1 de novembro de 2017

Há vidas


Sem inspiração ele morre por dentro
Surta e larga os pincéis - rumo ao pesadelo
Epiléticas mãos fazem movimentos elípticos
A tela, antes natureza morta, torna-se morto abstrato
Sem tato o artista desmonta, senta e chora.

Inspiração é mágica
Manda calar em silêncio, desmascara a arrogância
Jamais tornou amiga a ganância, tampouco a demência
Faz da anciã criança que outrora esquecida
Faz da recém-nascida o ser experiente.

31 de outubro de 2017

Das Loucuras (verdades carecas e mentiras cabeludas)


Das Loucuras (verdades carecas e mentiras cabeludas)

Nas perfeições da natureza, a minha mente monta o acampamento;
Aprecio cada pássaro, bicho, som, folha, rio, cor, cheiro, tons dessa beleza.
O futuro não importa, o passado entorta e o presente é torta de limão.
Nada não é até que então surja a razão de apenas ser, inovação. 

Quero colocar mais cores: expor o amor guardado no peito;
É egoísmo deixá-lo trancado e não compartilhá-lo nessa perfeição.
Mas gargalho em voz alta ao perceber que o amor me falta...
Não vejo jeito, me revolto e volto a um tempo de um Eu imperfeito.

Agora amo quem e quando quero; espero somente o que vier nua...
Saboto-me e ponho-me à mesa; sapeco a sobremesa: nua carne sua.
Minha refeição é fria, e nessa linha ao vivo eu vivo e sobrevivo sem pressa.
Pulo e mergulho na gruta: sem grilo, com grelo, com gula.

Pulo de galho em galho, sou Tarzan atazanado, pessoas são quebra-galhos, 
Reencarno o escárnio, reaproximo-me do exílio e encaixo os frangalhos.
Nesse mesmo instante eu desperto, foram sonhos que pariram pesadelos,
O amor me circunda como sangue; a paixão vai dos pés aos cabelos.

André Anlub (30/10/17)

29 de outubro de 2017

Ótima semana


O PINTO DO PRESIDENTE
ACABOU PAGANDO O PATO

"No Distrito Federal,
O mundo está revirado,
Tem um prato para cima
E tem um prato emborcado.

Contra o povo brasileiro,
Todo dia, o ano inteiro,
Cada prato está lotado.

Lotado de delinquentes
Da nossa democracia
Que levam tudo de eito,
Com as leis à revelia.

A Capital Federal
Se transformou, afinal,
No reino da putaria.

Na quarta-feira passada,
No meio do triste ato
De uma votação imunda,
Houve de repente um fato,
Para ninguém comovente:
O pinto do presidente
Acabou pagando o pato.

O xerife Tenebroso
Acompanhava entretido
Os discursos dos seus pares,
Cada qual o mais bandido;
Sentiu a coisa apertar
E quando foi urinar,
Seu pinto estava entupido.

Naquele grande sufoco,
Tentava, não conseguia.
Espremeu-se, fez esforço,
Mas a coisa não saía.

E quanto mais pelejava
E mais o tempo passava
Mais o seu pinto entupia.

O Tenebroso esqueceu
Seu autoritário estilo,
E começou a chamar
Pessoas para acudi-lo.

Foi levado à enfermaria,
Mas quem era que queria
Chegar nem perto daquilo.

Para discutir o caso,
Fizeram mesa redonda.
Pra salvar o Tenebroso
Daquela coisa hedionda,
Foi chegada a conclusão
De que melhor solução
Era lhe meter a sonda.

Foi de maneira forçada
Que resolveu consentir.
Um torçal logo trouxeram,
Mas quem quis se garantir,
Num momento como aquele,
De pegar a ‘coisa’ dele
Para a sonda introduzir?!

Tenebroso então falou,
Com seu jeito autoritário:
“Corram logo e vão chamar
Um correligionário
Que me salve desse aperto;
Os outros, conforme acerto,
Me salvam lá no plenário.

Chamem o Valdir Colatto,
Ou por outra, Alceu Moreira;
Chamem o José Fogaça,
Ou mesmo Mauro Pereira.

E se tiver ocupado,
Chamem Simone Morgado
Ou o Ronaldo Nogueira.

Chamem lá do Ceará
Deputado Genecias,
O Ronaldo e o Aníbal,
Que são minhas companhias;
Chamem o Danilo Forte,
Pois com eles, tenho sorte
De sair das agonias;

Chamem o Gomes de Matos,
Chamem Gorete Pereira,
Moses e Domingos Neto,
Chamem Vaidon Oliveira
Ou deputado Macedo
Pra desentupir sem medo
A minha velha torneira!”.

Enquanto lá no plenário
Pegava fogo a “prissiga”
Da corja de deputados
De todos nós inimiga,
Lá fora, até o “tinhoso”
Ajudava o Tenebroso
Esvaziar a bexiga.

A bexiga esvaziou-se,
Mas o Brasil segue cheio
De pilantras desonestos,
Ladrões do dinheiro alheio
Que roubando nosso erário
Deixa o povo e o operário
Sofrendo grande aperreio.

Urina presa tem jeito,
Embora provoque dor.
A medicina, faz tempo,
Corrige esse dissabor.

Não tem jeito verdadeiro
É o povo brasileiro
Preso à mão de um ditador.

A ninguém nunca desejo
Que mal algum aconteça,
Mas o senhor Tenebroso
Duma coisa não esqueça,
Pois conforme o que pressinto,
Nunca mais seu velho pinto
Vai levantar a cabeça."

PPP (Pedro Paulo Paulino)
26/10/17

Das Loucuras (la vérité surgit de la méprise*)




Das Loucuras (la vérité surgit de la méprise*)

Num telhado qualquer, agora, o gato angorá caolho observa;
Na selva, ao lado do bem-me-quer, há um coelho malhado.
Não há, sob a luz do luar, um trocadilho que salva;
Porém, uma salva de palmas ao mar, ao rio, ao filho, ao jus da alma.

Tudo do jeito que deve ser; desse jeito explica-se tudo – peça louca.
Lembra-se da chuva, do sol, ombros amigos, anjos caídos;
Esquece-se do sonho rasteiro, da melancolia, do preço da gasolina...
Comprimidos comprimido pelo cacoete de voar ao céu da boca.

Sonhos orgânicos, comidas orgânicas – somos o que comemos...
Entramos/entrando pelos canos – e tudo sem glúten.
É nada absurdo sermos herdeiros do mundo... temos escudos, ao menos.
Tolos e dolos no núcleo do globo – verdadeiro útero... Ferrugem.

A sombra cobre toda a praia; todas prenhas, as ondas somem...
Marmotas no mar morto vestidas de salva-vidas: letargo.
As águas-vivas estão mortas; não há lobisomem.
As cenas já foram montadas, no palco atrizes e atores dão o recado:

Conclui-se que quando se reza, rezam errado, e nada, e rezo... 
E enfim:
*A verdade surge do desprezo.

André Anlub (29/10/17)

Das Loucuras (se cura, se curta, secura não é cicuta)


Das Loucuras (se cura, se curta, secura não é cicuta)

Quem ainda está vivo poderá eternamente surpreender;
A palavra ‘nunca’, mesmo no presente, tem o teor de passado...
Só ao morrer – de verdade, deitado – ela poderá se encaixar nos atos.

Viva, veja, verse, voe e respeite – tão-somente – os outros viventes.
É tudo um velho-novo, é tudo noite, dia, céu azul e nuvens, arrebol;
Mil ofícios, orifícios, sacrifícios e os medos em tê-los...
Nos esquecemos dos edifícios que se multiplicam calando o sol.

O estranho é que só não há receio de manter seu ego,
Tampouco de novamente pôr um homem puro no prego;
Não há receio de se viver morto (num esgoto de ouro)...
Mas há de se inverter o apego, na falsa visão de ralo,
E mais temor ainda do mundo expor o Falo.

Os falsos segredos são os mesmos (nossos membros),
Fazem zumbis pedirem bis ao saírem de seus sarcófagos.
Seguidores do sagrado não são vistos como tolos,
Apenas alguns que se acham cerejas dos bolos.
Há perseguição aos que falam outros dialetos,
São criticados, difamados, agredidos por pseudófobos.

(29/10/17)

27 de outubro de 2017

Tribos urbanas


Tribos urbanas

Assim como ocas ocas, sem seus índios que saíram para caçar
E foram caçados pelo ser (des) humano...
Mas, mano, vamos à realidade paralela:
Os índios voltaram com a caça,
Com a raça, a graça, o pescado, o suor bento
E o ensejo para um ditoso festejo.

O precipício perdeu boa parte do seu encanto,
Deixando fraco canto e a sensação de não ser mais original;
As estrelas tornaram-se muito mais convidativas,
E o amor na ativa, com sua calentura e seu interminável brilho,
Astuciosamente esculpe o seu brio:
Antônio Francisco Lisboa – atemporal.

Vem à luz amistosa,
A luz da Lua cheia, 
Faceira,
Que parece acariciar o vento;

Caminha pelas ruas de pedras através das sombras dos postes, dos bêbados e árvores,
Dobra as esquinas e passa de janela em janela, de porta em porta;
Passa pelas casas antigas, casas recentes e silentes,
Casas de Ouro Preto.

Por longas datas as bocas gritaram, cantaram e se tocaram em desejos,
Corações se uniram e se iluminaram em suas vielas;
As bocas deles e delas perpetuaram e protegeram todo o, e o de sempre, luar.

O lugar e o legado, agora foram contidos pelo silêncio.
Só por um instante:
- Um minuto de tributo!

André Anlub®
(16/11/14 – releitura 2017)

26 de outubro de 2017

Por debaixo da seda


Vez ou outra há um milagre só pra tal pessoa; 
Não há registro, palavra, pintura, período, motivo ou à toa; 
Não há contorno ou qualquer som que ecoa.
Os olhares e bocas insanas em agonia
Sequer saberão o que realmente houve, e se houve...
Não importa a vil lamúria
Dos olhos rebeldes da cobiça.

Le Petit Maurice

Depois de sair do seu banho...

Reparte o cabelo ao meio,
passa um pouco de Gumex,
no pulso seu belo Rolex.
Separa um trocado pra cerva,
não se esquece da erva
e a chave de seu Chevrolet Veraneio.

Coloca uma bermuda de marca,
um chinelo de dedo,
mesmo sabendo que é cedo,
um uísque e dois cubos de gelo.

Vai sem rumo pra Urca,
louco varrido na praia,
depois uma pizzaria famosa,
com gente bonita faz prosa
(nunca soube o que é uma árdua labuta!)

Esse ano fez trinta anos,
(nunca na vida fez planos!)
mede um metro e noventa,
um par de olhos azuis,
ama bala de menta,
pai rico, famoso juiz.

Estudou nos melhores ensinos,
fez inglês nos Estados Unidos;
mulheres ele coleciona aos quilos,
é inteligente e feliz.

Fundou uma confraria de solteiros,
charutos e bebidas - prostitutas e cavalos
Quando chegou aos quarenta,
dinheiro e saúde pro ralo.

A vida ficou antipática,
empilhando contas em sua mesa,
o burguês que migrou pra pobreza,
morreu de cirrose hepática.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.