25 de maio de 2015

Armageddon II


Armageddon II

Caçadores de cobiças e amores perdidos
Senhores dos seus projetos de ações duvidosas
Jardineiro na ufania das flores de cera de ouvido
Decifram a nostalgia de ocorrências rigorosas.

Lenhadores brutamontes com os seus machados cegos
Filhos de escravas negras com índios
São brancos com seus olhos claros de guerra
Sem ego, mas com a ganância de buscar o infinito.

Se a chuva de meteoros chegar em má hora
E quatro cavaleiros lhe derem guarida
Com parcimônia de quem cultiva uma passiflora
Empunha a espada, dá meia volta e procura saída.

Vivendo em um singelo passado do agora
Azul que faz fronteira com um feio absurdo
Os vieses que ecoam aos ouvidos de muitos
Aquecem como o nome de Nossa Senhora.

-André Anlub

Dueto da tarde (CLXIII)



Dueto da tarde (CLXIII)

Deu a volta ao mundo, olhou bem pelas frestas, lacunas, arestas, entrelinhas, montanhas e esquinas e não achou.
Deu a volta ao infinito – assim parecia – e quando olhou bem estava no mesmo lugar.
Deu-se então a escrever em pergaminhos todos os seus sonhos vividos e suas lembranças presumidas.
Escrevia, queimava seus escritos, jogava as cinzas no ribeiro aos fundos de casa e deitava para sonhar os resultados.
Ao sonhar com resultados – as consequências – dava-se então novamente a criação – a causa – e outra volta ao mundo.
Viciado no círculo vicioso, era um hamster em sua roda, testando os limites da sua resistência. 
Diz-se então sã, e todos são... Assim sãos os pensamentos como o cão correndo atrás do rabo e o lago que todo ano congela... Parecem recorrentes, e são.
Recorre, corre, concorre e o tempo transcorre em seu desfavor: já são onze horas, não jantou ainda, não entendeu nada ainda.
O mundo veio à sua porta cobrar à forra. Quer dar uma volta a sua volta, quer vê-la torta e tonta, girando até sabe-se lá quando.
Deu espaço para o mundo, agora o mundo toma-lhe o espaço e nem ao menos ri da piada. Dá uma espiada ao seu redor e só vê muito espaço no espaço eterno da Via-Láctea e seus adjacências.
Já são onze e meia. Não jantou ainda. Coloca uma porção de mundo em seu prato, outra porção mundo em seu copo, ajeita a almofada mundana em sua cadeira e senta.
Fecha os olhos e no escuro dá algumas voltas. Junta as cinzas de seus escritos, separa lembranças e sonhos e depois os mistura no infinito. Tudo são fulgente e ambíguo – enfermidade e saúde – mundo e sorriso.
Faz desenhos estranhos com o dedo na poeira em cima da mesa. Fica olhando para eles longamente. Já é meia-noite. Vai dormir sem jantar.

Rogério Camargo e André Anlub
(25/5/15)

Dueto da tarde (CLXII)



Dueto da tarde (CLXII)

A faca penetra gelada no coração e exige ser bem recebida.
De imediato a dor se espalha, percorre todo o corpo e estaciona no cérebro.
Cérbero à porta, rugindo inutilmente com as três bocarras: Isso é injusto!
As sensações explodem enquanto a lâmina malandra, cega, carcomida pela ferrugem vai se fragmentando.
Dissolve-se a faca gelada no coração, dilui-se no sangue, passa a circular com ele. O corpo estranha mas precisa continuar vivendo.
Agora o corpo mais quente, há brilho nos olhos, suores na mão e os sintomas que beiram uma contaminação.
“O que é que você tem?” “Uma faca velha correndo nas veias”. “Não acredito!” “Eu quase também não”.
A alergia piora, a dor torna-se quase intolerável, o coração apressa e a pele comprime... Tudo isso quando ela está por perto.
Quando ela está dentro, é pior ainda. E quando ela penetra gelada exigindo ser bem recebida, parece que o sentido de honra do mundo foi para o esgoto.
Pode haver o revide – deve haver o retorno. Uma espada dos Templários da época das Cruzadas, gélida e antiga – porém nova – indo em direção ao coração de quem atacou primeiro.
Revide revive: não resolve uma espada enterrada lá se continua uma espada enterrada aqui.
A saída é a trégua dos dois lados; nada mais de espadas e facas, dores ou prazeres. A saída é abdicar-se do campo de batalha e escolher o distanciamento.
E enquanto a saída comemora seu neón piscante a dizer “sou eu, sou eu!”, a faca acomoda-se e protesta se a extirpam. 
A sangria ocorre – mesmo que imaginária – a cor rubra invade os passos – o olhar; os sonhos começam a pipocar pelo espaço e as lâminas de aço param de incomodar.
Na gaveta, no faqueiro, nos armários, nos mostruários, nas paredes, até podem exalar inocência, mas na metáfora do amor caem em mãos certas/erradas e abrem dois talhos na carne: cumplicidade ou rancor.

Rogério Camargo e André Anlub
(24/5/15)

A Perda da Fé

Teístas e Ateístas... 3,2,1 para começar o bla bla bla
Posted by Oscar Filho on Quarta, 6 de agosto de 2014


A Perda da Fé                 
(André Anlub - 21/1/11)

A visão mais turva, suja,
Deixa que eu mesmo piso na uva.
Sei que irá curar o desalento,
Muito mais fácil deixar cair dos olhos uma chuva.
Cansei de levantar para o céu as mãos,
Engasgo com o medo, ébrio e hipocondria.
Supre a dor com o Comprimento de um comprimido* comprido...
Levanta e não cai de joelhos ao chão.
Dizem que um Deus te ama!
O resto do mundo não.
Todos os elos dessa corrente,
Foram tomados pela ferrugem.
Águas só me molham, aos outros ungem,
Palavras incertas e ditos incoerentes.
Com os nossos cabelos ao vento
Que acabam levando a vida,
Uma partida fez-se momento,
Para um lugar bom será sempre bem-vinda.
Como sabemos dos nossos erros
E como fingimos indiferença.
Como negamos todos os zelos
E como sofremos com nossas crenças.
Dedão nas orelhas,
Mãos espalmadas
E línguas a mostra...
Armado o circo, chamamos os santos.
Com olhos cegos soltem seus prantos...
Eu perdi a fé, quero uma forra.

24 de maio de 2015

O sábio e o tolo

Meditação contra o estresse: prática é benéfica em situações-limite


"Ao contrário do que muitos pensam, para meditar não é preciso seguir uma religião ou filosofia de vida. A técnica, cada vez mais empregada na medicina, é utilizada para obter um relaxamento profundo e promove inúmeros benefícios ao corpo, como diminuição do estresse, melhora do sono e pode até curar uma depressão. E o melhor: pode ser praticada, inclusive, durante a aula ou o trabalho.
Há cerca de 20 anos, a médica e professora de saúde pública Lúcia Ramos resolveu praticar a meditação para sair de um crise emocional. Desde então, passou a estudar a técnica e, há um ano, decidiu ensiná-la a seus alunos universitários, que passam diariamente por situações desgastantes e exaustivas. Durante as aulas, ela tira cinco minutos para meditar com os estudantes, ensinando técnicas de respiração e formas de driblar o fluxo do pensamento.
— Os estudantes de medicina estão diariamente expostos a situações estressantes, que exigem bastante, além de o curso ser em horário integral. Por isso, apesar de a meditação não fazer parte do currículo, eu aplico a técnica durante cinco ou dez minutos em aula.
A aluna Thaís Lopes, de 21 anos, conta que, desde que aprendeu, medita sempre antes de momentos de tensão e de dormir. E já percebeu resultados:
— A meditação ajuda a me acalmar, tanto física quanto mentalmente. Durante a técnica, fico repetindo mentalmente uma palavra que tem bastante significado para mim, é maravilhoso.
Ginecologista, professor e autor do livro “Medicina e meditação”, Roberto Cardoso explica que a meditação é capaz de causar uma alteração na química do cérebro, promovendo o aumento da produção de endorfina e diminuição de cortisol. Essa mudança na neuroquímica do cérebro tem uma função reguladora sobre o corpo e a mente, promovendo relaxamento e bem-estar. Cardoso dá palestras e oficinas também para médicos."

O sábio e o tolo

O mais sábio homem também erra. Erra ao tentar ensinar quem nunca quis aprender. Os tolos morrem cedo, senão por fora morrem por dentro. Ou ambos.
O mais sábio homem também ama. E nesse amar, mergulha... E se entrega, confia e muitas vezes erra. Os tolos desconfiam, nunca arriscam, nunca amam, por isso acabam não vivendo... Morrem por dentro e por fora, acabam errando sem jamais terem sido sábios. Ser quase sábio. Dos três métodos para ter sabedoria, como Confúcio dizia: o primeiro é por reflexão – é o mais nobre... Esse para mim não existia. O segundo é por imitação – é bem mais fácil, mas digo não! O terceiro é o meu jeito, é também o meu fardo; é por experiência, e com certeza o mais amargo. Sabedoria não nasce em árvore. E eu com meus poemas, papéis, papiros e rabiscos, bloquinhos, lápis, problemas... Tudo isso esquecido na imaginação de uma cena: um fogão a lenha queimava, era uma bela manhã, o café já pronto na mesa, o trem passava apressado, cheiro de chá de hortelã. Um dia começa bem cedo, a pressa de uma nova jornada. A cada renovar de uma vida portas se abrem, saídas... Espantam a depressão, curam recentes feridas; libertam almas caídas e estendem a palma da mão. Nela existe a resposta, o amor de um coração é o sim e o não da questão.

André Anlub

Mais e mais sobre o amor:

Louis Johnson was one of the funkiest bass players ever and was one of the grandfathers of slap bass playing! Check him out inthis demo from 1985.
Posted by Majic 102.1 on Sexta, 22 de maio de 2015


O amor é intrínseco no ser mais brioso,
Meticuloso com a mais esplendida jornada,
Eleva as nuvens, voando baixo, o ser vistoso... Sempre o amparo da sensação resignada.
Em paz abro um gigantesco sorriso
E nada indeciso, festejo; 
Meu desejo não é conciso,
E no benfazejo busco o breve beijo.

O amor é tudo, com as devidas exceções.

O fez de servo esse amor coibido,
A mercê do seu regalo,
Diluiu-se em seu cerne,
Atravessou o fino gargalo...
Qualquer antes desafeto,
Agora é reto, sombra e estalo.

André Anlub

Nano ponderação

Foo Fighters perform "Everlong" accompanied by highlights spanning 33 years of Dave's late-night career on the final episode of The Late Show with David Letterman.



Nano ponderação

Sou o que almejei,
Nas artes que exponho,
Nos caminhos que percorro,
Com o anseio obtido,
E a humildade sem agouro.

Nos textos, cor e poesia,
Priorizo a primazia,
Sem aprazas e exigências,
Sem demências e folias...

Criando com o amor,
Real matéria prima - prazer, lida e ida.
Nos entraves de minha vida.


André Anlub

Madrugada de 24 de maio de 2015



Resolveu decorar o mundo de dentro e tornou-se bem mais feliz
(Madrugada de 24 de maio de 2015)

O menino sério encara com o olhar severo a mãe que pega o chinelo mas nada faz. A mãe olha com olhar calmo o marido calvo e que também é alvo das fofocas locais: ele a trai com a vizinha, também com a filha do dono da mercearia e mais umas três ou quatro mais. O homem com olhar veemente e demente olha a mãe, olha o filho e fechando a porta de repente, sem despedida e sem pranto. Ouve-se um canto onipresente de corações indiferentes. Há um leque muito grande de opções para um só corpo frágil. Nada o faz mais indolente, pois tudo é prático e tudo praticamente aceito pelo patego que não consegue chegar ao arremate; lutar com bravura, encarar os monstros e o fogo. É xeque-mate para a mente fraca e sem vitória; é a faca do atirador maluco que sempre passava rente a cabeça da modelo zonza e giratória; mas hoje acerta. Só ve o que é justo pelo olho mágico da porta: o corredor cinza vazio, a lixeira azul marinho descascada e a escada assombrada. Os portões com trancas fortes de aço e aquele cadeado idiota que não segura nem vento, pois nem o vento fresco vem ventar, vem deixar refresco, nem o vento veio fazer companhia... Mas o monstro estava dentro de casa. Assim deixa maior ainda a sensação de desprezo de um sozinho na vida. Não Desafiou a tristeza, livrou e deu asas à destreza e descabelou a beleza... Agora, anos mais tarde com a visão que voa, quer abraçar a garoa gelada dando um sorriso quente – mas à toa. Agora é tarde meu compadre; agora não só o circo pegou fogo como já foi restaurado. Agora o malabarista não usa mais bolas, joga dinheiro ao alto; o trapezista atravessa o céu de Pasárgada; o palhaço faz rir até quando dorme e o mágico tirou o amor da cartola. O menino sério acendeu e tornou-se poeta; o menino, agora homem, vive sua existência de sonhos e realidades fora do poço fundo de piche e breu. Agora nem risadas nem choros, nem indiferença tampouco diferença, nem uma reza de crença, nem a ciência de ateu ao homem que pelo caminho se perdeu. Agora olha com olhar sereno, risonho e ameno a mãe que ainda nada aprendeu.

André Anlub

23 de maio de 2015

A vela acesa e a chama apagada

Mike Stewart bodysurfing Point Panics Spring 2015MSVipers in action at PanicsClip by Chris Kinkade
Posted by MSViper on Sábado, 23 de maio de 2015


A vela acesa e a chama apagada
Madrugada de 22 de maio de 2015

Noite sabotadora. Bocas falantes que nada dizem atrás de um vidro falso que em breve o apagarei. Espadas reluzentes e sombras de guerreiros antigos duelam ao não sei o que, briga por não sei quem. Deve a tal da esperança. Abomináveis os serem que caçoam da simplicidade dos outros, dando-lhes alcunhas fúteis e pejorativas, com pitadas de um deboche piegas de quinta para uma noite escura e fria de quinta. Talvez eu seja herdeiro do dom de poetar; muitos já disseram isso. Mas esse não é problema; o problema é eu não me importar com títulos. Ainda engatinhando, confesso, mas já aprendi o mais importante nesse caminho: humildade. Não somos melhores que ninguém e não pretendemos ser; se caso fossemos não assumiríamos tampouco abraçaríamos a arrogância que nos tenta. Palavras voam e somem; homens ficam (ou nem sempre); amigos ficam (ou nem sempre); parceiros ficam (ou nem sempre)... mas o caso é que as palavras sempre se vão... E o que pode valer mais do que quem está ao seu lado como fiel escudeiro, como amigo verdadeiro, quem é dos males o coveiro e o leitor fiel e assíduo de seus rabiscos? Nem mais uma palavra.
Segure minha mão e sinta minha pulsação, fortíssima. Ao seu lado suo, tremo, sinto-me como quem vai adoecer, sinto medo e coragem, paradoxo em combate dentro do meu Eu. Quero sua ajuda, seu cafuné – seu café – tudo seu. Deite-se comigo esta noite, me esquente e me aguente o tempo que for. Farei o mesmo a você. Hoje e sempre. Nosso leito está arrumado com lençóis de seda pura, travesseiros de penas de ganso e uma pequena luz fraca na cabeceira. Tudo mentira! Bem, a luz não... Cobertas de pelos de leopardo esquentam muito. A lareira está acessa e caso queira aumento o fogo (sem trocadilhos). As velas estão acessas e chamas balançam tortas com o vento frio que entra pela fresta da porta. Minha cabeça entorta e meus olhos saltam assustados com a imagem que vejo. O imaculado.
Onde está você? Não o corpo de carne e osso, mas sim a sua alma que com a minha fervilhava ao som do silêncio.

André Anlub

Época ótima

Quando a bola caia de baixo do carro kkkkkk NO futebol de rua kkkkkkkkkkkk
Posted by Tô Rindo Pra Não Chorar on Sexta, 22 de maio de 2015


O que mais a infância deixou-me de saudade
Foi a maneira inventiva de lidar com a vida;
Quando acabava o prazer de comer iogurte
Começava o deleite de falar ao “telefone”.

André Anlub é nascido em Belém do Pará em 1971. Com menos de 1 ano de idade viajou em um Fusca 69 com sua mãe, sua avó e seu avô para o Rio de Janeiro, onde se criou nas praias, subindo em árvores, escalando montanhas e jogando muita bola. Cresceu na praça Edmundo Bittencourt (Bairro Peixoto), fez inúmeras amizades sólidas, teve contato com diversos artistas, shapers de pranchas de surf e artes de rua... Descobriu o mundo! Considera-se um "rabisqueiro" do mundo, um homem que voa, “poète maudit” e eterno aprendiz.

Dueto da tarde (CLXI)



Dueto da tarde (CLXI)

Há voos nas coisas boas que duram pouco, e há o pouso nas ruins que duram muito.
Asas abertas podem ser apenas a súplica de um céu que fugiu.
Visão rasa para o que pode acabar bem, e olhos de Lince para o adverso do mundo.
Há pássaros que preferem caminhar. E outros que não mereceriam ser pássaros. Enquanto isso os ares esperam.
Homens caminham em círculos buscando respostas para perguntas mesquinhas enquanto outros acham respostas para futuras questões.
Primeiro as respostas, depois as questões. Responder ou não responder, eis a questão. Nenhum príncipe shakespeareano responde.
O sinal ficou verde e o tempo está bom; os braços abertos aos abraços e a candura e ternura dão as mãos.
Há voos para além do sinal aberto. Para aquém do sinal aberto, há ânsias.
Asas fechadas podem indicar descanso de quem muito as usa.
Olhos fechados podem indicar o sonho do voo, o voo no sonho, estar ali e não estar.
Agora homens caminham em linhas retas, com água, alimento, disposição; homens caminham em estradas asfaltadas, sozinhos ou não. Mas seria esta a direção correta?
O que sabe a direção correta da direção correta? Ter certeza é não ter certeza. Ninguém vai sabendo para o que não sabe.
De um lado as perguntas mesquinhas, do outro as respostas para o futuro hipotético; de um lado o esperto e sua vidinha, do outro o ignorante tentando olhar por debaixo da saia dos anjos.
Mais do mesmo é sempre mais do mesmo. Se há pássaros que não voam, o chão aceita. O chão é feito de aceitar.
O chão, o voo e o céu não são falhos e sabem esperar. O céu entende que por mais alto que se voe no fim ninguém pode alcançá-lo.
O infinito não cabe na palma da mão. Na palma da mão há um infinito de angústias. Mas o sinal ficou verde...

Rogério Camargo e André Anlub
(23/5/15) 

Escrevinhador de inteira tigela



Escrevinhador de inteira tigela
(André Anlub - 18/4/13)

Não me observo mais em ingênuos instantes
Só quando as toalhas molhadas estão em cima da cama;
Onde está o meu sonho de morar numa praia distante?
- Perdeu-se ao preocupar-me com uns pedaços de panos.
Quero parar de procurar meus escritos perdidos
E meus livros rasurados que foram jogados à toa.
Deixei a paleta sem tinta e o meu colorir sem aquarela,
Deixei vazia a panela; não, não fui pescar na lagoa.
Disfarço e não vejo meus textos sem nexo,
Nem os sonetos sem rima de um sentimentalismo perplexo.
O meu ser já perdeu a transparência intacta,
Sendo um homem de lata sem coração nem reflexo.
Enfim, quiçá eu seja insano escrevinhador,
Que às vezes conduz a dor, deixando o amor conservado.
Mas naquilo com esmero é um deslumbrado sincero,
Que tem quentura e frieza no escrever que me presto.

22 de maio de 2015

Seda pura na pele

Dia do Abraço


Seda pura na pele

O corpo foi na onda, forte e firme em direção ao sossego;
O medo caminhava longe, descalço e bêbado.
O abraço (prévia do beijo) fez-se ao relento:
Onde mais poderia ser?

O trabalho, mais que merecido, aparecido, beirava um milagre;
Amizades afiadas, a moeda separada para o possível troco do pão.
Suadas mãos... na toada do tempo que diz ainda haver o intento,
Nesse movimento e em todos, para toda criação.

Tintas aquecidas: fervem, borbulham, tremulam, brilham...
Tantas esquecidas, agora ressuscitam.
Por trás dos pesadelos estão as musas
Com seus corpos tatuados de desejo e despudor.

São cordeiras com seus contornos que deslumbram,
Preparando os retratos dos fetiches do sonhador.
E posam quase nuas, apenas a peça de seda pura de paixão.

- André Anlub

Pepe Mujica completa 80 anos hoje.


Prefácio do meu livro Fulano da Silva:

"André Anlub é autor de poesias contemporâneas que abordam assuntos variados. Suas mensagens sobre fatos do cotidiano
são muito interessantes do ponto de vista sociopolítico, principalmente porque Anlub possui a visão singular de um verdadeiro 
artista. É um homem do povo, que por onde passa conquista pessoas com seu jeito espontâneo e simples de encarar a vida,
um verdadeiro bon vivant. Membro da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba Grande - RJ, André possui uma escrita direta 
e acessível para todas pessoas. Suas frases estão presentes em vários livros como Poeteideser, de autoria própria, além de
Café com Verso I e II, Bar do Escritor, Controversos, Antologia I, Antologia versos de Outono e Antologia Versos de Verão, 
nos quais ele faz sua parceria com outros grandes nomes da literatura. 
Na adolescência este autor começara escrevendo jornais de bairro de autoria própria, o mais famoso Banche e que se tornou febre entre 
os leitores do Bairro Peixoto-Copacabana (RJ), onde ele fixou residência por mais de 20 anos de sua vida. Aos 30 anos mudou-se para a 
serra fluminense onde descobriu seu talento para a poesia e conquistou o Brasil através do seu blog Poeteideser. Há cinco anos reside na cidade do Crato-CE escrevendo livros fantásticos e compartilhando a vida com sua mulher e cães, e ha pouco recebeu a honra de ter um poema recitado num dos aclamados festivais de Genebra.
Pessoa incrível, tenho muito orgulho de ser irmão deste mestre das artes, pintor de grande talento, desenhista, escultor e agora se mostra um perfeito poeta. Recomendo a leitura de suas obras, principalmente aquelas carregadas de opinião política e críticas
a governos ausentes, pois são muito estimulantes e proporcionam uma agradável experiência literária. 
Boa leitura."

Felipe Freitas
Irmão, músico e professor.

Anjo sedento

É de arrepiar! Sério!
Posted by Brasil Post on Sexta, 22 de maio de 2015


Anjo sedento      
(André Anlub - 15/04/13)

Sedento cupido chegou, e nas costas carrega mágicas Flechas de ardor: - arco de osso de brontossauro, corda de tripa de Triceraptor, flechas feitas de costelas de homens que Semeavam amor.

São lançadas aos desígnios,
Voam ultrapassando cometas, 
Seguem as luzes das estrelas
E aos corações as carícias;

Fartas águas brotam límpidas em nascentes de rios;
Abriga, na paixão periga amparo, advindo da alquimia,
Já para – alvejado o amor.

Saciado, o cupido se engasga nas gargalhadas;
Deleita-se na verdade da entrega alheia... e em seguida lamenta (aos prantos) devora-se, grita, ajuíza e tonteia.

Inflama seu próximo armamento, derrama seu secreto tormento; de punho bem cerrado,
O arco e a flecha tomados na mão... 
Aponta para o próprio peito.

Dueto da tarde (CLX)



Dueto da tarde (CLX)

Muito lentamente, como convém ao esquecimento, as coisas foram se acomodando.
Um abraço, uma conversa e um afago – esvaeciam a cada manhã acordada.
Éramos muitos e deveríamos ser nenhum naquela lembrança ruim.
Em algum lugar o Querubim canta forte a última estrofe da música que nunca quis ter fim.
Então o coração trabalha para trabalhar menos, esforça-se para se esforçar menos. 
Abre-se em duas mil pequenas estradas para assim correr melhor o fluxo dos sentimentos.
Muito lentamente, como se a velocidade não existisse, a seiva do não estar mais ocupa os espaços deixados pelo que sempre esteve.
A grama cresce aos poucos e árvores dão seus frutos. É como a água do rio que segue em direção ao mar, e evapora e torna-se chuva e torna-se rio e novamente segue indo, indo, indo...
Talvez deságue no mar da Liberdade. Talvez faça foz no oceano do Alívio. Por enquanto é isto. Amanhã é amanhã.
Na mão a nostalgia já se faz papel, enquanto na mente está soldada como soldado na guarita blindada do seu quartel.
Vigilância tensa. Também ela precisa passar com as águas, precisa lavar-se das mágoas, precisa passar a régua.
Não é filtrar o que se pensa, é pensar no que se filtra; pois coisa nenhuma vale a pena se a balança pesar plena a um lado ou outro.
Muito lentamente também o peso das coisas pesadas pensadas tem lugar na canoa. E no boa tarde que o sol da tarde morrendo deseja a todos.
E muito, muito lentamente, como convém às lembranças, algumas coisas se vão da memória, enquanto outras tatuam-se no inesquecível.

Rogério Camargo e André Anlub
(22/5/15) 

Boca que se cala – pedaço da história que se vai – fica a saudade


Boca que se cala – pedaço da história que se vai – fica a saudade
(Manhã de 22 de maio de 2015)

O dia está sem graça? Vem logo alguém e põe graça nele, é só esperar... de repente não. Estou sentindo o arrepio de um amigo que está partindo. Já falo nisso! Sinto-me cada dia mais distante das antigas amizades, mas cada vez mais perto da compreensão das mesmas. É uma sintonia às avessas, que me faz mais forte para futuramente abraçar de vez tais amigos. Mas no momento me dói em saudade. Uma confusão de sentimentos, que ainda não me atormentam, pois sei lidar inteiramente com eles. Já os coloquei diversas vezes na balança para ter noção quem/qual/quanto vale à pena. A conclusão mais lógica e clara que cheguei é que com uma (re) aproximação mais intensa perderei a análise e ficarei na boemia, no tapinha nas costas, na conversa de boa –, falando o que querem ouvir e ouvindo o que queiram falar. Ficará uma amizade rasa, amizade de esquina, de copo, praia e corpos femininos... Dessas banais que vejo muito por ai. Não é fazendo barganha que a amizade (re) nasce. Não há sacrifício algum em uma amizade criada para terceiros olhos, para Inglês ver, tampouco almejando “lucros”. O amigo nasce amigo e não há nada que o separe... A não ser que a amizade só exista de um lado (muito comum). Vive-se ao lado de uma pessoa dando enorme afeto e consideração, mas na mesma não há reciprocidade. Até ai não há problema algum, pois amizade só de um lado continua sendo amizade. O problema é quando o outro lado carrega esse embuste tão bem que cria-se uma armadilha sem fim: os dois lados passam a acreditar na amizade mútua. De um modo ou de outro as complexidades de tais fatos não valem um aprofundamento absurdo e absoluto de quaisquer analises... Pois nunca se chegará a um denominador comum se o outro lado não pondera sobre o assunto. É um Deus nos acuda... Mas que no final de tudo o importante é a consciência limpa. Sinto muito por um amigo que está doente, sinto na pele o medo de quem está indo. Mas não serei hipócrita de falar que sei o que ele está sentido. Não sei! Só digo que foi uma amizade de muitos anos; ele foi parceiro e querido por mim. Mas sempre tive a absoluta certeza que havia algo que nos distanciava. Algo que não irei esmiuçar, pois caso eu descubra não terei como trocar essa experiência com ele. Não mais. Agora ele se encontra nas minhas orações e fora das minhas meditações.
Segue em série a sensação do lápis, tinta, pincéis, ideias e um som para embalar e alucinar como um ópio. Uma volta pela casa na companhia dos cães; o céu lindo observando calado; as nuvens fazendo caminhadas; o abacateiro balança com o vento e o tempo que estacionou em si próprio. Há olhos para verem coisas que só querem ver. Mesmo sendo prejudiciais a eles. Há luz no fim do túnel, mas também pode haver no início e meio dele. O louco saiu à caça do ambiente mais largado, com menos contrastes e mais matizes e cores. O louco se diz louco e a loucura se diz dele e os outros o dizem louco; muita loucura em um pequeno corpo – muita galinha e pouco ovo. Uma receita de bem-estar é abraçar-se a premissa de que para qualquer assunto abordado pode haver uma chance enorme de você estar errado. Dentro dessa ideia inicial e verdadeira cabe qualquer saída; cabe a aceitação de ser ouvinte e o aprendizado de quem queira transmitir. Saber ouvir é uma arte... Mas poucos artistas a dominam. Pois há alguém que anda de mão dadas com o atraso, dorme na mesma cama e há anos vem causando mais transtornos do que soluções: a defesa em unhas e dentes da sua ideia. Não ser flexível, não ponderar sobre o que está sendo colocado. Se preciso for, leve o assunto para casa, medite e reflita. Não acredite na primeira impressão. Coloque-se no lugar de todos os “atores” vigentes na fábula: pense – estude – pesquise... Assim volte depois com sua ideia mais sólida ou, quiçá, uma nova e esculpida visão sobre o mote.

- André Anlub

E por fim...

CHAPADA DIAMANTINACHAPADA DIAMANTINA
Posted by Moviedrone on Segunda, 16 de março de 2015


E por fim...       
(André Anlub - 4/4/13)

Ela quer recuperar a autoestima,
Não ser a vítima dentro da situação...
Na contramão de um sorriso largo,
Na contradição de um fácil enigma.

Não quer falar nada sobre o salto alto,
Nem a inocência da criança interior.
Não fala do caro perfume de barato odor
Que ao apreço e ao berço impregnou.

Traz má sorte ver a cara da morte
Antes de consolidar o casamento.

Se for para elogiar, que seja seu consorte,
Se for para ferir, que seja o mundo inteiro.
Se há algum segredo nos que cultivam medo,
Deve ser mostrado, pois o solo é sagrado;
E se o mesmo é fértil (produz belos rebentos)
Esconde-se o erro, fere a fogo e ferro.

Primeira manhã de primavera



Primeira manhã de primavera       
(André Anlub - 28/9/14)

Colibris, (pra variar um pouquinho)
Hoje Beltrano irá chamá-los assim:
Voam belos e ligeiros, são charmosos e bem-vindos,
Vivem indo e vindo e vivem muito bem,
Pois tocam e beijam íntimos festeiros.

Os colibris não carregam em si os “desvirtuares”:
Misteriosos orbes novéis que são vomitados das telas,
Das tecnologias, das palavras tortas de bocas malditas
Com suas ganâncias... (sensação de ser maior)
Por ter o privilégio do raciocínio.
É sabido das pragas
Que imputam em nossas mentes desde a infância.

Podem fazer-nos pensar diferente
E fazer-nos perder a sensibilidade,
Muitas vezes a ternura, a tolerância e a individualidade.

Mas, voltemos aos colibris e afins:
Beltrano quer agora o “tanque cheio”
Da sensação absurda de harmonia.

Olha a majestosa árvore no alto da montanha,
Tamanha; sem precisar provar nada a ninguém,
Dona de tudo e todos, 
Pois é uma diva com todos e sozinha:
Então ele exige a escrita madura,
O coração que imerge no pleno de ser do seu jeito.

Já se passaram quatro, de repente cinco, pássaros desses, e pousam, pousam e ousam no fio de luz
Como quem descansa no plácido.

Já avistou também dezenas de árvores assim...
Não querem plateia; não querem os olhares de quem os admira, pois correm o risco de errarem,
De estarem ao lado da inveja.

Hoje Beltrano abaixou o estilingue,
Nessa primeira manhã de primavera,
Foi pra casa abocanhar um sanduiche
De frango, alface e “mozzarella”.

21 de maio de 2015

É o lodo na ladainha do saber viver

Shark: Mobula Ray SplashingWant to stand out from the crowd and attract the partner of your dreams? You won't believe how mobula rays do it...#Shark. Thursdays. 9pm.
Posted by BBC One on Quinta, 14 de maio de 2015


É o lodo na ladainha do saber viver
(André Anlub - 5/8/13)

Farei uma enorme promessa,
Dessas difíceis de acontecer:
Subo escada de joelhos,
Levo uma pesada cruz até o outeiro,
Deixo de fato a bebida e o cachimbo,
Mudo-me no ato para o limbo
E fico o tempo que merecer.

Tudo que é novo de certa forma vai assustar.
Já foi construído o castelo
E agora recebe uma bela pintura.
Foi escolhido aquele azul clarinho,
Quase turquesa, 
Que é gêmeo da beleza,
Da azuleja do seu olhar.

Fim de papo, na papada cansada
Dessa ladainha.
Vou cair na real, pois agora é hora de festa.
Colocarei a torta de amora na mesa
E aquele café fresquinho.
Pegue o bongô, afine o cavaquinho
E tocaremos aquela preferida do meu avô.

O amanhã será sempre improvável
Se eu não sentir seu cheiro.
Irei me sentir o ébrio de beira de estrada
Com os faróis ofuscando a visão.

Várias vezes fui bem abusado
E mal avisado fiquei visado.
Já sou conhecido por ter nascido
No lado errado na hora em vão.

Sempre comecei pelo modo mais fácil,
Afinando os chifres nas cabeças dos cavalos...
Mas só nos domados.
Chorei com os poetas e pintei inúmeras zebras.
Uma vez até me sentei
E ri, com as hienas.

Espantalho de força motriz

Who like doing hand stands    :)  Do you think you would want to do one on the edge of a 3,000 foot cliff   :)
Posted by Jeb Corliss on Quarta, 20 de maio de 2015


Espantalho de força motriz
(André Anlub - 16/6/13)

Ao ver seu choro
Da fumaça danada,
Senti-me com uma facada,
Uma dor aguda nos ossos,
Na alma e no peito.

Nos olhos as pupilas dilatam
E na lata o vermelhidão do sem jeito,
Pela carência de ar
Da imposição do respeito.

Limpe essa lágrima!
Não a deixe chegar ao queixo...

Da pátria é filha,
Levante o nariz,
Tal qual pessoa arguta.

Sabe do queijo e da ratoeira,
Conhece o corvo e resguarda o milho
Como espantalho de força motriz.

Já sabe que haverá crítica,
Culpas – culpadas
Prisões e clareiras.

Se esquiva das pedras quando ouvir asneira,
Da boca do filho de uma meretriz.

20 de maio de 2015

Tempo de ser cágado

LavaLava incandescente ao cair no oceano e a formação de uma nova terra...
Posted by Adilson Costa on Quarta, 20 de maio de 2015


Tempo de ser cágado
(André Anlub - 2/3/12)

O dia amanhece com muitas nuvens
E a jornada de fome e reprodução.
Anda cabreiro com olhos céleres;
Lento, sujo e determinado...
Vendo de lado ao modo arredio.

Pisando em barro com passos calmos e vida mansa,
Como se houvessem as danças (balés solitários).

Com a pança que arrasta,
Para e ensaia o sorriso.
O pescoço é farto
Para dez relicários.

Tarde caindo afogueada
Confunde-se com o vermelho dos flamboyants.
A garoa molha e limpa seu casco,
Olha a sequoia que é a direção,
Caminha bem lento, vagabundo...

Mastiga e engole algo alucinógeno
E elefantes voam por sobre o verão.

Dueto da tarde (CLIX)



Dueto da tarde (CLIX)

Olha novamente a vontade de chegar. Dessa vez é tamanha a pressa que ultrapassa o tempo e agora é obrigada a viver do passado.
Queria tudo, ficou isso. E isso é um compromisso. O ouriço da sua irritação rejeita, mas não dá sumiço no que ali está.
Vai andar, navegar, namorar e voar. Mas nada há além de todos os momentos contemplativos e imaginários no seu sofá de pedra que se funde ao corpo.
Quer movimento. Move o momento na direção do vento, cultiva o lamento cem por cento e enterra-se no afastamento.
O mundo já estava quadrado há tempos e o céu não passava de um segundo teto sem graça; a vertigem tornava-se divertimento e o choro seu copo salgado de água.
Rói as unhas com seus dentes de ouro. Não deixa marcas de ouro nas unhas.
Dói ver pulhas querendo seu couro. Não se queixa se facas os apunhalarem nas ruas.
Faz tatuagens com as cicatrizes. Escreve mensagens com as varizes. É muito direta com as diretrizes.
Tudo se limita ao seu mundo, no raio que o cerca e que o parta, ao longo de dois metros do seu braço, ao longo do espaço que o espreita.
E daí que parte a vontade de chegar. É para aí que volta a vontade de chegar. Pois não há como sair daí.
O traseiro criou raiz no sofá e a mão congelou na xícara de chá; a TV esteve e está fora do ar e de cogitação e qualquer ação sempre fica no “falar”.
Pode olhar eternamente a vontade de chegar: só vontade de chegar não levanta o corpo de ninguém, não descola as pernas de ninguém, não dá vida a quem já morreu.

Rogério Camargo e André Anlub
(20/5/15)

Manhã de 20 de maio de 2015



Não haverá mais nada para se ouvir além de tudo que se ouve e sempre houve
(Manhã de 20 de maio de 2015)

Já era previsto meu visto ao mundo absurdo do ressurgimento. Já era o momento e já era – acabou – já foi. Já acabaram as fatias do bolo e do tolo e seu falso ouro. Agora, no tempo certo, acabam a penúria e os vinténs. Caindo de cachola no muito ingênuo de honras e glórias, tudo próprio e interno, no adentro contentamento. As luzes pipocam, o som é “da hora”, as luas sorriem no céu. Muitas pegadas na areia, e queima a fogueira, o mar salivando o sal benzido das Sereias e Sereios e o meu e o seu. Ostentação de metáforas, dialéticas com os deuses, no bate-papo sadio, sábio e social. Nas gargalhadas trocadas, nos apertos de mãos, nos tapas nas costas e conselhos de direção. No olhar sincero, no tiro que é certo, abstrato e concreto, no reto e no reto. Nenhum de nós há de saber, há de entender a perícia dos grandes lá em cima. Vejo as árvores crescerem dando sombra e fruto, mas de nada vale aos olhos de muitos. Na poética momentânea, no instantâneo estalo que abre a mente e põe dentro uma ideia. Acede-se a luz na alma e faz-se uma luz tão absurdamente forte que cega os olhos e só ficam os pensamentos. A meu ver assim se faz a inspiração. Não é à toa que muitos se concentram a tal ponto que entram em uma espécie de transe – “transa” sexual com a mente. É uma espécie de meditação às avessas, pois tudo ao mesmo tempo naquela hora pode atravessar a linha do raciocínio. É trem expresso; é avanço e retrocesso; é o Rei subordinado e o escravo tomando posse; é o círculo tornando-se quadrado, e o quadrado perdendo as pontas. Aquele clima frio, o céu totalmente branco com nuvens aparentemente de espessuras grossas; noite calma com os bichos de sempre. A luz fria da garagem serviria para iluminar as telhas e não deixar que morcegos transitem pela área. Mas está apagada... Prefiro assim, deixo assim e viajo...

André Anlub

Na raiz do dom



Na raiz do dom 
(André Anlub - 8/6/14)

A lava incandescente esfriou-se 
Deixou seu toque, deixou sua marca...
Na raiz do dom brotou a escultura.
Tornou-se uma espécie de diamante;
Como se habitasse o cerne de um vulcão
Com sua mente até o momento na vadiagem.
A imaginação no foco extremo em reflexão
E é erma a ínfima preocupação,
Pois assim cresce a suntuosa viagem.

Há o segredo escondido nas chamas,
Canção rara, afetuosa e leve,
Letra que derrama em sonho breve
No mistério do império na miragem.
Há o manuscrito de um Deus cintilando aos olhos,
Nas minhas, nas suas e nas leituras de todos.
É o ritmo dos jogos,
Parábolas com flores,
Pássaros pousados em bonecos de neve.

Vem à faísca em inspiração,
Veio o derramamento das tintas
Em mãos poéticas de mentes abertas
Em vozes de alerta.
Foi no ponto final ou nas três letras do “etc.”...
Ainda em algo abreviado de tal ser banal,
Ser errado que jamais o é,
E como transforma (-se)!

Veio novamente em nós,
Fez criação e liquefez na ação
E se tudo der certo em breve retorna.

Ótima quarta

Orelha que fiz para o livro de uma amigo

A “Amada”:
Às vezes beira o impraticável falar da nossa amada; não somente por ela ser tudo em nossa vida; não por ela estar presente em quase todos os nossos melhores momentos e, quiçá, em todos os pensamentos absurdos, absortos, ou não; mas pelo simples motivo de que qualquer coisa que se fale a respeito da mesma será redundante.
A prolixidade:
A minha adorada numero “um” é a poesia (que minha esposa não leia). Ela permeia pelos meus campos visuais, mentais, físicos, aquém e além; por isso deferência e admiração extremas.
A questão:
Ao me confrontar com quaisquer obras poéticas, de amigos ou não, já me preparo perfumando a alma, abrindo e limpando minha mente e quero/procuro estar pleno e são; quero dar o melhor de mim na leitura, no deguste, pois trato esse “encontro” como único, como o primeiro olhar numa estrela, como um flerte.
O epílogo:
Então, sem/com exageros, temos que encarar com discernimento e submissão a leitura poética a seguir; ter o livro em mão como uma espada e ir ao combate; a meu ver estamos em guerra pela poesia, pois com certeza vamos nos apaixonar por ela, nos enfeitiçar, nos transformarmos em servos e transformá-la em uma espécie de vício salutar que nos remeterá ao “nirvana” das letras, ao “Big Bang” poético e/ou ao “Paraiso” na terra.

- André Anlub

Ode ao Louco varrendo

This is very true!www.artFido.com/popular-art
Posted by artFido - fetching art on Terça, 28 de abril de 2015


Ode ao Louco varrendo
(28/6/12)

- Sente na carne o estrago que a trincheira do corpo 
Deixa passar;
Flecha que não era bem quista 
- disritmia foi-se a bailar
Casco inquebrável,
Por vezes tentado a traições.

Entre o espírito luzidio e a aura,
Há um fulgor de Foucault mais forte;
Persevera a bondade do antes e do agora
Ser altruísta de cumplicidade
Afortunada e contínua:

Mostra com clareza, destreza e simploriamente os “nortes”.

A altivez tem tratamento
(seja por vezes até o suicídio)
Segurando forte em uma mão a vida moribunda
E na outra mão a morte. 
(acalento que soa sem perigo)

Suspenso pelo pescoço,
Com as canelas ao vento
No abismo vê-se de culpa isento 
(dor e remorso)

Dimanem sacrifícios?
- Não, chega de ignorância!

É um louco varrendo...

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.