17 de março de 2016

Bonifrate


Bonifrate       
(André Anlub - 11/10/11)

Nem imagino por onde é o começo,
Quiçá pela dor que corrói em saudade;
Nessa idade que se iniciou o apreço
Que migrou para incontrolável vontade.

Decompondo o corpo de bonifrate (brinquedo)
Trazendo a pior das tramas do enredo.

O coração tornou-se ferro e ferrugem,
Carecendo do óleo quente da amargura;
Talvez o erro de almejar o impossível,
Senão a demência de só ver a negrura.

Não tenho mais rotatividade na alma:
Velho, meu coração anda torto.
E o porto que há muito tempo vazio,
Expõe os corais de um amor absorto.

16 de março de 2016

Tempo de ser servido

Eu pensei que este homem fosse um sem-teto com um violão na mão. Mas, de repente, ele fez ISSO.
Publicado por Não Acredito em Sexta, 11 de março de 2016


Tempo de ser servido
(André Anlub - 2/3/12)

Quero me doar ao máximo:
Perder (por livre e espontânea vontade) a liberdade.
Quero a salutar realidade de um amor:
Aos quatro olhos, eterno.

Quero ter filhos, ou não
Quero repartir e debater nossa opinião.
Ser servido e servir,
Ser a ilusão mais verdadeira e óbvia.

Vamos nos fartar em mesas fartas,
Comer salmão ou sardinha,
Beber vinho oneroso ou sangria,
Juntos, tudo será sempre o melhor.

A taça fina, que ao rodar do dedo canta,
Ouço o som mais doce e apaixonado;
Junto ao seu cálice que me acompanha
Fecho os olhos, embarco e me entrego.

15 de março de 2016

Panos Quentes

O problema é que alguns transformam em idolatria a inveja que tem aos 'de cima'; enquanto que o egoísmo aos 'de baixo' eles transformam em ódio.


Panos Quentes
(André Anlub - 11/03/13)

Pura sorte!
No meu equinócio
O sol se põe diferente.

Seu sorriso na lembrança,
A lágrima desce na fraca luz.

É a cruz que carrego
Sem descanso ou preguiça,
Sem pavor ou embaraço,
Sem “atiça”.

Vou seguindo com o tempo.
Dizem que dando tempo ao tempo,
Tem seu tempo certo pra tudo.

É chavão, ouvi dizer...
É piegas, talvez.
Mas sei que é verdade.

Observando meus próprios episódios,
Sorrisos - lágrimas – desprezos.
Sou retórico e isso é notório
E sou otimista realista
Nos meus propósitos.

Corro dos momentos,
Fujo dos vigentes amores,
Sejam quais forem;
Abafo bem abafado os rancores
Com os panos quentes dos esquecimentos.

Falando com nuvens


Falando com nuvens      
(André Anlub - 16/1/14)

Noite passada sonhei com poesia,
Aquele sonho arranjado de calores misteriosos.
Ao som de uma orquestra as janelas se abriam
E em mil cantorias - pássaros curiosos.
Longe, no alto, algo reluzia,
Mas não sei o que era, tampouco queria.
Sempre enfoquei seu belo rosto em tudo
- é de um absurdo - é meu mundo de gosto.
No sonho alagado os caminhos imersos,
Feito um delírio aos montes, na mente famélica.
Estrelas pratas formavam de tão doces quimeras
E transbordam à vera, e transcorrem os versos.
Fiz de mim um homem pássaro
(o passo)
No meu eixo um homem peixe
(muito avexo)
No meu mundo, homem comum
(o oriundo)
Longe, as nuvens comunicam:
Surgirá a estigma do amor sem fim.
Tudo se torna arquipélago numa única ilha,
Uma desmesurada esperança que contente habita,
Fazendo-se amiga e parte de mim.

13 de março de 2016

Ótima tarde

Acervo reúne mais de 300GB de canções de Jazz para ouvir e baixar de graça

The David W. Niven Collection of Early Jazz Legends, 1921-1991


Tempo de ser Rio


Tempo de ser rio
(André Anlub - 15/4/12)

Quero conhecer novas pontes,
Percorrer novas curvas,
Deflorar novos caminhos,
Margens, desníveis, declives...

Traçar novos rumos, novos leitos,
Inundar de esperança os vilarejos.

Quero ser rico de fauna e flora,
Saciar a sede - oferecer o banho,
Sentir a sombra do natural,
Ser presente em aquarelas
(Espelho do céu)

Quero ser sempre limpo – cristalino,
Alimentar um novo sonho,
Ser potável, bem-vindo
Ser carregado na cabeça da carecida...

(...) e da carecida...

Limpar suas roupas – lavar seus pés – banhar seus filhos
Estar nos ninhos e no interior da amada.

12 de março de 2016

Quatro rabiscos para ler no banheiro:


Quatro rabiscos para ler no banheiro:
   I
Imoral

Dos fascínios de uma única pura sorte,
Entrando em uma farta imensidão.

Preparando-me para o seu ego absoluto:
- estou chegando maior que o mundo
E menor que a palma de sua mão.

Quero ser dono da sua alma, do seu coração;
Um pouco do absurdo de nunca ter tido uma vida pura.

Da pureza que lhe é rara
E na redundância de minhas palavras,
Friso-as bem, antes que emudeço.

Suga tudo que é de bom de tudo
E do seu próprio sangue, mesmo que ralo:
- Assim que é falha, assim que é fogo
Pois assim na palha, tudo é um jogo.

(incendiou a sua casta)

Caminhada perdida e alma penada,
Feliz, de encontro ao avesso.

Nunca há derrota, pois de certo a merece.
Em todos os seus pecados, padece.

(Imoral, impura, inquieta, imortal)
Uma vida de lama se perpetua,
No desdém que sua chama queima,
Colecionando paixões às escuras...

(nomes não interessam a ninguém)

A religião é descartável?
Ou um deus só para chamar de pai?

Órfão já na barriga magra,
Aquela raiva que sempre lhe trai.

II
Poema futuro

Um homem joga o seu jogo mais brilhante,
Se for conciso é um tom preciso e crucial.
Sendo o mais temido caçador (poeta e amante)
Que com unha faz tatuagem da alcunha de imortal.

Até o momento ninguém aqui teve tanta sorte,
O clima sempre bom e o vento às vezes forte.

O solo produtivo e ao longe os tambores
Rufam os amores de um hoje acontecido:
- e vão saudades e ficam sonhos
- e vão estranhos num tempo amigo.

A lua saiu com frio e tão pálida,
Pensamos que estivesse acamada.
Veio a nós pelo mar e tremendo
Até chegar à praia...

E assim deu-se o beijo.

A lua olha por todos os lados,
Chora por quaisquer dores,
Explica a atual loucura de não mais existir o pecado
E nascer cada vez mais pecadores.

                  III
      Concubino erudito

Já foi de encontro,
Com as duas mãos aos ombros,
Ensaiando um inolvidável beijo,
Demonstrando assim ser o mais original.

Antes adormecido Vesúvio.

Conquistador caro
De curtas palavras afetuosas;
Minucioso no andar e no faro,
Pretensão volúvel.

E o mal...

Serpente que persevera,
Sempre há tempo que abunda.

O veneno que fica à pampa
Na sombra e na sobra
Do mais novo ovo de cobra.

Desequilíbrio patológico
Espalhando suas crias
Nas cidades, nos bairros,
Nas ruas e vias.

E o bem...

Conquistador irrestrito,
Viu-se na acerba enrascada,
Preso ao amor puro e adequado,
Afogado em águas rasas...

Tornou-se de gosto
Um concubino erudito.

                  IV
Concubino erudito (revanche)

Chegou manso, 
Com aquele papo de ouro:
- conquista, envolve e absorve.

Se não deu, dá um tempo e tenta de novo,
Naquele clima fresco:
- aquele vinho bom, lareira acesa,
Sentimento em “blow”.

Se já há resposta, atividade!
Com responsabilidade faça de jeito 
E de bom-tom.

Vejo o futuro: 
- a mulher grávida caminhando na praia,
Saia rodada e imensa vontade 
De estar numa festa cálida. 
(pagã)

Para quebrar a leitura
Aumento essa poesia fútil,
Dispensável, absurda,
Cega, surda e muda,
Com esse parágrafo inútil.

Volto ao conquistador barato,
Réu com popular palavreado...
Engomado, com a boca que dança
Ao som da goma de mascar.

O ser mascarado,
De louco disfarçado,
Fazendo crueldade.

Escreve livros invisíveis:
- irrisórios (de matar)
- sem fim (há de acabar)
E até mesmo sem finalidade.

Por fim surgem infinitos demônios
Sem nomes nem rostos,
Sem breves e longos amores,
Surgem para lhe buscar.

Agora vemos as dores
Que somem, longe,
E deixam os motores
Que impulsionam o viver.

É só mais um dia
(vida e coração)
Visão apaixonada,
Do fluxo, sangria,
E adoração.

Não há mais a dizer,
Só abra os olhos 
E permaneça amando.

Insone e insano no seno e cosseno do ser


Insone e insano no seno e cosseno do ser 
(André Anlub - 15/6/13)

Eu vejo, vejo!
Nas paredes do corredor que leva à cozinha,
Algumas sombras que balançam,
Com as leves e tontas brisas,
Expondo seus desenhos simplórios,
Notórias alucinações, visões dela...
Vou abocanhar meu pão de centeio,
Com queijo coalho e margarina,
E uma fatia generosa de mortadela.
Por enquanto, só por enquanto,
Primeira noite de inverno,
Sem arrepio, sem espanto,
(Por enquanto)
Encontra-se calma e silenciosa.
Quebrou-se o silêncio,
No barulho do meu copo de vodca.
O gelo frenético batendo,
No fino e fanho vidro,
Ao ser mexido pelo dedo.
Olhos mirando o bloquinho,
Sou zanho, sou zen, sozinho.
O álcool companheiro agora me deixa,
Foi estacionar no cérebro,
Criou raiz e espera ser regado.
Convite à escrita,
Sorriso no canto do lábio,
Nos dedos da mão direita,
Uma imaginária tatuagem escrita;
O que há, não diz!
Mas uma letra se esconde por debaixo do anel.
A verdade deve ser sempre colocada à prova,
As horas são escassas
E procura-se o término de um romance real.
Depois de linhas traçadas,
Dois comprimidos de anfetamina, a garrafa já no final,
Boca seca, pupila dilatada (Tenta-se dormir).

11 de março de 2016

Segurei na mão do meu avô



Segurei na mão do meu avô
(André Anlub - 14/2/13)

Miles Davis em volume máximo,
Fones nos ouvidos;
O trompete fazendo
As orelhas arderem:
Confusos aforismos.
Imagens brotam agora,
Já estava na hora:

Uma longa estrada de terra,
Estreita e velha,
Com flores na beira
O que vier na telha.
E os ritmos dos assovios
Espalham-se aos montes,
Com a música do momento
Na companhia do meu avô.

Meu avô, meu avô...
Foi um homem de bom coração.
Com suas cicatrizes de vida,
Encarcerado pela labuta
Vivia na transmuta:
Ruim – bom – sã – não.

Imagens retornam:

Já não interessava onde estou ou vou,
Logo fechará no chover;
Sentados em pequeno bar,
Cerveja gelada em uma mão
E na outra a cuia de tacacá.

Conversa-se sobre amores,
Sobre a cidade de Belém;
Das redes nas tardes chuvosas,
Das mangueiras generosas...

Entre, entre e entre...
Um gole e outro,
Passam faróis dos carros;
Passam pessoas com olhares vagos;
Passam formigas e besouros;
Passa o tempo apressado.

No lamento do andar do ponteiro
Íamos nos separando - eu triste e desesperado
Mas entendendo a efemeridade
Desse nada raso momento.
Segurei na mão do meu avô
E lembrei-me que ele já havia partido.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.