11 de abril de 2016

Sorriso Inato



Sorriso Inato
(André Anlub - 11/4/12)

Maga amarga e nada calma,
Fica-se na sentinela;
Esperando a mão que afaga
Que traga a luz de longas velas
Tão pálida e cálida alma.

Frágil no chão da lamela,
Que quebra ao fino toque,
Mostrando o colorido enfoque,
Quente ao centro da terra.

Mas aprecio tal dor
Com longo sorriso inato.
Se o feio é odor no olfato,
Importante é não ter tal rancor.

Sozinho e sempre pendente,
Fraco coração valente...
Insiste na batida constante,
Regado com sangue e calor
É o belo expoente do amor.

10 de abril de 2016

Sentimentos confusos



Sentimentos confusos 
(André Anlub - 4/11/11)

Caminhando no parque pensei em você
Entre a neve que cai e o vento frio que bate;

Na mente momentos que nunca vou esquecer
Pensava tão alto quanto um cão que late.

Seria o ódio e a saudade ou o amor e a vaidade?
- A confusão era tamanha que nem sei a verdade!

Colocou fogo nas cinzas que pensava extintas,
Como um pesadelo à toa...
Pegar um Kandinsky e borrá-lo de tinta.

Lembro-me das crianças que não chegamos a ter
E nos dias frios um com ao outro aquecer.

Das falácias que saiam da minha ébria boca,
Mesmo assim seu sorriso se fingindo de louca.

Mas chegando a casa e enfim aquecido
Descobri que a saudade é maior que a loucura;
E saber que apesar disso sou jamais esquecido,
Esperava-me deitada completamente nua.

Mar de doutrina sem fim



Mar de doutrina sem fim
(André Anlub - 12/5/14)

Houve aquele longo eco
Daquele verso forte desafiador;
Pegou carona na onda suntuosa
De todo mar agitado.

Fui peixe insano com dentes grandes
E olhar de bardo;

Fui garoto, fui garoupa,
Fui a roupa do Rei de Roma...

E vou-me novamente mesmo agora não sendo.

Construo meus barcos no sumo da imaginação:
(minhas naves, pés e rolimãs).
E como imãs com polos iguais, passo batido... 
Por ilhas virgens – praias nobres – boa brisa.

Quero ancorar nas ilhas Gregas,
Praias dos nudistas e ventos de ação.

Lá vêm novamente...
Velhas orações dos poetas,
A tinta azul no papel árduo
E vozes roucas das bocas largas,
Mas prolixas:
Mês de maio, mais profetas.

E houve e não há, o que foi não se repete;
Indiferente das rimas de amor...
Vem outro repente...

O mar calmo oferece amparo:
Sou Netuno e aposentei o tridente,
Trouxe um riso com trinta e dois dentes;

Sou mistério que mora no quadrado de toda janela,
O beijo dele, dela,
Da alma ardente que faz o mar raro.

9 de abril de 2016

Toalhas novas



Toalhas novas
(André Anlub - 11/4/12)

A cada giro do globo é mais um passo do colosso:
Novo dia, novas imagens e palavras.

Podemos dar até o passo maior que a perna,
Desde que seja sempre para frente.

Na corda do varal há todos os tipos de panos:

- Dos bem quentes para o inverno extremo
- Chiques de seda e linho branco
- Calças velhas que vestem bem
- Calças novas que estamos nos adaptando.

Lavo e coloco para secar as toalhas velhas,
Ficam ao vento
Não balançam pelos furos do tempo

Chegando a hora de trocá-las, eu faço...
Por enquanto as traças se deliciam.

8 de abril de 2016

Gurufim


Gurufim
(André Anlub - 6/5/14)

Principiou-se o gurufim do fim das horas,
E príncipes negros, índios e gurus
Aplaudem fora.

Já foi tido o caminho com trilhas fáceis
E tão hábeis são ditos sábios ao atravessá-las.

Leram em pergaminhos com preconceitos,
O mito e o medo, a carne e o osso,
São peças frágeis.

Alguns quiseram viver em museus de idos tempos
E oprimindo seus inimigos se sentem bravos.

Lá no alto, bem no alto, da mais baixa montanha,
Avistaram o ser importante com sandálias velhas.
Descia lento e cantava baixo um antigo mantra,
Sentindo a brisa, notando o novo, suando o samba.

E caem as primeiras gotículas álgidas das chuvas,
De uma nuvem única que bailou com o sol
- Arriscando a luta.

Voaram as aves brancas, negras,
Pardas e as aves raras,
E ao se verem vivas e ralas 
– ao se verem importantes e análogas...
Tornaram-se plumas.

O respeito alcança seu ápice quando compartilhado.

7 de abril de 2016

Um Moinho


Um Moinho

A travessia é dura: dias de chuva - noites de frio; dias bem quentes - noites sombrias. Nesse caminho confuso, nessa estrada sem placas, entre o reto e o obtuso todos afogam suas mágoas. Com a bota furada, pisando em barro ou em pedra, pronto em pé ou na queda, tiro o melhor na caminhada. Se encontro uma rocha grande: serve para descansar; se encontro um mar: sou filho de navegante; se a fome quiser ser minha sombra: como um pedaço de pão... e se não a saciar, posso matar um leão. Tudo posso e tenho, se a força não me faltar. Como um moinho de água, que mesmo se o poço secar, usa o vento para a roda nunca parar de girar.

Navalha de Occam


Navalha de Occam
(André Anlub - 20/3/10)

Entre todas as teorias em uma cabeça,
Existe a mais fácil de explicar e entender.
Pergunta-me: 
- por que pedir a(deus)?
Um trocadilho?  - Jamais erroneamente irá saber.

Se já deu no que foi, não perpetue a casualidade;
É egoísmo, pois não existe mais porvindouro,
É falácia e falsa moralidade.

Não me venha com mais explicações:
Sente que as nuvens negras irão sumir
E pensa se o tempo pode parar.

E algumas interrogações:
A aversão é um elo para desunir?
Acha loucura sentir e pensar?

Onde está a razão e onde está o sentimento?
Busca no âmago de todo o interior,
Com a redundância desse momento.

O terror de não ter mais emoção
Nessa ação que lhe faz tão bem;
É a vontade de estar vivo
Voando a favor do vento,
Mas de encontro a um trem. 

Sei que gostas que aplaudam teus feitos,
Que acendem as verves e matam a sede...
Do verso, da aura e da vida.

6 de abril de 2016

O Tempo Seca o Amor



(Cecilia Meireles)

O tempo seca a beleza, 
seca o amor, seca as palavras. 
Deixa tudo solto, leve, 
desunido para sempre 
como as areias nas águas. 

O tempo seca a saudade, 
seca as lembranças e as lágrimas. 
Deixa algum retrato, apenas, 
vagando seco e vazio 
como estas conchas das praias. 

O tempo seca o desejo 
e suas velhas batalhas. 
Seca o frágil arabesco, 
vestígio do musgo humano, 
na densa turfa mortuária. 

Esperarei pelo tempo 
com suas conquistas áridas. 
Esperarei que te seque, 
não na terra, Amor-Perfeito, 
num tempo depois das almas. 

Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'

Ótima quarta

Nua em pelo, no pulo e num palco
(André Anlub - 28/11/13)

Nadando no gélido lago foi encontrada
(Feliz e pelada)
Com os pelos arrepiados,
Seus belos cabelos negros cacheados,
E como seria imaginável...
Cantarolando aquela lacônica balada: 
“...you can’t always get what you want...”

- olhos esbugalhados, olhar simplório.
Perfil de romântica rebelde
Com a sensação de estar nada errado.

- Seria assim que eu a descreveria
E é assim que ela é!

Entre os dias que se passaram em sua vida,
Estão de um lado algumas horas que se petrificaram
Na sensação de não seguir um vil modelo.

Na outra ponta da história (não menos importante)
Fica o momento: 
- replay - déjà vu
- oposto de um pesadelo.

Quase sem querer, de repente por estar mais magra,
A aliança caiu no ralo.

(num estalo a lágrima sem jeito a seguiu).
O próspero havia recebido conserto
E a velha flecha no seu peito
Enferrujou e ruiu.

Os olhos agora mais secos
Caçam felicidade;
E a sombra não se encontra
Por aí, vagando.

(meramente sumiu)

A alma quer plateia, quer zelo, nada de estar sozinha; ela quer que outros olhos curtam seu curto vestido decotado, o sorriso do rosto com duas covinhas... E todos (mas todos) os seus pelos eriçados.

De longe, longe, chegaram os berros de amor:
Profundo, nobre e precioso... 
Abraçaram as nuvens, beijaram o sol,
Tiraram as ferrugens, criaram a mudança...
Fizeram valer o desafio, o anseio por um fio... 
E um coração frio, novamente, tomou-se de esperança.

Tenho seus poemas tatuados para meu longo conforto (às vezes os leio a esmo), desmanchando possível mácula, dentro de uma garrafa de fino gargalo torto, com as letras distorcidas que renasceram de um cálido aborto. Leio um romance barato que se tornou simpática fábula.

5 de abril de 2016

Corações inteligíveis



Corações inteligíveis       
(André Anlub - 9/6/13)

Ah, nesse amor descolado, desnudo
Das mais gostosas traquinagens;
Organizando as engrenagens
Desorientando meu mundo.
Acordo afogado no pranto,
Praticamente um tsunami violento
Que fez-me lembrar dos tantos encantos,
Que migraram para o desejo vagabundo.
O tempo se esgota, é a gota d’água...
Que desagua na grota e no vento.
Pois invento a lorota da mágoa
Por não encontrar meu contentamento.
Perco a razão do vivente
Mas no convívio, dentro de um conto:
Lapido do meu jeito o sonho
E à francesa, saio pela tangente.
Ah, sei que o seu pensamento é só meu
E num breve instante em branco
Escorrem os pigmentos mais francos
E colorem todo o nosso apogeu.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.