12 de fevereiro de 2018

Dueto CIX


Dueto CIX

Naquela aquietada tarde de verão ouviu-se de um cora-ção a voz de prisão.
Você é meu!, dizia ele para si mesmo, mesmo sem en-tender o que dizia.
Seria paixão doentia, doação, ação – reação ou fantasia?
Não havia espelho que respondesse. Vê-se que sozinho resolveria.
Buscando em todos os âmbitos os amores recentes, de-parou-se com a poesia.
Era a única forma de aplacar a nostalgia e transformar tristeza em alegria.
Mas já era de casa a poesia: arrumava a cama, cuidava dos cães, fazia comida, preparava a marmita e ainda trabalhava como vigia.
Até quebrava o galho na medicina: muitas vezes curou sua azia.
Sozinha sentia-se solitária, por isso pulava cercas e mu-ros, pulava o claro e o escuro, pulava corda com a vizinha e no violino pulava acordes... era assim seu dia a dia.
Dois solitários então. O dono do coração e a poesia com sua carga de melancolia.
Dois viventes famintos; dois siameses distintos; dois in-centivos à vida criando o lume em uma tarde sombria.
Duas sombras que a agonia embalava em papel bonito, colorido como a melodia
E como toda música, toda vida, com possibilidades da concluída entoada, poética, bonita, dialética... quente e fria...
Vida dizendo sim o tempo todo e eles o tempo todo ou-vindo não.

André Anlub e Rogério Camargo



Arte: Luda Lima

11 de fevereiro de 2018

Pérfido imaginário... e afins


Pérfido imaginário... e afins

Distraído com fotos espalhadas pela cama
A saudade está mais perto.
Chega e me cerca, 
aperta e acerta 
o que já seria certo no cerne...
(Querer você)

Eu saberia como agir em outras épocas,
Mesmo que falte o mesmo entusiasmo;
Seria simplesmente uma aventura,
Ainda não estava atrás da mais perfeita escultura.

Pensando bem, criarei a própria artista,
Vendo outra dela em vagos corpos;
Lógico que deixarei isso em mistério,
Disfarçarei com toda minha fúria.

No íntimo considero um adultério
Ver o sorriso dela em outras bocas,
Sentir seu cheiro em todas as roupas,
Mas pagarei para ter essa luxúria.

Voam versos de afeto tão cálidos no conforto,
No forno do sentimento; 
Voam tão meigos ou salsos,
Verdadeiros ou falsos; 
Voam se for de gosto
Ou até desgosto 
(assim querendo).

Amor latente ao peito entregue
- De frente à porta da felicidade.
O jeito que seu orbe teve de dar-lhe presente,
O laço que desenlaça na fantasia da alma.

Brilho agudo da aura que passa célere,
De horas que passam em segundos,
Em lumes no gelo de um tempo absurdo,
Reflexo da cara metade em seu próprio espelho.

Não, não houve procura!
Houve sorte e destino,
Houve física e química
No liquidificador da loucura.

Não esquento com qualquer coisa,
Habituei-me ao fogo brando; 
guardo gás para a chama forte 
sempre que houver paixão.

Não sou filósofo nem profeta,
Minha linha não é nada reta;
Sou sempre prólogo com algumas metas;
Divago calmo, afago e flerto as mentes abertas.

No amor sou carne e osso, 
cerne e fosso, 
amor implexo 
e alvo das flechas.

(afins...)
- Para matar o tempo sem correr o risco de morrer junto, 
troca-se:
• correr dirigindo na pista, às cegas e vários beijos em altas farras. 
- Por:
• comer, dividindo a pizza de acelga 
com vários queijos e alcaparras.

André Anlub

10 de fevereiro de 2018

Mancomunadas (releitura)

Copacabana hoje, sábado, 10/02/2018 - 1°dia de CARNAVAL!


Mancomunadas (releitura)

Alma, emoção e saudade,
Comunhão, como não? Amizades plenas...
Irmãs, juntas mãos – quase siamesas,
Gêmeas na doçura agridoce da ilusão.

Paranoicas e jovens; chegadas e cegadas,
Categoricamente contrariadas;
Creram no embuste da paixão extraordinária...
E na marginália leram que jazem mancomunadas.

Entende-se que o amor é o que as inspira,
Na grandeza da boa vaidade, que invade...
E no espelho um olhar é ouro que brilha,
Tentando trilhar caminhos de veracidade.

Os que amam sabem que às vezes sofrem,
Pois arromba-se o cofre forte dos anseios...
Alimentando-se nos seios que repousam,
Justificando os fins no prazer dos meios.

Surge à pródiga – há quem o diga – filhota poesia,
Nos gestos dos versos nobres que choram;
Adotada e dotada de passado pobre que sorria,

Banhada de aura divina e nada esnobe.

André Anlub

8 de fevereiro de 2018

DOCE POESIA DOCE


"Após o grande sucesso do projeto DOCE POESIA DOCE, que distribuiu gratuitamente 10 mil “poesias doces” (poesias impressas embalando balas doces) em praças, escolas, hospitais e postos de atendimento em Salvador, além de acontecer também na Flica – Festa Literária de Cachoeira, agora é a vez da antologia “Doce Poesia Doce” que vem para fechar com chave de ouro esta linda iniciativa poética."

Caso do Acaso do Amor

Belas brumas sobre águas de um charco,
Achaques dos impérios de um só Rei;
No brilho lírico do meu espírito de porco,
Oco ato da ata do fato em feito se fez.

Perdura perdida sem remos nem barco,
Parco pecado, e cria-se um grande amor;
No horror do ontem o hoje se torna infinito
E como amiga navego banhada em um fardo.

Sinto-me colhida e calhada madura,
Do pó ao pé da árvore que vocifera a vida;
Ávida, nasci – nascendo – para todo sentido...
Sentindo o amor, de pé ao pé de um novo muro.

Natural, ao natural, no atual e sublime,
Sublinho e friso a cega irmã da justiça (eu);
Nem me atiço: entro fresca na alma e na carniça
Deitada calmamente em uma cama de vime.

O amor me fez de servo a mercê do seu regalo,
Diluiu-me em seu cerne e atravessou um fino gargalo;
Qualquer antes desafeto agora é reto, é sombra, é estalo.

Te aceito, traiçoeira paixão imprevista,
Amor à primeira vista (meu início);
Faço do acaso companheiro (terra à vista)...
Agora dono do meu mundo inteiro (precipício). 

André Anlub®

7 de fevereiro de 2018

Das Loucuras (o umbigo é o coração, a mente é o bolso)


Das Loucuras (o umbigo é o coração, a mente é o bolso)

Pede para que uma multidão reflita,
E tem como resposta que ninguém se habilita.
Mas teve um sujeito que fez um esforço
E bem-intencionado pendurou um espelho no pescoço.

Disse alto em bom som aos desavisados:
- Não precisa fazer o que eu digo nem o que faço,
Contanto que eu ganhe um gordo maço
De todos os vinténs desviados.

Ah esse umbigo, comprimido entre o ser e o ter;
Como não ver o inimigo travestido de “oferecer”?
Vem... me compre, depois compre novamente um Eu mais recente...
Chega a ser indecente, lembrando que indecência também se vende.

Violência, dinheiro, ostentação são amantes de motéis...
Formam uma tríade, bebem vinho e revezam os papéis.
Entre os colchetes há o colchão que a palavra correta descansa,
Faz do anseio prisioneiro e castra a poesia numa vil aliança.

O sonho:
A vitrola toca na aldeia e tascam fogo na forte semântica;
Os Xavantes cantam em voz rouca e expandem as sínteses – coisas loucas.
Um som antigo, um sonho ambíguo, uma simétrica romântica.
A vida só em nós dois: pescas, flechas, caças, liberdade, paixão – nada poucas.

Vejo o almoço à mesa e um pudim de sobremesa para depois...
A vida bem explicadinha no picadinho com batata baroa.
Um palmito, um palpite: graviola com chá verde e gengibre...
O piano vem “pianinho” ao sotaque do carioca de Gamboa.

A vitrola se cala e o umbigo é só o que é realmente;
Alguém toca em som doce e a vaidade voa...
Afago aos ouvidos, um jazz de Archie Shepp
A chef volta à cozinha e fica a vida sozinha rindo à toa.

André Anlub®
(7/2/18)


É com você meu excesso


É com você meu excesso

É com você meu excesso
cada rima faz a lima que esculpe
cada lume é grito na ideia.

A sina e a saudade tomam forma de poeta
o blá, blá, blá de normas e métricas
falece.
Onde foi parar a catarse?
Vai catar-se, sentimento é meta
escrever é vida, variação
que bem entendida, enobrece.

No descanso ao relento
deitado na rede, invento
rabiscos, borrões
com ventos quentes me esquento
e nos frios me aqueço.

Sono profundo eu finjo
só medito.

Em letras bold
grandes e coloridas
surge seu nome
se transformando em seu rosto
em doce sorriso
e por fim em “te amo”.

André Anlub®

6 de fevereiro de 2018

O ser quase sábio


O Ser Quase Sábio

Dos três métodos para ter sabedoria
Como Confúcio dizia...
O primeiro é por reflexão
É o mais nobre
Esse para mim não existia.

O segundo é por imitação
É bem mais fácil
Mas digo não!

O terceiro é o meu jeito
É também o meu fardo
É por experiência
Com certeza o mais amargo

Sabedoria não nasce em árvore
E eu com meus poemas
Papéis, papiros e rabiscos
Bloquinhos, lápis, problemas
Tudo isso esquecido
Na imaginação de uma cena...

Fogão a lenha queimava
Era uma bela manhã
Café já pronto na mesa
O trem passava apressado
Cheiro de chá de hortelã

Um dia começa bem cedo
Pressa de uma nova jornada
A cada renovar de uma vida
Portas se abrem, saídas.

Espantam a depressão
Curam recentes feridas
Libertam almas caídas
Estende a palma da mão

Nela existe a resposta
O amor de um coração
Pode fazer sua aposta
Pois esse é o sim e o não da questão.

André Anlub®
(21/1/11)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.