7 de novembro de 2017

Das Loucuras (caracol com seu cada qual)


Das Loucuras (caracol com seu cada qual)

Janela aberta, o tempo congela, o olhar foca fixo no horizonte;
Vê-se a sombra crescendo, vindo, e o pôr-do-sol adjacente.
Isso talvez seja o início de algum dos livros da estante,
Ou somente o montante dos meus sonhos inacabados de sempre.

Não devemos viver para ficar bem na foto; devemos viver para fotografar...
Há de se abafar os que gritam; mas também há de se calar para ouvi-los.
Quem se puser por livre e espontânea vontade na frente da lente da vida,
Correrá um risco tremendo de se conhecer e talvez não gostar.

O olhar de quem acha é o olhar de quem perde: ache, peque, perca.
Conheceu-se e foi mais justo consigo e com os que o cerca.
A paixão muda de meta, mas continua sendo seu o amor;
A ousadia continua na meta, mas nunca será só sua qualquer possível dor.

Perdemos as lacunas quando não deixamos espaços para um escrever o outro.
No oco das lacunas residem as mais suntuosas pinturas e frases.
Poderíamos passar o resto da vida abrindo janelas e pintando quadros... 
Mas não é preciso, temos a luz e o amor aqui dentro, ao nosso encontro.

Amo-te mais do que a minha própria vida;

Mas no momento esta afirmativa e uma enorme redundância.

André Anlub
(6/11/17)

4 de novembro de 2017

Manancial


Manancial 

Bebi em fontes de águas puras, outras nem tanto
Ri com os anjos e joguei com as bestas
Coisa besta é não citar os meus prantos;
Coisa e tanto é que eu não me envaideça.

Em diversos sonhos banhei-me em cachoeiras
Que iam além dos vales, dos tempos, da verdade.
Minha vaidade não me deixa enfermo, arrependido;
Minha crença ensinou-me o aprendizado desde menino.

Nos inúmeros afluentes que percorri,
Me sequestrei, me sabotei, me socorri;
As memórias fortes de quando fui fraco,
Fizeram meu olhar mais amplo e menos vazio
Me colocando sempre e corretamente nos trilhos.

Manancial que nunca seca, de vida não tão sã,
Fez o que fui, o que sou... fará meu amanhã...
Transformará os destroços em uma nova muralha,
Beijará o meu momento abençoando minha alma.

André Anlub (5/12/15)

Das Loucuras (bakku-shan)


Das Loucuras (bakku-shan)

Era um teste, ou um trote, um tatu sem toca, só podia ser;
A vida indo estava belíssima, com um rebolado fenomenal;
Natural um assobio, um gesto cínico, mas evoluímos...
Era um blefe, bife de carne de soja, caviar é uma ova, vamos ver.

A vida vindo com outra cara: 
Chupou limão galego depois da feijoada
A vida fez da minha alma, à vida, submissa.
A via fez da minha escrita,
No oceano, um obsceno pingo d’água.
A vida viva e a nova cara:
Tomou suco de beterraba com limonada suíça.

Há fanáticos montados em suas motos enaltecendo as estradas;
Há homens de toga – desses falo sem qualquer intensidade.

Vejo futuros incertos com rojões, lágrimas e plenos juramentos.
Vejo você pintando o cabelo, e nesse espelho eu perco o jogo.
A escuridão me encalça, e realça o meu “mudar de argumento”;
Sem perceber a ressalva, entrei no poema do “Círculo de Fogo”.

A vida de costas é simples, sigo seguindo, atrás e só observo;
A vida de frente é o verso, o reverso e o grito da síntese do infinito.

André Anlub (4/11/17)

De jeito

De jeito, deleite
Bom bocado das línguas – dos beijos;
Lençóis de seda
E de penas de ganso.

Os travesseiros...
Doce delícia é nossa doce vida:
A cobiça reflete na minha íris...
É a malícia da sua infalível conquista.


Claros Gemidos (2012)

Quebrando a monotonia dos dias frios de inverno
coração é lar
marco de uma linda biografia.
Todo barco é vida e procura o mais perfeito rumo
um encharque de amor 
que é bem-vindo e “bem-indo”.

O fio que foi tecido pode ter sido aquele que me amarrou em você
pode querer que eu aceito
pode ser feito do que for...

Eu quero!

Você é meu lar
puro ar no meu naufrágio.
Doce abelha que se ateia o fogo carnal
um absurdo que pousa em um eu de mel
jovial perambulante por todo meu adágio.

Vamos delinear e saborear os momentos sem qualquer asco
abro você como um frasco
perfume dos mais caros.

Joia rara que enfeita o pescoço 
em nada raro instante.
O montante da paixão guardamos em claros gemidos
ah, bem claros.

2 de novembro de 2017

Então queres ser um escritor?



Então queres ser um escritor?
Charles Bukowski

se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.

se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.

não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.

quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.

não há outra alternativa.
e nunca houve.

Tradução: Manuel A. Domingos


1 de novembro de 2017

Há vidas


Sem inspiração ele morre por dentro
Surta e larga os pincéis - rumo ao pesadelo
Epiléticas mãos fazem movimentos elípticos
A tela, antes natureza morta, torna-se morto abstrato
Sem tato o artista desmonta, senta e chora.

Inspiração é mágica
Manda calar em silêncio, desmascara a arrogância
Jamais tornou amiga a ganância, tampouco a demência
Faz da anciã criança que outrora esquecida
Faz da recém-nascida o ser experiente.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.