1 de janeiro de 2017

Folhas secas

Tenho mente clara e aberta,
alma e aura brancas e corretas,
ninguém me desbanca.
Não importa a cor da minha casca,
sempre serei camaleão – camaleoa;
não me avalie, gosto de pessoas raras
que não existem à toa.

Folhas secas (5/11/14)

Foram-se as folhas secas no curso do rio,
Vão mil destinos entortando nas pedras.
Como belas pernas no fluxo de um cio,
Cobiçam alento e afeto defronte à guerra;

Correm sozinhas, andam famintas, ficam distintas em terrenos baldios;  
Deixam sementes de adolescentes linhas; deixam famintas vidas...

Brisa menina caçoa das varas que envergam;
Vem do centro da terra o fulgor do suor que resseca.
Um encanto sapeca resiste em sobreviver;
O viver que persiste é a poesia mais fértil... e imerge...
Destaca-se no alvorecer.

Outra menina linda, outra menina sua e minha...
Garota garoa tornando-se chuva forte e bem-vinda;
Como perceptível delicadeza no céu uma folha de orquídea,
Flerte com a alma: no sonho – no assanho – no seio – no ser.

As águas levam as folhas e induzem às vidas...
Cantigas longas e antigas do clico do tal renascer;
Palavras dançantes, bocas falantes, musas nuas divinas.
Novas e velhas doutrinas dobram as esquinas de todo querer.

Correm sozinhas, andam famintas, ficam distintas em terrenos baldios;
Deixam sementes de adolescentes linhas; deixam famintas vidas...

André Anlub®

31 de dezembro de 2016

É festa! Feliz 2017


Feliz 2017


Confira aqui: Jornalistas Livres

Ode às que foram

O verde vivente evidente,
fez nuance nos raios dourados do sol,
que surgiam e sumiam
ao bailar de folhas, no cair de sementes,
das veementes jabuticabeiras.


Ode às que foram (21/8/14)

O enganado:
Sou um enganado pelos sentimentos,
Principalmente pelo amor imposto;
Peregrino entre dores e tormentos,
Mas sempre em todo o momento,
Com muito gosto.

Iludo-me, insisto e repito os mesmos erros;
É como uma desafinada melodia, cacofonia,
Falsete verdadeiro que sai altivo e em vão,
Para todos os ouvidos em sintonia,
Toda a plateia em agonia,
Ecoando para além do salão.

No passado:
Os amores (errados) passados
De quase nada serviram, nada aprendi;
Com meu coração em cacos sempre estive de bem.
Conheci a vil ambição, conheci o pérfido amor (me perdi),
Mas também me comprometi com o verdadeiro,
Fiz inteiros os relacionamentos esculpidos na essência,
Salvos nas memórias, eternizados no que sobrevém.

No futuro:
O baldio fez a carne ser mais forte,
Fez o porte do cavalo raçudo;
Duas estrelas que brilham forte no agora
E se apagam (ou não) num futuro.

André Anlub

Um ótimo dia a todos!

https://www.facebook.com/christiancabrini/videos/vb.100001990909536/1235294963213522/?type=3


30 de dezembro de 2016

Buraco da agulha


Olha eu ali de vermelho, e pensando que "Aloha" era a marca "hang loose". 

Buraco da agulha (25/1/14)

Passou pelo pequeno buraco da agulha
como um raro e sensato camelo franzino. 
Deixou ao relento seu ego sozinho
e jogou num bom vento os versos nas ruas.

É no amor, e não há impossível
no verossímil da batalha à vitória.
Fez de fulgentes momentos, o invisível
e na equação da paixão, a auréola simplória.

Sim, eu conheço, sei bem dessas fábulas
sei qual o seu curso, bons e maus imprevistos.
Falam de alguns vícios, falam de absurdos
não provaram na língua o que dizem amargas.

Qual o passo difuso em logradouros de deuses?
O que fez um sol confuso no louro da Nêmesis?

E agora um velho e sábio seguia adiante
e passou novamente pelo buraco da agulha.
Ficou na agrura, pois não era um camelo
ao se olhar no espelho viu somente um gigante.

André Anlub®

29 de dezembro de 2016

Sempre guri


Sempre guri

Dentro do meu coração tu habitas
Em uma bela chama ofuscante
E que se justifica na certeza
Do real amor que em vida vivo.
Sinto-me realeza...
Mas pobre rei sem ouros.
De excessiva alegria
Por ver-te sempre, 
Oh, bela sombra.
No dia em que franzires a pele
E com o falar e o viver arrastados
Os olhos cansados e mãos trêmulas...
Não temas...
Ainda assim seremos enamorados
Estarei aqui; estarei ali, estarei em tudo...
Pois nosso amor será sempre guri.

André Anlub®

Excelente quinta


O mestre em yoga
Com a força de vontade
Ensinou-me o yin-yang.
Sei que tudo vai e volta
Na vida, na mentira e na verdade
Como um bumerangue.
Viver não é uma “suruba” em Aruba
Tampouco um “ménage” em laje.
O mestre Yoda
Sem pretensão
Ensinou-me a força
Por livre e espontânea vontade.

André Anlub®
(20/8/13)

28 de dezembro de 2016

Dueto XXIII

Dueto XXIII

Às vezes parece que o dia vai nublar, e isso vai prolongar-se até sua presença
Apresentar-se, apresentando o que não vi quando não me via
Restaurando a inocência e dando licença para ele ser como está.
Saio das nuvens que eu mesmo fabrico e procuro nos bolsos a luz que guardara,
Os pés flutuam, ouço sua fala e minha visão já tardia tenta alcançá-la:
Está logo ali e está do outro lado do mundo, o mundo que creio e descreio com a facilidade dos astronautas boiando no azul
Belo em mim em qualquer infinito, a vigília que tenho por saber ser e procurar
Entre os presentes da sua presença o que não tenho e tenho sempre, o que não ganho e sempre me é dado.
Contigo só tenho que me preocupar em estar intacto, sendo voo bem alto ou sendo mergulho profundo no mar.
O resto, e todo o resto, arrasto comigo e conosco para a festa do sol pleno mesmo em dia nublado.

André Anlub e Rogério Camargo

Caixa preta


As minhas mais longas retóricas
São os amores que carrego na alma
Afunilam na mão e na boca 
E despontam pelos meus dedos trêmulos
E minha língua inquieta.

Caixa preta (9/9/13)

Saboreio cada gesto como se fosse o último,
tento adivinhar o manifesto do seu pensamento
como se fosse o primeiro, como se fosse justo.
Nada é em vão.

A sua corrente quente me ajuda a nadar,
fico mais confortável e feliz.
Aquela força resistente me diz:
Atravesse o oceano e me beija.

Pelejas amigas, cantigas antigas,
caem bem, são bem recebidas.
Paixões passadas, cicatrizes fechadas,
caem bem, na caixa preta trancada.

Pela manhã molho o rosto e constato minha sorte,
perdi há tempos a necessidade de encenar.
A barba branca, o cabelo ralo
e da vivência o aguçado faro
- o voo mais acertado.

Limpo a poeira da caixa,
às vezes passo um verniz,
mas não abro.

O nosso presente já é tudo que me chega,
me cega e me cerca, fazendo coerente o amor.
Já não acolho vozes externas, demagogias,
orgias de picuinhas, não mais.

Enfim você chegou,
está ardendo àquela prometida fogueira,
com panos - papéis inúteis,
quilos de baboseiras...
E a velha caixa queimou.

André Anlub®

Um grande amigo de botequim

Algumas Histórias XII (2012)
Um grande amigo de botequim (Minas Gerais)

Dez da noite bate o ponto
Uma coxinha, cerveja e a cachaça...
Álcool resolve, em outra dimensão, a sua peleja
Coça a carteira e só moedas, migalhas.

Mas ao olhar para a saída do bar avista uma sorrateira nota de cem.

Duas garrafas de pau pereira
Porção de batatas fritas
A conta paga
Mata meia garrafa
Incha e cora
Chora.

Resolve espernear
Resolve falar sozinho
Conversa com estranhos
Só ele pode vê-los, mas sempre respondem
Ele diz que são homens de branco
Geralmente mascarados
Ele diz que quando os vê nasce uma sensação sufocante
Mesclada com amargura.

Tem ânsia de vomito
Vai ao banheiro e transborda 
Volta suado e sedento
Pede um sal de frutas
Coloca sal nas fritas
Oferece-me um copo.

André Anlub®

27 de dezembro de 2016

Dor de cada dia


R.I.P. (descanse em paz)

Dor de cada dia

Subindo montanhas, ao longo do frio de uma nevada,
me encontro e me perco em pensamentos e palavras.
Soltando besteiras que se assemelham a grunhidos,
vou nascendo como um feto chorando,
batendo a língua nos dentes,
que variam de palavras à calafrios.

Por entre mágoas de um ser que é só arrepio,
os caminhos sem pautas,
cada manhã mais sozinho.
Sinto sua falta, de carne, osso e alma,
me fizeram ir sem destino, rumo ao nada, encarar a besta...
Besta essa, menos má e feia, se comparada a minha saudade.

Tenho sonhos, tenho uma dor me sucumbindo,
arrancando minhas entranhas (novamente um rebento em prantos)...

Serei sempre essa criança que espera por você.

André Anlub®

26 de dezembro de 2016

Crente de Amor


Imagem: Eu e uma amiga Píton

Crente de Amor (2010)

Embriagado do sumo do alcatrão que habita em nuvens
Nuvens de imaginação - do cume ao brejo
Sinto o desejo, impregnado em absurdos e concretos
Alcanço as engrenagens de suas carnes e ossos, suas ferrugens.

Me crio e sigo em frente pelo motivo que vicia
Essa arte de estar a sós com você.
Cheiro de incenso, vida, relíquia, sorriso e prazer
Rebento que sacia, somente paz, minha cria nunca em vão

Mais uma vez grito alto
Mesmo sem motivo, mergulho e salto
Das mentiras e falácias, esnobo
Explodo, sou canhão.

Nas verdades que saem de sua boca pintada
Obra de arte do mais talentoso artista
Faz com apenas dois traços o tudo do nada
Deixa em grãos de arroz o caminho, a pista!

Mais uma vez sussurro ao ouvido
Duvido que escute, mas no fundo entende
Sabe que o amor que eu mesmo vomito
É minha fé... absolutamente do ser crente.

André Anlub

Mais um conto urbano


Imagem: São João Del Rei/MG (a long long time ago)

Mais um conto urbano

O pai passa a mão na cabeça
A mãe chamava de neném
Vinte anos no documento 
Mas doze é o que parece que tem

A palavra de ordem para vida é “não me aborreça”
Não ligava para nada e ninguém
A palavra de ordem para a farra é “o que vier na cabeça”
Achava-se um despótico no harém

Já tinha seu próprio carro
Foi caro e ele não mereceu
Dos outros gostava de tirar sarro
Respeito não existia, se existiu já faleceu.

Ia à praia e puxava seu fumo
Sem rumo nunca pensou em trabalhar
Seus pés nunca calçaram um coturno
Mas uma arma ele conseguiu arrumar

Cometia pequenos assaltos
Visava as pessoas que andavam no asfalto
Certa vez foi pego em flagrante
Mas o sol quadrado não viu nem um instante

Seu pai era um promotor conhecido
Convencido de que nada podia acontecer
Não sabia com quem seu filho estava envolvido
Nem imaginava que um dia poderia morrer

Em certo domingo foram cobrar uma dívida
Ele, esperto, fez a mala e pegou a estrada
Não queriam dinheiro, queriam sua vida
Mas quem pagou foram os pais e a namorada

É mais um caso que terminou arquivado
Meses depois o encontraram numa praia
Um policial o matou equivocado
Morreu numa vala, cravado de bala.

André Anlub®

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.