8 de agosto de 2015

A cena da sina em cinco tempos



A cena da sina em cinco tempos
(André Anlub - 18/3/14)

Parte I
Deixei um abraço pro lago Paranoá,
Fim de tarde dos mais belos,
E o sol batendo o ponto pra descansar.

Parte II
Se não fosse a paixão, simples,
Teria outro nome:
- Fez-se atração ao limite do suportável.
Mais uma vez grito! E o grito sai assim:
- Meio confuso, meio dominado.
É a saudade, é o deslumbre;
É o lume da liberdade...
São pontos, luzes da minha cidade;
Vejo o mar com imponência e atitude.

Olho pela janela do avião e concluo:
- Será uma enorme coincidência de também meu corpo físico estar nas nuvens?

Não há tempestade que me atinja;
Não há cor ou mancha alguma que me tinja.
Hoje - agora - amanhã...
Sou camaleão!

Parte III
Olhos cheios d’água,
É noite e as luzes refletem na minha íris.
Vejo minha terra, minha mãe
Desse filho adotivo, birrento,
Que amamentou em seu seio,
(ama de leite)
Banhou-se no seu mar
E no seu sol aqueceu-se
De um acaloro que vem de dentro
Expressivo – decisivo – poetar.

Parte IV
Agora é êxtase de lisonjeio e satisfação;
Pus a mão na arte, na autoridade de uma academia;
Animo de energia – passo a frente – mira ativa.

Fiquei maravilhado aos pés de Iguaba...
E não me gabo desse flerte;
Como diria Caê:
“Adoro ver-te...”.

Parte V
No retorno, e torno a teclar nessa tecla;
Abraço deuses, mestres e magos.
Ponho-me à mercê da alegria,
E a vida me fecha em afagos.
Novamente sobre outros lagos
E largo sorriso ecoando.
Saudade da casa e entornos,
Contornos de tempos mais calmos.

Saudade dos bons e maus que com o sol fazem a lua;
Saudade da música sua, e a língua dançante dos cães.
Quero a água gelada, as bocas recitando versos,
Novos escritos discretos e poças com estrelas nuas.

A nuvem negra se foi no horizonte,
Tempo que a fez merecer.
Meio termo, temor inteiro,
Do dilúvio que não irá acontecer.

Da sombra se faz um poeta
Da seta de mão/contramão.
Do sonho no rabo do cometa
Se meta, poeta hei de ser.

7 de agosto de 2015

Bucólico Eu

Charlize Theron é uma atriz, produtora e ex-modelo sul-africana vencedora do Oscar de melhor atriz. Possui cidadania americana.
Nascimento: 7 de agosto de 1975 (40 anos), Benoni, África do Sul
Altura: 1,77 m - Filhos: Jackson Theron, August Theron

Obs: fiquei quase 15 minutos para escolher a foto no Google.

Bucólico Eu         
(André Anlub - 30/10/14)

Um bardo e suas moças, suas musas,
São suas asas em êxtase – motor propulsor;
Buscam paixões arquitetadas, minudências focadas,
Na alma, no corpo e no papel...
No entanto e no intuito elas extravasam nuvens, 
Voam assim: avivadas e soberbas, plumas,
Buscando a veemência – a coerência, ao léu.
“Buarqueando” – como não falar de Chico?
Se a moradia na emoção é o botão de liga/desliga 
de uma alma incendiária. 
E por falar em musas... são obsoletas? são absolutas? algumas reais:
“A Marieta manda um beijo para os seus...”.
Agora, veio-me a mente “Cecília” (nome da minha mãe);
Mas vivem muitas na permuta aos olhos do poeta;
Tornam-se paixões, canções, tentames, rabiscos infames. 
Fragmentos do meu bucólico Eu. (que nunca se completa).

Tempo de ser flores

Who wants to be like Gwyn Haslock when they're older? She's 71 years old and she still surfs regularly...Video: Land Rover
Posted by Cooler Magazine on Segunda, 20 de julho de 2015


Tempo de ser flores
(André Anlub - 6/3/14)

Camélias brancas que transbordam a paz
Embelezam na alma os jardins de consensos
Das tolerâncias os incensos mais doces
Afogando os rancores em um amor mais intenso.

Na cadência das orquídeas
Nas grandes janelas dos casarões
Em estufas de barões
Ou arredores dos tugúrios.

Flores...
Entregam-se com beleza rara
Fino odor imaculado
Seda frágil, doce sina.

Imponente desenho das tulipas
De seis pérolas em lindas pétalas
Coloridos ímpares
Nutre a inspiração dos poetas.

Girassóis já remetem à arte
Do gênio singular dos pinceis
Conduzem a pueril cor do singelo
Para o belo arco-íris de êxtase.

6 de agosto de 2015

Três sobre sonhos

Sonhei com o Tibet
(André Anlub - 30/03/13)

Por vezes penso em puxar a tomada, desligar-me de tudo, raspar a cabeça, limpar a consciência e ir atrás da paz interior.
Sonhei com o Tibet! e pra quebrar o tabu sem quebrar a tíbia, vou tocar tuba dentro da taba deitado em uma tumba.
Descansando aqui, no meu banco de pedra iluminado pela lua cheia que disputa importância com o poste de luz.
Novamente, bloco e caneta nas mãos e um pouquinho de inspiração; tenho a sensação estranha de estar tendo uma experiencia tipo extracorpórea.
Os cães latem ao longe e pra longe se desloca meu pensamento... logo, logo, eu volto.

Me apaixonei num sonho
(André Anlub - 10/6/14)

Nenhuma noticia do juiz cruel e seu dedo funesto e tremulante; nem por um instante, e dou graças aos deuses, deu sinal. E cabe quando, a qual, a quem afinal, vestir o corpo com a tez do pecado? Eu não, e por enquanto sigo no não... não sou réu aqui, sou sonho; aqui sou o que, o qual, e quem quero. É sim me apaixonei no sonho, e como ela é, não digo. É sim, pois aqui nada é pecado, nada é mutilação, traição, tampouco mau gosto, e não existe nada de oposto, nem mesmo a contradição. Esse sonho não é feito para olhos alheios; até mesmo a escrita é em linha reta... sem partida – chegada, sem meta, sem nem ao menos “os meios”... (uma boa merda). Mas qual graça teria ser e ter o perfeito em volta sem a vida às vezes em reviravoltas, sem solda nem fenda, sem pouco nem sobra, sem erro ou acerto? (uma boa bosta).

Mais uma vez me apaixonei em um sonho
(manhã de 3 de junho de 2015)

Sonhar com o futuro, com algo futurístico, é simplesmente incrível. E nesse caso que irei narrar é também assustador. Sonhei ser jovem novamente, em um futuro não muito distante. Dava para entender que eu estava há poucos dias trabalhando com artes e em uma loja enorme, de roupas sociais e esportivas e também acessórios em geral. Loja com três ou mais andares, com muitos vendedores e pessoas de criação, computadores, salas de relaxamento, áreas de criações, bronzeamento, cafés, refeitório e uma vista para lindas e verdes montanhas com carros em formatos de naves, que voavam e passavam a todo o momento ao redor. As paredes eram todas de vidro, até as escadas e os elevadores que levavam aos outros níveis, também eram transparentes. As pessoas andavam de um lado para o outro com seus Tablets nas mãos e telefones estilo telemarketing. Tinha um ar de quartel general de serviço secreto. Mas não era. Algumas pessoas eu conhecia e trocávamos um sorriso mais longo aos cruzarmos. Outras aquele breve sorriso de pessoa pouco conhecida. Eu estava muito feliz, dava para sentir. Mas dava também para perceber que tinha pouco tempo de casa, e aquilo ainda me assustava um pouco. Tudo era inovador: desenhos de moda e cenas de filmes passavam no ar em uma projeção holográfica. E nós, as pessoas da firma, conforme caminhávamos, atravessávamos por dentro deles. Não tinham compradores, era uma grande área de criação, mas que ficava em local público. Como que se houvesse a necessidade das pessoas (consumidores) olharem que estávamos produzindo. Era tudo novo e fascinante. Eu usava uma roupa bem moderna, mas que se enquadraria perfeitamente nos anos 80. Infelizmente não vi o meu rosto – fiquei pensando nisso boa parte da manhã (depois de acordado). Até ai é um sonho fantástico, diferente, interessante e que quis que durasse muito mais... Mas sonhar que está apaixonado e a paixão ser recíproca é que me deixa realmente intrigado. Havia uma pessoa, uma amiga íntima que compartilhávamos de um amor intenso – apesar de ainda não estarmos juntos – ela trabalhava comigo e trocávamos muitos olhares, nos falávamos com frequência, pois ela era uma espécie de supervisora geral que ia de sala em sala, de área em área, apara trocar informação. Ela era misteriosa, mas extremamente simpática, diferente, sempre alegre. Pegava-me pela mão para mostrar cada novidade, pedindo minha opinião – meu olhar –, a cada ideia criada por outros, a cada coisa inusitada que acontecia... Ela, a princípio, é minha melhor amiga; dá para entender que foi ela quem me convidou para aquele emprego. Descobri durante o sonho que a gente não se conhece de anos, vamos nos descobrindo com o tempo. Cada vez mais ela vem à minha sala para ver como estou me saindo e pedir opinião em algo que faz. Descobri também que ela é a única pessoa, além de mim, que é heterossexual da loja. Há nela uma timidez absurda quando se comenta da sexualidade de todos, pois há bissexuais, há gays, há pessoas que não se consegue descobrir o sexo, e ela sempre indiferente não vendo importância no fato. E, no fundo, realmente não havia. Havia, no geral, homens e mulheres à vontade, que andavam nus na parte de cima do corpo, mostrando os corpos sempre quase magros, mas nunca fortes; alguns excessivamente magros, bronzeados e só com uma roupa íntima de baixo (eu era um deles). A empatia, a troca de sorrisos, a comunicação maior foi justamente com ela. No sonho tento ao máximo não demostrar o amor, mas logo os amigos comentam comigo em tom de brincadeira e apoio. Até que chega um momento que estou correndo em uma esteira e ela chega com um sorriso diferente, me pega novamente pela mão, saímos da loja com todos olhando, vamos andando em uma espécie de shopping e ela me chama para almoçarmos em algum lugar distante... Mas antes nos encaramos um pouco, olhamos sérios e diretamente nos olhos, com as bocas a menos de oito dedos de distância, e o beijo é inevitável. O sonho se acaba e fica a sensação de “quero mais”, de que estaria porvir; ficam as perguntas: quem é ela e de onde eu a conhecia? Ficam as curiosidades: em qual época foi aquilo e como foi nosso passado antes do inicio do sonho? Fica a impressão estranha de eu ter acordado, já ter ido ao banheiro, lavado o rosto, feito o café e o amor ainda estava no corpo – como se estivesse esquecido de acordar – e segue com o tempo, a cada segundo se esvaindo e indo para uma outra dimensão ou era. O esquecimento de tudo vem tomando conta aos poucos com a verdade e o tempo da vida real. 



Alexandre Versignassi

"Imagine dois pontinhos. Agora, que você está acordado, eles vão ser só dois pontinhos mesmo. Mas no sono profundo é diferente. Se uma parte do cérebro imagina isso, outra área fica inspirada e cria um par de olhos. Mais outra pega e coloca esses olhos numa face. Se o rosto sair feio, a área mais burra da mente se assusta. E solta um comando mandando você correr. Começa o enredo de um sonho. Louco, mas a realidade não é muito mais sã. Pense em alguma coisa estúpida. "Martelo", por exemplo. Não existe nenhum lugar na sua cabeça com a definição da palavra "martelo". Tudo o que há é um mosaico de referências: a dor no dedo depois de uma martelada infeliz, a imagem da caixa de ferramentas do seu avô... Elas só se juntam de vez em quando para formar uma ideia sólida, igual acontece com os tijolos mentais que constroem os sonhos. A realidade e o sonhar, na verdade, se completam. E a ciência está descobrindo que uma não existe sem a outra. Vire a página para saber o que os sonhos realmente são. Isso se você não estiver sonhando neste momento. 

Você tem 3 vidas paralelas. Uma é esta aqui, de quando você está acordado. Outra é o sono. O sonho é a terceira: duas horas por noite em que o corpo está paralisado, mas algumas áreas do cérebro ficam mais aceleradas do que o normal. Só que de um jeito diferente: de dia, a parte do cérebro que mais trabalha é o gerentão da mente: o córtex pré-frontal, o setor de massa cinzenta logo atrás da sua testa responsável pelo pensamento racional. No sonho é o contrário: essa área apaga e o resto funciona a toda. 

Para entender melhor, pense no cérebro como uma escola. De samba. São várias áreas (ou alas, no caso) fazendo tarefas diferentes. Na vida acordada, cada uma faz seu trabalho bonitinho, sob o comando do córtex pré-frontal. Mas à noite é anarquia pura. Livres do controle da gerência, áreas que nunca interagem de dia começam a trocar informações feito loucas. Tipo: passistas da ala das memórias antigas se embrenham na do córtex visual (a parte que processa imagens). Nisso as memórias incitam a produção de um cenário do passado. E você pode sonhar com um lugar bonito para onde foi aos 6 anos de idade. Depois gente de outra ala, a das emoções profundas, aparece por lá. Aí o amor da sua vida pipoca naquela paisagem. E a festa na sua cabeça vai entrando pela noite. Cada vez mais doida.

Chega uma hora que ninguém é de ninguém. Tudo fica misturado. Aí você pode sonhar que seu escritório fica num barco, e que esse barco navega numa avenida. Quer sair voando? Beleza. Nem o pensamento racional nem a gravidade estão lá para impedir. A memória de curto prazo, que depende diretamente do córtex pré-frontal, está desligada também. Então os rostos mudam o tempo todo, você não consegue ler direito... Até por isso seu avatar do sonho é sempre disléxico. 

Parece só uma farra mental. Mas não: os sonhos têm um propósito. E justamente o mais inesperado: eles tecem a realidade.

Como? Para começar, eles resolvem seus problemas. Foi o que concluiu um dos neurocientistas mais respeitados do mundo, Robert Stickgold, de Harvard. A base para isso foi uma experiência simples, feita neste ano. A equipe de Stickgold colocou 100 voluntários para andar num labirinto virtual, um daqueles 3D, de jogos tipo Counter Strike. O grupo foi posto para treinar as manhas do labirinto, aprender a navegar nele, por algum tempo. Depois deram um intervalo de 5 horas e chamaram o pessoal de volta para uma prova: ver quem conseguia achar a saída do labirinto mais rápido. Mas tinha um detalhe: os pesquisadores colocaram metade dos voluntários para tirar um cochilo de duas horas. O resto ficou acordado. Na volta, o time dos dormidos se deu ligeiramente melhor que o dos despertos - demoravam alguns segundos a menos para encontrar a saída.

Até aí, nada de mais. Mas veio uma surpresa. Entre os que foram dormir, alguns sonharam com o jogo. Esses tinham virado Ayrtons Sennas do labirinto: melhoraram seu tempo 10 vezes mais que os outros. Os cientistas ficaram eufóricos. Mais ainda depois de ler os relatos dos sonhadores. "O jogo me fez sonhar com uma caverna que visitei - e no sonho ela era tipo... tipo um labirinto", disse um. "Só ouvi a musiquinha do jogo no sonho", falou outro. Mas como isso pôde melhorar o desempenho deles?

Para Stickgold, essas imagens mentais eram apenas uma sombra do que o cérebro dos voluntários fazia de verdade. E o que ele fazia era processar o labirinto no meio da balbúrdia dos sonhos. No caso do rapaz que sonhou com a caverna, por exemplo, estava claro que o jogo se fundia às memórias antigas dele. Era como se a experiência nova, a de aprender a se virar no labirinto, estivesse entrando no meio da escola de samba desgovernada. 

Stickgold imagina que, quando o cérebro digere alguma experiência dessa forma, ele faz algo especial: extrai o que há de mais importante nessa experiência. Aí ela fica mais compreensível. E você aprende algo novo sem se dar conta. 

A conclusão é ambiciosa. Para o neurocientista, isso acontece com tudo o que o cérebro capta. Nada deixa de passar pela festa dos sonhos. É nela que peças do presente se encaixam com as do passado, formando a imagem mental que temos do mundo. Nessa imagem está tudo o que você sabe, do significado da palavra "martelo" até seus amores e traumas. 

Não há uma prova definitiva de que é assim mesmo que tudo funciona. Mas as experiências de laboratório indicam que sim. E as da vida real também. É comum, por exemplo, acordar com uma ideia nova. Prontinha. Já aconteceu com você? Com Paul McCartney aconteceu. Numa manhã de 1965, ele acordou com uma música na cabeça, foi para o piano e tirou a melodia. Ficou estarrecido. "Não acreditava que ela pudesse ser minha", disse. Era, sim. E acabou gravada com o nome de Yesterday. Coincidência uma obra onírica ter virado o maior sucesso comercial da maior banda da história? Talvez não. Satisfaction, a mais célebre dos Stones, também apareceu num sonho - de Keith Richards.

Mas ninguém teve sonhos tão célebres quanto outro sujeito: Freud, que escreveu sobre o assunto usando em grande parte os próprios sonhos como base. Apesar dos avanços da neurociência, suas ideias sobre o mundo onírico continuam respeitadas. Faz sentido? Sim. E não. 

A teoria de Freud: os sonhos são a manifestação de desejos reprimidos. Ponto. Vários sonhos, de fato, parecem ser isso mesmo. Se você está com sede, provavelmente vai sonhar que está bebendo água.

Mas o problema nela é óbvio. A maior parte dos sonhos não tem nada a ver com desejo. Uns são tão banais que não podem entrar nessa classificação. Outros são pesadelos. Alguém deseja morrer afogado por uma daquelas ondas gigantes de sonho? Ele sabia que não. Mas batia o pé: os desejos estariam quase sempre disfarçados. Sigmund explica: "Um dia falei para uma paciente, a mais inteligente das minhas sonhadoras, que os sonhos são a realização de desejos. No dia seguinte ela me contou ter sonhado que estava indo viajar com a madrasta", escreveu em seu A Interpretação dos Sonhos, de 1899. "Mas eu sabia que, antes, ela tinha protestado contra o fato de que teria de passar o verão na mesma vizinhança que a madrasta. De acordo com o sonho, então, eu estava errado. Mas era o desejo dela que eu estivesse errado, e esse desejo o sonho mostrou realizado." Acredite. Se quiser. 

Por essas boa parte dos pesquisadores de hoje prefere tratar Freud mais como literatura do que como ciência. A gente sonha com água quando está com sede? Usando as analogias deste texto, a explicação seria: o pessoal do sistema límbico foi até a ala do córtex visual e disse que seu corpo estava com sede. O córtex pegou e criou uma imagem que tem a ver com sede. Sem drama. O sonho da paciente inteligente? Bom, às vezes uma viagem de trem com a madrasta é só uma viagem de trem com a madrasta...

Mas alguns cientistas defendem que as pesquisas modernas confirmaram muito do que Freud pensava. Allen Braun, um neurologista célebre, faz uma defesa sólida: "O fato de as regiões do cérebro responsáveis pela memória emocional e de longo prazo ficarem supercarregadas enquanto as do pensamento racional repousam pode ser visto em termos freudianos como o ‘ego’ saindo do comando e dando liberdade ao inconsciente", diz. Mas ele também acha a teoria de Freud defasada. 

A interpretação moderna dos sonhos é mais complexa. Quem estuda a mente hoje olha com atenção para os detalhes do sonho de cada pessoa, sem correr atrás de interpretações genéricas. Usar símbolos universais, do tipo "sonhar com água significa x ou y", então, nem pensar. Isso seria subestimar o maior talento do cérebro sonhador : a capacidade de criar metáforas surpreendentes.

Ann Faraday, uma psicóloga americana especializada em sonhos, tem um bom exemplo dessa habilidade poética. Ela estava para ser entrevistada no programa de rádio de um certo Long John Nebel. Aí, na noite anterior, sonhou que um sujeito de ceroulas a ameaçava com uma metralhadora. Símbolo fálico, desejo sexual enrustido... Tem tudo aí. Mas não. A interpretação dela foi bem mais direta. Long John é "ceroula" em inglês, e o apresentador era conhecido por ser particularmente ferino. O sujeito de roupas íntimas, então, era uma metáfora que o cérebro dela arranjou para o nome do sujeito; e a metralhadora, uma para o medo que ela sentia de ser agredida na entrevista. Só isso.

E tudo isso. "Podemos aprender sobre as emoções que nos guiam na vida real se prestarmos atenção nos sonhos", diz o psiquiatra J. Allan Hobson, de Harvard. O exercício aí é tentar decifrar as metáforas dos sonhos, encontrar quais elementos da sua vida estão por trás delas - uma tarefa profunda e pessoal em que nenhum dos dicionários de sonhos já feitos desde a invenção da escrita vai poder ajudar. 

E nem sempre será fácil. A psicóloga americana Rosalind Cartwright, por exemplo, concluiu algo paradoxal com base em anos de estudos: que os rejeitados num relacionamento que mais sonham com o ex são os que se recuperam mais rápido do baque da separação. Isso casa bem com as pesquisas de Stickgold: talvez seja o cérebro maquinando formas de lidar com o rompimento, dando um jeito de aliviar a dor. Mas não dá para ter certeza, só especular. Ainda há certas coisas entre a vida real e os sonhos que estão além da ciência. Para começar, não dá nem para saber se você vai acordar daqui a pouco e descobrir que tudo isso foi um sonho. Mas ok. No fundo, dá na mesma."

Fonte: http://super.abril.com.br/ciencia/sonhos?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=twitter&utm_campaign=redesabril_super

Flor de lis, de lírio e lírico



Flor de lis, de lírio e lírico
(André Anlub - 6/1/13)

Chegando do silêncio veio como tempestade
e mordia suas ideias
tirava os laços dos futuros presentes
mostrava o onipresente
que ao botar pra fora os dentes
provava não ser um Oni enfim:

Nomeada como imperatriz de amores
que ganha de súbito
sua coroa, trono e sonho
se aproximando do súdito
com suas suntuosas flores.

Ouço você falar em público:
- o que seria mais certo - onde estaria o erro - qual a importância disso

A resposta vem com o ar fecundo 
quebrando o coeso silencio
queimando mil brancos lenços
prevendo o fim dos futuros lamentos.

A resposta bateu de frente
com seu cheiro de alfazema
com seu humor de hiena
e interpretação eloquente.

Na tela do cinema da esquina
já se viu esse filme antigo
de um multicor lírico
com tons de pura boemia.

Sim, é poesia!
Faz crescer as flores
 e nasce nas flores crescidas.

Hakuna Matata

Estamos prontos! Para viver o sonho, para transformar, para receber atletas e o mundo todo. Para colecionar momentos...
Posted by Rio 2016 on Quarta, 5 de agosto de 2015


Hakuna Matata            
(André Anlub - 1/4/12)

Todos nós temos nossos gritos de guerra. Uns saem com veemência do âmago e atinge altas altitudes, outros são soturnos, mas nem por isso tem menos força; cada qual depende das pessoas e suas vicissitudes; a cobrança exacerbada e permanente que passamos na nossa vida.
Algumas portas que não se abrem e algumas estradas sem saída... fazem cada vez mais ser comum a convivência com tais gritos; quem nunca sentiu aquela imensa vontade gritar bem alto... a cada lágrima de amor que cai em insistência... cada punho cerrado de raiva por um calote que levamos... os inúmeros deboches estampados na cara da vida... mesmo sabendo que tudo é intrínseco desde a nossa nascença. Cada qual encara os problemas da sua maneira; o tropeço jamais deve merecer apreço; o inimigo jamais deve trazer perigo. Preto no branco, e se a coisa está preta, o branco prevalece na nossa bandeira. 

Muquifo Imaginação Poética no Facebook: https://www.facebook.com/groups/imaginacaopoetica/

70 anos da bomba atômica no Japão

As duas maiores atrocidades humanas da história completam 69 anos, no dia 6 em Hiroshima e 9 de agosto em Nagasaki.






Inaugurado em 1915 como Palácio das Indústrias de Hiroshima, o domo de Hiroshima faz parte de um prédio em estilo ocidental projetado pelo arquiteto tcheco Jan Letzel. 

O prédio é uma das poucas construções que permaneceram em pé na região onde foi lançada a bomba atômica.

5 de agosto de 2015

Morreu a escritora e artista visual Ana Hatherly


Inspirado na Ana Hatherly:

Seu amor me implantou uma espécie de dormência,
Algo incômodo que carrego junto à carência. 
Amor fantasiosamente assombroso – casto colosso,
Que me pisa impetuosamente com pés quilométricos
E me acende o sorriso mais um par de vezes.

- André Anlub

"Morreu a escritora e artista visual Ana Hatherly, nascida no Porto em 1929, Ana Hatherly teve um percurso transversal no cinema, artes plásticas e prosa. O seu nome está inscrito na vanguarda da poesia."


A poesia entra em luto!




Esta Gente / Essa Gente

O que é preciso é gente 
gente com dente 
gente que tenha dente 
que mostre o dente 

Gente que não seja decente 
nem docente 
nem docemente 
nem delicodocemente 

Gente com mente 
com sã mente 
que sinta que não mente 
que sinta o dente são e a mente 

Gente que enterre o dente 
que fira de unha e dente 
e mostre o dente potente 
ao prepotente 

O que é preciso é gente 
que atire fora com essa gente 

Essa gente dominada por essa gente 
não sente como a gente 
não quer 
ser dominada por gente 

NENHUMA! 

A gente 
só é dominada por essa gente 
quando não sabe que é gente 

Ana Hatherly, in "Um Calculador de Improbabilidades" 

manhã de 5 de agosto de 2015



Aquele tal abismo: não sei se me encara, pois há um venda em nossos olhos.
(manhã de 5 de agosto de 2015)

                      Foge daqui, dali, e vai fugir do próximo planeta que descobrirem. A opção não é pular do penhasco, tampouco tentar voar sobre ele (em pessoa física); talvez um salto de base jumping; a opção “fugir” está ligada, o botão colado com supercola e funcionando em duzentos e vinte volts. E agora, será que há um meio de não fugir da questão? mesmo em casa, deitado na cama, bebendo suco de limão e assistindo um show de reggae, a questão me persegue. Ela vasculha minhas gavetas e deixa recado; ela abre meus armários e deixa recado; vai nos meus potes de tinta, no rolo do papel higiênico, vai na caixinha de remédios, se infiltra nas minhas imagens dos santos, nos meus perfumes e rascunhos de rabiscos. Está em tudo e todos. Fico assustado de pensar na vida que segue; não que esteja ruim, tampouco eu esteja infeliz, é que crio universos paralelos, mundos possíveis e passiveis de outros finais. Tudo dependendo de uma ou outra escolha importante que (não) tomei no passado. Meu corpo em metáfora emoldurou-se com um toque de filantropia; minha alma em pura denotação pintou suas bordas com um toque de nostalgia; assim foi-se o dia, e todo dia assim é assim é que vai. Num linguajar sacolejado por música, que me acompanha onde quer que eu vá, vivo e vive-se o momento como singular, como uma chuva rara que cai acalmando o calor, matando a sede e convidando-me ao mais verde vivente. Foge daqui, mas não foge de mim. Deixe seu cheiro seu rastro sua história e sua garantia de volta (caso queira); não seja breve nem longo, seja apenas o conforto para nós dois. Pense em mim, sim; mas não faça disso uma obrigação. A dosagem certa para cada sensação é chegar à beira do abismo do absurdo, mas não pular; brinque com ele, zombe dele, tomem um chá... Mas nem mais um passo à frente, pois extrapolar sentimentos é quase um se matar.

André Anlub

Há de se ter vida



Há de se ter vida        
(André Anlub - 23/4/12)

Ele chora, está com medo,
Com frio as lágrimas gelam.
No refugio do campo de trigo
Senta e sente o vento soprar.

Ele já foi louco, já foi vertigem,
Caçador de próprias luas,
Poeta de penas e plumas,
Exibia na cicatriz o segredo.

No momento procura abrigo
(velhos mitos perseguidos)
Sem valer de coragem ou esforço,
Sem tirar a faca de seu dorso.

Há de se ter força no amor que persiste,
Ao levantar-se refaz o caminho.
Vê a ave que alcança seu ninho
Mesmo a mesma estando ferida.

Ponderações...

Flying under the arm of the Christ statue back in the day with my buddy Luigi Cani   :)  Super fun project but before the HD revolution    :)
Posted by Jeb Corliss on Segunda, 29 de junho de 2015


O segredo é parar de bater o pé falando que o tempo voa e começar a bater as asas voando mais alto que ele.

O problema não é o sujeito ter avidez exacerbada por dinheiro; o problema é ele pensar que todos seguem esse objetivo.

A gente se habitua a tudo na vida; dá-se o nome de flexibilidade. Quando habitua-se com assiduidade, dá-se o nome de comodismo. 

Não nasci cá, nem acolá, nem além ou aquém; sou melhor e pior que ninguém. Vivo o amor e a arte, assim sou do mundo, quiçá limpo ou imundo... mas de nenhuma parte. 

Quando se lida com a vida alheia o erro quase sempre é perigoso, mas não raro! Quando lidamos com nossa própria vida temos a tendência de achar que o erro é raro. Isso o torna tão, ou mais, perigoso.

Livro, música e café são três vícios, ente tantos outros, que atualmente sobressaem no meu corriqueiro.

Confio mais em leões com a barriga vazia do que em certos homens de barriga cheia.

Café e sucos bebo feliz amargos; pessoas vis tenho dificuldade em digerir.

Tenho enorme admiração e extremo respeito com quem é feliz – realizado – pleno com pouco dinheiro.

4 de agosto de 2015

Post Vitam

Só leva 30 Segundos para Entender Por Que as Pessoas estão se Apaixonando por esse Vídeo
Posted by Rodolfo Camargo on Quarta, 4 de março de 2015


Nas horas vagas os vaga-lumes iluminam o caminho,
Vagam de fininho em direção ao descanso.
Eu, manso, me misturo ao bando; acendo uma ideia na cabeça
e antes que eu esqueça voo de marcha à ré.

Post Vitam
(André Anlub - 28/3/13)

É intrusão essa voz na minha cabeça
Repetindo por horas e horas
Em diferentes idiomas.

São crianças, mulheres,
Homens e idosos.
Vozes roucas – vozes loucas
Sussurros e gritos.

Às vezes emudecem,
Mas em curto tempo voltam.

Vozes eufóricas que dizem coisas desconexas...
Falavam de amor,
De entrega;
Falavam de salvação,
Companheirismo,
Tudo que pra mim já estava enterrado.

Criticavam-me – bajulavam-me,
Jogavam rosas e depois pedras.

Por fim, desisti!
Aceitei as vozes e seus conselhos,
Deixei cair minhas máscaras.

Saí do meu ostracismo egoísta,
Fui me arriscar com mais afinco,
Viver mais intensamente
E fincar minha bandeira branca
Em terreno inimigo.

Post vitam...

Caminhando na praia
Com meu bloco de notas,
Rabiscando pensamentos,
Seguindo sentimentos,
Encontrei uma antiga paixão.

Aquela que marca como marcador de gado,
Deixando uma cicatriz impossível de esquecer.

Ela disse estar com saudade
E ter toda a liberdade para um novo começo.
Meu coração já enferrujado
Fez-se novo, jovial,
Fez-se outro...
Heavy metal.

A recomendação do meu ego
Era não se alongar na conversa.
Mas não havia mais máscaras,
Nem amarras, nem pregos,
Tampouco cruz ou pressa.

Procurei dois coqueiros,
Amarrei minha rede,
Saciei minha sede
E me permiti ser feliz...
(mais uma vez).

tarde de 4 de agosto de 2015



De longe o homem é apenas um ponto; de perto tão-somente continua sendo.
(tarde de 4 de agosto de 2015)

                  Sempre se sabe a real perspectiva do nada óbvio; finge-se às vezes não saber para continuar a ter graça tal coisa. Aquela mesma televisão grita novamente, mesmo a mesma estando desligada. A ilusão é clara e cala a coisa chula, imputa culpa nos culpados, desfaz o culto dos escutados, encurta aquilo e o faz voltar a ser isso; e é tudo isso, apenas tudo,  para ver se cola. O que resta a todos é a sobra do futuro, é a esperança de Harley-Davidson na autoestrada; é a escultura da jornada pelas mãos de alguém como Niemeyer, talvez rodar nas mãos de Rodin... sabe-se lá! O dia nasceu velho, de barba por fazer e cabelos brancos que logo logo pintou de amarelo. À noite na espera, o maracujá gelado e o frio que aos poucos e cabreiro vai entrando pela janela, mas não esfria o ar viciado. É um mais um, na conjugação maluca que não aceita dar em dois. O mundo é isso ai, está claro, mas tenta-se transformar até as somas mais prosaicas e básicas em uma fórmula de Bhaskara. Apesar de muita gente tê-la de cor. Sempre se sabe o imaginário que virá à tona. É só parar por uns minutos e analisar os fatos. Mesmo no raso, mesmo no simples, mesmo o banal se repete em eco e navega dando a volta no tempo e se repetindo no amanhã. É fácil ser advinha, pois já se sabe as cores que irão colorir as próximas páginas. Pode haver mudança nos tons; pode haver um contorno mais grosso, ou fino, mas o desenho é um só. De longe, ao longe, a impressão de entrar na própria imagem; como um espelho de frente a outro, como olhar-se no espelho sabendo exatamente como é. Inicialmente veem-se os ossos em um contorno mágico – florescência –, e eles devolverão o olhar e serão prestímanos insanos; cada osso, dos grandes, médios aos pequenos, irá esbugalhar seus olhos até ressecá-los sedentos... Ira se dar então o além... verá seu interior, seu cerne; irá ver as cores que circulam e passeiam, se comunicam, se fundem em dégradés alucinatórios e estonteantes, como uma viagem segurando a mão de Alice. Sempre se sabe a real perspectiva; mas quase nunca temos a plena consciência disso.

André Anlub

Ao amor livre



Ao amor livre
(André Anlub - 17/2/13)

São muitas as trajetórias do amor, notórias escolhas, erradas ou certas. O sentimento que navega em diversas veredas, em caravelas sem rumo nos mares inóspitos... sob o fogo e as flechas. Há a calmaria do coração silencioso, inimaginável adaptação da estrada. Por onde em sonhos andamos felizes, cantando e admirando a natureza. Também há aquele amor que irrita e fica na mira dos dedos apontados... dos velhos julgamentos, das incontestáveis indelicadezas e umbigos gigantes... A inveja que beira o pérfido, a repugnância e a avareza.

Mas de nada adianta pois é sobre o amor que se fala; e em decorrência dele vivemos...

Eis a paixão palhaço, em que coloca-se alegre o nariz vermelho, armando o circo no leito e apertando o peito, de jeito (suando as mãos) livres dos “nãos” e dos preconceitos.


Não concordo com a Shell explorar o Ártico! Assine a petição:  http://www.salveoartico.org.br

Do ego

Será que a gente está usando o celular do jeito certo? O que é certo? O que é errado? Vamos falar sobre isso? Celular, #UsarBemPegaBem
Posted by Vivo on Quarta, 22 de julho de 2015


Do ego
(André Anlub - 30/5/12)

Ele segue altivo, vitorioso e de bela aparência,
Segue muito bom naquilo que gosta e faz;
No seu andar desfila, brilha e transmite paz.

- Mas tudo isso não deixa de ser o que ele pensa.

De superego inflado
Permuta por mais uma dose de ar,
Procura estar onde abonam tapinhas nas costas,
Ignora algumas perguntas, mas sabe as respostas.

- Mas tudo isso continua sendo o que ele pensa

Elogios e afagos (sem dietas) vão lhe alimentar;
No pódio ele quer sempre os três primeiros lugares.

E nos altares... 
(ainda almeja ficar mais elevado).

Ego não tem encanto nem quando é verdadeiro,
Resta a agudeza de se achar beleza e um ser superior;
Tudo se mescla com as empáfias e indelicadezas
E mostra um mendigo buscando ser um pouco amado.

(...) e mesmo depois de tudo isso,
A vida continua sendo o que ele pensa.

3 de agosto de 2015

O peso da vida nas costas não dificulta o voo

Sentada à mesa ao jantar, perfeita na metáfora dos gestos; pegando o suco, molhando os lábios, encanto abrupto nos calores honestos. Sei dessa vida o meu vagar, sinto-me amar e vou dizer: tenho prazer nos excessos, dos seus ardentes hinos, sendo inteiramente felina nas horizontais de prazer. 


1 - Ernest Hemingway // 2 - João Ubaldo Ribeiro // 3 - Fernando Pessoa// 4 - Zélia Gattai// 5-Jorge Amado// 6 -Carlos Drummond// 7 -Machado de Assis// 8-Virgínia Woolf// 9 - Cruz e Souza// 10 - Cecília Meireles// 11 - Clarice Lispector

Casa*          
(André Anlub - 1/10/14)

"O importante não é a casa onde moramos. 
Mas onde, em nós, a casa mora." - Mia Couto

Às vezes constroem-se imponentes casas de madeira,
Às vezes impotentes castelos de areia.
Falando em outras épocas:
Não houve regras nem mesmices,
Nem de outros, quaisquer palpites,
Nunca deixei; (fui menino traquinas).
Até hoje em dia quando me apontam o dedo,
Aponto um lápis.

Na puerícia fui um príncipe - fui plebeu,
Fui o princípio das brincadeiras – fui o fim, pois também fui o rei.
Por essa razão ou outra, talvez,
Não existe agora, nesse tempo,
De um insatisfeito, nem um ínfimo resquício.
Vivia o hospício bem-vindo de um artista, 
Vivia o “agora” sem a vil bola fora,
Que condiz com qualquer aprendiz.

Na parede da minha casa,
Descascada, carcomida,
Em linhas frenéticas de giz,
Comecei os primários esboços:
Linhas traçadas nas paredes
Do sóbrio Pollock de um metro e trinta.

O piso era velho, de taco,
E no meu quarto o desenho
De um tabuleiro de xadrez.
Em frente à casa uma mangueira,
E uma mangueira para regar e tomar meu banho.
Um balanço sobre a roseira
E os belos girassóis de Van Gogh...
Mas isso só em sonho.

Fui feliz naquela casa e nas outras que surgiram,
Pus meu toque ao adornar, 
Pus a música e trouxe amigos.
Deixei o pássaro cantar,
O verde crescer e o cachorro latir.
Deixei o chinelo sujo de barro na porta
E guardei a lembrança da minha mãe sorrindo.

*Poema selecionado entre 80, ficando em 11° passando para terceira fase do concurso de poesias Autores S/A

tarde de 3 de agosto de 2015



Fiz agora, saiu feito pão quente; fiz pra toda a gente que de rabo de olho me olha. 
(tarde de 3 de agosto de 2015)

                 Com a mente engarrafada, estilo 23 de maio em São Paulo na hora do rush, escuto a voz bem de perto me induzindo aos trabalhos: esculpir, pintar, escrever... Mas meu tête-à-tête é com o tempo corrido, sair saindo, com o tempo estilo Senna, vem chuva – sol – dia – noite, tudo novamente na mesma hora, em um falso passo, e tudo de velho/novo como um açoite ou um soco do Tyson. Nas pareidolias das sombras, onde vejo você, vejo chover e ninguém, vejo outra face, minha e de outrem; vejo o molhado que foi seco, o vai e vem em um escuro beco que me assusta com o ao vivo que já morreu e renasce. Implicitamente vive há quase quarenta e cinco anos dentro da minha cabeça, agasalhada, de gorro e com frio, minha razão; às vezes minha razão dá as caras, põe o pé na estrada, mas volta logo pois a comida está sempre na mesa e não pode esfriar. Vejo muito mais responsabilidades do que está evidentemente escrito nas testas. Inclusive na minha no espelho. Os ânimos estão animados e os números não são só matemáticos; expurga a pulga atrás da orelha (tenho cisma com essa pulga), vai-se em direção ao espaço ermo e preencha-o com o verdadeiro. Nervoso, roendo o osso; neurótico vestido com vestido exótico. Na televisão desligada chegou de vez o Agosto, sem saber de nada, apenas o que é de gosto; com absoluta certeza tenho quase absoluta certeza que Agosto fará do esperado o oposto, já que dizem as más línguas que se trata do mês do desgosto... Está errado! Olhem os sorrisos nos rostos, olhem o telhado acabado; veja se alguém olha de lado, e se olhar não trate como um encosto, em palpável e/ou imaginário pressuposto. 

André Anlub

Enxugando os Prantos (parte II)



Enxugando os Prantos (parte II) 
(André Anlub - 18/9/14)

Os homens levaram a melhor, restauraram sem piedade os próprios corações... as nuvens, no gritante azul piscina do céu, ficaram devidamente alinhadas.
Aqui, ali, todos esqueceram que previram a tempestade que jamais se formou; vestes novas, bebidas aos litros e litros, frutas raras e frescas abocanhadas... e nas madrugadas uma surreal lua fluorescente. Como plano de fundo: casais e seus calorosos corpos colados, sorrisos aos montes e seus extensos beijos; no plano mais à frente: crianças corriam felizes, brincavam com brinquedos de madeira e não se fantasiavam de adultos... e não aconteceu o absurdo das águas se tornarem doces e estragarem os dentes. Aqui, ali, a mais completada ordem; muros e rostos pintados com coloridos belos, sem o grafite nervoso da política e o esboço de um papel impiedoso. Em breve os cárceres seriam demolidos, pois jamais tiveram serventia...
Museus de coisas que não existiram... expostos à revelia. A luta por tudo e a luta por nada, nessa mesma madrugada de lua brilhante. Enfim, todos na espera da alvorada, ainda mais o amor... o sol nascerá irradiador, e de fato de um parto; o cordão umbilical nos dará a chance de alcança-lo de fato... tudo no imaginário – possível – no imaginário. 


Foi hoje pela manhã


Slopestyle mountain biker Brandon Semenuk’s AMAZING continuous shot segment from the film "unReal".VIDEO: http://snip.ly/DBLAWant to see more? Grab the full video from iTunes here: http://radi.al/unReal#mtb #slopestyle #mountainbike #BrandonSemenuk #unReal #video #film #BuffaloSpringfield
Posted by Bike Roar on Sexta, 24 de julho de 2015


Foi hoje pela manhã
(André Anlub - 7/4/12)

Solto os verbos com as rimas
Loucura sob o céu que observa
Fortes são minhas asas que vão ao vento
Fazendo do meu mundo minha quimera.
Sem bússola e sem direção
Emoção no contato com novos povos
Povos com ritmo, sem inadequação...
Que eternizam a ação do tempo.
Nas paredes descascadas das igrejas 
Visíveis imagens do envelhecimento
Desmascaram as pelejas
Nas esquinas religiosas.
Joelhos ao chão em devoção
Entregam-se ao fado hipotético
Aproveito e solto meu canto poético
Afiada e desafinada oração.
Na saída não apago a luz
Entregue ao provável destino
Com estilo de esporte fino
Nos pés um belo bico fino.
Charuto cubano no boca
Fito no horizonte o disparate
Aceno para qualquer boa pessoa
Quero à toa uma guarida.
Volto do meu voo imaginário,
Toquei o belo azul turquesa,
Preservo com idoneidade e clareza
O que ponho no papel da minha vida.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.