada escalada.
Os olhos fixos numa estrada que já foi enluarada, na calçada descalça e no anseio da liberdade alcançada.
Talvez chova. Talvez o sol rache. Talvez não ache o caminho. Talvez falte luz nos olhos. Mas vai adiante.
A vontade de chegar regula as asas desde o desfiladeiro passado.
Metro a metro, pedra por pedra, expectativa por expectativa. O que chega nunca é o imaginado, mas o que a experiência obteve não bota fora, os olhos comprovam, as mãos aprovam e os pés renovam juramentos: um, dois; um, dois; um, dois...
Há muito que andar e andar é muito. O fogo pode estar quase morto, mas a chama nunca morre.
O desejo escorre pelas mãos junto ao suor, e em sol maior se queima e canta uma canção que o silêncio escuta respeitoso e ajuda a criar clima. E este é o clima: 
O desejo da chegada regula os passos, mas há tempos não mais regula o homem.

Rogério Camargo e André Anlub
(19/5/15)

Malcolm X

Hoje o grande líder negro faria 90 anos se não tivesse sido executado em frente à esposa grávida e às filhas menores a mando dos racistas que temiam a emancipação do povo negro.

“Se você não cuidar, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo.” 

―Malcolm X






18 de maio de 2015

O Sertão vai virar Céu

Fato
Posted by Marcos Santos da Silva on Quarta, 15 de abril de 2015


O Sertão vai virar Céu
(André Anlub - 13/3/11)

Com os pés na terra ele se sente em casa,
Enxada na mão, sol como irmão.

Na fome, sede, cedo e na raça,
Dá bom dia pra cactos - filho do sertão.

Na luz do lampião lê histórias de Lampião.
No chão rachado, passado e presente na guerra.

Sabedoria lhe dizendo: sempre alcança quem espera.
Massa de gente pobre que nem sempre luta em vão.

Enquanto descansa pouco, pouco ganha pão.
Alguns calangos o observam - outros vão para o fogo.

Assim se vai levando, dia sim sem dia não...
Não se pode dar ao luxo de perder esse jogo.

Nessa vida em aberto, todos os dias são incertos,
No milho na cana, na cana ardente e rapadura.

Muitos pés descalços na chuva de insetos,

Tendo a garra, fé e solidão como armaduras.

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Posted by Camilla Uckers on Terça, 27 de janeiro de 2015

Madrugada de 18 de Maio de 2015



Nosso esforço de busca ao prefeito Geraldo Júlio resultou hoje no flagrante do que ele vinha aprontando desde que o...
Posted by Movimento#OcupeEstelita on Quarta, 13 de maio de 2015


Desafio é quando você se enturma consigo mesmo
(Madrugada de 18 de Maio de 2015)

“Eta mermão”! É brincadeira, é zoeira, dá medo das notícias na tevê, todas terríveis; tanto crime – morte – roubo. As luzes vermelhas piscam o tempo todo em todos os lados; há sombras assombrando os escombros nos ombros dos Diabos; há o medo de faltar dinheiro, medo do desapego, do desemprego, do pé no prego e de arrebentar o tendão; há o temor de não sentir mais dor, não guardar o segredo, quebrar o elo, o gelo e o dedo, carregar a sina ao descobrir no espelho que você é um psicopata homicida. Mas isso é tão normal... É loucura mesmo, ou o mundo está mais normal e eu que enlouqueci de vez? Pois até sei que de vez em quando dou uma de maluco para me sentir mais em casa. Mas vamos à história: Hoje pela manhã derrubei seis abacates do pé daqui de casa antes que caíssem na cabeça dos cachorros. Os coloquei em uma sacola de mercado, dessas sacolas comuns biodegradáveis, bem fracas mesmo; e mesmo sabendo que hoje não era dia do lixeiro, coloquei-a lá fora na minha lixeira que fica no alto para caso alguém passasse e se interessasse e levasse. O inusitado absoluto aconteceu... Levaram a sacola e deixaram os abacates. É ou não é uma singular loucura? 
Mudando de assunto e continuando no mesmo (loucura): a dica é discar direto, falar ao vivo e se comunicar muito sabendo sempre ouvir. Ontem vi sinais de fumaça, ao longe; de repente era alguma tribo antiga, um elo perdido ou achado, no meio do mato ou no terraço de um arranha-céu. Vá buscar nos anais das assombrações, dos cães chupando manga ou “mangando” do macaco Tião; vá realmente se inteirar sobre a obra e abrir o Abril que por lá é verão. Procure instabilidade nas suas inseguranças, segurando nas mãos das crianças e brincando de roda e pião. Loucas teorias: invista na potencia de sua poesia – invista no cantar e dançar sem melodia – leia versos nas ondas, nos lagos, no céu e no chão. É brincadeira, é zoeira... Pode ser que não.

André Anlub

Dueto da tarde (CLVII)



Dueto da tarde (CLVII)

Já não procura me entender desde que perdeu até o interesse em procurar.
E se procuro entender porque não procura me entender, é sozinho que faço isto.
Rasgo a farda, o tempo e o verbo, e costuro novamente ao inverso e embaralhado para ver que bicho dá.
É um salto no escuro com direito a cambalhota. Não sou acrobata, não gosto de circo e tenho cãibras. Mas insisto.
Adoro sonhar alto a possibilidade de estarmos juntos. Odeio sonhos baixos. Quero viver novamente nosso voo, lado a lado, caçoando dos abismos.
E o chão me chama. O chão me chama como um ímã atrai os pregos. Faço com eles uma cama de faquir se contrario o chão.
Cada dia ao amanhecer sinto carecer e merecer sua presença; cada dia ao se findar lamento e suplico que o amanhã não seja o mesmo.
Tomo a forma de meu inconformismo e te levo a imagem do desespero. Você está fazendo crochê e fazendo crochê continua.
Não há paisagem que te distraia; não há fetiche a ser feito; não há defeito nem vaias; o ar que te circunda é rarefeito.
E é deste ar que eu quero a força para minhas pipas, meus balões, minhas viagens ao redor do mundo.
Agora eu não procuro me entender, entender você ou entender ninguém. Vou me entreter existindo trasvestido de céu e assistindo abaixo, ao chão, as formigas humanas andando.
Repito: agora. Porque daqui a pouco não sei. Daqui a pouco pode ser que você largue o crochê.

Rogério Camargo e André Anlub
(18/5/15)

17 de maio de 2015

Ótima tarde de domingo a todos.


Preconceito pela prostituição é um dos mais hipócritas existentes. A pessoa se casa com outra por dinheiro, tem filho – cria da melhor maneira possível –, o filho cresce em um lar religioso (ou não) e o casamento dura a vida toda. Esse filho, por sua vez, pode vir a demonstrar tal preconceito – às vezes pelo subconsciente, outras por ignorância ou até mesmo ingenuidade, – mas nada nesse todo, em absoluto, apagará o fato que a pessoa que o criou se prostituiu em um passado remoto. 

Não devemos esconder dos nossos filhos o que julgamos certo e errado (a nosso ver). Só devemos mostrar-lhes de maneira honesta, tolerante, clara e justa. Sem preconceitos, ódios e sem rancor e prepotência.

Em tempo, existe a prostituição velada e a exposta. Mas nos dois casos a prostituição está lá.

André Anlub


"É maravilhoso ter algo pelo que lutar, ter um horizonte"Às 16h30, no Sangue Latino, @Marcia Scantlebury , vítima da...
Posted by Canal Brasil on Domingo, 17 de maio de 2015

Dueto da tarde (CLVI)

"O mito Kelly Slater, o fenômeno John John Florence e o ex-top Ross Williams aproveitaram o dia de ontem sem competição para um free surf em Copacabana. O mar estava com ondas pesadas e difíceis até mesmo para eles, mas mesmo assim mandaram bem!"

John John Florence x Kelly Slater em Copacabana P5Bem-vindos ao confronto entre o Homem e o Garoto!O mito Kelly Slater, o fenômeno John John Florence e o ex-top Ross Williams aproveitaram o dia de ontem sem competição para um free surf em Copacabana. O mar estava com ondas pesadas e difíceis até mesmo para eles, mas mesmo assim mandaram bem!Confira o ~duelo~ no vídeo :D #vemprapraia #riopro #wsl
Posted by Canal OFF on Quinta, 14 de maio de 2015


Dueto da tarde (CLVI)

Quero fazer um poema para ter um poema depois, quando pouca coisa tiver.
Dentro do talvez e do até, achar matéria-prima para uma rima muita ou qualquer.
Como quem sai da sombra e agarra docemente todo o sol que puder.
Baú e as gavetas abertas, papéis revirados em mil verves incertas.
Sutilmente seguindo um rastro de estrela, uma réstia de lua, um perfume de mulher.
Olhos em preto e branco – que se foram; alternativas multicoloridas – agora abertas
Como os braços do céu esperando o cometa que lhe convier,
Como a vida servindo em colher uma sopa de infindas descobertas.
Quero fazer um poema que seja a sopa, que seja a descoberta e que seja a colher.
A mente descansa correta, pois a criação oculta se faz inteiramente concreta.
É como a alma da alma passeando livre e desimpedida por onde quer.
A flecha em chamas indo a esmo pela chuva, entre curvas de rios e ruas no alvo acerta. 
E enquanto queima o que se deixa queimar com resignação, abre os olhos para não ver
E enquanto não teima em não querer ser o que é, faz nascer e renascer sua poesia e o seu poeta. 

Rogério Camargo e André Anlub
(17/5/15)

16 de maio de 2015

Madrugada de 15 de maio de 2015



Inteiramente a favor de sempre persistir neutro... Até mudar de posição. 
(Madrugada de 15 de maio de 2015)

Acho que a era das raspadinhas passou. Ontem fui tentar a sorte e não achei nenhuma à venda. Não, não é trocadilho... Foi real. Cheguei à lotérica e não havia uma raspadinha sequer colada no vidro do caixa ou pendurada na banca de jornal logo em frente. Simplesmente sumiram! – Mas vamos ao que interessa, ou nem tanto... Hoje no trivial banheiro matutino fiquei pensando em quantas estradas escolhemos ao longo de nossas vidas; quantos caminhos dentro dos caminhos, quantos atalhos, ruas desertas, muros altos e baixos tivemos que pular... E os posicionamentos? Alguns rápidos em escolhas difíceis, alguns difíceis em longas escolhas, os lugares que dividimos e amizades que escolhemos ou que escolhem a gente. Algumas escolhas que adotamos nas nossas andadas nessa roda gigante alucinante chamada vida (na verdade está mais para montanha russa) têm implicações eternas, cicatrizes agudas que nos lembram todos os dias de tais fatos (lembro-me que já escrevi um poema sobre isso) – (esse papo de roda gigante lembrou-me do Tivoli Park que eu ia quando guri). Só você conhece tão bem suas estradas passadas, seus prantos feliz e triste, seus gigantes e anões abatidos, seus problemas sem solução e os solucionados, seus sonhos mais íntimos e pesadelos bizarros, gostos e desgostos, agradecimentos e revoltas. Só você conhece essas coisas tão bem. Mas mesmo assim poucas pessoas realmente se conhecem. Andamos em círculos quando não aceitamos aquele arrepio na nuca, aquele medo de tal passo, aquela ausência da zona de conforto. Para cada temor que haja comedimento; para cada angustia que haja paixão. Havia anteontem um belíssimo desenho em um muro que seguia e acabava ao longo do meu quarteirão, até a minha esquina. Ontem me deparei com tudo cinza, pois pintaram por cima – não entraram no clima. Hoje irão demolir o tal muro para construir uma enorme oficina. É o fim da linha; é o rabo abanando o cachorro. É quase um truque do destino, uma peça pregada pelo tempo que tem pressa em cima do fadário etário do velhinho de outra era. Já era! A criação faz de tudo para estar absoluto para o criador; no dia seguinte tudo é hoje e o amanhã é amanhã, mas o ontem sempre será passado. Duas vezes as estradas se cruzaram, uma no inicio e outra no fim; por duas vezes a vi desvairada, antes do início e antes do fim. É loucura, mas nunca foi dito o inverso; é sonho, mas nunca se acorda para saber. Dou uma dentada no meu sanduiche no pão doze grãos com alface, rúcula, manjericão, camarões médios fritos, queijo ricota e um pouco de açafrão. Açafrão é extraído dos estigmas das flores, do sexo delas; tem gosto aprazível e é um excelente tempero... A meu ver. Pão de maluco às uma e meia da manhã. Vou pintar meu corpo para a guerra, levar minha melhor espada e preparar meu grito. Preparo também o palpite e aposto todas as minhas fichas no inimigo... Perdendo ou ganhando eu ganho. É estranho? – realmente é! Já ouvi falar em alma que fica vagando sem poder pertencer a lugar algum. Ficam presas na lama do limbo, sem esperança e destino... Apenas ficam. Amanhã vou atrás das raspadinhas lá pelas bancas do centro. Quem sabe por lá tenho sorte.

André Anlub

Enxugando os Prantos (parte II)

so close to death
Posted by Mavi Kocaeli on Sexta, 15 de maio de 2015


Enxugando os Prantos (parte II) 
(André Anlub - 18/9/14)

Os homens levaram a melhor, restauraram sem piedade os próprios corações... as nuvens, no gritante azul piscina do céu, ficaram devidamente alinhadas.
Aqui, ali, todos esqueceram que previram a tempestade que jamais se formou; vestes novas, bebidas aos litros e litros, frutas raras e frescas abocanhadas... e nas madrugadas uma surreal lua fluorescente. Como plano de fundo: casais e seus calorosos corpos colados, sorrisos aos montes e seus extensos beijos; no plano mais à frente: crianças corriam felizes, brincavam com brinquedos de madeira e não se fantasiavam de adultos... e não aconteceu o absurdo das águas se tornarem doces e estragarem os dentes. Aqui, ali, a mais completada ordem; muros e rostos pintados com coloridos belos, sem o grafite nervoso da política e o esboço de um papel impiedoso. Em breve os cárceres seriam demolidos, pois jamais tiveram serventia...
Museus de coisas que não existiram... expostos à revelia. A luta por tudo e a luta por nada, nessa mesma madrugada de lua brilhante. Enfim, todos na espera da alvorada, ainda mais o amor... o sol nascerá irradiador, e de fato de um parto; o cordão umbilical nos dará a chance de alcança-lo de fato... tudo no imaginário – possível – no imaginário. 

Dueto da tarde (CLV)



Dueto da tarde (CLV)

Embarco neste amor que me toca em absoluto, desnudo e sincero, que só de ti poderia vir.
Sou navegante atento desatento: cuido os recifes e corais, mas durmo embalado pelas ondas.
Vejo o sol poente, morrendo e renascendo para morrer novamente entre duas montanhas secas pela falta de chuvas; lembro-me dos ensinamentos de Sidarta.
Preciso reler “Sidharta”. E “Demian”. E “Viagem ao Oriente”. E jogar no oceano meu jogo das contas de vidro.
Toco meus dedos nesta água abençoada e sinto-te em equilíbrio; a terra treme e como nos escritos: os desejos e tentações dos demônios de Mara evadem-se.
A tua palavra me fala da minha palavra e do que deixei lá dentro, naquele baú que um dia me mostraste.
Com a mente em paz, desperta para a paz, e cercado por flores de Lotus, mares e estrelas brilhantes, o universo conjura a mim; não há nada mais para buscar ou consertar.
Resta o afogamento: no mar do teu amor, no amor do teu mar: há mares que vêm para o bem...
Minha jornada continua banhada no ascetismo. Reafirmo todo este amor liberto na alma e deixo-te voar livre para onde bem queiras.
Asceta, esteta, atleta: completa presença da abstração, total concretude da essência.
Velas se acendem e ascendem aos olhos, aos ventos e a terra. Maré mansa no meu Ganges salgado – não há drama, o Darma não dorme e é tão comum e intenso aos navegantes leais.
Deposito minhas certezas ao pé de tua paciência e tu as recebes com o mesmo olhar que me acende e mantém a chama desde sempre.
Beijamos os mares, abraçamos as terras e veneramos os céus sem coações, ambições e cárceres – “da lama nasce a Flor de Lótus”.
Talvez sejam apenas minudências. Se forem, culminares em mais paciência para comigo não será surpresa. Nem que a Flor de Lótus viceje no meio do oceano.

Rogério Camargo e André Anlub
(16/5/15)

Cárcere da Criação

Mauro Senise é um dos maiores expoentes da música instrumental brasileira.Às 18h, confira seu novo projeto "Danças",...
Publicação by Canal Brasil.


Cárcere da Criação         
(André Anlub - 10/1/10)

Na imaginação madura que explode em uma linha, 
Que mesmo velha renasce todos os dias;
Na solidão insegura, que mesmo a perigo
Se fortalece com ela:
Os “zás” das canetas quentes são os “ás” nas mangas frias.
O poeta perpetuado nas idéias e criações
Faz de impurezas e mazelas em seu nobre ganha pão.

Na mais absoluta certeza do amor que sente na escrita,
Faz dos sons recitados, iluminadas orações;
Absorve do mundo, do dia a dia, histórias e magias
Juntando a verdade
Com o medo da mentira premeditada;
Se sente o moribundo mais vivo,
Espelho do íntimo de todos.

Voando em um mundo próprio,
Se perde e se cobra no nada.

Mundo surreal de ouros e de sobras!
Fita um objetivo: agradar sem ser o óbvio!
Por muitas vezes consegue, e vai além, se desdobra.
Sendo valorizado, alimenta seu ego persistente,
Ovacionado por vezes preso a criação;
Se sente em cárcere, viciado e doente...
Mas no final é o medo, apego, inspiração.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.