23 de julho de 2015

Dueto da tarde (CCV)



Dueto da tarde (CCV)

As vidas nunca se cruzaram, mas tinham mais a ver que muitas que deveriam ter a ver.
Irmãos siameses que nunca se viram, se tocaram, se imaginaram.
Quase uma simbiose e uma osmose às avessas; tal diferença que não faz diferença, faz da ausência a afeição.
Não há vir de lá ou ir de cá. Sempre e sempre existe apenas o encontro do que sempre esteve.
Mesmo com pensamentos distintos as ideias estavam integradas, pois não pode ser negado nem um momento que há duplo consentimento.
O que viu continua vendo, o que cegou continua cego. E não há nada que impeça tudo que impede.
Um corpo voa alto tocando o sol e a lua; outro corpo em mergulho profundo onde a luz há muito não abunda.
As questões menores juntam-se às questões maiores em questionário inútil: o que é verdade nunca deixa de ser.
A realidade se junta com as vontades e conquistas e cada qual achando suas pistas: encontram-se.
As vidas se cruzaram como tudo se cruza: carregando sua cruz. E não havia sangue nelas.
Quem é de mergulho agora voa, e quem é de voo, mergulha... e as mãos e os olhares se cruzam. Os de fora palpitam, mas a vida agora e sempre é enigma.
Pouco adianta escarvar na pedra. Os séculos consumirão os dedos e nada virá dali. A cruz do cruzamento é justamente esta.

Rogério Camargo e André Anlub
(23/7/15)

1 ano sem Suassuna

Ariano Vilar Suassuna (João Pessoa, 16 de junho de 1927 — Recife, 23 de julho de 2014)1 foi um dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta brasileiro.
Idealizador do Movimento Armorial e autor de obras como Auto da Compadecida e O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, foi um preeminente defensor da cultura do Nordeste do Brasil.
Foi secretário de Cultura de Pernambuco (1994-1998) e secretário de Assessoria do governador Eduardo Campos até abril de 2014

Vi seu rosto no papel



Vi seu rosto no papel
(André Anlub - 13/5/13)

Ela acabou de abrir os olhos
Em dúvida se foi sonho ou delírio...

Em meio a nuvens e cordilheiras
Cavalgava em um corcel negro de fogo,
Num arco-íris de sossego,
Cercada de lírios
Em algum lugar do globo.

Sentia nas entranhas o desejo queimar
Como se engolisse uma brasa,
Que aquecia intensamente a quimera,
Elevando-a acima do mar.

No ar, lá estava...
No ar.

Seu corpo de carne e osso,
Como se fosse feita de vento,
Lava, livre, leve,
Sem destino ou martírio,
Sem necessitar de resguardo.

O bloqueio havia acabado,
Aperte o cinto e decole
Para o mundo só seu,
No absoluto apogeu do desconhecido.

Talvez agora possa se encontrar,
Demitindo a tristeza por justa causa,
Pouco importa se for sonho ou real,
Transpondo o sentimento pro transbordo

Da escrita, viciante, sobrenatural.

Sonhei com o Tibet
(André Anlub - 30/3/13)

Por vezes penso em puxar a tomada,
Desligar-me de tudo,
Raspar a cabeça,
Limpar a consciência
E ir atrás da paz interior.

Sonhei com o Tibet!
E pra quebrar o tabu,
Sem quebrar a tíbia:
Vou tocar tuba, dentro de uma taba,
Deitado em uma tumba.

Mais sobre tal arrepio

LA SOCIETA' NELL'ERA DEGLI SMARTPHONEA cosa ci siamo ridotti ? Sempre con la testa su di un telefonino... Seguici su Video Incredibili :D
Posted by Video Incredibili on Terça, 21 de abril de 2015


Mais sobre tal arrepio
(25/2/14)

Diga-me tudo sobre o tempo,
Sobre nosso amor
E os ventos que levam e trazem.
Se quiser que eu cante,
Ou monte num elefante
E vá desbravar o entrave.
A viagem está só no meio,
Em sua melhor parte.
Onde na paisagem não há feio
E parece única e conhecida
Mas é lua e novidade.
Os dias são sempre belos
Se libertamos os olhos
Para os aspectos.
Espertos andam sempre lentos
E em certos momentos
Abrem os seus velcros.
Podíamos perpetuar o amor
E passar os anos,
Quiçá as décadas,
Por que não milênios?
Vejo em equivocado intento:
Pessoas engomadas,
Com ouro nos dentes
Mas companheirismo em lata.
Agora o vento bate as portas,
Fecha as janelas,
Tapa ligeiro as frestas.
Tudo agora leva a crer
Que o breu fará morada,
Mas não aconteceu.
A luz da nossa história
Iluminou com glória
Toda a madrugada.

Ser modesto e ser medonho



Ser modesto e ser medonho      
(André Anlub - 20/1/11)

Os olhos veem, o coração sente;
Palavras soltas – versos obscenos.
A língua passa por entre os dentes,
As mesmas cenas passam a minha frente.
Não me amofino, restou só eu!
Absolvido por um talvez.
Na sua vez, uma ré sofrida,
Que nessa vida pagou o que fez.
Todas as sombras são desejos
E o seu jeito quase assombra.
Há unicórnio com dois chifres
E quero é mais! (aceito a honra).
Nesse mundo alheio,
Ser um ser bem pequeno:
Um pingo d’água,
Uma semente, vagamente, 
Um grão de areia.
O que restou da mágoa?
Por entre o concreto e o abstrato,
Estar perto ou em um sonho,
Ser modesto e ser medonho.

22 de julho de 2015

Aquele outro Eu

A jornalista Patrícia Zaidan, de CLAUDIA Online, esmiúça brilhantemente o ódio no Brasil. Análise e reflexão em tempos de golpismo e desinformação. Veja!
Posted by Jandira Feghali on Quarta, 22 de julho de 2015


Aquele outro Eu
– Até coloquem palavras em minha boca... mas que nasçam poesias.

Olho de soslaio o tempo perdido, abrasado e abraçado ao tempo achado
Que tenta fazê-lo de lacaio... mas é em vão.
Olho o respeito dizendo ao “dito e feito” 
O que deverá ser feito e refeito e futuramente refazê-lo, se preciso for...
Tendo em vista que é de antemão.

Pego o timão do barco e desbanco a maré vazia,
Enquanto no mar vazio esvazio um tonel de rum...
Arruinando o meu remoto céu azul que agora é somente ruim.
Mas sempre faço vista grossa à contramão.

Ganho plena confiança na mudança nebulosa,
Junto o Eu à suntuosa espada forjada em ouro branco
(meio metida à besta, confesso, mas bela e bem desenhada)
Com imagens bárbaras, baldias, poemas e frases sagradas.

A jornada é cenário – visual – a sentinela – visual –, nada anormal;
O verde ligeiramente me sorri com seus divinos dentes brancos, 
Solta seus cabelos crespos e sua abastada voz rouca;
Solta seu jeito afetuoso que faz pouca qualquer incoerência... 
Sorrateiramente encontro nesse ermo o Eu mais bem escondido e verdadeiro.
E o verde... dá-me “bom dia”... e agora posso quieto e atinado voltar ao breu.

André Anlub

Ótima noite

18 de julho de 2015

Sicrano Barbosa

Em entrevista a uma rádio, ator Pedro Cardoso comenta o depoimento recente de Marieta Severo sobre avanços sociais do Brasil e dá uma AULA de Democratização da Comunicação. Veja!
Posted by Jandira Feghali on Quarta, 15 de julho de 2015


Sicrano Barbosa
(André Anlub - 14/5/14)

Chegou o tempo das convicções positivas
De amores desatados por mãos limpas
Lavadas com o suor da procura.

Eis mais um desafio no meio do povo de andar semelhante:
- barba bem feita, sapato novo e alma nada desnuda.
Eis o semblante guerreiro, os filhos na escola e hora na labuta:
- comida na mesa e nove talheres para apenas duas mãos.

Chegou o tempo de desprender-se do básico
E não se sentir um traste por nada ter de praxe.

Fugindo da história:

Foi convicto à feira no domingo e comprou seu peixe,
Subiu no velho caixote e disse a todos os ouvintes:
- é bendito e bem-vindo o tal de Benvindo Nogueira,
Deputado do povo (eleito por ser um homem oprimido).

Voltando à história:

No arraste das horas a barba crescendo e o sapato mais velho,
Vê-se esotérico ao som erudito de um novo critério;
Agora homem simples, Sicrano da vida em um mundo baldio.

A vida estava por um fio, mas as nuvens se foram e tempestades sumiram.
(o chão é o limite)
O tempo chegou, o clarão é mais vivo das asas no apoio e o voo é continuo.
(o céu é o limite).

17 de julho de 2015

Dueto da tarde (CCIV)



Dueto da tarde (CCIV)

A água salgada do deserto que não conhece outro deserto além da água salgada
Salga as algas imaginárias que no algoritmo desarrumado são apenas algo.
Passa a vida procurando vida enquanto o nome das coisas diz outra coisa,
Passa regando com prosa, indo no vento, escorrendo nos prantos dos deuses e pessoas.
Não vaza no poço, não corre no córrego, não marcha no mar. Amarga carga a desta água do deserto.
É miragem ou real? Não importa quando se agrada aos olhos. Mata de sede ou mata a sede? Nenhum dos dois, não quer a alcunha de assassina.
Assina sua sina com o sal que combina com o sol que tudo seca. Talvez queira ser outra coisa. Não pode ser outra coisa.
Vê suas ideias, projetos e sonhos evaporando junto com seu corpo rumo ao céu.
Sonha chuvas, alagamentos, temporais renovadores, tempestades revolucionárias. Enquanto é vapor.
Agora tudo é possível dentro da sua nova vida, nova visão, mudança – transformação.
Tudo é possível: até continuar eternamente a mesma coisa, porque pode não haver outra coisa.
Vê sua esperança comprimida no comprido dilema da eternidade: quando se é eterno não há dever completamente cumprido.
Nem é isso que ela quer, acha. Ou se perde achando. Ou... mais um suspiro e sonha cair na Amazônia, talvez. Antes que também vire um deserto.

Rogério Camargo e André Anlub
(17/7/15)

Muito me honra fazer parte dessa Academia: 

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.