8 de agosto de 2016

Se todas as tulipas fossem negras


Se todas as tulipas fossem negras (André Anlub - 4/6/13) - continuação de “O livro que fez meu cavalo livre”

Meu cavalo nesse momento é livre, porém, ainda com alguns fantasmas. Também há as estradas íngremes que estendem um tapete vermelho para o nada. Agora, as tulipas estavam inteiras, não mais pisadas pelas patas. Brilhantes tulipas, com cores vivas e força para enfrentar a tempestade. O amanhã próximo de letras e tintas, a sina que mudaria o caminhar. Nas mãos, preparados para tocar a alma... Os livros de Emily Dickinson e Sylvia Plath. E as tulipas se tornaram negras ao conhecerem sua história e sua dor; regadas e afogadas pelas flores coloridas que também afogaram junto seu rancor.

E meu cavalo livre...

Hoje tenho novo cavalo. Ele está perto, mas não temos contato. Ele me inspira, traz força e medo - me respeita e impõe respeito. O coração se abre, vejo meu próprio inventário; martírio empoeirado de um achaque guardado e o amor incrustado de um todo imaginário. Hoje a vida é um constante cenário, como o mar que me conhece até mais do que eu mesmo. A moradia na emoção é o botão de liga/desliga da alma incendiária. Pago a diária desse hotel com a locação do meu bordel, com o papel, meus rabiscos e a loucura ponderada.

O cavalos, as tulipas e uma vida
(André Anlub - 7/6/13) - continuação de “Se todas as tulipas fossem negras”

Meu cavalo relinchou por comida, quer algo esquecido e sem fim. Quer banquete farto e antigo, quer minhas loucas iguarias pois já está farto de capim. Meu cavalo veio à minha porta, nessa torta manhã de domingo. Ouvi com delicadeza sua clemência e chorei feito menino. Mais uma vez só vejo as tulipas negras e o verão mergulhado no inverno. O inferno com suas portas abertas badalou os sinos e colocou o capacho de “bem-vindo”. Mas, minha gente amiga... beijo a vida vadia. Deem-me as mãos, me deem guarida, não quero ser julgado, é covardia. Como réu confesso, meu cavalo se vai, some ao longe, pelo canto da estrada. Sua estada é sempre trágica e, como mágica, ressuscita as tulipas.

O livro que fez meu cavalo livre (Parte I)


O livro que fez meu cavalo livre (Parte I - 3/6/13)

A priori... tudo está a contento, e sobrevivi! Lembro-me da vastidão do picadeiro, o cavalo da loucura em galope louco. Nunca se deixa de fazer pouco quando tudo se tem... É você - sempre - em primeiro! Alucinações, parábolas, cogumelos, nos desenhos moravam duendes pras crianças, eram casas... salgados caramelos. Cavalguei sobre o campo de tulipas
amassadas pelas pegadas do cavalo; e na queimada da mata, pelo ralo foram-se alguns anos, pelo corpo farejei meus desenganos. Chorei ao deparar-me com o tempo perdido, e no dito e não dito que ignorei. Com a felicidade tinha perdido o compromisso, e no chumaço do chá de sumiço hoje me achei. Enfim, estacionado o cavalo. Dei banho, água e feno, abri o cercado do terreno e o deixei livre ao regalo.

André Anlub®

7 de agosto de 2016

Falando com nuvens (16/1/14)


Falando com nuvens

Noite passada sonhei com poesia
aquele sonho arranjado de calores misteriosos.
Ao som de uma orquestra as janelas se abriam
e em mil cantorias - pássaros curiosos.

Longe, no alto, algo reluzia
mas não sei o que era, tampouco queria.
Sempre enfoquei seu rosto em tudo
- é de um absurdo - é meu mundo de gosto.

No sonho alagado os caminhos imersos
feito um delírio aos montes, na mente famélica.
Estrelas pratas formavam de tão doces quimeras
e transbordam à vera, e transcorrem os versos.

Fiz de mim um homem pássaro (o passo);
No meu eixo um homem peixe (muito avexo);
No meu mundo, homem comum (o oriundo).

Longe, as nuvens comunicam:
surgirá a estigma do amor sem fim.
Tudo torna-se arquipélago numa única ilha
uma desmesurada esperança que contente habita
fazendo-se amiga e parte de mim.

5 de agosto de 2016

Foi hoje pela manhã


Foi hoje pela manhã
(André Anlub - 7/4/12)

Solto os verbos com as rimas
Loucura sob o céu que observa
Fortes são minhas asas que vão ao vento
Fazendo do meu mundo minha quimera.

Sem bússola e sem direção
Emoção no contato com novos povos
Povos com ritmo, sem inadequação...
Que eternizam a ação do tempo.

Nas paredes descascadas das igrejas 
Visíveis imagens do envelhecimento
Desmascaram as pelejas
Nas esquinas religiosas.

Joelhos ao chão em devoção
Entregam-se ao fado hipotético
Aproveito e solto meu canto poético
Afiada e desafinada oração.

Na saída não apago a luz
Entregue ao provável destino
Com estilo de esporte fino
Nos pés um belo bico fino.

Charuto cubano no boca
Fito no horizonte o disparate
Aceno para qualquer boa pessoa
Quero à toa uma guarida.

Volto do meu voo imaginário,
Toquei o belo azul turquesa,
Preservo com idoneidade e clareza
O que ponho no papel da minha vida.

- Quero ouvir a verve gritando
Ao mundo, ao pouco, como louca rara.
Preciso da sua leitura, 
De corpo nu em noite tão escura 
Que nem estrelas darão as caras.

Ótima sexta


O levantar de cada homem (31/12/13) - Onipresente e quiçá salutar, vagão de um extenso trem - vagando, voando, vergando devagar. Cem promessas e esperanças no ar, do cerimonial que o ano transpassa. Vento e vigor entram pelas ventas e dobram o hipotético Cabo das Tormentas. Ficam tempos de acertos e erros; ficam berros que ecoam em intentos... e na nuvem a premissa do restauro da curva que faz reta uma estrada mais turva. Em seus tronos na zona de conforto, estão otimistas os deuses de todos. Roupas alvas, flores brancas e o sol desbotando as flâmulas. É um novo tempo e a mais nova maquiagem, da engrenagem que a ferrugem não come. A esperança sendo real ou miragem, alivia e traz força no levantar de cada homem.

4 de agosto de 2016

Fui com Dora

Fui com Dora

Comer codorna
(Uns ovinhos)
Na mesa do bar, um chopinho
Ouvindo Bach, Chopin, Vivaldi... 
Viva o dia, viva à noite!
Tudo manso, mero mosaico
E à mesa, o flerte
Na música
De Mozart.
A dois na rede
Me faço breve
E lasco um beijo!
Viva a natureza
Verde que te quero Verdi.

André Anlub® (22/1/14)

Gurufim


Foto: Essa foto fiz para algumas ex-namoradas, dos tempos de adolescente, que diziam que eu não tinha 'pegada'! Mentira, olha ai!

Gurufim 
(André Anlub - 6/5/14)

Principiou-se o gurufim do fim das horas,
E príncipes negros, índios e gurus aplaudem fora.
Já foi tido o caminho com trilhas fáceis
E tão hábeis são ditos sábios ao atravessá-las.

Leram em pergaminhos com preconceitos,
O mito e o medo, a carne e o osso são peças frágeis.
Alguns quiseram viver em museus de idos tempos,
E oprimindo seus inimigos se sentem bravos.

Lá no alto, bem no alto, da mais baixa montanha
Avistaram o ser importante com sandálias velhas.
Descia lento e cantava baixo um antigo mantra,
Sentindo a brisa, notando o novo, suando o samba.

E caem as primeiras gotículas álgidas das chuvas,
De uma nuvem única que bailou com o sol arriscando a luta;
Voaram as aves brancas, negras, pardas e as aves raras,
E ao se verem vivas e ralas – ao se verem importantes e análogas...
Tornaram-se plumas.

3 de agosto de 2016

É como caminhar solitário na China


É como caminhar solitário na China

Comumente aparecem terremotos
Que abalam estruturas e enfraquecem terrenos.
Nas raízes das árvores, o lamento.
Nas artérias e veias, o sangue esquenta.

Há guerreiros e fantasmas internos
Munidos de lanças e espadas
Com a cabeça em redemoinhos
E sentimentos em explosão.

Há vidas passando em lembranças
Que surgem ao fechar dos olhos,
Nos quentes lençóis em frias noites
No fingir do embarcar nos sonhos.

As emoções são rústicos vigias
Que transitam pelas alamedas vazias,
Passando pelos tugúrios de pedras
Com suas luminosas lamparinas.

O lume dos candeeiros
Por dentro dos nevoeiros
Divide com o amor seu fulgor.

Sagrada inspiração 
E o real do imaginário
São sombras no caminhar solitário.

André Anlub®
(3/6/13)

2 de agosto de 2016

[sem título]



Flor de lis, de lírio e lírico

Chegando do silêncio veio como tempestade
E mordia suas ideias
Tirava os laços dos futuros presentes
Mostrava o onipresente
Que ao botar pra fora os dentes
Provava não ser um Oni, enfim:

Nomeada como imperatriz de amores
Que ganha de súbito
Sua coroa, trono e sonho
Se aproximando do súdito
Com suas suntuosas flores.

Ouço você falar em público:
- o que seria mais certo - onde estaria o erro - qual a importância disso

A resposta vem com o ar fecundo 
Quebrando o coeso silencio
Queimando mil brancos lenços
Prevendo o fim dos futuros lamentos.

A resposta bateu de frente
Com seu cheiro de alfazema
Com seu humor de hiena
E interpretação eloquente.

Na tela do cinema da esquina
Já se viu esse filme antigo
De um multicor lírico
Com tons de pura boemia.

Sim, é poesia!
Faz crescer as flores
E nasce nas flores crescidas.

André Anlub
(6/1/13)

Olheiros


Olheiros

Em zigue-zague, cá e lá, tantos olhos nus,
Aguardando a ponta do sol,
Que vai nascer num mote distante
De um lugar nenhum.
Não importa!

Como sossegos que assustam morcegos
Escondidos em cavernas, companheiros dos sentimentos tímidos;

Alma cálida daquela paixão nada passageira,
Derramando na veia, demudando o que corre no corpo
Da sola do pé ao topo
Vinho tinto – vinho do Porto...
Saboreia.

Seu lugar à mesa não está vazio,
É seu disponível - é seu abrigo
Inimigo e amigo do seu espírito
Em plena consciência da compaixão...
Humildade.

Venha fartar-se tão breve
Nessa mesa ou naquela
Na panela de quem se atreve.

Venha sentar-se tão logo
Nesse ou naquele colo
Ou no solo frio do chão.

As torradas estão prontas, saltam da torradeira,
Na hora exata de derreter a manteiga;
O aroma intenso do inexperiente mel
Espalha-se pela mesa
Junto com as tintas de um novo artista
Que os olheiros cobiçam.

André Anlub®
(2/4/14)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.