19 de abril de 2018

Das Loucuras (ama as borboletas, mas mata as lagartas)


Das Loucuras (ama as borboletas, mas mata as lagartas)

De repente tal coisa não seja incompreensível,
Apenas sua capacidade de cognição não a alcance.
Doa os joelhos, pois dor de cotovelo e tão démodé...
Crer para ver, ver e crer e acreditar que na cartola há coelho...
É saber que tudo é cru e verossímil, inclusive esse lance.

Adaptar textos, ouvir vozes,
Gritar em seitas, abrir exceções...
Não fazem nascer coerência,
Tampouco te redime às transgressões.

O amor é tão simples, belo e fulgente,
E não cabe em oportunas moldagens;
A dor que dói em outro e na gente
Faz parte da vida e suas engrenagens...

Assim, a luta deve ser respeitada e entendida,
As mãos devem ser estendidas – não às palmadas...
Mas para oferecer abrigo e coragem,
Para ser irmã, mãe, amiga.

Tudo bem e tudo firmeza em suas majestades,
Já vou-me tarde, vomitei no carpete.
Lá vem bronca – Bronco Billy no oeste...
Eastwood está velho, mas já deu suas cacetadas.

Sempre fui caçador;
Foi para isso que me presto
E é isso que me resta,
Agora chegando ao patamar da vida
Com as soluções nas mãos,
A visão ligeiramente cega
E tudo corretamente bem resolvido.
Morrerei lapidando meus olhos 
Olhos de um pretenso poeta;
Visão de um “auto absolvido” 
Miragem que erra e acerta*. 

*Fragmento modificado do poema do autor “Soi-disant”

André Anlub®
(19/4/18)


Patativa do Assaré (Fortaleza/CE)

18 de abril de 2018

Página virada (dueto)


Página virada (dueto)

Quero ter coração de anjo novo
Que voa por entre velhos amores
Ouvindo canções de remotas lembranças
Pousando em outros tempos de esperança.

Singelos sinos me recebem
Com o badalar das seis horas
Alguma igreja de outrora
Em uma remota cidadezinha bem velha.

Cansei, quero mudar, ser melhor...
e bem rápido, se possível...já
pois cansei de viver só.

Ser feliz...ando a procura de um amor
sem precisar tanto sofrer, me apaixonar
se habilite alguém...por favor!

Uma pessoa sincera e humilde
que tenha bastante compaixão
Muita fé que o fim é só o inicio
E infinito de amor no coração

E, pensando sempre positivo
sei que um amor vou conseguir
não quero pensar no antigo
e essa mágoa, já é hora de partir! 


André Anlub e Val D Oliveira

15 de abril de 2018

Das Loucuras (telefone em tele encéfalo, celofane no céu de afã de Afrânio)


Das Loucuras (telefone em tele encéfalo, celofane no céu de afã de Afrânio)

Acerca de cerca: sobre esse assunto assenso:
Por um bom senso vou pôr embaixo algum tipo de gramado.
Piso sim – é sintético; o barulho ao ouvido e o piso resolvido...
Penso firme na ideia de peso, pressupondo que peco no passo...
Vou deixar como está, estala-me, e deixo a deixa: acomodado. 

Pensando alto, pode-se se ver muito acima do cimento...
Das montanhas mais altas retiro meu sustento – escrita.
Pressinto uma tempestade leve e refrescante – ao vento.
São tempos obtusos, sem frutos – estéreis e laqueadura;
É era desconexa, já era o anexo – obturação em dentadura.

Acerca de estripulias simples e sem dor:
Dois ovos cozidos com batata doce,
Inhame, batata baroa, algumas pitadas de pimenta malagueta,
Duas dentadas no gengibre – só aguentará por cinco dias;
Cai enfermo, mas forte;  nada de morte ao gosto do tambor...
Não há nada demais em usar a termogenia na criação de melodias.

Pensando baixo, deve-se olhar para si próprio – à própria brenha...
Todo esse ópio é óbvio se tratar do hospício em manutenção.
Vai inspiração em cadeia – são cadeiras de rodas voadoras...
Vem superação em cadeiras de balanço para servir de lenha.

Há de se ter fogo para a fogueira do luau;
Forjam-se espadas e escudos – enterram tudo à inocência;
Conta-se com a presença de deuses, mendigos e do sobrenatural.
Nascem belas árvores na ebonite, com cores, odores, força e tal...
Muito acima – ao centro – abaixo – da incoerência.

André Anlub®
(15/4/18)

14 de abril de 2018

O poema de T.S. Eliot


O poema de T.S. Eliot 
“A Terra Desolada” 
tradução de Ivan Junqueira

O enterro dos mortos

Abril é o mais cruel dos meses, germina 
Lilases da terra morta, mistura 
Memória e desejo, aviva 
Agônicas raízes com a chuva da primavera. 
O inverno nos agasalhava, envolvendo 
A terra em neve deslembrada, nutrindo 
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida. 
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee 
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos 
E ao sol caminhamos pelas aléias de Hofgarten, 
Tomamos café, e por uma hora conversamos. 
Big gar keine Russin, stamm' aus Litauen, echt deutsch. 
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque, 
Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó. 
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria, 
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos. 
Nas montanhas, lá, onde livre te sentes. 
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno. 
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham 
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem, 
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces 
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol, 
E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o canto dos grilos, 
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas 
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate. 
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate), 
E vou mostrar-te algo distinto 
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece 
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando; 
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó. 
Frisch weht er Wind 
Der Heimat zu 
Mein Irisch Kind, 
Wo weilest du? 
''Um ano faz agora que os primeiros jacintos me deste; 
Chamavam-me a menina dos jacintos." 
- Mas ao voltarmos, tarde, do Jardim dos Jacintos, 
Teus braços cheios de jacintos e teus cabelos úmidos, não pude 
Falar, e meus olhos se enevoaram, eu não sabia 
Se vivo ou morto estava, e tudo ignorava 
Perplexo ante o coração da luz, o silêncio. 
Oed' und leer das Meer. 
Madame Sosostris, célebre vidente, 
Contraiu incurável resfriado; ainda assim, 
É conhecida como a mulher mais sábia da Europa, 
Com seu trêfego baralho. Esta aqui, disse ela, 
É tua carta, a do Marinheiro Fenício Afogado. 
(Estas são as pérolas que foram seus olhos. Olha!) 
Eis aqui Beladona, a Madona dos Rochedos, 
A Senhora das Situações. 
Aqui está o homem dos três bastões, e aqui a Roda da Fortuna, 
E aqui se vê o mercador zarolho, e esta carta, 
Que em branco vês, é algo que ele às costas leva, 
Mas que a mim proibiram-me de ver. Não acho 
O Enforcado. Receia morte por água. 
Vejo multidões que em círculos perambulam. 
Obrigada. Se encontrares, querido, a Senhora Equitone, 
Diz-lhe que eu mesma lhe entrego o horóscopo: 
Todo o cuidado é pouco nestes dias. 
Cidade irreal, 
Sob a fulva neblina de uma aurora de inverno, 
Fluía a multidão pela Ponte de Londres, eram tantos, 
Jamais pensei que a morte a tantos destruíra. 
Breves e entrecortados, os suspiros exalavam, 
E cada homem fincava o olhar adiante de seus pés. 
Galgava a colina e percorria a King William Street, 
Até onde Saint Mary Woolnoth marcava as horas 
Com um dobre surdo ao fim da nona badalada. 
Vi alguém que conhecia, e o fiz parar, aos gritos: "Stetson, 
Tu que estiveste comigo nas galeras de Mylae! 
O cadáver que plantaste ano passado em teu jardim 
Já começou a brotar? Dará flores este ano? 
Ou foi a imprevista geada que o perturbou em seu leito? 
Conserva o Cão à distância, esse amigo do homem, 
Ou ele virá com suas unhas outra vez desenterrá-lo! 
Tu! Hypocrite lecteur! - mon semblable -, mon frère

Trecho de ''Terra Desolada'', publicado pela Editora Nova Fronteira em ''T.S. Eliot - Poesia''.

13 de abril de 2018

Líquido sagrado de Baco


Líquido sagrado de Baco

Rigoroso esse tempo bom na tela do céu azul,
Enorme pingo quente dourado, 
Mas amargurado ele caminha sem Norte (também sem Sul).

Só esperou o cair da noite e foi-se frenético abraçar a boemia:
Nas mesas bambas dos piores bares sentiu-se bem, satisfeito,
Era aquilo ali (Alá, a luz, além) que ele queria.

Com as paredes descascadas e encardidas, 
Banheiros de intolerável cheiro ruim;
A meia luz...
A farra no garrafão de vinho barato que esvazia:
Todo feio se faz tolerável;
O detestável é a alegoria da vida.

Com três palitos de dente se faz um xadrez psicológico,
De deixar Freud confuso e Confúcio fã de Pink Floyd.

O que eu faria em uma atmosfera assim? 
Além do porre corriqueiro:
De janeiro e meu aniversário;
De ver estranhos saindo do armário;
De tudo que é falso tornar-se verdadeiro.
O que eu faria?

Largaria o último copo e voltaria ao primeiro,
Desde onde a mente vai demudando,
O tom de voz aumenta, palavrão atroz vira salmo,
E enterra-se qualquer tormenta.

O que eu faria?
Vou voando – bem calmo ao terreno estrangeiro.
A insanidade das horas perdidas no líquido sagrado de Baco:
Com uma mão vai afundando o barco
E com a outra fornece o salva-vidas.

André Anlub®
(15/5/13)

Fruto franco


Fruto franco

Estreia uma nova forma de amar
na verdade, não tão nova assim.
Vivendo um dia de cada vez
sendo verdadeiro e oportuno.
Renovando, a cada sol nascer
Inovando, a cada breu noturno.

Na tez, uma coloração, degrade do arrebol
ilumina por vez o ser sincero, dedicado.

Alma é força e lume
sentimento ao cume
fez da idade, moça.

Com o tempo torna-se rotina
surge, na surdina, o sentimento maior.
Ao som de grandes esperanças (high hopes)
pesando na balança
mudança, procura e sina.

André Anlub®
(13/04/13)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.