18 de julho de 2015

Sicrano Barbosa

Em entrevista a uma rádio, ator Pedro Cardoso comenta o depoimento recente de Marieta Severo sobre avanços sociais do Brasil e dá uma AULA de Democratização da Comunicação. Veja!
Posted by Jandira Feghali on Quarta, 15 de julho de 2015


Sicrano Barbosa
(André Anlub - 14/5/14)

Chegou o tempo das convicções positivas
De amores desatados por mãos limpas
Lavadas com o suor da procura.

Eis mais um desafio no meio do povo de andar semelhante:
- barba bem feita, sapato novo e alma nada desnuda.
Eis o semblante guerreiro, os filhos na escola e hora na labuta:
- comida na mesa e nove talheres para apenas duas mãos.

Chegou o tempo de desprender-se do básico
E não se sentir um traste por nada ter de praxe.

Fugindo da história:

Foi convicto à feira no domingo e comprou seu peixe,
Subiu no velho caixote e disse a todos os ouvintes:
- é bendito e bem-vindo o tal de Benvindo Nogueira,
Deputado do povo (eleito por ser um homem oprimido).

Voltando à história:

No arraste das horas a barba crescendo e o sapato mais velho,
Vê-se esotérico ao som erudito de um novo critério;
Agora homem simples, Sicrano da vida em um mundo baldio.

A vida estava por um fio, mas as nuvens se foram e tempestades sumiram.
(o chão é o limite)
O tempo chegou, o clarão é mais vivo das asas no apoio e o voo é continuo.
(o céu é o limite).

17 de julho de 2015

Dueto da tarde (CCIV)



Dueto da tarde (CCIV)

A água salgada do deserto que não conhece outro deserto além da água salgada
Salga as algas imaginárias que no algoritmo desarrumado são apenas algo.
Passa a vida procurando vida enquanto o nome das coisas diz outra coisa,
Passa regando com prosa, indo no vento, escorrendo nos prantos dos deuses e pessoas.
Não vaza no poço, não corre no córrego, não marcha no mar. Amarga carga a desta água do deserto.
É miragem ou real? Não importa quando se agrada aos olhos. Mata de sede ou mata a sede? Nenhum dos dois, não quer a alcunha de assassina.
Assina sua sina com o sal que combina com o sol que tudo seca. Talvez queira ser outra coisa. Não pode ser outra coisa.
Vê suas ideias, projetos e sonhos evaporando junto com seu corpo rumo ao céu.
Sonha chuvas, alagamentos, temporais renovadores, tempestades revolucionárias. Enquanto é vapor.
Agora tudo é possível dentro da sua nova vida, nova visão, mudança – transformação.
Tudo é possível: até continuar eternamente a mesma coisa, porque pode não haver outra coisa.
Vê sua esperança comprimida no comprido dilema da eternidade: quando se é eterno não há dever completamente cumprido.
Nem é isso que ela quer, acha. Ou se perde achando. Ou... mais um suspiro e sonha cair na Amazônia, talvez. Antes que também vire um deserto.

Rogério Camargo e André Anlub
(17/7/15)

Muito me honra fazer parte dessa Academia: 

16 de julho de 2015

Ouro de tolo (Parte II)

Evereste - Trailer OficialAssista agora ao trailer de #Evereste! Breve nos cinemas!
Posted by Universal Pictures Brasil on Quinta, 4 de junho de 2015


Ouro de tolo (Parte II)
(André Anlub - 26/1/15)

Ouro valioso, rico enriquecido, diamante da noite/dia endiabrado,
Constrói-se um abrigo inimigo de brilhantes errantes e fúteis.
Mundo sórdido de fel, cruel, vil;
Colherada de antídotos e janelas fechadas ao sol mais belo.
Íris, anel, elo, perdão e ar; 
Enxerga a riqueza no breu dos olhos cerrados. 

É amplo o mistério, é mísero o conteúdo da cachola;
Faz-se um mundo imaginário de ostentações e glórias.
Na paz, na tez: espelhos do medo de tudo que se é.

É fechado e discreto o inverno: nuvens negras e tempestades 
(dentro de si próprio);
É trancado e resignado o verão: sol quente queimando a alma
(desesperando o ódio).

Tem que se deixar ir, deixar o corpo livre ao vento;
O gole de absinto do amor – fluir, e finalmente ruir falsos intentos.
Ouro valioso é a vida: goles de eternidade na água rara bendita;
Abrigo é coração alheio: calor da paixão, dois/todos mundos divididos/inteiros.

(Até mesmo os artistas porcalhões, não deixam jamais sua arte de lado, preferem lugares com clima úmido para esculpirem melhor suas melecas).

É o lodo na ladainha do saber viver

Mesmerizing Dripping Paint!www.artFido.com/popular-art
Posted by artFido - fetching art on Segunda, 4 de maio de 2015


É o lodo na ladainha do saber viver
(André André - 5/8/13)

Farei uma enorme promessa,
Dessas difíceis de acontecer:
Subo escada de joelhos,
Levo uma pesada cruz até o outeiro,
Deixo de fato a bebida e o cachimbo,
Mudo-me no ato para o limbo
E fico o tempo que merecer.

Tudo que é novo de certa forma vai assustar.
Já foi construído o castelo
E agora recebe uma bela pintura.
Foi escolhido aquele azul clarinho,
Quase turquesa, 
Que é gêmeo da beleza,
Da azuleja do seu olhar.

Fim de papo, na papada cansada
Dessa ladainha.
Vou cair na real, pois agora é hora de festa.
Colocarei a torta de amora na mesa
E aquele café fresquinho.
Pegue o bongô, afine o cavaquinho
E tocaremos aquela preferida do meu avô.

O amanhã será sempre improvável
Se eu não sentir seu cheiro.
Irei me sentir o ébrio de beira de estrada
Com os faróis ofuscando a visão.

Várias vezes fui bem abusado
E mal avisado fiquei visado.
Já sou conhecido por ter nascido
No lado errado na hora em vão.

Sempre comecei pelo modo mais fácil,
Afinando os chifres nas cabeças dos cavalos...
Mas só nos domados.
Chorei com os poetas e pintei inúmeras zebras.
Uma vez até me sentei
E ri, com as hienas.

Curriculum Poético

Hoje, às 22h30, você conhece o trabalho de Tó Mané, português convidou milhares pessoas a surfar através de suas fotos. Veja mais: http://bit.ly/1gDBnG3
Posted by Canal OFF on Quinta, 16 de julho de 2015


Curriculum Poético          
(André Anlub - 3/5/09)

Começo pelo modo mais fácil, 
Entrego o meu ser por inteiro.
Espero uma solução instável,
Busco o dito amor verdadeiro.
Nunca fui exigente demais,
Também não sou perfeccionista.
Visto a camisa da paz,
Não vivo a vida seguindo uma lista.
Não traio e não suporto traição,
Atraio para mim uma forte energia.
Dispenso qualquer tipo de apresentação.
No sexo faço a dois a minha orgia.
Amo a natureza em geral,
O mar, sol, lua - o sul e o norte.
Penso que recíproca é uma coisa normal,
Não temo, nem subestimo, a morte.
Dinheiro para mim não é tudo,
Contudo, tê-lo não faz mal a ninguém.
Grandeza muitas vezes é absurdo
E humildade sempre receberá nota cem.
Não sou nenhum vegetariano,
Amo um bom filé mignon.
Faço aniversário todo ano
Não minto minha idade em vão.
Não me importo com cor, religião ou time.
Sou uma pessoa fácil de conviver.
Não me chateio se falam que meus versos não rimam,
Mas fico triste se a pessoa não ler. 

Rabiscos gerais... [parte II]

Buenas noches!Saramago - Caverna de Platão e as imagens
Posted by Koz Palma on Quinta, 16 de julho de 2015


Rabiscos gerais... [parte II]
16 de julho de 2015 às 09:54

Por debaixo da seda
você me seda...
Brinca de ser a pura,
E eu, em apuros, me cedo.
-- x --
Tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora.
-- x --
Vejo novos poetas
Parindo vida e feitiço,
Graça e sonoridade,
Avivando o agora,
Alcançando os ouvidos
E bulindo mil verves afora.
-- x --
O problema não é o sujeito ter avidez exacerbada por dinheiro;
o problema é ele pensar que todos seguem esse objetivo.
-- x --
Tenho alma em aquarela
alma fundida, misturada
afável e zen.
Alma branca, negra, amarela...
às vezes com tons de cinza
mas não só cinquenta!
São pra lá de cem.
-- x --
A conotação disse pra denotação que a mesma tinha um coração de pedra;
a denotação acreditou e morreu de infarto!
-- x --
Quem fala bem passa de jato ou de trem;
Quem fala mal pega cadeira e jornal.
-- x --
Uma nebulosa me persuade,
Fico com receio de satisfazer meu arroubo,
Mas meus pés nesse solo quente que arde,
Não conseguem permanecer sem meu voo.
-- x --
Uma tal ovelha negra
se desgarrou do rebanho
conseguiu sua liberdade
desfrutou do assanho.
E agora com mais maturidade
continua ovelha negra
só que feliz e arteira
dança com o namorado
na luz da fogueira.
-- x --
O segredo é parar de bater o pé falando que o tempo voa e começar a bater as asas voando mais alto que ele.
-- x --
Verto os versos na vértebra da poesia
até vê-la envergar ao máximo.
Faço do meu jeito.
Mergulho
entrego-me
sonho.
Os olhos se encharcam
a emoção fica ao avesso.
Faço o meu leito.
-- x --
Às vezes vivemos uma vida inteira em uma pequena época. 
E ela passa, e acaba, e não volta;
então mais tarde se percebe que vivemos felizes uma vida inteira,
mas dentro de uma época que se foi.
-- x --
Vi nascer o amor
Vi morrer a aflição
Moribunda e vadia
Sem velório ou enterro
Sem desespero e futuro
Sem carpideira
Morreu fuzilada
Na fronteira em um muro.
-- x --
Não é física e nem afásico, talvez algo frásico sobre/sob fusão:
alcança-se o ponto de ebulição da água 50% mais rapidamente ocupando-se em outra coisa.
-- x --
Tenho mente clara e aberta,
alma e aura brancas e corretas,
ninguém me desbanca.
Não importa a cor da minha casca,
sempre serei camaleão – camaleoa;
não me avalie, gosto de pessoas raras
que não existem à toa.
-- x --
Sempre comecei pelo modo mais fácil,
Afinando os chifres na cabeça dos cavalos...
Mas só nos domados.
Chorei com os poetas e pintei inúmeras zebras.
Uma vez até me sentei
E ri, com as hienas.
-- x --
Não se diz ganancioso, apenas não se contenta com pouco;
só não percebeu ainda que também não se contenta com muito.
-- x --
Não vim ao mundo para durar;
quem dura é pilha de marca e conselho de avó;
vim ao mundo para fazer o que gosto,
ser feliz e ter qualidade de vida à minha maneira...
Vivo sem me preocupar com o tempo de estadia.
-- x --
Vindo as noites frias já me aquecia nos seus lábios
E nos alfarrábios com as poesias que levam ao alto.
Fiz do poço o salto e do básico todo um universo,
Ilustrei meu inverso e ao invés do trágico fitei o palco.
-- x --
Viva e deixe viver, pense sempre alto
Curta a vida que é curta
Não ande pelado no asfalto
Mas também não vista uma burca.
-- x --
Vivemos em um faz de contas
Onde contas se empilham em mesas
Muito igual é a desigualdade
Estômagos gritam na escuridão das cidades
E as incertezas são nossos irmãos siameses
Engolindo os meses
Vomitando afrontas. 
-- x --
Até coloquem palavras em minha boca... mas que nasçam poesias. 
-- x --
Voo entre a terra e o céu
O sonho que crio na escrita
Lua que derrama no papel
Sol de desbanca na tinta.
-- x --
Vou degustar outros ares,
Novos mantras e músicas,
Devorar os segredos,
E digerir o dom.
Vou esculpir o vão
E redesenhar velhos mares,
Fazer da vida um folguedo
Num real sonho bom.
Vejo o ser montanha russa,
Dando tapa na fuça da depressão.
Vejo a beleza em rubores de fúcsia,
Sendo cor ou sendo flor,
Sempre adoração.
-- x --
A vida é muito curta para entre uma rotina e outra ficarmos preocupados com hábitos 
-- x --
Sempre levei a escrita e as artes plásticas como hobby.
E assim pretendo seguir.
Na vida já há competição suficiente
e tento não colocar minhas paixões nessa.
-- x –
Sempre sorrio com um bom poema
ou com o sol nascendo ao longe
num céu azul, quase turquesa
no alaranjado ao vermelhidão
que borra a folha, desfaz a resma.
-- x –
Faça da sua consciência a sua própria régua – balança – espelho.
-- x --
Sendo o alicerce mais forte,
fez-se o castelo.
Nasce o coveiro,
que rompe vis elos,
enterra as contendas,
encarcera o faqueiro
que insiste no corte.
O som é mais ameno,
no feliz badalar dos sinos
para a hora do recreio.
-- x –
Sendo o céu infinito
Deixarei nele
Todo meu amor por ti
Repousando à vontade
Enquanto não chegas.
-- x –
Sentada à mesa ao jantar,
perfeita na metáfora dos gestos;
pegando o suco,
molhando os lábios,
encanto abrupto
nos calores honestos.
Sei dessa vida o meu vagar,
sinto-me amar e vou dizer:
tenho prazer nos excessos
dos seus ardentes hinos,
sendo inteiramente felina
nas horizontais de prazer.
-- x –
Será que sou anti-herói filósofo
Que tem a cabeça dura de pedra
De frágil esteatito;
Que tem perigosa peçonha
E usa para criar o antídoto;
Que tem o coração guardado
A sete ou oito chaves
Mas deu cópia aos amigos?
-- x –
Só com uma luneta podemos ver a tristeza que está no nada
crianças sem fome ou sede, com aconchego e um futuro abissal
empáfias, crueldades e cóleras morrendo asfixiadas
caem vis preconceitos, caem muros, desaba o mal.
-- x –
Só o amor constrói...
Às vezes
Imponentes casebres
De madeira;
Às vezes...
Impotentes castelos
De areia.-- x –
Quero sempre estar com ela
Em novos sonhos e novas ideias,
Outros planetas,
Inúmeros cometas,
Espalhando os sentimentos
Nas caudas de veemência,
Nos inéditos momentos,
Em outras ondas, outras facetas,
Alegrias e tristezas
Que esculpem nossa existência.
-- x –
Faço do meu Deus o alter ego da minha consciência.
-- x --
Soberba e bazófia
palavras fortes e engomadas
goteiras nas torneiras
de algumas camadas privilegiadas.
-- x –
Sobre os amores faltam-me versos
tentarei, mas posso estar errado
são faces afinadas
olhos certos
facas afiadas
olhos cegos
sonhos bons em noites enluaradas.
Tudo claro
olhos fechados
línguas extensas
descontroladas
são lenhas que almejam machados.
-- x –
Soi-disant - Sempre fui caçador
Agora chegando ao patamar da vida
com as soluções nas mãos
e a visão ligeiramente cega
mas corretamente bem resolvida.
Morrerei lapidando meus olhos
olhos de um pretenso poeta.
-- x –
Sonhei com o Tibet!
E pra quebrar o tabu
sem quebrar a tíbia
vou tocar tuba
dentro da taba
deitado em uma tumba.
-- x  --
Sou como a piracema
por minhas convicções
sou capaz de nadar contra a corrente.
-- x --
Sozinho e sem norte
Vejo no arrebol desse dia
O brilho do teu olhar.
Deito e disparo um grito ditoso de Dante...
“TE AMO”
Ensurdecendo os Deuses.
-- x --
Talvez ninguém saiba
talvez nunca saibamos
talvez hão de saber.
Mas nesse ínterim
sigo dentro do arcano
amando e sendo amado
sem sequer saber o porquê.
-- x --
Tão célere vai passando o ano
que já deu sinal na retina
o outono
descendo a colina.
-- x --
A gente se habitua a tudo na vida; dá-se o nome de flexibilidade.
Quando habitua-se com assiduidade, dá-se o nome de comodismo. 
-- x --
Tão insensata professora é a vida.
Na lida com o apego e o amor
ponderação e questionamento
ela ensina.
Mas não se iluda!
Jamais se aprende o suficiente
e nos seus erros eloquentes
ela castiga.
-- x --
Tem sido poesia que me invade
e em alarde e envaidecido
sigo saciado na tua maestria.
-- x --
Temos o poder do pensamento, e de torná-lo secreto e restrito.
Se tudo que viesse à mente fosse exposto em praça pública,
todos os monstros fantasmagóricos e bárbaros tomariam forma.
-- x --
Tenho a alma transbordando nesse doce momento, um palpável amor que vai ao alto firmamento. Devoção é promessa que nunca se viu abalável; amparo é a certeza de jamais ser recusável. Em meus sonhos um querubim me confidencia: "Por trás dessa máscara negra há um mortal amável". Derramarei meu deleite ao máximo desatino e seguirei suas pegadas pelas areias quentes do destino.
-- x --
Tenho quase uma “obrigação” de acreditar em uma força superior...
Pois, pelo contrário, em quem eu colocaria o mérito de toda a sorte que tive e tenho em minha vida? 
-- x --
Tenho seus poemas tatuados para meu longo conforto,
Ás vezes os leio a esmo, desmanchando possível mácula.
Dentro de uma garrafa de fino gargalo torto,
Com as letras distorcidas que renasceram de um cálido aborto,
Leio um romance barato que se tornou simpática fábula.
-- x --
Tenho um caso extraconjugal
com o Outono.
Mas não contem pro verão
ele esquenta à toa
e é deveras ciumento.
-- x --
Tragam vozes e resmas
tragam versos e temas
porque meu amor
pela praia passeia.
Na orelha uma açucena
emoção é plena
o coração tá sereno
e o olhar tá sereia.
-- x --
Três pessoas sem o menor pudor
Eu dou paulada na água
Meu Eu lírico quebra o vento
E o alter ego dobra uma esquina
Mas, para não sermos prolixos,
Revelamos logo nosso ponto fraco:
Tomamos surras do amor.
-- x --
Tudo está mais claro e prático dentro do meu sorriso,
Fez o improviso arrepiar o pelo e esquentar a alma.
Então exibo agora o nosso real e o meu inventivo
E pedindo eu viso que assim o faça sem mais ou mal.
Seja leve, seja doce, assim como nossa melodia.
Seja a lua do meu dia e da minha razão o sol.
-- x --
Uma caixa se abre e aquele lindo presente,
Que lembra o passado e prevê o futuro,
Que faz inoportuno me dizer doente,
E assim, tão ausente, enraizei no escuro.
-- x --
Uma tormenta de enorme proporção pairava na emoção...
Mas tudo mudou nesses santos anos.
Foram-se os olhos derramando lágrimas turvas,
Foi-se a aflição do velho homem branco.
E na esquina nos vigia,
O sentimento e seus novos planos.
-- x --
Veio assim de repente,
como essa brisa gostosa que corta o vale
Uma lembrança recente, que se faz nascente
No amor que ainda insiste em você.
-- x --
Vejo estática tua íris,
Por compreenderes tamanha epístola.
Voas, feito águia,
Tão majestosa tal qual a vida.
-- x --
Vem à nuvem, vem à névoa
e somem a aves no véu de um Deus.
Os olhos fechados vão além,
veem tudo e todos,
no clarão e na treva,
os segredos e os pecados
que jamais foram meus.
-- x --
Saber que está sendo enganado, e nada fazer, só te adiciona na lista dos que te enganam. 
-- x --
Vê-se os trilhos do bonde
no pé das frutas do conde
no entorno do misto dos milhos
com as doces e tortas espigas
do conde de monte cristo.
-- x --
Aquela gota
corriqueira
que pinga
da torneira
é como
minha lágrima
amiga
salgada
temperando meus lábios
nesses dias sedentos
pelas lembranças
momentos
vazios
sem você.
-- x --
Ontem: recuperei o tempo perdido, esqueci-me dos problemas e reescrevi um poema antigo;
hoje: perdi algum tempo que tive, mas resolvi problemas antigos e escrevi um poema novo.
-- x --
Ainda mergulho de cabeça em uma paixão;
mas checo a profundidade e a temperatura da água,
coloco touca, tapa ouvidos, pensando duas vezes e vou.
-- x --
Resolveu decorar o mundo de dentro e tornou-se bem mais feliz.
-- x --
Sem visionar um futuro não haverá mais nada para se ouvir além de tudo que se ouve e sempre houve
-- x --
Amizade não é aluguel da alma
nem penhora, tampouco permuta.
Amizade é entender, saber ouvir
ir junto à luta.
-- x --
A liberdade sempre aceita bailar com alguém...
mas há um porém:
respeitar o espaço do outro
com ela num polo
e o parceiro no outro.
-- x --
As quedas nos obrigam a levantarmos a cabeça,
Reconstruirmos com paciência,
Cada passo, cada tijolo, cada pecado e inocência;
Erguendo-nos mais rígidos e harmônicos,
Com o cimento da convivência.
-- x --
Hoje tem manga,
Pés descalços para encarar a subida,
Alegria do doce na boca,
O melado no rosto
E a brusca sensação de ser moleque;
Hoje tem manga,
Ontem teve manga
E amanhã é mistério.
 -- x --
Já se foi o pássaro por entre os coqueiros e a maresia
deixando um dedo apontado ao infinito
e um sorriso no rosto da menina.
-- x --
Lá no final de tudo, onde o grito é mudo, quem sobrevive é o talento.
-- x --
Lembrei-me da mocidade
num instante congelado
ao som de um verde pássaro
nesse nosso antigo lago.
Uma pequena e livre garça
charmosa, cheia de graça
dançou desengonçada
sobre a água - sob o sol.
Fitou-me com ousadia
e de leve fez barganha
num breve arrebol que banha
meu amor no espelho do céu.
-- x --
Não sabe o porquê, nem por onde ou por quem,
Só sabe que dança a dança mais zen;
E dança no embalo do samba da vida,
Na alma o brilhar, bailar dos amores,
Cheia de cores, de festas, de todos;
É a dança frenética, sem ritmo ou tambores,
De velho, menino, gigante que é rei,
De ruas e rios de deuses plebeus;
Se dança na raça e na praça ditosa,
No coreto da vitória e no viés do além.
-- x --
“O show tem que continuar”
mesmo se a plateia é parca
se o porco de barro está oco
se há cortinas comidas por traças
se o poeta fez pouco.
Sempre haverá saída
pois duas únicas coisas bastam:
o sorriso e o aplauso da pessoa amada
na primeira fila do teatro da vida.
-- x --
O tal vento cruel e birrento
soprou ao meu ouvido
como uma fera grunhindo
e nada adiantou...
só a cera espalhou.
-- x --
Os anjos trouxeram predicados
abençoando as conquistas
lapidando as certezas
aqui nesse dia sagrado.
E sob a lua alegre e minguante
nós, os humildes bardos
festivamente cantamos
com os novos perdoados pecantes.
-- x --
Ser feliz com o viver protegido
ungido com o suor de mil anjos.
Na boca pequena um grandioso sorriso
e aos ouvidos os violinos em arranjos.

- André Anlub

¡Por supuesto!



¡Por supuesto!
(madrugada de 16 de julho de 2015)

Não costumo ter dor de cabeça, na verdade é muito raro, conto nos dedos nos meus quarenta e cinco anos de vida as vezes que a cachola doeu – e não é o caso ao traçar essas linhas -, mas se tem uma coisa que tenta me alocar um dodói na cuca é o tal de “papo cabeça”, papo intelectual banal, nada flexível, que só tem como objetivo a defesa incondicional e bestial das opiniões dos interlocutores. Vejo gente com papo furado, furando cabeças; mas também vejo gente com fino trato, sem a cabeça rente, e sim de frente na obrigação de alçar o papo “gente”. Ontem o vilão era o tomate, hoje é a cebola; não há ideia mais tola do que a verdade absoluta, do ritual do falar uníssono... De repente a mentira absoluta consegue ser ainda mais fútil! As coisas mudam e em tempo, e no tempo certo, todos mudam alguns ideais. Nada mais natural que quem odeia ser rotulado, quem odeia nadar a favor da corrente, quem é pensante, poeta, filósofo; quem é astrólogo do seu próprio tempo tenta odiar/amar as cebolas e odiar/amar os tomates (pois o paladar não muda) em momentos que não são os momentos. O papo cabeça vai além do comentário incoerente, pois toda a razão, todo o discernimento, muitas vezes está claro, entendido e óbvio... mas só para quem o diz. Um exemplo: “você viu que descobriram um novo planeta?” – “vi sim! pão com alho!”. São tantas as interpretações que só em cinco minutos já filosofei em alemão.
Lá está indo a madrugada, meu sono amigo me abandona, de agora é encarar a estrada um pouco mais fraco, mas bem resolvido. Braço cansado dos talhos que fiz no tronco de Acácia; olhos pesados pela noite pouco dormida, cães latindo, uma gripe querendo chegar – mal vinda –. O dia vem vindo e com ele a esperança da energia renovada; da saudade resolvida e de um dia mais ameno – ida ao mercado, peixe cozido e salada fria. Não procuro nada que não sejam imprevistos – falo isso dos eventos juntos com as minhas rotinas. Agora são como anjos sem asas – coisas do tipo; eu topo qualquer parada, mas pare desse “mais nada” – é deveras raso -, pare de ameaçar os outros com seus silêncios e marasmos. O claro apareceu petulante, deu sinal de vida, meio sem jeito, meio minguo. O claro trouxe alguns segredos que acendem em estalos, expõe emoções encrustadas e descasca a casca de um ser feliz asilado. O que não era assim tão bom continua assim nada ruim; há algo ótimo para ser emoldurado, mas não gostei da moldura... achei quadrada. É papo cabeça? Brasa mora! É pipa cabreira? Passa o cerol! Vou rumo ao café quente, abrindo as cortinas da vida e deixando o corpo voar... Fui.

André Anlub

A vida é uma delirante professora

The UnderGround Taekwondo Series Tang Soo Do and Extreme Martial Arts performer extraordinaire Chloe Bruce from the UK shows off her skills in this concept of an ad for the Yellow Pages.
Posted by MixedMartialArts.com on Segunda, 23 de fevereiro de 2015


A vida é uma delirante professora     
(André Anlub - 5/1/12)

A vejo assim: jeito terno e a pele como rara seda, olhos redondos iguais jabuticabas, cabelos longos e escuros e a voz direta e amena; às vezes chega a ser macabra.
- Mas isso é outra história.
Na luz da lua o amor é mais esplêndido, não há fome, não há sono e não há lamento. Como um eco a razão
transcende o vale, vara a noite além do tempo e no auge do entendimento no breu noturno despenca.
Tão insensata professora é a vida: na lida com o apego e o amor, ponderação e questionamento, ela ensina. Mas não se iluda achando que aprendeu o suficiente, pois nos seus erros eloquentes ela castiga.
Atualmente ando com ideias antigas de modernizar meus conceitos. No fundo são adágios superados... Há tempos que tenho a teimosia de querer ser atualizado.

15 de julho de 2015

O som do sino

Trailer de 'Narcos', uma das novas séries da Netflix. Estrelada por Wagner Moura e produzida por José Padilha, conta a história de Pablo Emílio Escobar.A série estará disponível dia 28 de Agosto.
Posted by 365 Filmes on Quarta, 15 de julho de 2015


O som do sino       
(André Anlub - 5/9/14)

Surge o estalo disso ou daquilo, 
Parte Stalin com o princípio de um novo;
A poesia e a guerra se encontram no inicio,
O precipício é o belo corte de adaga.
Ser visível é risível, já que se apaga
Se ficar retido na essência d’um ovo.

Todos se divertem assim na batalha:
As águas rubras surgem regando, passando,
Molham os pés e vão subindo aos joelhos;
Os coelhos saem das cartolas,
Voam sem rumo às cartas da mesa;
O público aplaude de pé a beleza
E a destreza do mágico mago de Angola. 

A peleja fortaleceu o Bento e a Benta,
Amor que abaixa a mão, indo ao resguardo;
No apreço que se funde a compaixão
Faz do mundo elevação, redesenhado.

Submersos, todos reagem ao afogamento,
Já que as águas chegaram à cabeça.
Já sem limites, sem distinção,
A epiderme torna-se clara ou negra;
Sem rodeios, sem interlocução,
Vão se os “nãos” e ilumina-se o momento.
Somente só e dó dormente pó,
Ser e estar do outro lado.
Das ruinas ergueram-se castelos,
Tocaram as nuvens com suas altas torres;
Lá em cima não é sonho o som do sino,
Voa e ecoa para cá em baixo em desatino...

Mais agudo, abrupto, e mais agrado,
Mais afino, continuo e adorado.

Dueto da tarde (CCIII)



Dueto da tarde (CCIII)

Sob a lua e ao som de violinos, queima no centro da quermesse minha paixão de menino.
Era muitos, era um milhão, e em todos eles queimava o mesmo turbilhão.
Largo a rédea, enfio o pé na jaca, tiro a viola do saco e equilibro na língua uma faca.
As lembranças avassalam. E olham comprido para tantos amantes que acasalam.
Sem vassalos ou insubordinados, nada de obrigações pela frente. O rente passa além e as orações são incoerentes.
Há pouca diversão nesta quermesse que divirta como a paixão acha que merece.
Surge então o tal de Antônio, de sobrenome Vivaldi, trouxe em um largo balde anéis para quem quer matrimonio.
Bigode de rolha, parece um bolha, paletó remendado, sapato cambaio. Mirando de lado, não sei se fico ou saio.
Sob a lua envergonhada o seu corpo pega a estrada e deixa um triste adeus. Tudo que se faça, mesmo nada parca e porcamente, atrairá novamente seus olhos aos meus.
Paixão é maldição. É praga rogada. É castigo e perigo de gostar do castigo. Assim comigo e contigo.
E é sabido que o sábio também ama, e corre perigo, e fere e sai ferido, mergulha no céu e se banha na lama.
Se é sabedoria, jamais saberei: só sei que a quermesse me aquece por dois segundos e depois me esquece em outros mundos, em que sonho tristonho com o que não reponho.
A paixão de menino monta em um equino; pega a rédea – come a jaca – toca a viola e me convida a não dar mais muita bola para a moça e as rimas.
Mas ele é só um menino. Não sabe que na sua esteira o homem, tão maduro e sábio, vai fazer a mesma besteira.

Rogério Camargo e André Anlub
(15/7/15)

Óleo da mola do mundo



O tempo passou e passa
semente que germinou e germina;
som das boas ondas.
Vi e vejo as ondas de beleza, simples como a natureza.
A vida segue sentinela,
olhando por onde anda e onde pisa.
Na minha essência... Isso é de praxe.

Óleo da mola do mundo
(André Anlub - 19/6/13)

Mesmo o planeta sendo redondo,
E fazendo frio nos polos.
Nada mais importa,
Pelo menos agora.
Após a ideia original,
De algo a ser descoberto,
No som - aos olhos - ao toque,
Tudo vira cópia.
Não podem expor a verdade
E não ligam se alguém o fizer.
São loucos que rasgam dinheiro,
Com o sorriso de um rosto inteiro
No mistério do palhaço e o sério.
Então voltam-se somente pro lucro,
Para a pobreza de míseros vinténs,
Com o víeis do santo sepulcro,
Ou a graxa da (es)mola do mundo.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.