7 de janeiro de 2016

É, lá vem ele de novo...


Bloquinho de papel de pão

Viagens na forma e na cor,
De contornos vê-se a alvura das nuvens 
E o livre leve nacarado da flor.

Esparramando nas entranhas,
Eis entranhas que fulgem:
De paixão e luz tamanhas
Que aqui e ali nomeamos de amor.

Sonhos que voam e pousam num flash,
Longínquas dimensões são transpostas
Nos pífanos porretas do agreste.

Segurando um ínfimo lápis mal apontado,
Com a borracha aos pedaços no outro extremo
- Desenha a clave de sol - escreve um belo soneto
Num papel de pão amarelado.

André Anlub®
(22/3/14)

6 de janeiro de 2016

FAMÍLIA, FAMÍLIA

A série é fraca, mas já suportei piores. No centro dela, uma família de três pessoas. O pai é consultor financeiro, vive em reuniões de negócios. A mãe passa o dia na rua também, porque é uma espécie de arquiteta. A filha (uma atriz lá pelos 25 ou 27 anos se fazendo de adolescente) é uma carente revoltada que não os vê quase nunca e quando os vê é como se não os visse – porque eles não estão presentes e porque ela também não está. Por que diabos alguém quer ter uma casa, então, se é para “mantê-la” deste jeito? Primeiro porque nem sabe que este é um jeito doente de manter uma casa. A inconsciência e a alienação impedem. Segundo porque não saberia o que fazer, caso percebesse o que está fazendo. Terceiro porque não haveria o que colocar no lugar. Todo mundo se casa porque todo mundo se casou, dizia um colega meu, e não estava muito longe da verdade. Todo mundo faz o que todo mundo sempre fez porque não há outra forma, aparentemente, de continuar sendo todo mundo. Ir contra a corrente implicaria em, antes de mais nada, perceber que há uma corrente. E ainda não é tudo. Há também o indispensável fator “contar consigo mesmo”, ter condições de permanecer sobre as próprias pernas quando as consequências da estranheza e da marginalização acontecerem. Muito mais fácil ser um pai ausente, uma mãe omissa e uma filha revoltada.

ROGÉRIO CAMARGO  

5 de janeiro de 2016

Agradecendo pelos votos de felicidades e alegrias em 2016




Até tu, Google?! rsrs

Madrugada de 1 de janeiro de 2016

People are awesomewww.instagram.com/JosiPaula
Posted by Josi Paula on Quarta, 11 de novembro de 2015


Madrugada de 1 de janeiro de 2016 - Nada como um peixe após o outro – um anzol no meio – e nada bem. Depois dos percalços vividos ficam calos e vestígios. Carrego os ossos do ofício com mais cálcio e cuidado; na minha vida não entre sem aviso! Já na estrada, na esteira estreita do caminho desconhecido, voo de encontro ao mar e a mim mesmo; vou mergulhar nos mistérios de algo novo que na verdade é eco presumidamente vivido e esperado. Talvez absolvição, quiçá apenas passo à frente, colocando um tijolo na parede e milhões de batidas no coração. Chegou minha vez, outra vez, já é quase sempre; sorriso de orelha a orelha no misto de querer a vez com a poesia em excelência e essência. É bom demais, é gratidão, é usufruto, é ‘usufarto’. Olhar por cima do muro é xarope de bom humor concentrado, em estado sólido, massageia a alma e retoca a alegria; é o presente que se auto desembrulha. No final das contas, quando acabar o espetáculo, as lonas forem recolhidas, o circo enfim desarmado, a mulher barbuda faz a barba, o mágico erra a mão em fim trágico, o elefante faz dieta e fica magro, o leão domesticado, o equilibrista inebriado com a garrafa de vodca no sovaco, o anão vira rei num seriado, o atirador de faca é esfaqueado; no final do espetáculo... o único risonho é o Palhaço. Minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; a vida é um teatro e faço de tudo para valer a pena; vivo na coxia, mas de quando em quando entro em cena. O Sol canta de galo; a lua canta de Gal. Não se fala em outra coisa; pelo menos aqui dentro da cachola redonda em cima desse pescoço cilíndrico, em cima da boca falante, sem educação; em cima das tatuagens matreiras, do corpo que já foi magro, foi trato, foi gordo; e assim roubou o sonho que havia sonhado, o bando bandido de aves que se diziam bem-vindas, traídas e atraídas ao céu enevoado. Estavam ligadas ou não no lance? Metendo o bico aonde não foram chamadas? Aves tudo podem! Há uma crença do cresça e apareça, depois meça sua largura, some com sua altura e esqueça o resultado... apenas descubra se o lago transborda... e quando as águas rolarem e os peixes sufocarem, apenas exponha se ainda é bem quisto ou preferia continuar sendo menino. Vê-se o translouco atravessando a ponte; só se é louco de perto, pois de longe se é pouco – não se importuna – ou se é monge, ou se ruge a face, rubra o rosto, range os dentes ajeitando os dedos: não se fala em outra coisa; pelo menos nesse passar das horas de supernovas, de supernovos, que seja pouca, mas a voz até que sai; no início fez-se o sacrifício de ser tudo sem nada ser; no meio tempo eram máscaras que caiam, disfarces, Descartes e sua filosofia certeira; no fim o grito não saiu vazio, o som se fez em música indo à noite, indo à cama, na farra, no banho sem sonho, sem rumo e sem par. Minha base é estar voando parado em tudo quanto é lugar; não se pensa em outra coisa.

André Anlub

4 de janeiro de 2016

QUANDO NÃO ADIANTA EXPLICAR

Há cerca de uns trinta anos atrás, meu irmão estava em seu ateliê pintando um quadro e eu em volta, curtindo o ambiente e o bom papo. De repente ele se irritou e soltou uns palavrões. Ué, o que foi, perguntei. Essa nuvem aqui, ele apontou. O que tem ela, eu quis saber. O que ele respondeu me serve até hoje como alegoria para enquadrar determinadas situações: Se tu não consegues ver, não adianta te explicar.

ROGÉRIO CAMARGO  

Na violência do fluxo e da força


Na violência do fluxo e da força
(inspirado no livro 'violência' de Slavoj Žižek)

Nunca mais tive amor por ninguém, 
Mas falo de amor mesmo – aquela paixão de amor, 
Mão suada, pensamento obsessivo, 
Viver sonhador em voos corriqueiros... 
Quase um pesadelo bom, bom horror;

Por diversas pessoas tenho afeições inquietantes e derradeiras,
Tenho apegos, mil admirações, contemplações, tesões e besteiras...
Mas não é amor;

Não quero que pareça justificativa,
Querer ficar bem na fita, 
Mostrar-me sempre feliz...

Mas de que adianta fugir? 
Pois até a não justificativa existe, 
Mas não condiz.

Amor mesmo, de verdade, só tive um;
Foi soberbo e sombrio, 
Maltrapilho e massacrante...
Amor de decepção abissal e humilhante:
Cadafalso – emudecendo-me os lábios – calafrio...

Tal qual aquele filho desgarrado,
Que passa a infância e a juventude contemplado,
Vendo ao espelho do mundo e do quarto
Traços parecidos com seus pais: 

Aquele jeito de olhar da sua mãe, 
Os olhos, sorriso, o mudo,
Aquela pequena aptidão por tudo. 

E no pai vê aquele rigor com o vocábulo, 
Aquela covinha proeminente no mento, 
Orelhas quase coladas no couro pelado, 
A altura, a forma do corpo, as sobrancelhas...

E mais tarde, mais adulto, 
Ao cair de uma tarde qualquer
Descobre ser um filho adotado.

André Anlub
(4/1/16)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.