13 de março de 2018

Diamantes de sangue


Diamantes de sangue

Como um presente esperado
nas mãos, aquecidas com luvas
estendidas e espalmadas
lisas e leves, como plumas.

Alcançam um inferno estrelado
abafam gemidos e gritos de dor
que, por fim, pensam que tocam o amor.
Coroam um rei e seu reinado
ouvindo o mais terrível louvor.

Diamantes vindos da África
de suor, de sal e sangue
são pedras, a saga de uma gangue
que alimentam, com a fome, sua máfia.

O povo, com humildade e inanição
comete, em si próprio, eutanásia
perde o orgulho para a ambição
não vê que de certas bocas saem falácias
e anda, por pura vontade, na contramão.

E assim, mais uma vez explorado
sem arma, comida e força
um continente, que o contente ficou atolado
tem o tamanho, a dimensão, da sua forca!

André Anlub®

12 de março de 2018

Amor enfermo


Amor enfermo

Quando por fim chegou a mim
Veio de uma forma tão ímpar
Voou alto nas nuvens, 
Uma estrela pariu
Desvendou meu enigma

Simplesmente surgiu
Fácil demonstrar o que sinto
Mais fácil ainda é fazê-lo crescer
Amor, sentimento infinito
Acabou de amadurecer

Sem meu escudo e armadura
Frágil a tua mercê
Submetido à tua postura
Ajoelhado com muito prazer

Te amo, te quero, te tudo
Sou teu e de ninguém mais
Um ser absoluto
Incompreendido jamais

Faço em ti o meu leito
O deleite do leite que alimenta
Faço porque te quero imensamente
Faço porque me aceitas.

André Anlub®

11 de março de 2018

O louco que nos basta


O louco que nos basta

A permissão tá na mão – foi concedida,
Na medida certa e esperta do desejo.
Cedo ou tarde o alarde de uma franquia...
Da seiva, da saliva, lavra daquela saída.

As resoluções em dissoluto
No luto do futuro mal resolvido.
Absolvições das ações, sonhos e quimeras...
Sem cancros com cálculos,
E culpas e desculpas e furto.

Colonização e navegação:
Ancoro o acordo que está traçado.
O traçado no boteco, a oferta no mercado – peixe namorado.
Juntos, junta-se os anéis, decora-se os papéis...
Teatros, tato e amor;
Teatros são sonhos – mas somo fiéis.
Um penhor de liberdade com chocolates e flor...
Satisfatoriamente recebo meus contos de réis.

Enfim o louco que nos basta,
Bastião dos desejos imorais;
Acordo fechado em uma praça,
Num filho nosso que você traz.

Há uma música que nos rouba uma lágrima
E a melodia em palavras soltas nos soa:
Seja feliz com cuidado em não confundir:
Quero ser alguém na vida
Com 
Viver fingindo ser outra pessoa.

André Anlub
(11/3/18)

Nossos olhos



Nossos olhos

Nossos olhos em trocas
Na prévia sem privo...

Vai os braços em direção aos contornos do corpo... toda a beleza;
Sobem, descem, revezam-se e se sentem sortudos...
E são!
Velhos tempos de conquistas, novos tempos de colheitas...
Sujas e limpas mãos!
Ontem mel de abelha, hoje doce de melado... e a colmeia ilesa.

A fruta no pé, 
Pé descalço no chão;
Céu azul como outro dia, 
Dia com a ‘cuca fria’, 
Chá quente,
Cheiro de pão.

Havia mais na procura, deixamos assim pois assim está perfeito;
Cheiros instigantes, drinks elaborados e a observação de casais à beira mar...
Enamorados.
Lua em breve ilustrará o cenário,
Deixará seu brilho nos amores,
Nas areias e no mar...
E, quiçá,
Aos nossos olhos
Incendeia. 

André Anlub
(20/2/16)

10 de março de 2018

Despedida (I – XII)


Despedida (I – XII)
(André Anlub – 2014/15)

De tudo que foi vulto, agora é muito o que é céu, e é seu, e é meu, que me cerca e cega – num todo! Caço tumulto, e acho, porém não gosto mas finjo que gosto e me enrosco (chega a ser tosco). Vejo verdade e abraço; vejo regaço, trago no laço; procuro calmaria: amizade de João; desenho de Maria (um dia foi fosco) – num nada! De tudo que foi concreto, continua sendo, continua a sede da procura; achando miragem viu-se correto, beijou o insano, do assanho foi/é primário – aquele dia foi pouco – qualquer dia é pouco; vejo o que vejo, já basta; vejo o que resta do festejo; preparo asas para a travessia, e já que não podia, acabei não sendo (foi até muito) – nu tolo! Dia cheio, dia quente, dia rente, muita gente na frieza em Paris (qu'est-ce que c'est?), fanatismo, “marquetismo”, dedo em riste; bala, vala – boletim, infeliz. É cá e lá; é diz que não diz, é borogodó balangadã, é melhor inquietar o tantan. Aqui de repente à esperança, trem bala do tempo, o sol belo na varanda, cedro puro e o verniz. O coração faz cálculos no abracadabra das horas; lubrifiquei minhas dobras, ensopei minhas válvulas; beijos soltos na terra, céu e mar, afogando bem no fundo as intolerâncias; sou aquela ave que foge da gaiola e por dentro sai cantarolando Wild Horses dos Stones, mas pelo bico sai o canto mesmo; é aquele animal em extinção, que anda na lenha, no lema, na linha; aquele “ex-tição” que ganha lume; é tal que tem tal de compaixão e com paixão põe à mesa e na sobremesa assopra as quarenta e quatro velinhas. Somos um só, somos complementos: imaginação e momento, arco, flecha e arqueiro; temos um amigo: o mundo; temos o reduto: a escrita; o vagabundo passa ser somente vago, e o hábito de conhecer a si mesmo é corriqueiro. O mundo canta ao toque da bateria, entra o ritmo em arritmia, então levanto e danço: “Mercy” de Dave Mathews; os pés se agitam e a mão trabalha no bloquinho: tinta, frase, crase, pinta – é a perturbadora calmaria, você quer que ria, talvez chore; quer que implore, obrigue: algo seja feito (mesmo de fininho). “Prefiro Toddy ao tédio”; é punk, só que (infelizmente) não; é a tal perseguição do silêncio (stalker), que vem, silencia – vai, silencia; lá ao longe: avião. O mundo se cala ao toque do botão, fones de ouvido descansam: caneta freneticamente eletrizada, o papel é namorado, e a amante é “inspiração”: caneta é “bi”, é tri, é tetra, é triatleta; ligo “Mercy” de novo (misericórdia), Dave é unanimidade. “Bucolicozidade” – O sol parou de lascar o beijo quente no asfalto, fim de tarde, mais um dia; ônibus passa, crianças voltam a brincar de bola, roupas voam em varais e levam o cheiro do café e pão frescos; pessoas passam com sacolas e o bucólico torna-se culminante; viajo no espaço por um instante, meu corpo suado – estafado – planeado quase que atravessa o país; o cheiro da minha casa penetra o nariz: fina flor que invento para a comodidade. As pernas hoje pediram longa rua, queriam andar, ver novos caminhos; sons se repetem, horas ecoam sozinhas, o tempo estaciona e me açoita nas nádegas; meus olhos buscam novos rostos, tristes ou alegres, mas novos. Amanhã tomarei coragem e irei à luta, sair novamente, quero rua. A perpendicularidade do raciocínio chega a desafiar a gravidade; nem sei a gravidade desse desafio, prefiro distrair minhas ideias, escrever; amanhã é outro dia, nova sexta-feira, e o tempo vai ter que mexer e me mexer. Foi dada a pausa no ponteiro dos segundos, é aquela noção de congelamento; senti-me voando num céu de brigadeiro, vendo formigas da cidade grande. O alerta foi dado ao público, nisso, nessa, nossa, “bola”; o amor pode estar parco, e não é desesperança, é realidade. Então façamos assim: mais afeto/abancar coragem, engraxar engrenagens, largar a flecha e o arco, pegar os rumos, pegar os remos e flores e abarcar e embarcar nos amores: “de quebra”, no majestoso barco. Tiraram a pausa do ponteiro, acabaram com o imbróglio, vou por meus pés na estrada. (a vida é curta quando é corte; a vida é longa quando é logo). Sábado de sol, de sola de sapato sendo gasta pelos amigos que passam e se vão, ao longo da rua. Sábado de poesia; acordei escrevendo, depois li um pouco; agora escrevo novamente; voltando algumas horas no tempo: essa noite fez um frio de inverno, acordei na madrugada em posição fetal e com uma estalactite no nariz. “Eta ferro”, me meti no frio da Serra; frio que me serra os ossos e quase gela meu sangue. Foi por um triz. Voltando ao tempo atual: almoço pronto, deixo meu “boa tarde” ao moço que passa (mais solas gastas); barulho de maquita cortando algo completa o som que ouço aqui: qual música? hoje deixarei à imaginação de quem lê. Indo adiante no tempo: em casa com os cães, meu salmão pronto, o mesmo som de agora, sol queimando a cachola, e ao tédio meu afronto. Preciso só imaginar e já sinto o cheiro de café, aquele fresco – novo – aquele meu; misturando-se ao perfume L’occitan que estou usando; vejo o céu limpo, ouço os cães distantes e os cães aqui também latem. Preciso só imaginar e já sinto o beijo... Ah, o som é Joni Mitchell, do disco Blue. Subiu a colina íngreme, audaz cabrito montês, fez seu filme na bravura, desenhou nas pedras a astúcia, onde passou com os seus fortes cascos. Penso na vida assim: às vezes desafios sem nexo que buscamos por aventura, por comodidades, por boemias; às vezes desafios concisos, extremamente necessários. A cena se fez diante dos meus olhos, talvez na importância da minha história; o homem atrás de sua glória, fugindo dos terrenos fiascos. um mortal louco subiu a montanha mais alta; talvez para outros olhos seja pouco, talvez para outros poucos sejam olhos; A cena se desfez em um instante com o toque do telefone; agora a questão já é outra, pintar de rosa o elefante. Desceu a montanha mais alta, a imaginação passageira; de dia a luz não faz falta, de noite trouxe à luz a parteira. A vida é assim: de repente a batucada do Olodum; de repete um “pam” e tchau. Foi nesse pensamento antigo que começou a abraçar excessos, nessa sensação de trem expresso que já vai chegar, já está chegando. Usava como sombras a boemia, nostalgia e a arruaça. Ontem ele era um pouco doido, hoje continua sendo, apenas segue fazendo um pouco menos de alvoroço. Foi cachorro louco, daqueles que despontam nas esquinas, com alma de menino e pensamento torto. Hoje ele é mais ponderado, muito mais “na dele”; hoje segue na trilha de trem Maria Fumaça, sentindo na alma e na pele o que deixou no passado. A vida é assim: de repente acaba o repente, acaba o velho e o novo, acaba a sobra e acaba o ouro. É nesse estouro que se vai um corpo: casca de ovo no galinheiro de um Deus. Cobiçando a luz do sol que passou pela porta e me deu um sorriso. Fui correr atrás, fui ao encontro do calor; desci pela rua feito a bola da pelada de domingo. E a chuva?  também amo, clamo e quero; gosto da água batendo no corpo e no rosto; gosto do gosto, do cheiro e do aspecto. Vai deixar lembrança; vai deixar vontade de voltar, curto o zelo; assim quem sabe eu volto em outro tempo (há esperança), no lamento em saudade, no aumento das panças e cair dos cabelos. Pego novamente minha espada (sempre fui eclético), sempre tive sorte; esqueço minha lança, deixo-a na estrada, mas só por empréstimo, deixo com São Jorge. (corpo e café – torrados e moídos) Hoje me sinto dentro da melodia “Rio quarenta graus”; mas quarenta só se for na sombra. A aura parece que quer deixar a carcaça e se perder na atmosfera; o sossego berra, a quietude é onipresente, mas “péra”... ouço o tilintar dos dentes, como se fossem lâminas de aço, saboreio a pera e o sumo resseca meus lábios. Meu lema para sair da lama é sorvete de lima-limão e um chá verde gelado. Estão bebendo cafés quando esfriam, vi gente saindo pela rua, pelado. Agora a aura quer ficar no corpo, um bom banho gelado; ao alto as audaciosas asas de Ícaro, há tempos derretidas, agora aparecem em nuvens, desenhadas; vejo o futuro, não vejo sempre muito boa coisa; há decepção, sempre há; há ressurreição, tem que haver; há de aparecer alguma ligeira solução nas poesias sinceras despontadas. Sai da melodia, penetrei no sigilo, já são bem mais de meio dia; entrei entre as almofadas e sorri para a nostalgia. Quando busca a inovação encontra o aconchego, não tem medo, e o mergulho é de cabeça; na sinceridade da devoção pelas letras, na fé na escrita, na aflição esquecida, morta, afogada na tinta, mergulha... e de cabeça. Solve a arte, respira até pirar, come a arte, sente, brinca, briga e se esbalda; balde de água fria, quando ele quer que seja; balde de água quente, quando ele quer que ferva. Na construção das linhas, ele sonha... é um gigante em solo de gigantes (é um ser igual). Nada é pequeno ou menos, mas ele é gigantesco; nada é estranho no pensamento sereno (a mente é sã). Criou algo mais do que o passo à frente, excedeu-se, ousou – usou e abusou; chegou a ser inconsequente... até achou que passou rente do perfeito (foi bem feito), pois assim tentará mais e mais, e irá tentar sempre; e aquele gigante, aquele ser igual? foi para terras inóspitas e foi jogar novas sementes, agarrar novidades e desbravar castos campos. E aquele cozinheiro? (sonhou e se levou) cozinhou pratos raros e fabricou azeites, adornou a mesa com belos enfeites, chamou parentes, chamou amigos, encarou os indigestos... assim tornou-se quase um guerreiro, escritor, amigo, artista, rico e mendigo, cozinheiro de banquetes, ritos e festas... tornou-se gente e verdadeiro.

Vivendo no meu Norte






Vivendo no meu Norte

Ouvindo Dave Mathews em som baixo e profundo
Através da pequena janela observo o futuro
No meu bloco boto em ação a caneta na mão
E tirados de meus túmulos traço trechos em aliteração.

Projeto na mente assim, meio que oblíquo,
Como será a ilusão de agora o verdadeiro de amanhã.
Sinto um gosto raro quando fecho os olhos e mordo a maça...
A língua se agita em transe e sorrir em paz me obrigo.

Lá embaixo águas passam; aqui em cima são pássaros;
Construo um muro entre o amor e o calafrio,
Jazo equilibrado em cima em sonhos raros.
E me cobro da preferência de lado nesse desafio.

Na ponta dos pincéis, das canetas, dos dedos, dos segredos...
Está o meu mundo; está minha crença, desapegos e brinquedos.
O café, o até, fico olhando, esperando e concluo
Que está quase tudo pronto e no ponto e pontuo.

É loucura, mas pertinente ao que o imprevisto me aguarda;
Na retaguarda a muralha que não deixei de mão – é muito forte.
Abaixo a guarda e entrego-me, peço arrego – tiro a farda.
Sei que serão para sempre: minha ida, minha volta, minha sorte e meu norte.

André Anlub®
(10/3/18)

9 de março de 2018

O Sertão vai virar Céu


O Sertão vai virar Céu

Com os pés na terra ele se sente em casa
Enxada na mão, sol como irmão
Na fome, sede, cedo e na raça
Dá bom dia pra cactos, filho do sertão.

Na luz do lampião lê histórias de Lampião
No chão rachado, passado e presente na guerra
Sabedoria lhe dizendo, sempre alcança quem espera
Uma massa de gente pobre que nem sempre luta em vão.

Enquanto descansa pouco, pouco ganha pão
Alguns calangos o observam, outros vão pro fogo
Assim se vai levando dia sim sem dia não
Não se pode dar ao luxo de perder esse jogo.

Nessa vida em aberto, todos os dias são incertos
No milho na cana, na cana e rapadura
Muitos pés descalços na chuva de insetos
Tendo a força, garra e solidão como armadura.

André Anlub®

8 de março de 2018

Palavras Sem Nexo


Palavras Sem Nexo

Inacreditáveis sorrisos banguelas
Discriminado pela aura da alma
Sol nascente na penumbra da noite
Gato branco na neve se acalma
Um grito mudo mais alto no fundo do poço
Um esboço da mais feia obra prima
Uma rima para recitar no calabouço
O osso na boca do cão que fascina
Na esquina a água escorrendo na latrina
Uma briga que envolve um grande colosso
Insuportáveis dias de manhãs escuras
Absurdas e volumosas nuvens parecendo algodão
O "não" como palavra de ordem nas ruas
Nuas, mulheres desfilam em vão
Os pigmentos das tintas que pintam o mundo
São misturados por Deuses, doentes, imundos e sombrios
Sadios ficam os desavisados
Armados até os dentes não sentem calafrios
O universo se acaba com o verso, com a história
A humanidade vira uma montanha de cinzas
As palavras sem nexo que trago nessas rimas
Vão ser enterradas, erradas, com a nossa memória.


André Anlub

Dos desvelos (como som melancólico que segue invadindo) 

Até coloquem palavras em minha boca... Mas que nasçam poesias.
Abrasador ao íntimo – sem dor – toca e preenche e compreende ao completo;
Na mais alta altitude que o anseio ressoa, e é tênue e desconcertante.

Toda uma terra estremece em todo o corpo que balança
E merece o céu no sol e a luz da lua na luz do teto do tato e do tudo.

Namoro e sinto e choro e aprovo e comprovo o sopro e aguardo, e você.
Mas é mais mar que observo e sou servo ao todo... E amo.

Vem, vem como variante, pé e pé, paz e paixão, marcando no solo – selo;
Como ao chão e ao sentimento é um sucinto sinal sagrado, afetuoso,
Pois não censura, nem corta nem cura, o soco solitário do colosso:
O banho ao calor em chamas, supina alma à sua presença... E amo.

Solos secos castigados, que fenderam em frangalhos de raios antigos...
Ficam no aguardo das águas em rios em milagres em lágrimas em circo em cio...
E vieram e vigeram e ficaram e fincaram... E amo.

André Anlub

Das loucuras (línguas largas)


Das loucuras (línguas largas)

Pode-se sentir o interior em fogo, o gosto na língua,
A saliva apimentada em um descontrole notório.
Claro, no sol nascente; escuro, como todo o tempo...
Descontente ou contente se desembrulha o imbróglio.

Nos sonhos surgem imagens e amores de momentos clichês...
Seriam sãos tais sonhos? Seria só tal assombramento?
Vento ao vento, as velas hasteadas e o barco rumo ao intento,
A maré ajuda sempre quem incorporou o espírito de navegador Chinês.

Misteriosamente vê-se um vazio que se preenche:
Implosão, pirotecnia, autoimposição, arrebatamento...
Mente serena. 

Mostrou a língua para o breu cruel; deu respostas à mente – à frente;
Coisas que levam a exaustão: compreensão e arrependimento...
Mas vale a pena.

Pode-se expandir o que antes era uma inconcebível fresta,
Na absolvição dos pecados e na aceitação de um castigo...
No abrigo dos loucos o andar calmo de quem se aceita;
Na receita do caminho velho, o tempero novo com uma nova aresta.

André Anlub
(31/7/17)

Bloquinho


Bloquinho

Não contive o anseio de me molhar na forte chuva que de repente inundou a rua, a calçada, a alma minha e até a lua. Parte era asfalto, parte lama e parte de mim que dança. Banho que purifica, deságua, desaparecendo os maus fluidos e elevando minha aura ao patamar que almejo. Faço meu desejo por entre sonhos multicoloridos com parentes e amigos queridos, que se foram e agora me dão as mãos e voam comigo.
Em sintonia com eus, céu, terra e paz interior, caminho em direção a árvore do outro lado rua, na antiga praça que reunimos sorrisos e aprendizados. Procuro o banco logo abaixo dela e sento. Dentro de mim a sensação é de pairar num alto e velho monte. Consigo ver as melhores paisagens das minhas recordações. Choro. Como não poderia ser diferente abro seu bloquinho de poesias... Sei todas de cor, na verdade nem precisaria lê-lo para recitá-las ao vento, como um louvor. Ainda sinto muita nostalgia, e essa saudade esfola e aperta o peito como um torno gigante, mas mesmo assim eu anseio.

Anseio nos ser sempre. Porque tudo ainda vive em mim.
E como de praxe, mais uma vez, choro.

André Anlub e Bia Cunha

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.