3 de dezembro de 2017

Das Loucuras (mapa do seu céu, do meu mel, do nosso ócio)


Das Loucuras (mapa do seu céu, do meu mel, do nosso ócio)

Improvisando: olhos balançando e pensamento evasivo.
Céu com algumas nuvens cor de mel, de fim de tarde.
A morte peçonha é uma panela, mas a vida é quem come nela;
Pipocam ocas as mentiras, mas o fogo é a fera e é a verdade.

Corpo explosivo! “odeio detalhes!” – ela protesta...
Vê um belo diamante na mão direita enrugada
De uma senhora gananciosa e destra.

Copo impulsivo! “rodeio os retalhos!” – ela atesta...
Vê um elo dominante no não discreto dado
Em uma penhora do pouco tempo que resta.

Com a vida se briga, mas não se brinca não...
Se limpa, adorna e suja o próprio umbigo,
Mas não há como fazê-lo com o de Adão.

Escada pronta para descerem e revogarem os ódios;
Escada sempre pronta para subirem e abraçarem a bondade,
Mas os homens na volta da descida estão enfastiados...
Festejam num novo limbo com seus orgulhos renovados.

A cólera foi vencida, apanhou – merecida...
Mas em breve renascerá nos pódios criados.

Os ninhos estão seguros e as navegações recomeçam;
Jovens terras para usurpar; novos desafiantes que prestam.
Colocam a mão na cabeça do mundo...
Dão bênçãos, afagam e fazem cafunés;
Cremam o mal na fornalha de túmulo...
E ele voa, solto, na fumaça das chaminés.

André Anlub
(03/12/17)

1 de dezembro de 2017

Das fagulhas



Das fagulhas

As fagulhas da vida
Acendem as fogueiras mais esquecidas
Aquelas que pareciam extintas
Renascem reabrindo feridas.
Com o andar certeiro e sereno
Atravessa-se a estreita ponte;
Olhos firmes através do nevoeiro
E nas mãos um livro de poesias.

Dentes que querem morder;
Pesadelos que querem morrer;
Os músculos não são minúsculos;
Ainda resta muita coisa a fazer:
Sinto e conto os segundos...

Estabelecido os limites,
Os lamentos derramam-se aos litros;
Criando inícios,
Possíveis meios e novos fins.
Há enfim o vulcão que explode por dentro e queima por fora...
Foi-se a aurora:
Põem-se ao por do sol as sublimes asas... 
E que asas.

Tempos de açúcar e sal,
Mel e alguns temperos destemperados...
Mas a solução na contramão do tempo,
Sem lamento ou consentimento.
Atrelado no meu sonho de ter um barco
Há um poder colossal;
Ponho no papel – em primeira pessoa –,
A brincadeira que faço com as palavras.

André Anlub
(27/05/17)




Caso do Acaso do Amor


Meu paradoxo: sempre absolvido na loucura; eternamente absorvido pela arte.

Caso do Acaso do Amor

Belas brumas sobre águas de um charco,
Achaques dos impérios de um só Rei;
No brilho lírico do meu espírito de porco,
Oco ato da ata do fato em feito se fez.

Perdura perdida sem remos nem barco,
Parco pecado, e cria-se um grande amor;
No horror do ontem o hoje se torna infinito
E como amiga navego banhada em um fardo.

Sinto-me colhida e calhada madura,
Do pó ao pé da árvore que vocifera a vida;
Ávida, nasci – nascendo – para todo sentido...
Sentindo o amor, de pé ao pé de um novo muro.

Natural, ao natural, no atual e sublime,
Sublinho e friso a cega irmã da justiça (eu);
Nem me atiço: entro fresca na alma e na carniça
Deitada calmamente em uma cama de vime.

O amor me fez de servo a mercê do seu regalo,
Diluiu-me em seu cerne e atravessou um fino gargalo;
Qualquer antes desafeto agora é reto, é sombra, é estalo.

Te aceito, traiçoeira paixão imprevista,
Amor à primeira vista (meu início);
Faço do acaso companheiro (terra à vista)...
Agora dono do meu mundo inteiro (precipício).

29 de novembro de 2017

Ótima noite


Dos antolhos

Quero um apropriado escudo Celta
Pois há lanças voando sem rumo
Almejando ébrias mentes sem prumo
Mas por acidente a mesma me acerta.

Quero o melhor dos virgens azeites
Pois nas saladas só tem abobrinhas
Na disparidade de várias cozinhas
Todos adotam a mesma receita.

Quero ver e ler o que outros registram
Sem antolhos nem cínica mordaça
Sem caroço impelido na garganta
Faz o engasgo que mata na empáfia.

Mas não só quero como também ofereço
Meus singelos poemas com terno adereço
E com pachorra e olhos modestos
Vê-se admirável o que era obsoleto.

27 de novembro de 2017

Sylvia


Para Sylvia

Abra a porta e deixe a felicidade entrar
Conte à ela toda sua vida e suas histórias
Fale de suas amarguras e vitórias
Convide-a para um chá, temos pão integral e frutas.

Que tal a deixarmos recitar um poema seu?
Fazer desse momento aquele que nunca se esqueça
Vamos Sylvia, então escolha você...
Assim, de repente, sumimos para além dessa redoma de vidro
Para longe de uma coação em sua cabeça.

Diga em voz alta, exponha o que lhe faz falta
Abram todos, todas as janelas
Se for repressão ou depressão...
Ainda não está fenecida.

Faça as pazes com a vida
Invente que escrever é sua mazela.

Coloque mais um prato na mesa
Mais lenha na lareira e ajeite a cama
A alegria quer ficar.

Sylvia, não se vá...
As letras já estão em prantos.

Todas as pessoas que foram seus sufrágios
Agora estão deitadas em posição fetal
Com olhos encharcados...

Olhando o além, com suas poesias em mãos
Vivenciando o quão a vida é fatal
Descobrindo que nem a morte é em vão.

Presente muitas vezes em meus sonhos
Com a alcunha de Victória
Sempre longa fábula de final feliz
Quimera de uma escritora que também é atriz.

Passeando em pensamento 
Sendo lida ao relento
Denotando em aforismos
O seu mundo em fartas folhas
Na cabeceira do surrealismo.

Segue mãe, imponente e linda
Colosso na exposição dos sentimentos
Por dentro estrutura abalável
Sensibilidade inimaginável.

Os rebentos amparados, longe das asas da mãe
O fim já anunciado pelos martírios de viver
Sua escolha foi infindável branca folha
Jamais entenderão o que seria seu bel-prazer.

Trinta anos são tão parcos
Para uma rainha na imortalidade
Temos que carregar os fracassos
Com a incumbência de pisá-los.

O dito “Efeito Sylvia Plath”...
Que muitos poetas carregam no cerne
Não está pertinente a perder
É somar o muito além do que há.

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Começo da noite de um dia que passei estressado desde o raiar da manhã! Ao chegar em casa tiro os sapatos e descubro que foram eles que me tiraram. 

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.