30 de outubro de 2014

Com o teu dom de escrever




Com o teu dom de escrever
tens um pacto:
- necessidade de expor sentimentos
vomitar teus momentos
teus tons, tuas lágrimas e sinas
sair da rotina de um ser intacto.

André Anlub®

O Sertão vai virar Céu



O Sertão vai virar Céu
(André Anlub - 13/3/11)

Com os pés na terra ele se sente em casa,
Enxada na mão, sol como irmão.

Na fome, sede, cedo e na raça,
Dá bom dia pra cactos - filho do sertão.

Na luz do lampião lê histórias de Lampião.
No chão rachado, passado e presente na guerra.

Sabedoria lhe dizendo: sempre alcança quem espera.
Massa de gente pobre que nem sempre luta em vão.

Enquanto descansa pouco, pouco ganha pão.
Alguns calangos o observam - outros vão para o fogo.

Assim se vai levando, dia sim sem dia não...
Não se pode dar ao luxo de perder esse jogo.

Nessa vida em aberto, todos os dias são incertos,
No milho na cana, na cana ardente e rapadura.

Muitos pés descalços na chuva de insetos,
Tendo a garra, fé e solidão como armaduras.

29 de outubro de 2014

Congelando os laços




Congelando os laços

Tu estavas bela na mente,
Com aura brilhante dourada;
Emanavas energia tão quente
Que aquecias minha alma acamada.

Destilavas o amor no teu sumo,
O perigo da peçonha na veia
Que desvirtua o coração em teu rumo,
Pondo chama na paixão que incendeia.

Perdido, me entrego em teus braços
Na cadencia apimento a canção
Expondo e congelamos os laços.

Finalmente os anseios em união,
Do sonho – do céu – da realidade,
No corriqueiro eterno em lealdade.

André Anlub®
(26/03/13)

Venha Ler André Anlub

Encontra-se num orbe longínquo,
Meu ego prófugo e inútil,
Degredado pela poesia,
Encalçado pela humildade,
Pois sendo maior de idade,
Bateu em retirada
Ferido e cansado da vida. 

André Anlub

28 de outubro de 2014

Acalmando a alma III

A escolha


A escolha

Milhões de besouros deslumbrados aos brados,
Nutridos e alienados;
Som hipnotizante, atemporal e famigerado.
Fotos estampadas em revistas,
Jornais e memórias,
Fazem da nossa história um pouco mais abençoada.

Mas tudo muda ao toque do botão...
Muda ou fala na opção escolhida,
Rompe-se a bolha e abre-se o inventário...

Por cada um, por cada muitos...

Não quero mais besouros pela sala,
Quero ouvir pedras rolando descendo o calvário.

André Anlub®
(20/10/14)

27 de outubro de 2014

Acalmando a alma II

A cada passo um ar mais puro

Aquele que se culpa está apenas desgastando-se num sofrimento estéril e desnecessário. A emocionalização da falha é mais grave e contundente do que a própria falha. No sentimento de culpa aprisiona-se o homem ao próprio erro, não se dando permissão de prosseguir, corrigindo-se e sanando.

Diante da situação embaraçosa, o que ele desejou mesmo era sumir em corpo inteiro, desaparecer no espaço, desintegrar-se. Como isso não é possível, aguentou firme o vexame, assumindo a responsabilidade que lhe cabia. Após a “tragédia”, quando as coisas tornaram a encaixar-se, sentiu-se melhor do que nunca. Em paz consigo, entendeu que crescera mais um pouco em compreensão da vida e de nossas fraquezas tão humanas.

Muitas vezes o tom de nossa voz revela nosso estado de espírito. Aspereza, irritação tornam a voz cheia de felpas pontiagudas. A calma, a brandura adoçam o tom da voz, tornando-a macia. A ansiedade descontrola o tom de voz, que se torna apressado e desconexo, enquanto a alegria faz vibrar em sons musicais qualquer timbre. A tristeza emurchece e silencia o mais inquieto tagarela. Estados de espírito, que em tudo se revelam.

Decorar meia dúzia de conceitos mais ou menos coerentes não é inteligência. Aplicar no dia a dia informações colhidas do externo nada tem a ver com sabedoria. Pensamentança é só agitação mental a revolver sempre os mesmos pontos. O conhecimento vem de dentro, o externo ó nos oferece velhos chavões que não valem nada. De dentro, com olhos e atenção voltados para nós, nasce o novo em descobertas que um dia nos tornarão alguém original, único.

(Hayede)

25 de outubro de 2014

Cálice, um rabisco e muito som!


Cálice
Composição: Chico Buarque e Gilberto Gil
//
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta
De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...

Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançar
Um grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado
Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...

De muito gorda
A porca já não anda
(Cálice!)
De muito usada
A faca já não corta
Como é difícil
Pai, abrir a porta
(Cálice!)
Essa palavra
Presa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...

Talvez o mundo
Não seja pequeno
Nem seja a vida
Um fato consumado
Quero inventar
O meu próprio pecado
Quero morrer
Do meu próprio veneno
Quero perder de vez
Tua cabeça
Minha cabeça
Perder teu juízo
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
Me embriagar
Até que alguém me esqueça

24 de outubro de 2014

Para sua consciência:




A histeria de hoje, muito compenetrada no seu papel de para sempre por algumas horas, rasgou tudo que a histeria de ontem escreveu para se lembrar no dia seguinte.


Tinha uns ares em que passarinho algum ousava bater asas. Quando muito, eram ares que permitiam aos passarinhos andar de cabeça baixa, olhando para o chão e contando as pedras do calçamento.


Não sabia rir. Mas tinha uma prima muito risonha. Pediu que lhe ensinasse.
- Faz assim, ó.
Não deu certo.
- Então faz assim.
Também não deu certo.
- Só sei mais um jeito. Se não der, desisto.
Claro que não deu. Voltou para casa pensando em quem na família também era risonho como a prima.


Dentro da esperança mora uma alucinação que às vezes faz um bem muito grande e outras vezes é apenas uma alucinação.


- Não tem nada pra dizer.
- Mas fala como se tivesse.
- Não é o que todo mundo faz?


De alguma forma a forma chegou ao conteúdo e apresentou uma penca de reivindicações. O conteúdo se conteve, teve tudo para se irritar mas não. Como cabe a quem sabe o que lhe cabe, expôs de volta suas razões e motivos. A forma ameaçou fazer as malas. O conteúdo pulou para dentro delas.


As coisas começaram a ficar esquisitas quando Jobiléu trouxe Maquidão para casa e disse que o estranho ia morar com eles.
- Mas é um estranho, Jobiléu! O que deu eu você?!
- Não para mim – respondeu ele passando a mão cheia de dedos pelos pelos do peito trabalhado de Maquidão.


Perdeu os poucos amigos que tinha num jogo de cartas. Apostou todos eles na certeza de que ganharia, tinha quatro reis na mão. Quando aquele sujeito asqueroso, com seu bigodinho de Clark Gable baixou os quatro ases na mesa, ele não quis acreditar. Não lhe restava mais nenhum amigo para apostar. Levantou desolado e foi beber no bar. Ninguém notou sua presença no balcão.


- Até os teus defeitos sabem que as tuas qualidades são maravilhosas.
- Ah, mas eles sempre enxergaram torto, não vai atrás deles!


Vinha caminhando distraído e, de repente, já não era mais a calçada, era uma nuvem. “Parece a ideia idiota americana de haver morrido”, pensou, lembrando de muitos filmes tolos em que isso ocorreu. Então estacou. “E se isso aqui for um daqueles filmes tolos? Pior ainda: e se um daqueles filmes tolos estivesse descrevendo isso aqui?” Começou a pisar com mais força naquele chão de nuvens. Mas ele não afundava nem um pouco.


Quis marcar encontro consigo mesmo, precisava muito dizer-se umas verdades e esclarecer pontos obscuros, mas não conseguiu se encontrar para isso, Os recados que marcou retornaram. O correio carimbou endereço inexistente e o servidor de email também. O que é que eu faço agora, perguntou a si mesmo. E continuava não respondendo.


ALGUNS MINICONTOS

O tipo de pessoa chegou todo arrogante para a espécie de pessoa e exigiu passagem. A espécie de pessoa mirou-o de alto abaixo e mandou que fosse falar com o tipo de gente.


- Ele sempre diz o que pensa!
- Pena que nem sempre pensa no que diz...


Se fosse verdade o que estavam dizendo de Atulínia, ele simplesmente não conhecia a pessoa com quem estava vivendo há mais de quarenta anos. Então, claro que não podia ser verdade o que estavam dizendo de Atulínia. Ou podia?


Sem perder tempo, correu a não fazer nada antes que tivesse que fazer alguma coisa.


Cuidados extras levaram Matubina a não pisar onde devia, não falar o que devia, não fazer o que devia. Cuidados extras levaram Matubina a ter muito cuidado com cuidados extras.


Quem quisesse ir junto tinha que pedir tanta licença, mas tanta, que acabava preferindo ir separado.


Ficando com a impressão quando a impressão podia ter ido embora, Falitto ocupou com ela um espaço que a impressão nenhuma gostaria de ocupar. Ficaram a impressão e a impressão nenhuma insatisfeitas enquanto Falitto contava a amigos que não o ouviam a impressão que lhe ficara.

(Rogério Camargo)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.