7 de agosto de 2017

Hora do recreio


Hora do recreio no sofá de uma sala (releitura mista 2013)

Quem será o guardião desse coração
Tão intenso, raro e quente?

Nesse vai e vem do povo a cólera passa rente...

Tentando roubar o puro, 
Esconder o tesouro, 
Cavando um túmulo
E matando os loucos.

Tudo se transforma na fala
Da saliva da ponta da língua.
Na palma da mão que entorna a raiva,
Perdendo-se no céu anfitrião.

Sendo o alicerce mais forte,
Fez-se o castelo - nasce o coveiro...
Que rompe vis elos,
Enterra as contendas.
Encarcera o faqueiro que insiste no corte.

A verdade mostra para que veio
E o ópio evapora na veia.
Surge a sorte pisando na morte,
Tornando o instante um instante perfeito.

O som é mais ameno,
No feliz badalar dos sinos
Para a hora do recreio.

O amor é a maior das certezas
E mesmo assim acontecem infinitos equívocos.

Não se fala em outra coisa
Em todos os lugares:
Em bares, ginásios, tablados,
Basílicas, praias, boates,
Iates, aviões ou carros.

A bola gira, cabelo cai,
O amor derrotado.
Flecha no peito, faca nas costas,
O bobo da corte coroado.

A imagem escureceu,
Os braços ficaram pesados
E nada mais se pode fazer.

Há um enorme e frio buraco,
Onde o eco cantarola sua fala
E no perceber que chegou ao profundo
Vê-se sentado no sofá de uma sala.

Inocente e réu


Inocente e réu (21/12/10)

Andei por caminhos difíceis
(sombrios e íngremes)
Descobri a esperança e o renovar de cada andança
(caridades e crimes)
Peregrinando e observando no caminho
Pássaros que vão e vem
E seus gravetos nos bicos.
Lembro-me de outras épocas,
Ninhos de cantos e gemidos...
Vida de baixos e apogeus.
Ah! sinto saudade, sinto o perdão que outrora não conhecia. Aprendi durante esses anos vividos
A amar e saciar a quem me sacia.
Aprendi a doar-me mais e cobrar menos,
Ser moderno amando o eterno e ser bom aprendiz.
Aprendi a conter minha raiva, ter paciência,
Pisar em ovos e passar feliz.
Nesse caminho, sob a luz da lua, declamo mansinho os Versos teus... 
O vento mexe as margaridas
Campos de trigo - minha vida (baú de amigos).
Em outra vida devo ter sido rei, 
Talvez um nobre, 
Bobo da corte ou um plebeu.
(de nada importa!)
Na paisagem de tua janela, de frente ao lago, o pôr do sol.
E no crepúsculo, ouvindo os sapos, os violinos, clave de sol.
Sinto o toque divino no verde e no azul piscina do céu,
Vejo que ainda sou menino e sou desde pequeno
Inocente e réu.



O Desenho


O Desenho (6/2/10)

Apenas desenhei seu rosto
Com sombra e luz, com ar de desgosto,
A melancolia que te conduz.

Comecei pelos cabelos: completamente lisos,
Tom de fogo na madeira que deixam de paixão
A atração em teus vários vestígios.

Os olhos: de pantera, brilhantes, verdes.
Esfaqueiam de repente meu desejo, minha quimera.

Boca: não tem igual, toque de refúgio sensual...
Se movem em câmera lenta,
Cria um desenho na beleza que ostenta.

Depois de pronto fui ao extremo,
Beijei ardentemente tua face de papel,
Tintas me borraram todo o rosto
E por gosto, fui de palhaço ao céu.

6 de agosto de 2017

Mundo das Poesias


Lista dos participantes da antologia Mundo das Poesias (Livro com 310 páginas)

01 – ADRIANO FERRIS Adriano Ferris
02 - ADMILSON FARIA (ANGOLA) Admilson Faria Faria
03 - AFRICA GOMES (ANGOLA) África Gomes
04 - ALESSANDRA CRISTIANI DOS SANTOS WagnereAlessandra Generoso
05 - AMAURI SALES Amauri Sales
06 - ANA ANGÉLICA Ana Angélica
07 - ANDRE ANLUB André Anlub
08 – ANDREANE CUNHA Andreane Cunha
09 - ANTONIO MONTES Antonio Montes
10 - BENEDITO CARLOS Beneditocarlos Gonçalvesdelima 
11 - CAIO GARCIA Caio Garcia
12 - CARMEM HADDAD Carmen Haddad
13 - CLAÍSE DE ALBUQUERQUE Claíse de Albuquerque
14 - CLÁUDIA SIMÃO SEMEDO (ANGOLA) AfryClaudia Anjo Semedo
15 - EDI ALMEIDA Edi Almeida
16 - ELAINE S SANTOS Elaine S Santos
17 - ERICO ALMEIDA Erico Renato Almeida
18 - EROS AFONSE Elias Rosa Fonseca
19 - FRANCISCO FERREIRA Francisco Petrônio
20 - FUTURO DA COSTA (ANGOLA) Manuel José Constantino José
21 - GABRIEL SANTANA SANTOS Gabriel de Santana
22 - ISVANIA MARQUES Isvânia Marques Ocampos
23 - JONNATA HENRIQUE Jonnata Henrique
24 - JORGE LUIZ ROSA Poeta Jorge Luiz Rosa
25 - JORGE MANUEL RAMOS (PORTUGAL) Jorge Manuel Ramos
26 - KAINHA BRITO Poetisa Kainha Brito
27 - KITY ARAÚJO Kity Araújo
28 - LADY INUYASHA 
29 - LANE DIAS Lane Dias
30 - LIN QUINTINO Lin Quintino
31 - LUIZA SENIS Luiza Senis
32 - M. M. SIMÃO MMSimão
33 - MANUEL TIMÓTEO DE MATOS (PORTUGAL) Manuel Timóteo de Matos
34 - MARCOS NASCIMENTO Marcos Nascimento
35 - MAURÍCIO DUARTE Mauricio Swami Divyam Anuragi Duarte
36 - MAYANNA VELAME Mayanna Velame
37 - MIRIAM BRILHÓ Miriam Bilhó
38 - NAZARÉ FERREIRA Poetisa Nazaré Ferreira
39 - NILLO COSTA Nillo Costa
40 - OLIVER FABIO Oliver Fábio
41 - PAULO MAX 
42 - POETA JARDIM Sergio Almeida
43 - RAUL THOMPSON 
44 - SOARES BARBOSA Soares Barbosa
45 - SRTA CHAGAS Ítala Fernanda
46 - VANTI VYRENA Vanti Vyrena
47 - VIRGÍNIA DE OLIVEIRA Virgínia de Oliveira
48 - WALDIR PHILHO Walldir Waldir De Melo Filho

Ótimo domingo


Algumas (des)ponderações e frases de (d)efeito

Falaram sobre o Titanic: "Nem Deus afunda esse navio". Penso cá com meus botões o porquê de Deus querer afundá-lo! Mas também penso que o Diabo, sabendo que já teria um bode expiatório, foi lá e fez.


- E vida após a morte?
- Acredito. Só não simpatizo com a ideia de eu o dia todo sorrindo, vestindo branco num jardim florido.
- Por que?
- Branco me engorda muito.


- Dou mais valor ao artesão de rua do que ao Picasso!
- Você compra muita arte de rua?
- Quase nunca!
- Você deve odiar o Picasso.


- Negócio brega e antiquado escrever RIP quando alguém morre!
- Fica tranquilo, quando você morrer escreverão: JFT (Já Foi Tarde)


Nas lacunas entre os "sins" e os "nãos" existe tal vez; essa tal vez do povo novamente entrar pelo cano.


Nos teus olhos pareço escutar o amor que ecoa sem fim; há de abafar o sombrio, o nublado, o vazio, o banal, o chinfrim.


Amor verdadeiro não foca em anel e nem todo Coco é Chanel.


correndo, o bicho pega
ficando, o bicho come
ignorando, é alienado
poetizando, o bicho é rango.


Insanidade de horas perdidas no 'líquido sagrado de Baco': com uma mão vai afundando o barco, com a outra fornece o salva-vidas.


"Brasil, ame-o ou deixe-o!"
Mas se você tiver bastante dinheiro, 
pode odiá-lo e ficar por aqui mesmo!


O sujeito se diz Capitalista, adora feriado prolongado, curte um atestado médico falso, reclama do seu trabalho e do seu salário.


Virou modismo se auto-elogiar: "sou pessoa de bem!". 
É porr@ nenhuma, falar é fácil, queremos ver na ação!


Mais uma sobre o autoelogio:
– Sou o Super-homem!
– Não! nem é um pássaro, tampouco um avião; é só um humano prepotente mesmo!


Prometo que essa é a última sobre autoelogio: 
tenho um amigo que chega a falar muito, 
mas muito bem dele mesmo na terceira pessoa.

Indo ao brio


O corpo se contorce nas belas curvas do mistério,
E meu universo se entorpece em um minuto;
Vejo minha vida, sua verve - seu externo,

Rogo amor eterno e me completo absoluto.

Indo ao brio (6/8/14)

Pousa para dar pé, pausa para um café;
Asa em construção – voo em atuação;
Ao distante a verve chamando, pois...
Incitante é a vida entoando:
Ela está insatisfeita (sem motivo),
Vive questionando o próprio talento,
Diz que é como um cágado...
Está lenta:
- não consigo agora chegar, ou, talvez, me virar no improviso.

Pausa para ter fé, pousa para outro café;
Pena, papel, ideia e silêncio...
Deixou bem longe a peleja, a amnésia,
A ausência de novo pensamento...
A inércia.

Alçando voo desbancando o frio, cruza o vale e o rio,
Voa com os sãos falcões peregrinos, aves de rapina, 
Sente quão facões na espinha, rasgando a carne e a alma...
A inspiração que lhe ataca, 
Afaga, assanha... e, na manha, a eleva ao brio.

Acesso da Fantasia (31/07/11)

Milhões de vozes que chamam
Atrozes escritores que banham
Terror e beleza de sonhos! Mensageiro nas portas
Comporto a inspiração derradeira

Tu és a única, esperança do divino
Fazes soltar tintas em papéis
Mas me engano ao pensar que perecerás
Pois sempre precede o silêncio da balbúrdia dos sinos!

Portas que tu abres chaves que nunca perdes
No engodo do fracassado, tu renovas, acordas a cada letra
Fazendo valer o som das trombetas

Trazendo harmonia as flautas que ergues.

5 de agosto de 2017

O gato preto (17/2/12)


O gato preto (17/2/12)

Brusco eu busco por todos os telhados,
Sou seu resguardo, seu gato preto da sorte.
É de morte morrer atropelado;
É de praxe viver rindo da morte.

Arrepiado no encalço dessa gata,
Afio as garras numa estrela próxima.
A resposta para aquela sua carta
Pus no correio... pode fazer uma aposta.

No horizonte olhos brilham de terror,
E com pavor de sete vidas, matemática;
Subo na árvore como quem pega elevador,
Uso o miado – esse é o som da minha temática.

E meu forte pular de lado a lado
É liberdade escolher onde é meu norte.
É de morte morrer atropelado;
É de praxe viver rindo da morte.

Salto bem rápido... bem mais célere que o vento;
Invento caras para conquistar a felina.
Ela me faz viver mais o meu momento,
E com você quero esgotar a minha sina.

É de morte morrer atropelado;
É de praxe viver rindo da morte.


4 de agosto de 2017

A ilha em êxtase


A Direita e a Esquerda colocarão os “gigantes“ para lutar;
Uma entrará com o Egoísmo e a outra com o Ego. 

A ilha em êxtase

A vida pode ser farpa entre unha e carne,
Um bambu que não se quebra com o vento que varre,
Ou estrelas que brigam com o raiar de um dia.

E agora, estava mais que na hora, o ânimo veio,
No veio sumido e assanhado de quem somos;
No envelhecido clichê de quem deveríamos ser.

No abstrato da tela, em aquarela, aquela ilha...
Confiando no absinto para encarar o abismo;
Na retrospectiva da vida, um céu de bel prazer:
A perplexa perspectiva a nosso ver.

Somos quem somos, fomos e seremos (os tais)...
E já estava na hora do abrigo de um alento amigo.
Publiquem nos anais e jornais, em letras garrafais: 
Nossa vultosa vida vivida não é particular...
Então, s'il vous plaît, mostrem o que há de divertido.

Exponham em íntimos olhos de ourives:
Tudo de todos tarda, e sempre soará peculiar...
Então tão assim – e assado – é para se mostrar.

O tempo alçou e alcançou o próprio tempo,
Como a serpente doente comendo seu rabo.
Na frase eu me acabo; no vento você me inventa;
Eu como a cobra com pimentão, pepino e pimenta.

Fecho os olhos e vejo um mar na nossa avenida;
Obro os olhos e vejo que sou um belo peixe...
Largue o preconceito e ao meu lado deite-se;
Deixe-se levar e leve a todos para sua ilha da vida.

3 de agosto de 2017

Despedida parte III


Despedida parte III (8/1/15)

É aquele pássaro que foge da gaiola,
Por dentro sai cantarolando Wild Horses dos Stones, 
Mas pelo bico sai o canto dele mesmo.

É aquele animal em extinção,
Que anda na lenha, no lema e na linha...
Aquele “ex-tição” que ganha brilho;
É tal que tem tal de compaixão
E com paixão põe à mesa
E na sobremesa assopra as velinhas.

Somos um só, somo complementos... 
A imaginação e o momento,
Arco e flecha e o arqueiro.

Temos um amigo: o mundo
Temos o reduto: a escrita
O vagabundo passa ser somente vago,
E o hábito de conhecer a si mesmo é corriqueiro.

Das Loucuras (caneta convulsa)


Das Loucuras (caneta convulsa)

É poético, extremamente sagaz, sincero e quase profético;
É adequado e essencial assim como na feira ter banana e limão.
Poesia que às vezes é cubista, às vezes realista, às vezes abstrato...;
Pura arte que pode ser haicai, pode ser narrativa, pode ser abstrata...;
Tanto em um como no outro é hobby, cura, loucura e despretensão.

Fatos e focos, caneta nervosa expondo paixão e traçando uma história;
É sadio ser sábio – temperado com rebeldia – e entender o caso e a ocasião.
Dentro da cachola tem João e Maria, tem rei e rima, tem amnésia e memória...
Página virada tem que ter coisa nova, pois xerocar coisa antiga é aberração.

A caneta é frenética: o suor faz o pior e o melhor irem para a varanda do externo.
A lágrima é estética: cai fácil pela face e nasce um sorriso no canto da boca.
Faca louca que corta a ideia e alegra a mente: tão somente o calor no inverno.
Vaca louca, dando leite, queijo, pondo a mesa: ceia certa na barriga oca.

É pandeiro: letra que faz o samba que mexe o corpo e engorda o bolso;
Na cadencia das estrelas nada cadentes, até os cães largam o osso.

É paradeiro: se despede, guarda a tinta e o intento, pois já pintou o sete;
Na cadeia das artes o prisioneiro tem prazer em sonhar e ser o próprio servo.

André Anlub
(3/8/17)

2 de agosto de 2017

Politicagem 2010


Politicagem 2010 (do livro “Poeteideser”)
(Música originalmente escrita em 2004)

Se liga que vou te contar agora
Como acontece essa triste história:
O lado mais pobre um trabalho árduo
E o outro lado representa a escória.

Uns morrem de fome numa fila,
Outros compram porcelana;
Uns se perdem da família,
Outros brigam por herança.

Viver com dividas não é vantagem
Você é quem paga essa politicagem.

É vereador, deputado, senador ou presidente.
E o povo está doente/está sem dente/está demente.

Politicagem os babacas e as bobagens.
Cara de pau, ipê, jacarandá...
Até onde essa zona vai parar.

Pra tudo ele tem resposta
Sempre uma proposta
Sem jeito, indecorosa.

Sobe em um palanque:
- um terno, uma gravata,
Com um sorriso
Preparando a mamata.

Estende as mãos
Estende os braços
Desfaz-se em pedaços
Tudo vai resolver.
O mundo ficar quadrado
O inferno, congelado
É só ele prometer.

Já sabem de quem eu falo?
Mas é melhor, eu me calo
Se não, vão me prender.
Vou indo sem rumo sem graça
Andando por toda praça
Até desaparecer.

Viver com dividas não é vantagem
Você é quem paga essa politicagem.

É vereador, deputado, senador ou presidente.
E o povo está doente/está sem dente/está demente.

Politicagem os babacas e as bobagens.
Cara de pau, ipê, jacarandá.
Até onde essa zona vai parar.

Num pais que reina a violência,
O governo uma indecência;
Discursos sem coerência
Sem jeito nem vontade de mudar.
Vai chegando à época
Aparece a solução
Para fome, os buracos, o transito...
É eleição!

- Aumento de salário, 
- Acabar com as filas
- Escolas para as crianças...
É ilusão para as famílias.

Invadem os rádios, os postes e a tv,
Depois o sujo (o porco) é você.
Enganam o povo, falam mentira,
Estão loucos pra mudar lá pra Brasília.

Mas essa história não termina aqui,
Sem um emprego virando faquir.
Faça uma greve, vá para as ruas,
Saia da lama... A escolha é sua.

E assim levamos a vida,
Abrindo e fechando a ferida,
Lutando pra isso acabar...
Durmo assustado também,
Rezando esperando alguém,
Pra tudo melhorar, amém. 

E foi-se

E foi-se

Surge vez e outra um tempo ruim, um dia sem cor...
Faz sorrir os que têm o deleite em colorir momentos.

Explode aqui, explode ali, o silêncio fica acolá.
É o cão na viola!
Samba-se o samba mais doce,
Embriaga-se da fonte até o galo cantar.

Deixe abrir a janela que o visual é novo...
Serpentinas e música, loucuras para quem quiser ver.
No viver e na morte, de sul a norte,
Quase nada de novo no front...
O restante dos escombros esconde o menino do povo.

Meça direitinho para não errarem no reparo;
Os cabelos mais longos, o caminhar de novo,
O mar a cada dia mais belo,
Na bela história de um náufrago;
O calvário de um estorvo é vício de já trouxe amparo.

Nos sons que se fazem agora,
A cama fica pronta, o travesseiro mais fofo;
Os sonhos desmontam desesperos;
A verdade não mais sabe sua hora.
Explode aqui, explode ali,
O barulho não é mais ouvido!
De tudo que já foi encolhido
Com a vida foi jogado fora.

Solidão: só lidou com saudade, só lhe dou atenção...
Lá estou eu, sonhando...
Com os olhos embaçados e embasados nos seus. 

André Anlub

1 de agosto de 2017

Reminiscências



Sopro

Fica tão óbvio, mas por que não falar de amor?
Ópio que entorpece o que se lembra, o que se esquece,
Faz do momento um próprio vício bom de eternidade.

Fica tão certo quanto à foice e o martelo:
Limpa a selva e crava o prego na construção da casa.
Muitas vezes um intenso fogo queima tudo e todos,
Na maldição do tempo que deixa cinzas ao vento.

O ontem já foi – sopro ido; correu ligeiro e cabreiro;
Como já foi o que antes o ontem alimentou...
Hoje resta o ranço da fanhosa fome de hoje;
Fica tão hoje o desejo de repetir o que passou.

Si paisible a criança que desce o escorrega,
Calhando segura em segundos – sua alegria.
Homens correm suas vidas, essas que não tiveram;
Correm, não vivem e às vezes enricam e choram...
Nunca alcançam suas auras, o sopro que já se foi;
Seguem deprimidos, em comprimidos infelizes...  
Nem notam que jazem correndo, na utopia vazia.

Futurama Editora (Antologia Inspiração em Verso III)

Em 2015 recebi com muita surpresa e felicidade o certificado de Mérito Cultural e Literário pela Futurama Editora; esse ano de 2017 tive novamente a honra de receber essa surpresa show. Agradeço aos amigos da Editora, aos amigos escritores e pelo apoio de todos os amigos sempre presentes.



Antologia Inspiração em Verso III (Futurama Editora)

Das Loucuras (na sacada da vida)



Das Loucuras (na sacada da vida)

Nem vale a pena esperar mais; o descontrole é absoluto...
No dissoluto do tempo, a brincadeira mais sem noção.
Vejo-me a cada dia com a barba maior e o cabelo mais ralo;
Caio rápido no fundo do poço de um buraco sem fundo.

Há de se ver uma saída nesses traços deixados no papel:
No mar calmo um sonho; na alma desnuda uma quimera...
Assim como abelhas homicidas que cercam a doçura do mel,
É a força que tive e tenho para erguer a espada nessa era.

De pé – ontem –, na sacada da vida vacilei;
Eram quarenta e seis andares de queda.
Poderia suportar até cem? Realmente não sei...
Minha armadura anda amarrotada pela guerra.

Deitado descanso fazendo estratagemas com a paz...
Sou afortunado por não ter escapulido por um triz;
Pé à frente, fé atrás, rosas em canos de fuzis, “aqui jaz”...
O que eu não suporto é viver arrependido pelo que não fiz.

De pé – hoje –, acho que vale a pena qualquer espera,
Pois o real controle sempre estará em nossas mãos;
Ainda suportaria mais um milhão de apegos em vão,
Mas sem a incumbência da perfeição que impera.

André Anlub
(1/8/17)

Das Loucuras (coração curaçau)


Das Loucuras (coração curaçau)

Fez do mundo muito mais e do pecado pouco apego;
No coração o compasso bradava pedindo arrego:
Fim infindo, engolindo, um menino, indo e vindo.
Havia uma representação de algo novo e mais vivo;
Lábios que dançam em vozes que brilham – fator incisivo.

Licor doce que flui para cima pelo canto da boca,
Desafia a gravidade, cor de sangue, febre louca.
Ardor que não termina nos joelhos amassados ao chão;
Em diversos momentos da lembrança – combustão;
Mãos coladas e mente focada em pedidos de lucidez.
Em ínfimos e únicos flashes e lampejos – embriaguez.

Cerca de oitenta e três por cento, por certo, tentam ou pulam a cerca;
Uns se jogam no abismo, abismados; outros voam avoados...
À toa, todos regam as flores e rogam pela sobra.
Os dezessete por cento que sobram vem aceitar serem pau para toda a obra.

As pedras começam a rolar e colar, para formarem a muralha;
Força interior e exterior que aquece e resfria a fornalha.
Luz que vem de cima, dos lados, de baixo, de onde se enxerga...
Que leva e eleva ao topo, aos tapas, para onde um deus ou o diabo carrega.

André Anlub
(1/8/17)


Acamada mulher (reabilitada)


Com sabedoria, tempo e muita calma
O mundo estará em suas mãos
Com paz, integridade e humildade
Tornar-se-á muito mais do que aprendiz.

Ser um monge na pura meditação 
Paira o silêncio ao se encontrar
Passeando ao redor do espaço tempo
Sem sequer ter hora para chegar.

Totalmente de bem com sua vida
Sabiamente convida ao vivo o bem
Com sua mente muito bem na vida sã
Para conviver sabiamente com sua vida zen.

Ao som de um pássaro,
Sob a luz do crepúsculo, todos avistam... 
A imaginação levanta voo

E os poemas aterrissam.

Acamada mulher (reabilitada)

O gramofone, uma leitura, novo dia e nova jornada;
Lá esta ela com contra tempos, mas com demasiada calma:
Paciente em recuperação, reabilitação pingando lentamente,
No conta-gotas conta os gritos da existência.

Feito um veneno de serpente (que não se bebe),
Foi fabricado um predicado pela própria vítima.
Com os elos da corrente que aos poucos se quebram,
Já é tarde, mas não tarde demais (sorve a verve).

Riquezas de uma antiga beleza rara
Que se perdeu na memória rala.
Com sua boca bem mais contundente,
Boca que exprime versos e se alimenta em sonhos,
A rosa que um dia se calou e novamente fala.

Santos nomes foram pronunciados,
Nas igrejas, mesquitas e casas santas que passou...
Tugúrios de madeiras, em que se apoiava e derramava o pranto,
E outrora usava para seus nada parcos pecados.

Atualmente coleciona leitura, devora livros...
Se informa; se afoba; se inspira; se ajuda:
As estantes cheias, o coração não é mais vazio...
Cem respostas; jamais sem perguntas,

Não segue mais sucumbido em um calafrio.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.