20 de junho de 2015

Alcova Invisível

The most beautiful thing I have ever heard and you have the opportunity to hear Golshifteh play with me tomorrow-Jeudi 18 Juin, 20h Eglise St Roch!!(Goldshifteh Farahani on the Hang Drum)
Posted by Nadeah on Quarta, 17 de junho de 2015


Alcova Invisível
(Releitura/música – (2009/2015))

Cuide mais e mais de você, pobre figura,
Pois quem não lhe conhece que lhe venda
Vem que nem um vintém vale a sua
Se olhe no espelho e diga: me rendo.

Chuva forte, furacão – lama grossa, inundação...
Frio categoricamente abaixo de zero – às avessas – Roma com um toque de Nero.

Despertar e desesperar são o seu forte
Seu seco suor não cura seu cínico corte
Por hora você não vê porque é cego
Ressuscite ou afogue de vez o seu ego.

Vejo num "x" um final infeliz para sua vida
Estradas cheias de curvas vazias e fechadas
Nenhuma luz, nenhuma paz, indica a saída
Enquanto um abismo indica a entrada.

Chuva forte, furacão – lama grossa, inundação...
Frio categoricamente abaixo de zero – às avessas – Roma com um toque de Nero.

Alcova é o ventre da mãe ainda viva
Prostíbulo que já foi abandonado
Para sua vitória não há presunção ou resultado
De agrado: morrer é a singular perspectiva.

André Anlub

Fotografei a vaidade

Puto amo!+ vídeos en www.facebook.com/humorcabron
Posted by Cabronazi on Quarta, 4 de março de 2015


Fotografei a vaidade na antiguidade saudosa, numa 35 mm revelo o verso e prosa; fiz foco no amor verdadeiro,
Fiz macro nos pequenos detalhes...
Vendo na semente uma rosa e na gota d’água meus mares.

Fotografei a vida nova, mas dessa vez no digital; são conquistas, são presságios, os naufrágios de uma nau.

Com a exposição mais longa, sem delongas de uma prosa.
No contraste se comprova que a nossa bossa nova se mistura ao rock clássico...
(é fantástico, abre a roda)

Meus versos são libertos, (não há musa, nem mordaça) não há um alvo que se faça.
Às vezes eles voam e são de quem os pega, são de quem os abraça.

Engatinho na escrita e na arte, feito criança sapeca, levada; vou de encontro ao bolo ou a bola, entro de sola; mergulho no sonho, totalmente cego e sem ego, sem pretensão de ser nada.

Dê-me seu melhor sorriso. Aquele intenso, meio sincero, todo lero, mero siso; que mexe com meu brio, (benevolente e incandescente) que eu admiro.

- André Anlub

Dueto da tarde (CLXXXIII)


Dueto da tarde (CLXXXIII)

O cianureto percorre os versos no coreto, no correto de um soneto que envenena todo o mal.
Mal e mal envenenado, o mal-estar do mal versado invade o verso, perverso, e ri como um demente.
Vai verão – vem verão, vão-se os caroços de feijão e ficam os dentes; morre a intenção de jogar água fria ou colocar panos quentes.
Fantasias rasgadas e jogadas no fogo. Jogo com novas regras: se pregas o esquecimento, esqueça!
Vai inverno – vem inferno, vão-se os talentos que estavam lentos e ficam os talos azedos; morre o arremedo de um sonho bom.
Bom é sonhar que o sonho nunca acaba. O que acaba em travesseiro babado de lágrimas e de frustração.
Bom é saber que o sonhar e o voar dormem acordados, e são palpáveis e podem pousar suaves na realidade. Basta tirar o brevê de piloto.
Quer voar? Voa. Mas não vem aterrissar na minha fronha, diz o travesseiro babado de frustração.
Quer versar, verse; quer prosar, prose. Mas me empreste esse veneno para matar meus cupins, diz o coreto com “osteoporose”.
Quer misturar tu com você? Fica à vontade: é tudo nós mesmo. É tudo ir embora ficando e ficar indo embora.
O voo aterrissa em completo segredo, e arrisca sem medo acordar o sonho o tu e o você. Todos acordam indecisos, remelentos, e não dão corda para o que veem.
A corda acorda o enforcado. Pelo menos é o que ele pensa, antes do cianureto.

Rogério Camargo e André Anlub
(20/6/15)

Tarde de 20 de junho de 2015



Ela, e sempre ela... E sempre assim... Bela. 
(Tarde de 20 de junho de 2015)

Ela veio sem perguntar por nada, pediu um misto quente, um café e uma água – comeu e bebeu.  Agora é real, ouvi o estrondo do trovão; ouvi o cão latir ao lado e fazer aquela famosa cara de interrogação. A chuva começa a cair, rega as plantas aqui e ali, tira a poeira dos telhados, transborda a piscina e levanta o cheiro de mato. Ela agora está presa na casa; a chuva cai e desce a travessa com vontade... Alaga todo o entorno. Os seus olhos fixados no tempo – nas horas – nas ruas –, o coração apertado bate sedento, o desejo queima no peito e o jeito é encarar todas as águas. Vai ao tempo ruim com o sorriso mais vasto possível, pensando no seu encontro passível, ativo no espaço-tempo; e o vento? O vento que traz a agonia – traz também melancolia –, e abre as portas da presunção. O encontro desencontrado, não por causa da chuva, não por causa do trovão, mas sim pelo entusiasmo e pela projeção do que poderia advir... e não foi bem assim. Na verdade não foi nada assim. Ficou muito aquém do previsto, enterrou o otimismo e quebrou todo o filme de ação. Colocou o sorriso em risco pela sua emoção; colocou um chá em fusão, pão de alho no forno e preparou a pasta de grão de bico. Agora é irreal, o tempo se foi e o sol brilha como nunca; o calor invade o local, as ruas se enxugam no momento e ela pôde andar sossegada... Do encontro, até agora, nada. Mas ela é paciente, tem uma vida inteira pela frente, então sorri e se farta. 

André Anlub

Anéis de ouro branco

#ExclusivoNaWeb #TransandoComLaerteAssista no #CanalBrasilPlay, antes da exibição na TV, Marcelo Tas e Laerte em um...
Posted by Canal Brasil on Sexta, 19 de junho de 2015


Anéis de ouro branco       
(André Anlub - 27/7/13)

Teus anéis de ouro branco,
Brilham como os dourados;
São de dureza feito ferro,
Redondos como o globo.

Anéis como tu és: valiosos e únicos,
Carregados com gosto, mas que ostentam a penúria
De serem vistos e terem utilidade.

Tu viajas onde divagas, devagar reages.
Vives na teia da aranha que abraça o todo:
O mundo, as pessoas e os desejos.

Na elegância que tens, encontras versos na ponta do lápis e todos tem dito:
- como é bom ler-te, cada letra, cada frase, cada verso...
A união das palavras em coito vivo.

Está ai, pra quem quiser ver: a paz e o amor!
Que saem do coração e derramam
Em delírio, em choro e grito.

19 de junho de 2015

No colo quente de Isis

On ne peut rester insensible face à l'inhumanité qui se déroule aux portes de nos frontières et aux effets désastreux de la mondialisation sur le sol français.Si tu cliques "j'aime", y'a partager qui va avec!Aimez ✔ | Partagez ✔ | Invitez ✔https://www.facebook.com/leptitmartialmusic?ref=aymt_homepage_panel
Posted by Le p'tit Martial on Quinta, 18 de junho de 2015


No colo quente de Isis
(André Anlub - 2/03/13)

A aurora dourada que brilha,
Enorme força que guia
Canalizando energia
Da bondade íntegra e constante.

Sem quaisquer variantes
E opiniões infligir:
Vestindo o pingente de um santo,
Com fé encorpando o gigante,
Com a pontaria de David.

Falha quem pensa que o bem
É frágil – pequeno – inseguro;
Que teme o invisível e obscuro.
Falácias de um João ninguém.

O mal é poder anacrônico,
Foi comício de um ser risível;
É improvável em almas capazes,
Insustentável e inadmissível.

Aspiramos ao poder intocável,
Colosso, incorruptível - no osso, na mente, na pele, 
É aço que a ferrugem não atinge.


Vive ainda mais além que a verdade,
Liberdade que constrói o arco-íris.
É a hora de olhar no olho de Hórus
E deitar no colo quente de Isis.
Quando acordo para a atroz realidade
E a saudade quer saltar forte do meu peito,
Faço um corte com a navalha da vontade...
Te procuro - me entrego - te desejo.

A Perda da Fé - Dama de Fé

A Perda da Fé
(André Anlub - 21/1/11)

A visão mais turva, suja,
Deixa que eu mesmo piso na uva.
Sei que irá curar o desalento,
Muito mais fácil deixar cair dos olhos uma chuva.
Cansei de levantar para o céu as mãos,
Engasgo com o medo, ébrio e hipocondria.
Supre a dor com o Comprimento de um comprimido* comprido...
Levanta e não cai de joelhos ao chão.
Dizem que um Deus te ama!
O resto do mundo não.
Todos os elos dessa corrente,
Foram tomados pela ferrugem.
Águas só me molham, aos outros ungem,
Palavras incertas e ditos incoerentes.
Com os nossos cabelos ao vento
Que acabam levando a vida,
Uma partida fez-se momento,
Para um lugar bom será sempre bem-vinda.
Como sabemos dos nossos erros
E como fingimos indiferença.
Como negamos todos os zelos
E como sofremos com nossas crenças.
Dedão nas orelhas,
Mãos espalmadas
E línguas a mostra...
Armado o circo, chamamos os santos.
Com olhos cegos soltem seus prantos...
Eu perdi a fé, quero uma forra.



A liberdade religiosa está garantida pela Constituição Federal (CF). E a liberdade de não exercer nenhuma religião também é garantida como um direito fundamental do ser humano. O artigo 5º da CF assegura que todas as crenças e religiões são iguais perante a lei, e todas devem ser tratadas com igual respeito e consideração.
Ninguém pode ser discriminado em razão da sua fé. Atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado em função de religião são crimes.

Dueto da tarde (CLXXXII)


Dueto da tarde (CLXXXII)

Chego da rua sem trazer a rua para dentro de casa.
Chego na raça, mas como pluma; chego palhaço sem rumo e sem graça.
Quero minha casa quando chego da rua. A rua não é a minha casa.
Quer faça o que faço, falam à vontade; querem forca à força, que forcem essa farsa.
Lá é tudo lá. Essa coisa toda é toda lá. Quando vou lá, passo por essa coisa toda. Mas ela fica lá.
Aqui é guilhotina, é tônus muscular; é tato – faro – retina –, aqui é “here” e “voilà”.
Não volto para casa para ser feliz. Volto para casa para estar em casa. Há muito deixei o conceito de felicidade vendendo maças na feira.
Quer queira ou não queira estarei em casa se em casa me sentir; seja na minha confortável cama, ou chupando manga bem no alto da mangueira
Ou com a mangueira em riste molhando as plantas de meu jardim. Este é meu jardim: estar em casa. Estar na rua não é meu jardim.
Chego de casa sem trazer a casa para a boemia da rua.
Vou à rua porque preciso, não porque escolhi. Mas escolho não levar minha casa à rua.
Na rua gosto de lugares inóspitos, bares sujos e cabarés de “quinta”. Não vou levar minha casa, mas acabo levando... pois levo meu corpo e minha alma.
Levo minha casa comigo como levo comigo tudo que é meu e meu continua, no mais fundo profundo inatacável não-compartilhado. Dou aos amigos o que os amigos merecem. Mas a minha casa é minha.
Como um caramujo às avessas sigo às pressas sem mostrar as presas para ver em que mundo me aceitam, em que mundo caibo e me completo.

Rogério Camargo e André Anlub
(19/6/15)

Hoje, 19 de junho de 1944 é aniversário de 71 anos de Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido por Chico Buarque. Músico, dramaturgo e escritor brasileiro. É conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira.


PurO OsSo - Duzentos escritos de paixão

Assista ao vídeo de apresentação da campanha do arte-educador Ricardo Tatoo. Vamos colorir, juntos, o Haiti!Em 9 anos...
Posted by SIBITE on Quinta, 16 de abril de 2015



PurO OsSo  -  Duzentos escritos de paixão 

[Esse e todos os meus livros lançados por aqui, no Clube de Autores estão a preço de custo, sem comissão. Penso e ponho em prática isso para assim os mesmos sairem mais populares possíveis, e com o simples, claro e salutar objetivo de entreter e levar meus escritos, e os escritos de amigos, ao maior numero de leitores.] - Há mais de duzentos escritos, há 222 páginas de pura paixão! Nesse tem mais suor, tem mais íntimo, mais imagens e desenhos nas letras. Esse veio do veio e despontou na folha como água que borra, que sacia a sede e entra na senda quebrando a solda mais atroz! - Obrigado desde já pela visita. - Desenredou como que livrando-me dos sujos poços, lavando-me e deixando-me no fino trato. E a alma, que até então perdida, renasceu, colocando farta comida no prato e de fato sepultando os ossos. A poesia tirou-me de um sujo e apertado buraco e jogou-me num asseado e extenso espaço: - meu muito obrigado!

18 de junho de 2015

Noite de 18 de junho de 2015


A noite chegou e vou preparar um chá para ela.
(Noite de 18 de junho de 2015)

A noite chegou com a boca cheia de dentes, o céu estrelado e ao lado o som do latido do cão do vizinho... O Chico, um poodle. O Chico não late muito, mas é meio histérico nesse horário; nessas horas o Chico está mais para Scarpa do que para Buarque. Esse mês o tempo está voando, e voando em um Concorde; o tempo toca em um acorde rápido e faceiro. A nova onda vem e lava tudo, mexe na areia e deixa o desenho da maré que esvazia. Quero ver minhas pegadas passeando nessa praia invisível e imaginária... Uma praia que até já existiu, pois é o misto de tantas que já visitei e me banhei. Lembro-me de cada particularidade, cada praia com a sua: há uma com areia muito fina, água gelada e ondas boa para o surf; tem também as com pedras espalhadas, tatuís na beira da água que a gente catava e cozinhava com arroz; lembro-me de das com bastante vento, poucas pessoas e a areia que voa e arranha a batata da perna molhada.  Tantas histórias que somente uma das praias caberia em duas ou três folhas; foram praias passadas, lembranças passadas e a cada saudade uma sensação nova. Essa noite está me convidando mais cedo à cama; mesmo após o meu banho gelado, meu lanche da noite e as notícias nos telejornais... quero ir mais cedo para a cama. Quero o sonho novo, o amanhã novo e os velhos defeitos... quero o trejeito no jeito, o sol batendo na face e minha corrida matinal... quem faz leitura labial agora está lendo o sono em minha boca, nos meus olhos chineses e o corpo enfastiado. Ah, nada como uma boa noite de sono e um amanhecer maravilhoso com um sonho bom no meio. A noite chegou com a boca cheia de preguiça e renovação, com o camarão e o peixe que descongelam para o paladar de amanhã; com um chá de hortelã e umas torradas para agora; com a brisa lá fora e os cães dando um passeio pelo quintal. Ah, como é bom estar de bem com a vida; não se procura nada que possa perturbá-lo, quando se está satisfeito com sua sorte e seus bens. Estou bem – mas o mundo nem tanto –, e torço para que muitos dentro dessa bola estejam bem amanhã e depois de amanhã e depois... A noite chegou e ficarei por aqui para recebê-la na porta.

André Anlub

Bloquinho de papel de pão

Darwin in VitoriaTV Gazeta interview in Vitoria at opening of Darwin.
Posted by Arlita McNamee on Quinta, 8 de outubro de 2009


Do mesmo jeito que a estupidez torna-se quase nula quando camuflada, a inteligência torna-se quase um desserviço quando mal administrada. 

Bloquinho de papel de pão
(André Anlub - 22/3/14)

Viagens na forma e na cor,
De contornos vê-se a alvura das nuvens 
E o livre leve nacarado da flor.

Esparramando nas entranhas,
Eis entranhas que fulgem:
De paixão e luz tamanhas
Que aqui e ali nomeamos de amor.

Sonhos que voam e pousam num flash,
Longínquas dimensões são transpostas
Nos pífanos porretas do agreste.

Segurando um ínfimo lápis mal apontado,
Com a borracha aos pedaços no outro extremo
- Desenha a clave de sol - escreve um belo soneto
Num papel de pão amarelado.

“Em breve” e “logo mais” não são “pra já!”

#HoraDeMúsicaÀs 21h30, no Zoombido, o anfitrião Paulinho Moska recebe a artista polivalente Suely Mesquita para uma conversa intimista permeada por muita música. Não perca!Veja mais: http://bit.ly/SuelyMes
Posted by Canal Brasil on Quinta, 18 de junho de 2015


“Em breve” e “logo mais” não são “pra já!” 
(em doze tempos)

I
Saindo de Juazeiro, nuvens,
Sol quente, um pouco de sede e muito já de saudade;
Deixando o olhar dos cães
E os meus olhos úmidos para todos que tenho apreço...
Mas é breve, é coisa ligeira.

O tempo passa tão logo, tão “flash”, como os ponteiros do relógio,
Na pressa e na eternidade do tempo que sempre já foi.
Seguem avião e emoção,
Trocam-se óculos...
Escuros – de grau.

Vem bloquinho, vêm sonhos de realidades;
Ao meu lado na poltrona: ninguém!
Lugar vazio é coisa rara nos tempo de hoje...
Vai ver foi de sacanagem,
Para aumentar o vazio e duplicar a saudade.

II
Entrando em Brasília:
Nuvens parecem montes, montanhas;
Nunca as vi com tais formas.

Ao longe uma se destaca mais assanhada,
Como uma torre alta, feito um castelo.
Lá embaixo um rio longo
E a sensação de estarem todos dormindo.

III
Sábado (13/12/14):
Meu café, dia chuvoso – parque meio alagado,
Cabeça lenta, bate-papo com vendedora de uma loja vazia
E o encontro com um amigo.

Já se foram àquelas pernas energéticas, descontroladas,
Que andavam de um canto ao outro
E nadavam, nadavam a esmo ou não,
E corriam, a esmo ou não, na mais infindável eficácia.

IV
Um rissole de camarão, café espresso
E a pressa de ir a lugar algum.
Uma farinha de maracujá e mais caminhar...
Algumas coisas mudaram/mudam e outras nem tanto,
Busco sempre a poesia velha/atual/nova; o bom, a meu ver, é isso!
E ela?! ela está em todo lugar... Quem?
- Agora não importa...
O celular vibra – é mensagem – é tecnologia!
Agora não; não largarei a caneta.

V
Vulcões estouram, à realidade da lâmina do vento,
Entre diversos contratempos: melancolia e saudade.
Seguimos espertos nos mares, nos maremotos cabreiros.
Nos peixes-espadas guerreiros e ingestão de ornamentos.

O tempo agora é amigo – parceiro, sombra e herdeiro;
Delicado, bem-humorado, sorri a mim com sarcasmo.
É meu ouvinte esse tempo, o grito que ensurdece os receios, segredos e vivencias e abrigos 
– antigos pensamentos são recentes.
VI
Barba enorme e o cabelo que não cresce,
Prece disfarçada de poesia.
Todo dia um bom-dia à “reprise”
E o “vixe” que procuro nas nuvens. 

Damos sempre “viva” aos mortos,
E tem aquele que se faz evidente;
Cantam descrentes e crentes à sorte,
Cantam ao norte na hipocrisia da vida.

VII
Enquanto o sol beija meu corpo
Na fria manhã dessa quarta,
A folhinha com os dias marcados,
Parece caçoar da minha cara.

Veio tranquilidade, mas logo a má notícia;
Veio no dia à perícia, para dar certeza ao estrago.
Mas ponho forte o cordão, São Jorge pendurado,
E faço o branco pendão, a paz em imaginário reinado.

VIII
Rigor na minha sábia decisão,
Mudanças nos planos da festa;
Há pudor, mas há tiro na testa,
Se houver algum ligeiro mau humor.

Tudo são fogos com o foco armado,
Embriagado de fortuna e sorriso.
Tudo são figas nas mãos dos amados,
E com torcida não há mais perigo.

IX
Ouço pássaros chamando meu nome,
Pela varanda novo dia de conceitos e afins.
Ouço músicas que me remetem ao sono/sonho profundo,
Talvez nostalgia.

Há a obscuridade de lembranças,
Mas há a claridade das promessas e esperanças;
Há um tempo muito novo – talvez amanhã ou daqui a uns anos; há um tempo antigo – talvez minha infância ou seis meses atrás.

Na adolescência o tempo era farto,
Mas aos nossos olhos tornava-se escasso;
Com a maturidade o tempo torna-se escasso
E não há espaço para colocarmos as farturas.

X
O Natal bate à porta,
Entorta e revive as letras já tortas e mortas;
O novo dia chega chegando,
Breve e erudito, compromissado compromisso
De haver algo novo e harmonia.

Beijo meu anel de São Jorge,
Ato falho, desnecessário...
Pois na fé sempre me agarro!
Coloco as chinelas que trouxe
De couro velho e sola de pneu de carro;
Coloco o pijama bem leve, 
E para o frio de Itaipava me preparo.

XI
Um “drops” e um drope no copo de café,
Lá vem, com cara de cinza, mais um dia.
Hoje nada de sol, só de só (mas sobrevivo).
A névoa que não se espalha traz um pedaço de bom dia,
Traz a fleuma, bela visão do horizonte,
Inspiração e todo o restante montante...
E, à revelia, me impute felicidade.
O frio não veio;
No velho que passa pela rua com frio,
Vejo seu pensar distante e seu andar sereno.
Na criança do vizinho, 
Sinto o dom da juventude.
No pássaro que canta no voo,
Ouço o som da liberdade... hoje sou o mesmo Eu, mas mais suave; sou velho, menino... e sou ave.

XII
Agora é sentir a brisa e deixar o clico rolar,
É soltar o barco no mar e acreditar;
É curar o arrepio, ser pertinente e vadio.
A sujeira pode ser limpa
E o borrão tornar-se um belo desenho.
O arremate depende do escultor,
A escultura não está completada;
O que virá, veremos,
O que se foi, folguedo (não quis ser indelicado).
A justiça sempre é feita, de uma maneira ou de outra.
Agora me torno mais eu e bato o martelo;
Cumpro minha missão, e na submissão, 
Que assaz “sub”, meço-me. 

Armageddon



Armageddon (do livro ”Poeteideser”)
(André Anlub - 3/4/09)

Nunca um céu se fez de feio,
Nunca houve uma cor de fogo.
Muitos galopes se ouviam à distância,
Eram quatro homens ao todo.
Ventos fortes surgiram num estalo,
Tsunamis do além.
O mundo esvaindo-se para o ralo,
Uns orando para outrem.
O pecado vindo à tona,
Abandono dos vinténs.
Correria, fogo e ferro,
Almas perdidas vagueiam.
Feridas se abrem
E o belo se faz feio.
A tristeza que invade,
O fim não está próximo
Já chegou e fez moradia.
O dia não mais existe...
Faces de melancolia.
Cães sem dono vagando nos destroços,
Idosos tentando se equilibrar.
Pessoas fazendo menções aos mortos
E cogumelos de podridão a brotar.
Uns saqueavam o comércio,
Outros deixavam para lá.
Olhos ficando cegos,
Elos a se quebrar.
Todos no mundo são réus,
A bola se partindo em duas;
Os cavaleiros sorrindo no céu,
Sempre acha quem procura.

Dueto da tarde (CLXXXI)



Dueto da tarde (CLXXXI)

Veio a ideia de organizar as nuvens; uma aqui, outra acolá, e uma bem grande na frente do sol para não ofuscar a visão durante a labuta.
O vento colaborava e atrapalhava, juntando e desjuntando. O vento parecia se divertir muito.
O parque de diversão para os que veem além da visão; a razão que não míngua de viver e deixar viver a permuta.
Uma troca desigual: a intenção da brincadeira pela alegria genuína, que não precisa de artifícios para ser perene.
Uma nuvem mais cheinha à esquerda, uma nuvem menos cinza lá pelas tantas da direita, e no mata-borrão do azul de um domingo de sol... deixa-se quieto.
Não há o que fazer e tudo está se fazendo. Não se mexe uma palha e o universo não para de se mexer.
Veio um plano de apagar o sol e acender a lua... Loucura! Essa fantasia passou ligeira, foi deixada para outro ano.
A loucura é livre. Como qualquer é livre de confundir loucura com genialidade.
Devolve o dinheiro ao banco, embaralha as cartas, junta o dominó na caixa, desfaz o quebra-cabeça e depois as nuvens pintam todas as peças de branco.
Organizadas, como a liberdade lhes permite, elas chamam o vento que já estava ali e o vento que já estava ali comporta-se como quem chega.
Por conta própria o sol resolve apagar e a lua acender, o céu torna-se mar e o mar resolve ascender. A loucura volta a ser lúcida no lapso dos olhos que a veem.
Mais uma eternidade passou, escorreu por entre os dedos, desfilou diante dos olhos. Depois dela, todas as outras ainda estão ali.

Rogério Camargo e André Anlub
(18/6/15)



A experiência do amor compartilhado e o autocuidado na luta contra as opressões... Leia aqui: http://blogueirasfeministas.com/2015/06/a-experiencia-do-amor-compartilhado-e-o-autocuidado-na-luta-contra-as-opressoes/

Versos jovens, versos encanecidos



Versos jovens, versos encanecidos... Sempre uma nova leitura
(Manhã de 8 de junho de 2015)

Explodiu a verdade de modo ímpar e madrepérola; denotou a beleza com a certeza da simplicidade. De intensidade absurda ecoa uma expressão de amor... Os planos estavam na mesa, à bebida, o alimento, a lente de aumento para entender as entrelinhas, e charuto cubano de cheiro maldoso. O verso voa de forma clara para o entendimento total; o verso pousa de forma absurda, obscura, para o entendimento total. Liberal ou não, algo raro estava no pedaço. Projetei em você um Eu ainda perdido; mas não deu certo. Desenhei em você o mapa da mina perdida; também não funcionou. Quis realeza... e tive. Quis destreza... e tive. Quis até o que nunca quero... e tive. Tive o cuidado de querer somente o possível... Pelo menos aos domingos, no resto da semana não. Abri o vinho mais caro, fiz o meu melhor prato, deixei o rato roubar as migalhas e os pássaros à vontade cantarem; deixei no forno um assado; deixei na panela um guisado. O mais gozado sou eu mesmo rir da minha cara, enquanto você séria sorri apenas de lado. O olhar manso lembrou-me um rabisco: Está aí o andarilho solene que faz de outros momentos as paixões e excitações, deixando o vil preconceito que persevera em ser perene. Num dia de sol ardente que valha, a muralha que por baixo é gigante, não protege seu corpo franzino num palco de versos ululantes de bons bordões qual malária. Afiando a ponta da língua, anabolizada ao som de sereias, poemas escritos em areias e músicas e rosas e tintas. Vê-se a razão que não mingua; fala-se em matrimônios – mistérios, infindos sem afins nem começos – assim dá-se o nome de vida. E lá se foi solene andarilho, buscando a grandeza que ensina e fazendo da vivencia uma causa na cauda da coruja divina. Tragam vozes e resmas, tragam versos e temas, porque meu amor pela praia passeia. Na orelha uma açucena, emoção é plena. O coração tá sereno e o olhar tá sereia. Guerreiro sem medo de ninguém é como coragem sem foco algum (Tarde de 31 de maio de 2015). Veio à precisão de preto no branco na paixão sólida, em um solavanco – estrondo – fôrma de ciclone. Fez-se uma entrega de quatro joelhos entre quatro paredes dada à condição no leito ardente de corpos em cólera e lábios que se mordem, línguas e motes que resvalam; sábios que emudecem e certas rotas que não se traçam e soltos aos destinos e entregues às boas causas voam em liberdade ao acaso de um soberbo desenho. Na peleja da vida seguem as almas em curvas nervosas, aflitas e atentas – prévias e posteriores de tudo que há. Dito e abraço, beijo e filho, achado e olho cerrado, há o emaranhado de pernas e cios em amores, em dores e temores que parecem o olho curioso que vivencia seu próprio viço ao ver e vir a cavalo. Trato feito com o destino. 
Pausa para reflexão: tudo na vida tem um preço. Disso não há dúvida. Mas essa tarifa varia de uma situação para outra. O que não varia é o barulho dela batendo à sua porta. Quando escolhemos uma estrada, sendo fácil ou difícil, pagamos inevitavelmente o preço por ela. É um círculo que faz parte do viver. Em pessoas de percepções altas e raciocínios profundos, o preço para determinadas escolhas pode ser assustador. Mas elas têm o conhecimento de tal fato e assim torna-se mais simples enfrentar o seu preço. É como um passo maior que a perna para quem tem asas sobressalentes e nadadeiras de estepe. 
Retorno à insanidade: Vai à imprecisão na impressão que a segue. Segue de perto o amor e a paixão que não enxergam cara tampouco deram ouvidos a vis opiniões. O céu varia de entretom beijando o mar e observando a areia da praia e dos desertos. O céu torna-se mais ameno no azul e mais verão na vermelhidão do fim de tarde. É estranho quando tanta gente queria estar no seu lugar; dá certa nota de poder que beira o orgulho e flerta com o egoísmo baldio. Mas tudo é questão de controle, de saber enxergar-se e não cair em armadilhas fúteis. Pois tudo é impressão errada, é a ratoeira do embuste que te faz bater no poste a mais de cem por hora. O medo, dependendo do ângulo, é amigo, nos faz fortes, também é necessário para haver vitórias; enquanto a falsa segurança é visão tão somente subjetiva, é traidora é cegueira é má sorte. Está no sol, mas nem percebe; está na chuva e passa sede (madrugada de 11 de junho de 2015). Todos dizem em voz alta, em alto e bom som, em tom de pura sinfonia com enorme euforia, sem ironia e sem sabotagem, com emoção e pura paixão. A palavra sai solta no ar no caminho que foi imposto... Como um castigo. Conjecturas à parte: quatro letras, quatro lindas estrelas.  Presunções à parte: se divide corretamente em duas vogais e duas consoantes. Apoia-se no democratismo, se abriga na coerência das suas idiossincrasias; seja noite – seja dia, dança e canta conforme a música. Tem sonolência, tem ansiedade, há a vontade de estar à vontade para sempre estar. É a hora de se deitar e relaxar; vir e ver o buscar de uma nova meta, de certa cota de colossal comprometimento e entusiástica razão. Há casos raros: entre enormes muros de pedra, na sombra e quase sem água nascem rosas. No subconsciente está no mar, aquele mar calmo de sonho bom. Agora foi ao parque comprar algodão doce, salsichão e tomar sorvete... Diverte-se. A vida é curta de tempo escasso, e ao levantar o braço ao acaso o relógio pesa. Os olhos procuram acordar para a realidade irreal, colocar a pitada de sonho em tudo, colorindo e enfeitando a grande farsa da vida aos dentes. Bem no estilo vingativo – dá e recebe –, vai levando sua vida empurrando com a barriga e às vezes com as mãos mesmo. O corte foi preciso, e foi preciso cortar e cortar os desgastes. Cai do céu uma chuva, será que molha? Será que seca? Acho que ele sabe o segredo mais bem guardado... o segredo que foi gritado aos quatro cantos, em voz alta e bom som. Somos vítimas e não culpados, somos armados de um lado com a disposição de amar, do outro a imaginação de um mundo armado como um circo. Somos a voz alta e o jogo de dados e não as fichas. Doentes ou sadios... Somos sábios ao saber lidar com isso e aquilo (Tarde de 8 de junho de 2015). A enfermidade estava sarada, sem a necessidade de remédios caros, atendimento especial ou até mesmo palavras de baixo calão. Pegou o balão e foi ao céu, meditou alguns minutos e voltou sã. Hoje objetiva e distribui compreensão; hoje é menos submissa, na verdade é nada submissa e aprendeu a lidar com o “não”. Curandeiros foram ouvidos, religiosos, pais de santo, mães de casa, aprendizes, filósofos, numerólogos e até charlatões; ouviram bocas de Matilde, a mãe Joana (dona da casa), o Wally e o Waly... (o sumido e o Salomão), ouviram o cantar de aves raras e a galinha do João; houve também médico de plantão, pó mágico, forca, gilete, gás do botijão, elixir raro, sopa de tartaruga e de barbatana de tubarão, ninho de pássaro raro que a Glória Maria bebe e até medalhão de salmão... Nada disso foi preciso, a enferma estava boa. A doença se foi como tempestade passada em sonho; a doença não deixou destroços, não deixou confusão. Foi-se o tempo ruim, pegou o trem errado para o lado oposto. Agora caminhamos na estrada com a calmaria de sempre, com céu aberto à frente e poesia embriagante... Vamos adiante – pois atrás vem gente –, se triste ou contente não é da nossa conta. Já perdemos tal conta, não somos matemáticos para analisar fatos, sensatos e friamente. Se vemos fome damos um jeito; se vemos festejo damos um nome; se vemos outono damos vassoura; se vemos lavoura damos semente; se vemos verão cuidado com a dengue; se vemos demência voltamos ao começo do texto. Nada muda, é uma corrente, tudo conforme o combinado e o indiferente. Somos frutos das pequenas coisas que fazemos, pois nas grandes, geralmente, não temos controle. Professamos cada passo, cada olhar, cada rasteira, cada intenção de nos enquadrarmos no melhor sentir possível. Não há o que fazer senão o melhor possível... Assim seguimos. Saímos de um canto e montamos acampamento em outro. O tempo estava bom, então aproveitamos e fomos ser felizes. Quando vier novamente a tempestade, fecharemos as portas, janelas, os olhos e vamos sonhar com dias melhores. Dizem que tudo aquilo deu em nada; mas se deu, já é alguma coisa (Madrugada de 15 de junho de 2015). Olho para um lado e olho para outro; vejo um muro alto – obstáculo – soltando seus tentáculos em um peso morto – não vejo nada novo –; e a essa altura do fato já estou farto do mundo me faltar o respeito e não ter, pelo menos peito, de se retratar. O melhor agora é abrir uma Coca-Cola ou um guaraná. Aceito palpite de quem me quer bem, quem está ao meu lado, dá opinião no meu sapato, na blusa, meus anéis e além; aceito o “spoiler” da próxima peça de teatro, do filme de hoje na sessão da tarde, das minhas contas no fim do mês. Quero sim saber o fim, não vejo problema algum nisso. É comum conhecer o final, é tão comum que o livro mais famoso do mundo funciona assim... Agora senti! É cheiro de jasmim; germina no seu ínterim, dá-se vivo no início imperceptível – abrolha –, e acalenta lentamente a mente, as narinas e a posteriori a alma. Não fazia parte dos planos os roubos no pouco tempo vivido em sacrifício ao nada, ao mínimo, à tumba de um Faraó Egípcio (gosto de Hórus) ou um Rei qualquer da Espanha. Vejo aquele ser dividido com a fé, aromatizado pela busca e automatizado pela brusca obsessão de ser o que já era e sempre foi. Veio o som aos ouvidos e a imagem à retina, e quebrando a rotina veio uma força perversa, atroz e atriz, levando-o com pressa sem ponto e vírgula, sem um minuto a mais; mais célere que o absurdo, como um raio no ímpeto de nem se fazer perceber. A história é longa, muitas linhas para contar, os caminhos muitas vezes são falhos e nos pregam uma peça sinistra e indigesta, incontestável ao clamar. Nuvens negras que aparecem atrapalham o nosso dócil piquenique de domingo. A vida é o assim: sopro. A energia desfaz-se no ar, voa e some na morte que subtrai e soma e come e traga e enterra e é negra, branca, amarela... qualquer coisa que queira ser e é; para vir e se mostrar ou se camuflar; ser bandida ou heroína, ser rainha ou vagabunda de esquina... Nada importa, se faraó, rei, rainha, ou outra coisa... Pois é escolha dela. Aquele pássaro amarelo nos deu bom dia, pousou na árvore, sorriu para a vida e nos fitou com esmero. Hoje as montanhas nos chamam; bocas verdes com hálito afável, olhos negros com visão sem limite. Hoje a vida é aquarela – gengibre – com ocre com pinceladas de azul turquesa. Vou esfriar a cabeça, tirar a mesa, lavar a louça e limpar o fogão... Até o próximo piquenique na sala; até o próximo inverno. Sabe, existe um cara que não se diz ganancioso, apenas não se contenta com pouco; só não percebeu ainda que também não se contenta com muito. 

- André Anlub

17 de junho de 2015

Manjando o Kilimanjaro

Marque o seu amigo que adora escrever!Às 21h30, no Sangue Latino, a escritora chilena Alejandra Costamagna define o que, para ela, é ser escritor. Não perca!Veja mais: http://bit.ly/cOstamagnA
Posted by Canal Brasil on Quarta, 17 de junho de 2015


Manjando o Kilimanjaro
(André Anlub - 27/4/14)

Tanto tempo contemplando a inventiva montanha:
Mais tarde, quem sabe, a alma fale e olhe com olhar sedento;
Quem sabe exprime, em música e rima, a saudade e o lamento.
Mais tarde, quem sabe, tal angústia suave e em silêncio,
Desça sem freio e molhe o meu cúmplice de pano...
(meu travesseiro)

Submerso nas ilusões das palavras de tintas e nos fios de seda,
Procedo com medo, arredio, e coração cheio de ar, de vento, de ventania...
(porém, vazio).

Ficou tarde e agora troca-se o chá verde de menta
Por um copo cheio de camomila;
(quem sabe uma taça de vinho).

As torradas com mel e gergelim,
As estrelas da noite ou de um céu, enfim,
Quase tudo de quase todos,
Sumiram com a escuridão da saliva seca da saudade...

No céu da boca.
Foi-se a montanha, é o fim...
(eu e o horizonte, sós).

Para ponderar...


Maria Rita Kehl: Justiça ou vingança?

Sou obrigada a concordar com Friedrich Nietzsche: na origem da demanda por justiça está o desejo de vingança. Nem por isso as duas coisas se equivalem. O que distingue civilização de barbárie é o empenho em produzir dispositivos que separem um de outro. Essa é uma das questões que devemos responder a cada vez que nos indignamos com as consequências da tradicional violência social em nosso país.

Escrevo "tradicional" sem ironia. O Brasil foi o último país livre no Ocidente a abolir a prática bárbara do trabalho escravo. Durante três séculos, a elite brasileira capturou, traficou, explorou e torturou africanos e seus descendentes sem causar muito escândalo.

Joaquim Nabuco percebeu que a exploração do trabalho escravo perverteria a sociedade brasileira –a começar pela própria elite escravocrata. Ele tinha razão.

Ainda vivemos sérias consequências desse crime prolongado que só terminou porque se tornou economicamente inviável. Assim como pagamos o preço, em violência social disseminada, pelas duas ditaduras –a de Vargas e a militar (1964 e 1985)– que se extinguiram sem que os crimes de lesa-humanidade praticados por agentes de Estado contra civis capturados e indefesos fossem apurados, julgados, punidos.

Hoje, três décadas depois de nossa tímida anistia "ampla, geral e irrestrita", temos uma polícia ainda militarizada, que comete mais crimes contra cidadãos rendidos e desarmados do que o fez durante a ditadura militar.

Por que escrevo sobre esse passado supostamente distante ao me incluir no debate sobre a redução da maioridade penal? Porque a meu ver, os argumentos em defesa do encarceramento de crianças no mesmo regime dos adultos advém dessa mesma triste "tradição" de violência social.

É muito evidente que os que conduzem a defesa da mudança na legislação estão pensando em colocar na cadeia, sob a influência e a ameaça de bandidos adultos já muito bem formados na escola do crime, somente os "filhos dos outros".

Quem acredita que o filho de um deputado, evangélico ou não, homofóbico ou não, será julgado e encarcerado aos 16 anos por ter queimado um índio adormecido, espancado prostitutas ou fugido depois de atropelar e matar um ciclista?

Sabemos, sem mencioná-lo publicamente, que essa alteração na lei visa apenas os filhos dos "outros". Estes outros são os mesmos, há 500 anos. Os expulsos da terra e "incluídos" nas favelas. Os submetidos a trabalhos forçados.

São os encarcerados que furtaram para matar a fome e esperam anos sem julgamento, expostos à violência de criminosos periculosos. São os militantes desaparecidos durante a ditadura militar de 1964-85, que a Comissão da Verdade não conseguiu localizar porque os agentes da repressão se recusaram a revelar seu paradeiro.

Este é o Brasil que queremos tornar menos violento sem mexer em nada além de reduzir a idade em que as crianças devem ser encarceradas junto de criminosos adultos. Alguém acredita que a medida há de amenizar a violência de que somos (todos, sem exceção) vítimas?

As crianças arregimentadas pelo crime são evidências de nosso fracasso em cuidar, educar, alimentar e oferecer futuro a um grande número de brasileiros. Esconder nossa vergonha atrás das grades não vai resolver o problema.

Vamos vencer nosso conformismo, nossa baixa estima, nossa vontade de apostar no pior –em uma frase, vamos curar nossa depressão social. Inventemos medidas socioeducativas que funcionem: sabemos que os presídios são escolas de bandidos. Vamos criar dispositivos que criem cidadãos, mesmo entre os miseráveis –aqueles de quem não se espera nada.

MARIA RITA KEHL, 63, psicanalista, foi integrante da Comissão Nacional da Verdade. É autora de "O Tempo e o Cão - A Atualidade das Depressões" (Boitempo) e de "Processos Primários" (Estação Liberdade)

Leia na íntegra: http://app.folha.uol.com.br/#noticia/562864

Dueto da tarde (CLXXX)



Dueto da tarde (CLXXX)

Faço minhas as minhas palavras, sem requerer direito autoral.
Faço parte da arte pintada, escrita e falada – solta na estrada, na água e no ar.
Tenho compromisso com o que é meu, mas não sou dono de nada. Meu verso não está escrito na pedra nem a pedra é meu túmulo.
Ando e penso rápido – corro, paro e medito – estagno; a arte cresce nas duas formas, oxigênio e sonho.
Qualquer passante parando e olhando é apenas um passante parando e olhando. Se eu sigo, é por mim. Se estou ali, não é por ele.
Para os caolhos olhos alheios faço vista grossa; pego o martelo, formão e a grosa e vou rapidamente lapidar o meu mundo.
Pode ser que eu seja também um caolho. Mas não peço emprestado a vista de ninguém. Nem a prazo.
Pode ser que eu seja também um atraso, ou uma pressa... Mas não me apresso, tenho apreço nos detalhes dos entalhes da alma e da carne.
O que é meu é suficiente meu para que me deixe tranquilo não me adonando de nada.
Nesse final de tarde, durante a vespertina boemia, confiarei parte da minha arte ao fim do dia, conforme combinado no final da noite.
Serei por do sol com o por do sol. Em meu céu escreverei com as nuvens em fogo e terei a noite toda para lembrar.
As estrelas estarão lá, de óculos de leitura para ler em voz baixa e brilhar a cada verso.
Tudo porque faço minhas as minhas palavras, sem requerer direito autoral.

Rogério Camargo e André Anlub
(17/6/15)

Nos varais

Here's a video from Aric Improta. It's a song called, "My Son, the Leopard" that he collaborated on with Cameron McLellan (Bass player of Protest the Hero/Producer of both Interval's and Protest's most recent records). Aric's Meinl Cymbals set up from left to right, if sitting behind the kit, is as follows: - Byzance 14" Traditional Medium Hihats - Byzance 10" Traditional Splash  - Soundcaster Fusion 22" Powerful Ride - Mb10 19" Medium Crash(-Chris)
Posted by Meinl Cymbals on Segunda, 15 de junho de 2015


Nos varais
(André Anlub - 20/9/10)

Nos varais o ardente dos verões,
Carros passam no asfalto emanando calor.
Pobres pés descalços vão estender roupas,
Loucos com seus vieses, variações e viagens.

Varais com varas de bambu - apoiam-se...
Chegam a confundir os olhos ligeiros,
Quem estaria apoiando quem?

Varais das Valerias e Veras,
De coloridos poéticos,
Eternidades efêmeras,
Momentâneos de eras.

Nos varais frígidos dos invernos,
Casacos acenam com o vento,
Na corda bamba do tempo,
Nos confins dessa esfera.

16 de junho de 2015

Nua em pelo, no pulo e num palco



Nua em pelo, no pulo e num palco     
(André Anlub - 28/11/13)

Nadando no gélido lago foi encontrada
(Feliz e pelada) com os pelos arrepiados,
Seus belos cabelos negros cacheados,
E como seria imaginável...
Cantarolando aquela lacônica balada: “...you can’t always get what you want...” - olhos esbugalhados, olhar simplório... perfil de romântica rebelde
Com a sensação de estar nada errado.
- Seria assim que eu a descreveria! E é assim que ela é!
Entre os dias que se passaram em sua vida,
Estão de um lado algumas horas que se petrificaram
Na sensação de não seguir um vil modelo.
Na outra ponta da história (não menos importante)
Fica o momento: replay - déjà vu - oposto de um pesadelo.
Quase sem querer, de repente por estar mais magra,
A aliança caiu no ralo.
(num estalo a lágrima sem jeito a seguiu).

Dueto da tarde (CLXXIX)

Dueto da tarde (CLXXIX)

O palácio limpo e decorado, ouro e joias brilhando e o coração apertado em um pequeno espaço.
O coração é uma casa simples e quer continuar sendo uma casa simples.
A mente, por sua vez, é proprietária de um desmesurado terreno. Vai além das fronteiras, além das barreiras do espaço-tempo.
“Caber no seu espaço” – nada além de um bom sensato conselho tomado por maldição.
“Cada macaco no seu galho” – mas que problema! E se o macaco prefere morar em uma caverna ou em Ipanema?
Depois pede para outros macacos quebrarem o seu galho. Pedido ocioso: o galho vai quebrar com o peso da caverna, com o peso de Ipanema... 
O palácio continua intacto – limpo e solitário –, sem uma morta ou viva alma.
E o coração continua pequenino, oprimido, sufocado, sem ocupar o seu espaço.
Pensou em uma solução simples e clara para os dois casos: repartir/compartilhar o palácio – entregá-lo ao povo, aos menos abastados.
Por dois minutos os menos abastados foram felizes, na sua imaginação. No terceiro, um deles já era o dono de tudo, à força de golpes e truques.
O palácio agora tem novo dono e tudo tem um novo princípio. Ele vaga solitário pelo planeta afora com sua mente e seu coração, que agora dividem o infinito.
Um infinito dentro de casa – que é a única coisa que ele tem, já teve e jamais terá.

Rogério Camargo e André Anlub
(16/6/15)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.