20 de agosto de 2017

¡Por supuesto!


¡Por supuesto!
(Madrugada de 16 de julho de 2015)

Não costumo ter dor de cabeça, na verdade é muito raro, conto nos dedos nos meus quarenta e cinco anos de vida as vezes que a cachola doeu – e não é o caso ao traçar essas linhas -, mas se tem uma coisa que tenta me alocar um dodói na cuca é o tal de “papo cabeça”, papo intelectual banal, nada flexível, que só tem como objetivo a defesa incondicional e bestial das opiniões dos interlocutores. Vejo gente com papo furado, furando cabeças; mas também vejo gente com fino trato, sem a cabeça rente, e sim de frente na obrigação de alçar o papo “gente”. Ontem o vilão era o tomate, hoje é a cebola; não há ideia mais tola do que a verdade absoluta, do ritual do falar uníssono... De repente a mentira absoluta consegue ser ainda menos fútil! As coisas mudam, e em tempo, e no tempo certo, todos mudam alguns ideais. Nada mais natural que quem odeia ser rotulado, quem odeia nadar a favor da corrente, quem é pensante, poeta, filósofo; quem é astrólogo do seu próprio tempo tenta odiar/amar as cebolas e odiar/amar os tomates (pois o paladar não muda) em momentos que não são os momentos. O papo cabeça vai além do comentário incoerente, pois toda a razão, todo o discernimento, muitas vezes está claro, entendido e óbvio... mas só para quem o diz. São tantas as interpretações que só em cinco minutos pode-se filosofar em alemão e em mais três línguas. Lá está indo a madrugada, meu sono amigo me abandona, de agora é encarar a estrada um pouco mais fraco, mas bem resolvido. Braço cansado dos talhos que fiz no tronco de Acácia; olhos pesados pela noite pouco dormida; cães latindo, uma gripe querendo chegar – mal vinda –. O dia vem vindo e com ele a esperança da energia renovada, da saudade resolvida e de um dia mais ameno – ida ao mercado, peixe cozido e salada fria. Não procuro nada que não sejam imprevistos – falo isso dos eventos juntos com as minhas rotinas. Agora são como anjos sem asas – coisas do tipo; eu topo qualquer parada, mas, meus Deuses, parem desse “mais nada” – é deveras raso -, parem de ameaçar os outros com seus silêncios e marasmos. O claro apareceu petulante, deu sinal de vida, meio sem jeito, meio mínguo. O claro trouxe alguns segredos que acendem em estalos, expõe emoções encrustadas e descasca a casca de um ser feliz asilado, exilado e assanhado (e exagerado, por que não?). O que não era assim tão bom continua assim não tão ruim; há algo ótimo para ser emoldurado, mas não gostei da moldura... achei quadrada. É papo cabeça? Brasa mora! É pipa cabreira? Passa o cerol! Vou rumo ao café quente, abrindo as cortinas da vida e deixando o corpo voar... fui.

Os anjos


Não vacila o versuto, verossímil e versado.

Os anjos trouxeram predicados
Abençoando as conquistas
Lapidando as certezas
Aqui nesse dia sagrado.
E sob a lua alegre e minguante
Nós, os humildes bardos
Festivamente cantamos
Com os novos perdoados pecantes.

O ontem ficou feliz pois foi repetido no agorinha
Quando a Glorinha arteira chegou à areia e fincou o punhal; 
Refletindo assim Nefertiti e seu rosto risonho,
Num sonho bisonho, que assombrou o que sobrou 
De todo o mal.

Quase um suspiro triste (26/2/14)

E a neve derreteu:
- foi-se à tarde naquele despovoado de ecos.
Suspenso num chão de tacos de pedras
Mostrando que sempre existirá a sangria.

O caos e o medo
Mesmo em mistério
É qualquer imaginação.

Pois naquela mesma tarde
Veio o escuro - escroto e escrito
Na testa; no tiro; espinha.

Ensaiou um sorriso com o dia
Estático, no canto da boca:
Contato!
O dia queria gritar por todos os nomes
Dos vivos; dos ventos
E loucos:
Sabemos que ele derreteu a neve.

Solidão branca e gravida
Gerou e errou:
O pai não a quer; a mãe corre a esmo
Sobra os irmão, somente os irmãos
Uns quaisquer.

Mão de mãe é sofrida e sortuda
E entendida de amor.
Segue no colorido na estrada
Firme e forte caminhando em frio e calor:
Povoará esse seco mundo

Que a neve derreteu.

18 de agosto de 2017

Hospício


Hospício

Salientaram no hospício
Ninguém iria comer
Injeções na testa...
Mais que um sacrifício.

Uma doutrina errada,
Condições terríveis,
Faces amarguradas...
Pessoas mais que sensíveis.

Não tinham valor algum,
Exclusos da sociedade,
Pessoas novas e de idade...
Somavam um mais um.

Indigentes, obscenos
Cenas do dia a dia,
Pretos, brancos, morenos...
Sujeitos à revelia.

Desprezados pela verdadeira família,
Inúteis sem poder reciclar,
Cães expulso da matilha...
Sem ter mais em quem amamentar.

Aos montes iam se definhando,
Em um frenético vai e vem,
Homens mortos andando...
Passos calmos pro além.

17 de agosto de 2017

A poesia faz reprise


Se a vida estiver em arquivo morto, a poesia faz reprise.

Escrevo à tia – escrevo às tantas – escrevo à toa. Já sei, nosso grito ecoa; ah, e na boa, parei com os versos... Mentira! Por ironia, versei. Esvazie-me, preencha-me, conheça o verso e o avesso, rima após rima, sabe que deixo! E depois, ao acordar sozinha, vá viver se estou na esquina. Ajude-me a nadar sedento em sua correnteza, pois fico confortável e feliz; tal bela força fiel e resistente me diz: “atravesse novamente o Oceano Pacífico e me beija”. Um flerte, um beijo, paixão e o doce cheiro... Mas podem chamar simplesmente de: natureza. No meu barco ou no seu – em mares calmos ou bravios? Não importa! Juntos, nós dois, somos muito mais fortes que nós dois. Pois somos – nada sós e tudo somente – amor. Busque o sol apenas para ti: privado, intransferível, infindável; ele há de retribuir: livre, comunitário, efêmero; assim, como quase sempre é o amor. A realidade concorre com minhas vertentes, e elas céleres e insanas sempre chegam à frente. A tempestade não assusta, e nem deveria! Já tive dias terríveis de sol. Se algo me causa temor é perder a poesia e a alegria, quando o sol toca e aquece meu rosto – quando a água cai do céu no meu corpo. Quem viver verá verão, pois flutuam ainda mais doces os seus vocábulos; pairam sobre o ar quente de versos corretos, rimas concretas. Projetos eu leio em nuvens, leio em lagos... Num simplório paraíso (estalo do começo) vejo no Big Bang, bela rosa, você: bem-te-vi, bem-me-quer, bem-querer. Eis a paixão que arde por toda a esfera, afronta à tormenta, enfrenta a fera, vai além das vidas, além de eras, escalando muros são largas heras. Cáustico no conforto, no forno do anseio; cálido se for de gosto, assim querendo; sempre medrando os passos ou céu de brigadeiro, o vento varre as névoas, intenso lixeiro, espanta as chuvas fortes (insensatez) e a sequestra de vez num amor inteiro. É dia primeiro, é verão. Ela deixou o rastro do seu corpo no suar, no soar, no sorrir... Deixou ares de paz em céus azuis, em noites bem-vindas, em toda a dicotomia de céus sem fim... Ela deixou, mas prometeu voltar antes que tudo esvaeça. 

Finalidade da Arte


Finalidade da Arte  

Abraço o pincel como se fosse meu pai:
Chega de despedida, chega de adeus;
A inspiração chegou, a timidez se foi
Sou Netuno, Odin, Zeus.

Faço um traço, entro em ação,
Cores dimanam do meu pensar;
Encéfalo explode, ogiva nuclear:
Arco-íris, cogumelo, refração.

Começam a germinar imagens...
Transpor o que tinha na gaveta da mente;
Minhas passagens, viagens incoerentes
Saem absolutos, imponentes, pelas mãos.

Os "nãos" e os "sins" de outras épocas ou horas
Conspurcam a tela branca...
Formam uma figura que desbanca
A imaginação do artista, sua história.

E pronto, o rebento lindo e bem-vindo,
Ali, à sua frente, imaculado...
É mais uma obra, quase do divino,
Da verve, alento, do artista amado.

Gosto de pintar, gosto de poesia, de escrever, tocar bateria; gosto de viver longe da vida vazia... faço das artes minha orgia.

16 de agosto de 2017

A voz


A voz

Então finalmente uma tal voz foi escutada,
Buscando na verdade o seu alicerce,
Na certeza de ouvidos unidos a ouvirem
E pela infalível maioria ser desvendada.

A princípio fez de conta ser coisa ingênua,
Para depois elucidar todos os básicos detalhes.
Voz esperta, alerta e complexa de gente humilde
Que repassava a real realidade de histórias tristes.

A tal voz vicejou e descongelou de longas datas,
Levantando sua bandeira, viço de seus princípios;
Perdendo a timidez de ter sido e ser sempre atada,
Enfrentando a apatia e antipatia de seus inimigos.

Mas a voz não se viu/ouviu/refletiu representada;
Os que ouviram deram de ombros e mostram indiferença;
Perdeu sua crença, tornou-se caça e achou sua mágoa...
Restou a cárcere de manter-se – em eco vazio – calada.

Das loucuras (jogo que virou o jogo)


Das loucuras (jogo que virou o jogo)

Vida em jogo antes mesmo do bem ser destapado ao mal...
Mal criada, indispensável e louca: vida que vive ao nosso encalço.
Cadafalso de corda sisal; cada passo em doçuras e melados com sal;
O caráter, a poesia, a alma, o amor são espelhos em cada passo.

Vão-se o tempo, corredores escuros, as doações em comunhão;
Há de se galgar o tempo para criar um escape, um escopo, para a propulsão.
Força que sai da pedra, visão para além do horizonte,
O levantar da cabeça, o alongamento, café bem fresco e seguir adiante. 

Tece-se o andar sereno – quando tem de ser;
Traça-se o cantar ameno – sempre de solução.

O jogo não existe: tela branca com indagações que não cessam;
É assim que é, estando vivo, altivo, ouvinte e falante.
À noite desenhada com caneta ótica de baixa resolução;
O dia impregnado na sua rua, casa, cama;
O dia ardia endeusado no seu só, sol, lua, casta, lama...
Como seu mais sincero – ao mesmo tempo, mero – amante.

André Anlub
(16/8/17)

15 de agosto de 2017

Ótima noite


Etílico silêncio 

Meus silêncios são pendentes dos teus 
Gritam sem som enquanto não voltas 
As voltas pelos bares, garrafas e copos. 

Espero-te... 
Madrugadas, mágoas e salmos. 

Minhas revoltas, andando pela casa 
Marcando o carpete, os olhos de águas 
“Socando pontas de facas”, lembrando de épocas. 

Amo-te... 
Te quero como eras, abstêmio e calmo. 

Tua vida, falência e desgosto 
Nostalgia desarrumada 
Procurando encosto, gastando saliva. 

E na relva... Brotam palavras ao vento 
Declamas poesia, não sonhas com mais nada. 

Muitos silêncios se atrelam aos de nossos rebentos 
Sons de vários momentos, que por dentro se abafam 
E os mesmos por vários meses e anos 
Falam muito mais que um mar de palavras. 

Dueto


Fato Consumado

Hoje acordei com a paleta cinza
Algo que mexia me fez de enigma
Um vibrar de cor em alto-relevo
Um afago imenso em minha autoestima

Deixo a sensação me dominar
Sinto o sangue fervendo
Tremo, não dá para segurar
É minha inspiração ao extremo

Minha mente se expande
Coração aquece e inflama
As mãos te tateiam, insanas
E a alma se desprende...

Um ritmo frenético aflora
O antes, o depois, o agora
Tudo unido nesse objetivo armado
Pode considerar um fato consumado 

As mãos agora seguras
Agarram-se ao verbo criar!
E a tela que se fazia de nua
Abraça-me em um eterno amar

André Anlub e Márcia de Sá

Dos desvelos


Dos desvelos (como som melancólico que segue invadindo) 

Até coloquem palavras em minha boca... mas que nasçam poesias.
Abrasador ao íntimo – sem dor – toca e preenche e compreende ao completo;
Na mais alta altitude que o anseio ressoa, e é tênue e desconcertante.

Toda uma terra estremece em todo o corpo que balança
E merece o céu no sol e a luz da lua na luz do teto do tato e do tudo.

Namoro e sinto e choro e aprovo e comprovo o sopro e aguardo, e você.
Mas é mais mar que observo e sou servo ao todo... E amo.

Vem, vem como variante, pé e pé, paz e paixão, marcando no solo – selo;
Como ao chão e ao sentimento é um sucinto sinal sagrado, afetuoso,
Pois não censura, nem corta nem cura, o soco solitário do colosso:
O banho ao calor em chamas, supina alma à sua presença... E amo.

Solos secos castigados, que fenderam em frangalhos de raios antigos...
Ficam no aguardo das águas em rios em milagres em lágrimas em circo em cio...
E vieram e vigeram e ficaram e fincaram... E amo.


Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.