6 de junho de 2016

Arquivo Morto


Arquivo morto*
(André Anlub - 19/2/13)

Enlouquece, tonteia;
Entorpece, abala.

No coração, na veia;
Emoção enigmática.

A coisa é séria, muito séria!
Vai um, vem outro...

É uma constância,
Por isso não faz sentido.

Pela manhã tudo estará bem,
É mais ou menos assim:

- No íntimo ficam as lesões,
Escapam os heróis
Para encararem um novo amor.

Entupindo o coração de ideias,
Cachoeiras de avejões;

Nesse amor de veracidades
Suas pegadas, espaçadas,
Na areia limpa e macia...

Pegadas de danças e festividades
Da mais pura devoção.

Quando esse sentimento aflora
Há a "refrescância"
No coração, na língua, na alma, no corpo...

Mas nem se sabe se essa palavra existe:
- não se encontra em dicionários...

Refrescância...
É morta – torta
É arquivo – morto.

Rumo à outra!

*publicado no livro Sicrano Barbosa e em diversas mídias


Poemas à Flor da Pele


Poemas à Flor da Pele sempre lançou novos poetas.
Passados 10 anos muitos falam, felizes e agradecidos, do fato de terem divulgado seus textos pela primeira vez conosco, isso é uma honra imensa! Eu quando leio me emociono.
Muitos fazem parte de Academias, Associações, já tem livros publicados e se destacam no cenário literário nacional. É uma alegria! Deixo por conta deles revelarem-se.
Este ano temos novos autores publicando, a história é outra, muitos pela primeira vez, mas outros são oriundos de flertes poéticos de muito tempo, e, enfim estão namorando com a Poemas, aceitaram participar pela primeira vez, obrigada a todos por engajarem-se em nossa caminhada poética!
A inscrição é até 31 de julho, venham....

Soninha Porto

1. ANA LUCIA ROLLO - primeira vez divulgando seus poemas;
2. ELIANE TONELLO 
3. IARA SCHMEGEL 
4. IVANETE DOS SANTOS - primeira vez divulgando seus poemas;
5. MARINÊS BONACINA 
6. MARIZA SORRISO 
7. MATUSALEM DIAS DE MOURA 
8. ONEIDA DOMENICO 
9. ROZÉLIA SCHEIFLER RASIA 
10. TIAGO VARGAS
Todos os participantes.
1. ADÉLIA EINSFELDT
2. ADROALDO BORBA 
3. ANA LUIZA CONCEIÇÃO
4. ANA LUCIA ROLLO 
5. ANA MELLO 
6. ANDRÉ ANLUB
7. ARLETE TRENTINI DOS SANTOS
8. BASILINA PEREIRA 
9. CLAUDETE SILVEIRA
10. CRIS MB BRANCO 
11. DORONI HILGENBERG 
12. DOROTY DIMOLITSAS 
13. DYANDREIA PORTUGAL 
14. FATIMA DE ROYES MELLO 
15. ELIANE TONELLO 
16. GLADIS DEBLE 
17. GLAUCO SILVA 
18. GLORINHA GAIVOTA
19. IARA PACINI
20. IARA SCHMEGEL 
21. IVANETE DOS SANTOS
22. JAIR PAULETTO
23. JC BRIDON
24. JORGE DU BARBOSA
25. KARLA JULIA
26. MANU DIJIN CRISTINA 
27. MARDILÊ FRIEDRICH
28. MARIA HELENA MATTOS
29. MARINÊS BONACINA 
30. MARIZA SORRISO 
31. MARY LOVELY
32. MATUSALEM DIAS DE MOURA 
33. ONEIDA DOMENICO 
34. PINHEIRO NETO 
35. REGINA LYRA 
36. ROGÉRIO GUARALDI 
37. ROSÂNGELA DE SOUZA GOLDONI 
38. ROZÉLIA SCHEIFLER RASIA 
39. SONIA MARIA GRILLO 
40. SONINHA PORTO 
41. SIGRID SPOLZINO 
42. TIAGO VARGAS 
43. TELMA MOREIRA 
44. VANY CAMPOS 
45. VANNE F. MARISCO 
46. VERLUCI ALMEIDA
47. ZAIRA CANTARELLI 
48. WANINHA MONTEIRO

5 de junho de 2016

Uma excelente semana aos Amigos!


Noite de 20/4/15 – poética e orgulho das conquistas

Iniciava-se: há ditadores querendo salgar a carne do churrasco. Isso é inadmissível! Fiz aniversário no começo do ano; não tinha bolo, mas tinha bala! E da boa, e bem doce. Não sou mais um consumidor assíduo de doces, só os mais “light”. A criação atualmente é meu carboidrato, minha glicose, minha paçoquinha, meu doce de leite com suco de amora (vou comer torrada com ricota de leite de búfala e, de sobremesa, trufa de chocolate). Agora vi na televisão: mulher deu a luz a cinco crianças; agora olhei para o céu e cinco estrelas se destacaram. Medianamente o meridiano escolhe uma ponta; espontaneamente o espontâneo fica indeciso. É muito siso para um inciso nessa pouca boca; é muito oca para se construir uma oca e ocupar todo espaço preciso (vou tocar Blues pesado na minha gaita de boca e pegar pesado no semblante de louco). Farei aniversário no começo do ano que vem. Talvez tenha bolo, talvez tenha bala! E, de boa: nada de doce.  

Cotidiano
(André Anlub - 28/11/10)

Com idade de ser um homem feito
E com defeito que carregamos no peito,
Faço uma rima com carinho e verdade
E não imagino como seria de outro jeito.

E não aceito essa tal desigualdade,
Com respeito durmo tranquilo no meu leito.
Acordo às cinco horas com muita vontade,
Faço um verso para alegrar o meu dia.

Vou correndo pra bendita labuta,
Não vou xingado igual uns filhos da truta.
Vou contente sabendo que mesmo tardio,
O meu salário aparece no bolso.

O meu esforço jamais é a esmo,
Minha índole continua um colosso.
Por um momento paro e escrevo,
Por um segundo paro e te ouço.

Dá-me um abraço e me deseje bom dia;
Pego a marmita e encho de novo,
Carne moída e um bocado de ovo,
Para dar sustância e também energia.

Logo às seis horas largo esse batente,
Vou ao dentista arrancar mais um dente;
Chego em casa com uma fome danada,

Marco presença com minha doce amada.

Não é filósofo, tampouco profeta.

Trem de perfume e fumaça       
(André Anlub - 25/03/13)

Não se sabe se o perfume se espalhou
Pelos bosques coloridos e imagéticos.
Na nossa aldeia, logo, logo, deflagrou:
O colírio, canto lírico e poético.
A proeza dos sãos bardos atracou
Lá no cais latem os cães dos letrados.
Viu-se o verso no reverso - só versar.
Fez-se a música que alindou o ser amado.
Bela a rima morro acima – No luar.
Brilho forte do sorriso – A majestade.
O vai e vem ao som do trem deixou saudade.
De joelhos o anel da união, juramento que testemunha
A branca garça.
Iluminou o casto amor do sim sem não.
E foi-se o trem - longa estrada... fica fumaça...

4 de junho de 2016

3 Contos da Luz e o Diamante

Por André Anlub e Rogério Camargo

CXXIII
As manhãs presas no bucólico doentio, arrepiador nu-blado infindável e sombrio. Há dias assim! O sol às vezes surge à tarde e não apraz para meu majestoso sorriso.
As manhãs ficam presas no que poderiam ser, lá longe, como a névoa que engoliu a caravela.
Dói à saudade dela – a poesia e ela –, a vida e ela. Dói a liberdade de estar sozinho, de fazer o que quiser, sem cárceres e ninhos.
Caminhos ébrios de vinhos ruins. Tonteira. E tropeços. Cair, chorar a queda – que arremeda a vida – e tentar de novo.
A cobra comendo o rabo não pode pôr o ovo; então sol-ta-se o calor e salta-se o frio, absorve o pavor aquecendo o café frio.
Minha vida é um amanhã agora. Desencapo a harpa que não sei tocar, ponho os dedos na harpa que não sei tocar e toco.
Troco umas notas – ré por mi. Ando de ré, mas para a direção sensata para mim.
O som me embala e cala a voz atroz do “tudo por nós , nada por eles” – sendo que eles são os todos outros que também sou eu.
O bem me fala e me segreda que o bom é vê-la em so-nho, vê-la em vida, vê-la em tudo em todos, sobretudo em mim.
Mas é manhã ainda, o sol continua não cumprindo o que prometeu (ou acho que prometeu) e por entre o cinza da neblina brilha apenas uma esperança de que se dilua.
Se nada acontecer ainda terei a lua, e com ela a visão sua, nua, como sempre há de ser.
Se tudo acontecer, terei a lua ainda, e com ela a revisão crua, nua como sempre há de ser.

CXXXIV
Chega da rua com as mãos carregadas de outras mãos
Os pães ficaram na padaria, os cães na esquina.
Ainda tem olhos de perguntar: onde estão os pães? On-de estão os cães? Que mãos são essas?
Esqueceu as histórias que iria contar: quem é Mrs. Dal-loway? Quem é Daenerys? Quem é Cinderela?
Tem olhos que perguntam mas não tem olhos que res-pondam. Então chega da rua carregado e descarrega.
O coração, a cabeça, a alma, a voz de esquizofrênico há tempos não dizem nada.
De frente para si mesmo está de costas para si mesmo.
É meio torto, mas o espelho só tem valia de frente a ou-tro.
Chegou da rua e não foi procurar um espelho. Chegou da rua sem pensar que espelhos existem. Chegou da rua carre-gado e descarregou.
As mãos que carregava carregavam sonhos; e os sonhos largados ao chão foram se espalhando por toda a casa.
As mãos que carregava e carregavam sonhos bateram palmas, pedindo urgência, pedindo muita urgência.
A imagem sem alguma inocência avivou a memória, remetendo ao palco e a outras histórias.
Não iria contá-las. Não para si mesmo. Mas sonhos que caem de mãos trazidas da rua não eram novidade no chão da sua casa.
Suas mesa e cama estava há tempos vazias de fantasias. Todas as suas musas e seus mousses ficavam na nostalgia.
Vivia pelo sonho dos outros. Chegava da rua com as mãos carregadas de mãos carregadas deles. Elas o incitavam a juntá-los. Ele os mirava do alto da apatia.
Nunca teve medo de carregar mãos vazias, de levar uma tapa ou até ser morto.
Seu problema não era falta de coragem. Seu problema era falta de si mesmo.
Deu-se então um abraço tristemente desconsolado e prometeu no dia seguinte ir em busca dos cães e trazer pão quente para casa. Nem que fosse o da véspera.

CXXV
Em uma imersão no azul o Anu faz graça de graça aos olhos nus.
Nudez cheia de encanto que, por enquanto, vale mais que qualquer moda.
Em algum lugar do país, todos os anos, o Anu come seu angu com anis.
Separa o caroço, sem alvoroço e guarda do almoço para um descansado jantar.
Está na roda essa ave, rondando os engenhos no entorno das pequenas cidades e todo o seu corriqueiro.
Gira com ela o passeio dos olhos atentos, descobridores de pequenos desvãos onde acomodar a curiosidade.
Anu de nós poéticos para todos nós; Anu preto e Anu branco, de cantos melódicos que atraem curiosos patéticos ten-tando pegá-los. E voam girando...
Imersão no azul: indo buscar o que já tem na alma po-rém na alma não voa assim. Ou voa, sim, mas não com este fim.
Nas anuências do Anu entram sua breve vida, sua esta-da simples de labuta ingênua e ímpar: come – dorme – acorda – voa – canta e encanta.
O Anu anuncia em silêncio: a nuvem diz “vem, Anu” e ele vai, a terra diz “fica, Anu” e ele fica.
É um ser metódico, mas pode deixar de ser; é um ser próspero, e sempre será. Há a derradeira biografia alegre nos seus voos e pousos simplórios. Está lá e é só ver.
Dentro do ciclo, o círculo. Fechado é o olho que não a-bre. Aberto, o olho vê mais que um circo no ciclo, no círculo.
“Boca fechada não entra mosca”, mas olhos fechados não veem a pedra. A pedrada acabou com a festa, enevoou o céu, silenciou a canção e cerrou as asas.
Uma inversão no azul – o Anu fazia graça de graça aos olhos nus. Não faz mais.

Ótima noite



"Muhammad Ali: Flutue como uma borboleta, pique como uma abelha - 4 de junho de 2016 - Ontem, aos 74 anos nos deixou Muhammad Ali. Mais que um grande atleta, um grande boxeador, ele foi um ativista do combate ao racismo.

Morre um líder que fez de toda sua vida uma luta contra o racismo, contra as injustiças sociais." Fonte: Revista Forum

Coruja divina

É gente simples na vida
E complexo no si próprio!

Está aí o andarilho solene
Que faz de outros momentos
As paixões e excitações.
Deixando o vil preconceito
Que persevera em ser perene.

Dia de sol ardente que valha
A muralha que por baixo é gigante...
Não protege seu corpo franzino,
Num palco de versos ululantes
De bons bordões qual malária.

Afiando a ponta da língua, anabolizada ao som de sereias
Poemas escritos em areias, e músicas e rosas e tintas.

Vê-se a razão que não mingua
Fala-se em matrimônios – mistérios
Infindos sem afins nem começos
(assim dá-se o nome de vida)

E lá se foi solene andarilho
Buscando a grandeza que ensina,
Fazendo da vivencia uma causa

Na cauda da coruja divina.

Nua em pelo, no pulo e num palco


Nua em pelo, no pulo e num palco 
(André Anlub - 28/11/13)

Nadando no gélido lago foi encontrada (Feliz e pelada) com os pelos arrepiados, seus belos cabelos negros cacheados, e como seria imaginável... Cantarolando aquela lacônica balada: “...you can’t always get what you want...” - olhos esbugalhados, olhar simplório... perfil de romântica rebelde com a sensação de estar nada errado. - Seria assim que eu a descreveria! E é assim que ela é! Entre os dias que se passaram em sua vida, estão de um lado algumas horas que se petrificaram na sensação de não seguir um vil modelo. Na outra ponta da história (não menos importante). Fica o momento: replay - déjà vu - oposto de um pesadelo. Quase sem querer, de repente por estar mais magra, a aliança caiu no ralo. (num estalo a lágrima sem jeito a seguiu).

3 de junho de 2016

As velas acesas e as chamas apagadas


As velas acesas e as chamas apagadas
Madrugada de 22 de maio de 2015

Noite sabotadora. Bocas falantes que nada dizem atrás de um vidro falso que em breve o apagarei. Espadas reluzentes e sombras de guerreiros antigos duelam ao não sei o que, briga por não sei quem. Deve ser pela tal da esperança. Abomináveis os serem que caçoam da simplicidade dos outros, dando-lhes alcunhas fúteis e pejorativas, com pitadas de um deboche piegas de quinta para uma noite escura e fria de quinta. Talvez eu seja herdeiro do dom de poetar; muitos já disseram isso. Mas esse não é problema; o problema é eu não me importar com títulos. Ainda engatinhando, confesso, mas já aprendi o mais importante nesse caminho: humildade. Não somos melhores que ninguém e não pretendemos ser; se caso fossemos não assumiríamos tampouco abraçaríamos a arrogância que nos tenta. Palavras voam e somem; homens ficam (ou nem sempre); amigos ficam (ou nem sempre); parceiros ficam (ou nem sempre)... mas o caso é que as palavras sempre se vão... E o que pode valer mais do que quem está ao seu lado como fiel escudeiro, como amigo verdadeiro, quem é dos males o coveiro e o leitor fiel e assíduo de seus rabiscos? Nem mais uma palavra.
Segure minha mão e sinta minha pulsação, fortíssima. Ao seu lado suo, tremo, sinto-me como quem vai adoecer, sinto medo e coragem, paradoxo em combate dentro do meu Eu. Quero sua ajuda, seu cafuné – seu café – tudo seu. Deite-se comigo esta noite, me esquente e me aguente o tempo que for. Farei o mesmo a você. Hoje e sempre. Nosso leito está arrumado com lençóis de seda pura, travesseiros de penas de ganso e uma pequena luz fraca na cabeceira. Tudo mentira! Bem, a luz não... Cobertas de pelos de leopardo esquentam muito. A lareira está acessa e caso queira aumento o fogo (sem trocadilhos). As velas estão acessas e chamas balançam tortas com o vento frio que entra pela fresta da porta. Minha cabeça entorta e meus olhos saltam assustados com a imagem que vejo. O imaculado. Onde está você? Não o corpo de carne e osso, mas sim a sua alma que com a minha fervilhava ao som do silêncio.

André Anlub

2 de junho de 2016

E vai vendo...


Ode ao Louco varrendo (28/6/12)

Sente na carne o estrago que a trincheira do corpo deixa passar; flecha que não era bem-quista – disritmia foi-se a bailar. Casco inquebrável, por vezes tentado a traições. Entre o espírito luzidio e a aura, há um fulgor de Foucault mais forte; persevera a bondade do antes e do agora – ser altruísta de cumplicidade afortunada e contínua. Mostra com clareza, destreza e simploriamente os “nortes”. A altivez tem tratamento (seja por vezes até o suicídio), segurando forte em uma mão a vida moribunda e na outra mão a morte (acalento que soa sem perigo). Suspenso pelo pescoço, com as canelas ao vento, no abismo vê-se de culpa isento (dor e remorso). Dimanem sacrifícios? – Não, chega de ignorância! É um louco varrendo...

II
Caminhamos como poetas novos, largando a soberba, o estorvo, no fluxo de um novo povo e nosso suor que não amarga. O alvo é claramente certo, de peito escancaradamente aberto, o coração de um bardo onde o esquecimento é adaga.

III
Um pesadelo muito incomum, andando no terreno do capeta, não existia uma só letra, sem poesia, sem alento; tentava achar rimas corretas, palavras abertas voando sem vento sem dono... um tormento para o poeta, Rei sem Rainha e trono. Os pensamentos não se encaixavam, quebra cabeça faltando peça, uma remessa de contra tempo, um contra tempo sem muita pressa. Mas logo me vi de olhos abertos e muito espertos de inspiração; não quero mais sonhos incertos, quero viver plena imaginação.

O ser notívago

Essa metafórica escuridão
Saiu do incoerente ostracismo,
Viu a luz do dia e subiu
Até a nuvem mais supina;
Fez vigília
Até que do nada resolveu
Tornar-se arco-íris.

O ser notívago
(André Anlub - 22/8/11)

Avenidas vazias,
Mãos e contramãos de molambos.

Pelos mausoléus de fantasmas,
Passam colecionadores de isqueiros inúteis:
- catando lixos e latas e vidas ocas.

Sem pressa, arrastando corrente,
Levando seu corpo moribundo.
Andam se esquivando de nada
E balançando ao vento.

Ao som de motores noturnos
E a luz dos postes e faróis
Que muitas vezes os remetem
À uma vida de festas...

De uma existência regada a drogas
Que foram trocadas por alento e sexo.

Expectativas são contratempos de eras
E momentos que não passam.

Das bocas as mais puras conjecturas,
Dos olhos as bulas de remédios de leituras.

Desenfeitam qualquer paisagem
Enfeiam o que de pior que há.

Na fantasia de um deles:
- um pássaro de bela penugem.

O canto:
- variação de tenor e gênero lírico e sublime delírio.

Com o toque de um panorama
O inverno senta na primeira fila.

Não existem sapatos,
Pisa descalço em uma linda grama verde.

Entre seus farrapos e uma velha esteira
Acabou o artefato, passou a loucura...
Chega enfim o “canto” de uma britadeira.

1 de junho de 2016

Armageddon II



Armageddon II
(André Anlub - 7/4/13)

Caçadores de cobiças e amores perdidos,
Senhores dos seus projetos de ações duvidosas,
Jardineiro na ufania das flores de cera de ouvido,
Decifram a nostalgia de ocorrências rigorosas.

Lenhadores brutamontes, bruta montes
Com os seus machados cegos,
Filhos de escravas negras com índios...

São negros ou brancos, francos
Com seus olhos claros de guerra,
Sem ego, mas com a ganância de buscar o infinito.

Se a chuva de meteoros chegar em má hora
E quatro cavaleiros lhe derem guarida,
Com parcimônia de quem cultiva passiflora,
Empunha a espada, dá meia volta e procura saída.

Vivendo em um singelo passado do agora:
- é o azul que faz fronteira com um feio absurdo.

Os vieses que ecoam aos ouvidos de muitos,
Aquecem como o nome de Nossa Senhora.

Ótima tarde de quarta!

Um pouco de André Anlub - Autor de 5 livros, coautor em quase 70 livros em papel e 20 em e-book • Livros solos em papel: 'Poeteideser' de 2009 • Trilogia Poética: 'Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos' de 2014 • Em março de 2015 lançou 'Puro Osso - duzentos escritos de paixão', em maio o livro de duetos: 'A Luz e o Diamante' e em dezembro de 2015 o livro em trio: 'ABC tríade poética' • Pretenso artista plástico com tela no MAC do Senhor do Bonfim na Bahia • Menção Honrosa no 2° e 4° Concurso Literário Pague Menos e no I Prêmio Mar de Letras (com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil) • Títulos de Participação Especial 2014, Talento Poético 2015, Destaque Especial 2015 e revisor, jurado e coautor no Tomo IX de Poesias Encantadas, no projeto homônimo • Membro imortal da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba Grande (RJ) e membro correspondente das Academias de Letras da Bahia, São Paulo, Goiás e do Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa (PT) • Membro N°55, escritor e conselheiro da Associação Cultural Poemas à Flor da Pele (RS) • Elo escritor da Elos Literários • Medalha Personalidade 2013 (ArtPop), Excelência e Qualidade 2014 (Braslider) e Láurea Maestro Wilson Fonseca 2015 (ALuBra) • Autodidata nas artes, escritor, entusiasta pela vida, um quase poète maudit e bon vivant; pessoa simples na vida e complexo no si próprio; não está à venda ao Sistema, pois não aceita ser trem e voa.

Dá-lhe vida!

Meeeeedddddoooo!

Nossos Litígios

Pelos nossos próprios litígios
Tentei organizar nossas vidas,
Apagando insensatos vestígios
E acendendo e excedendo as saídas.

No doce ninho que mesmo em sonho,
Onde criamos rebanhos, rebentos,
Em águas límpidas que fazem o banho,
Depurando em epítome nossos momentos.

Amontoando em vocábulos incertos
Vejo e escrevo em linhas tortas, n'alma.
Optando por esse amor na justa calma,
Nas brigas que expulsam demônios e espectros.

Mas na sensatez do amor verdadeiro,
Vi-me lisonjeado por ser o primeiro...
O real, fiel e o ardente.
Sou o qual lhe agarra a unhas e dentes,
Sendo o mais perfeito da paixão mensageiro.

Mesmo se somassem todos os números e datas,
Secassem todas as águas do planeta,
Encharcando sua face que no ápice da tormenta,
Sempre responde com lisura imediata.

O ardor do âmago do seu ser 
Acabou escrevendo minhas linhas, 
Nesse bem querer de minhas rinhas,
Só, e mesmo cego, posso lhe ver.


Manhã de 20 de abril de 2015 (com o pé na estrada, no estado e no estribo)

Já de praxe: meu maracujá gelado e a impressão de algo largo longo lerdo no ar. Ser leigo nas conclusões não é algo estranho? não, nem tanto! Cobiço sempre os pingos nos “is”, e até levo desaforo para casa... Mas sabendo e admitindo que esteja levando. 
Sou absolutamente parcial e gosto de ter conceitos sobre tudo... Mas sabendo que os mesmos podem mudar, admitindo e procurando acertar (caso esteja errado).
“Isso” ou o “aquilo” são coisas corriqueiras; mas nada é corriqueiro quando se vive o momento. Há algo no ar: talvez seja somente ar mesmo; talvez seja poluição; talvez seja um cheiro doce que ficou na memória; talvez o cheiro de comunhão, velas acesas e... Esses “trens” (sendo mineiro). Vou comer um queijo com doce de leite e goiabada, beber uma cachaça e volto. Há algo no ar: não é algo comum, extra comum, é algo turvo, fora de foco que necessita acabamento... Mas sem martírio! Fiz juramento de arrumá-lo, deixa-lo tinindo (seja lá o que for). Em dado momento a brisa invade a sala e sinto o odor de flor de lírio. Voltei de bucho cheio e com duas talagadas de cachaça na cachola. Joguei a moeda ao alto, escolhi “cara”; e foi assim: bateu no chão, rodou, rodou, rodou... Andou um pouco e caiu no vão da pedra. Peguei a lanterna e fui ver ao menos o que havia dado; e foi assim: bateu a luz nela e nada! Agora é algo comum que me tira a atenção e vai na contramão do desejo; agora é pão sem queijo, sexo sem beijo e desconstrução da ação. Fui pegar um imã, uma corda e acabar com o imbróglio... Resgatei a moeda, mas no ínterim do resgate – viagem – volta –, ela rodopiou na linha... Jamais saberei o que deu. Então, se não sei se perdi ou ganhei: é empate.

André Anlub

31 de maio de 2016

¡Por supuesto!


Imagem acima: O fotógrafo CJ Kale esperou quase 5 anos pelas condições de fazer essa foto, depois de 3 dias nadando em uma água de 110 graus com lava e vidros vulcânicos no Havaí.


¡Por supuesto!
(Madrugada de 16 de julho de 2015)

Não costumo ter dor de cabeça, na verdade é muito raro, conto nos dedos nos meus quarenta e cinco anos de vida as vezes que a cachola doeu – e não é o caso ao traçar essas linhas -, mas se tem uma coisa que tenta me alocar um dodói na cuca é o tal de “papo cabeça”, papo intelectual banal, nada flexível, que só tem como objetivo a defesa incondicional e bestial das opiniões dos interlocutores. Vejo gente com papo furado, furando cabeças; mas também vejo gente com fino trato, sem a cabeça rente, e sim de frente na obrigação de alçar o papo “gente”. Ontem o vilão era o tomate, hoje é a cebola; não há ideia mais tola do que a verdade absoluta, do ritual do falar uníssono... De repente a mentira absoluta consegue ser ainda menos fútil! As coisas mudam, e em tempo, e no tempo certo, todos mudam alguns ideais. Nada mais natural que quem odeia ser rotulado, quem odeia nadar a favor da corrente, quem é pensante, poeta, filósofo; quem é astrólogo do seu próprio tempo tenta odiar/amar as cebolas e odiar/amar os tomates (pois o paladar não muda) em momentos que não são os momentos. O papo cabeça vai além do comentário incoerente, pois toda a razão, todo o discernimento, muitas vezes está claro, entendido e óbvio... mas só para quem o diz. São tantas as interpretações que só em cinco minutos pode-se filosofar em alemão e em mais três línguas. Lá está indo a madrugada, meu sono amigo me abandona, de agora é encarar a estrada um pouco mais fraco, mas bem resolvido. Braço cansado dos talhos que fiz no tronco de Acácia; olhos pesados pela noite pouco dormida; cães latindo, uma gripe querendo chegar – mal vinda –. O dia vem vindo e com ele a esperança da energia renovada, da saudade resolvida e de um dia mais ameno – ida ao mercado, peixe cozido e salada fria. Não procuro nada que não sejam imprevistos – falo isso dos eventos juntos com as minhas rotinas. Agora são como anjos sem asas – coisas do tipo; eu topo qualquer parada, mas, meus Deuses, parem desse “mais nada” – é deveras raso -, parem de ameaçar os outros com seus silêncios e marasmos. O claro apareceu petulante, deu sinal de vida, meio sem jeito, meio mínguo. O claro trouxe alguns segredos que acendem em estalos, expõe emoções encrustadas e descasca a casca de um ser feliz asilado, exilado e assanhado (e exagerado, por que não?). O que não era assim tão bom continua assim não tão ruim; há algo ótimo para ser emoldurado, mas não gostei da moldura... achei quadrada. É papo cabeça? Brasa mora! É pipa cabreira? Passa o cerol! Vou rumo ao café quente, abrindo as cortinas da vida e deixando o corpo voar... fui.

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.