13 de setembro de 2016

Dentro dos olhos

Na insistência de um derradeiro amor

Nas areias da praia inabitada de sua alma
Caiu, de súbito, aquele imenso raio
Transformou-se no mais resistente vidro 
Ninguém vê, ninguém pisa e ninguém quebra.

A perspectiva de um admirável amor
Faz bater o peito num ritmo frenético
E é diurético no sangue que corre ligeiro
Feito um vírus bom, que espalha e entorpece.

Como uma cena em um teatro, à meia luz
O espectador levanta e ovaciona
Palmas ecoam por toda a realidade
Fazem ondas que sorriem, 
Pelos mares, areias...
E pelos lençóis.

Sentimento inquestionável - inquieto
Incluso e visível até no breu mais profundo
Transformou-se e foi transformador
Agigantou-se - tocou o céu.

André Anlub


Dentro dos olhos

Nos teus olhos pareço escutar
O amor que ecoa sem fim.
Há de abafar o sombrio
O nublado e o vazio
O banal e chinfrim.

Teus olhos me dizem a senha
De todos os cofres e portas
Das caixas de aço ou madeira
Que guardam respostas.
Perguntas da morte e da vida
Que usamos de lenha.

Fogueira pertinente
De insistente clamor
No real e nos sonhos...
De onde viemos
Para onde vamos
E quem somos?

Olhos agora vidrados
Cálidos e seguros
Olhos com extrema audácia.

Olhos de afeição
De infinitos “eu te amo”
De muitos outros planos
Muito além daquela simples galáxia.

Olhos que jamais sucumbem
De finos “douros”
Que jamais desbotam
Galgando brilho
Em pleno arco-íris
Abrindo o baú de ouro.

Olhos que agora se fecham
Entram num breu infinito
De silencio profundo
E sonham comigo.

André Anlub®
(26/03/13)

12 de setembro de 2016

Esperando a Chuva


Esperando a Chuva 

Um país tropical de abertas, torneada e depiladas perna para o ar. A dança da chuva funciona se todos os dias a dançarem; amarro-me ao relento com a corda mais sensata que houver (no grande cajueiro); nó cínico, sem vergonha, cego, impossível de desatar (nem tento). Dos dias felizes valem os sorrisos congelados; das noites de amor valem pensamentos impuros. Por todos os lados não há o proferir do absurdo e sim versos incoerentes: murmúrios, múmias, túmulos, tumultos e soluçados de solução. Nenhum amor é inútil - absolutamente o contrário... achado ou perdido, verdadeiro ou quase, o amor é tesouro e extravasa por lendas e mitos - água-viva no mar morto. Por obséquio: todo amor tem seu preço? E, caso tenha, todos devem pechinchar? Quando o amor alcança tais almas, engraçadas são as entregas, sensação de dominados e indefesos – plumas tornam-se pesos. Mas um quilo de penas é o mesmo que um quilo de pedras? Quando o amor é legítimo rasgam-se dogmas, cuecas e calcinhas, viaja-se em um trem fora dos trilhos – duas lindas pipas sem linhas... tudo é monocromático com vivas cores, verdes verves, vivos brilhos. Moldando as afeições sem aflições, marinada no tempero das paixões, pode-se pegar um peixe grande; dança na esperança que passa à frente... observa-se o fogo brando e a fina chuva que contenta a mente. Às vezes gosto de ficar sozinho para discutir a relação com a pessoa que mais amo e admiro no mundo (modéstia à parte); muitas vezes são papos pesados, impensados, críticas em tom de ameaça. Mas a maioria das vezes é puro chamego, flerte narcisista que beira um romance dos bons. Objetivamente a mente ouve algo objetivo e escuta somente os bons adjetivos; é o objeto que não quer se tornar um abjeto. Mas isso é bobagem, pois nada modificará as engrenagens das coisas e tampouco abrirá o tampão mostrando os segredos, senão, tão-somente, as ações (com bastante redundância até). 

André Anlub

11 de setembro de 2016

Fábulas dos Piratas


Fábula dos Piratas Parte II
Corsário sem rumo

No seu sorriso mais doce
Dá-me o sonhar acordado
Nau agridoce ancorada
No porto seguro de um réu.

O cerne mais íntimo partilhado
Como alado cavalo ao vento
Coice pra longe o tormento
Traz na crina o loiro do mel.

Mil flores a pulsar na razão
Vil dor e jamais compunção
Cem cores permeiam na libido 
Sem rumo nem rum no tonel.

Pirata na dádiva do amor
Com a bússola do autêntico anseio
Nem proa, nem popa, nem meio
Voando em direção ao seu céu.

Fábula dos Piratas Parte III
Mar é moradia

Avança por mares revoltos
Reafirma sua total identidade
Navegador guerreiro, punhal nos caninos
Amante de tempestades e estorvos
Vento intenso e leme solto.

Olho ímpar e rubro no horizonte
Seguido por gaivotas e morcegos
Pernas magras de carne e cicatriz
No ombro, um incorrigível atroz falante.

Um náufrago o observa com ansiedade
Faz moradia numa ilha equidistante
Deu-lhe um susto farta bandeira de caveira
Sepultou sua esperança de três anos.

A solidão é uma amiga em comum
Veio a coragem de acender uma fogueira
E na fumaça o pirata avista a ilha
Dá meia volta, pois o mar é moradia.

Fábula dos Piratas Parte IV
Ilha da Prosperidade

Deixou pra amanhã e funcionou – sol nasceu
Dentre as belezas mais raras – lua bela
Acabou com a mesmice, foi além do amor.

Arriscou-se em sacrifícios, 
enfrentou seus pesadelos,
encarou os pecados,
desmotivou a desunião.

Fez um primor de discurso
Quebrou o gelo, calou o berro
No manuscrito da alma
Consertou o leme, ajeitou o curso.

Pra ilha da prosperidade seguiu
Aumentou a tempestade
Multiplicaram-se os ventos fortes
Mais breve foi sua chegada.

Olhem por aí...
Deu certo!
A brisa chegou para refrescá-lo
O pesadelo morreu.

Nasceram os encantos e as poesias
Se for proibido não se cale
Se for legal, conte-nos mais.

André Anlub

10 de setembro de 2016

Indígena Gestante


"A INDÍGENA GESTANTE" - OST 70x90 cm (André Anlub - 'Anlub' - ano 2008) - Essa tela faz parte do acervo permanente do MAC (Museu de Arte Contemporânea) da Bahia

Site do Museu: MAC (Senhor do Bonfim)

E é assim...


É assim que nós queremos

Ao menos um vento traz a verdade, 
Segredo de algum guerreiro antigo. 
No céu o azul mais novo e amigo, 
Que exprime a valentia de apenas ser admirado. 
Assim passou o dia, 
Deixando só a memória de mais um belo momento; 
Fica a saudade e o lamento; fica o saber da busca e a brisa... 
Mas também por pouco tempo. 
Nos gostos de açucares e sais, arregacemos as mangas,
Busquemos mais e mares e mais.
É assim que nós queremos – Queremos respeito...
Aquele que desbrava o peito declarando guerra ao ego.
Se der, negamos, nos fazendo de cego
Perdidos em tiroteio, sem princípio ou meio
Mas no fim estaríamos mentindo.
Somos doadores: sangue, órgãos, amores
Doamos sem remorso, nesse ofício, os ossos...
Do ardor desmedido.
Não sei se há culpado – vil escalpe tirado
Em largos e longos cabelos negros.
Se há algo colado em nossas lembranças de tempos
Dos antigos aflitos corações partidos.
Não sei se há doença – se há, não queremos a cura...
Queremos passo, compasso e movimento
Sem estabelecer limites – sem opressor e oprimido. 

André Anlub

9 de setembro de 2016

[sem título]

Índole intocável 

Vagabundos catando latas
Mendigos revirando lixos
E gira a esfera.
Uns a chamam de vaca
Uns xingam de bicho
Mas a índole não se faz fera.

Sonhava com um lugar ao sol
Outro pequeno espaço na lua
Ou um simples cantinho na terra.

Sonha com a justiça para todos, como sombra
Pois morrendo de fome pode ser o cão! (mas não ladra)
Quiçá uma utopia que carrega e esmera.

Sonhará com um papel especial no mundo
Despindo-se de quaisquer culpas
Descendo as ladeiras e batendo panelas.

André Anlub®

8 de setembro de 2016

Um futuro ser completo


Ser humilde não é um estado de espírito, não é sair de casa cedo e dizer “Hoje vou ser humilde”... Ou segundas, quartas e sextas serei humilde, terça e quintas não... Sábado e domingo eu decido na hora! 
Humildade nasce com a pessoa e se molda ao longo da vida. Nada tem a ver com educação, que, aí sim, aprendemos e utilizamos mais ou menos conforme nossa vontade.
Fingir-se de humilde beira a grosseria com seu próximo, é uma facada na própria índole e um afronte com o seu caráter.

Um Futuro Ser Completo (9/3/10)

Saber viver, saber esperar,
Tudo na contramão da situação.
Montar no mundo e cavalgar,
Largar o cogente por só querer.

Se o tempo é sua Nêmesis
Levante e corra em qualquer direção;
Saia do ostracismo de um abrigo
Pois essa saída é enganação.

No adjunto de tudo que te faz feliz
Vale a pena o tempo perdido;
Se por um lado desce ralo abaixo,
Por outro alimenta sua alma.

Com sabedoria e muita calma
O mundo estará em suas mãos;
Com paz, integridade e humildade
Tornar-se-á muito mais do que aprendiz.

Ser um monge na pura meditação
Que paira o silêncio ao se encontrar,
Passeando ao redor do espaço tempo
Sem sequer ter hora para chegar.
(versa e vice)
Totalmente de bem com sua vida
Sabiamente convida ao vivo o bem,
Com sua mente muito bem na vida sã
Para conviver sabiamente com sua vida zen. 

André Anlub

7 de setembro de 2016

Ótima quinta


Eu e a Equipe vencedora do PARAPAN, Verdadeiros Vencedores (2007) — Momento inesquecível! Aprendizado incrível!

Corações inteligíveis

Nesse amor descolado, desnudo
Das mais gostosas traquinagens
Organizando as engrenagens
Desorientando meu mundo.

Acordo afogado no pranto
Praticamente um tsunami violento
Que fez-me lembrar dos tantos encantos
Que migraram para o desejo vagabundo.

O tempo se esgota, é a gota d’água
Que desagua na grota e no vento
Pois invento a lorota da mágoa
Por não encontrar meu contentamento.

Perco a razão do vivente
Mas no convívio, dentro de um conto
Lapido do meu jeito o sonho
E à francesa saio pela tangente.

Ah, sei que o seu pensamento é só meu
E em um breve instante, em branco
Escorrem os pigmentos mais francos
E colorem todo o nosso apogeu.

André Anlub
(16/5/13)

Percalços do viver


Percalços do viver

Ser isento de extremos pecados e absurdos
Encalços infindáveis pelos imagináveis becos, Bacos e calçadas escuras
Como sombras sem vida, mas com sangue quente, medo e intuito.

Deslocando-se pelas nossas fraquezas e amarguras...
Que dominam/danificam 
Cada osso e carne...
Cada órgão e músculo...
O corpo todo...
E às vezes até nossa alma.

Assim como se não fossemos nada...
Assim...
Sentindo-se nada além de um mísero grão de areia,
Perdido num deserto tipo Saara.

Nessas horas, nesses momentos,
Podemos, até mesmo sem perceber,
Ter tido uma pequena amostra grátis de depressão...
É como uma sensação de desmaio, de escurecimento.

A ansiedade de se ver agitado, andando por toda casa,
Indo a todo o momento ao espelho,
Pensando se irá sair sangue do nariz ou ouvido
Ou somente esconder-se sob os lençóis.

Mesmo sendo tudo ilusão ou real,
São percalços do viver!
Coisas que simplesmente irão acontecer
Para tentar dificultar nosso caminhar.

Tudo é o ciclo natural da nossa natureza...
Temos a força da beleza do amor que desestrutura o torto...
Como a fé que modifica e lapida o todo...
Fazendo-nos mais dignos, dando esperança e sendo nosso norte...
Tudo para encararmos a vida
Ou muitas vezes a morte.

André Anlub

Nada sacia


Ia para a internet para se aliviar do dia a dia; agora é o inverso.

Nada sacia

Dizem que vive de pão e água
É intocável e onipresente
Seguidora do fluxo da vida
Violentamente inocente.

Pai e mãe da maioria dos desejos
Manifesta os sabores e dissabores
Inexauríveis amores e desamores
De calibre incoerente.

Pula pelos corações inflamados
Cutuca, grita e devora... Emoções
Delibera-se nos canteiros que aflora
Corrente casta invisível.

Em serenatas e poesias...
Faz-se mais que presente
Do atual lirismo à inerente nostalgia
Fazendo bem ou mal... Nada sacia.

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.