12 de março de 2016
Quatro rabiscos para ler no banheiro:
Quatro rabiscos para ler no banheiro:
I
Imoral
Dos fascínios de uma única pura sorte,
Entrando em uma farta imensidão.
Preparando-me para o seu ego absoluto:
- estou chegando maior que o mundo
E menor que a palma de sua mão.
Quero ser dono da sua alma, do seu coração;
Um pouco do absurdo de nunca ter tido uma vida pura.
Da pureza que lhe é rara
E na redundância de minhas palavras,
Friso-as bem, antes que emudeço.
Suga tudo que é de bom de tudo
E do seu próprio sangue, mesmo que ralo:
- Assim que é falha, assim que é fogo
Pois assim na palha, tudo é um jogo.
(incendiou a sua casta)
Caminhada perdida e alma penada,
Feliz, de encontro ao avesso.
Nunca há derrota, pois de certo a merece.
Em todos os seus pecados, padece.
(Imoral, impura, inquieta, imortal)
Uma vida de lama se perpetua,
No desdém que sua chama queima,
Colecionando paixões às escuras...
(nomes não interessam a ninguém)
A religião é descartável?
Ou um deus só para chamar de pai?
Órfão já na barriga magra,
Aquela raiva que sempre lhe trai.
II
Poema futuro
Um homem joga o seu jogo mais brilhante,
Se for conciso é um tom preciso e crucial.
Sendo o mais temido caçador (poeta e amante)
Que com unha faz tatuagem da alcunha de imortal.
Até o momento ninguém aqui teve tanta sorte,
O clima sempre bom e o vento às vezes forte.
O solo produtivo e ao longe os tambores
Rufam os amores de um hoje acontecido:
- e vão saudades e ficam sonhos
- e vão estranhos num tempo amigo.
A lua saiu com frio e tão pálida,
Pensamos que estivesse acamada.
Veio a nós pelo mar e tremendo
Até chegar à praia...
E assim deu-se o beijo.
A lua olha por todos os lados,
Chora por quaisquer dores,
Explica a atual loucura de não mais existir o pecado
E nascer cada vez mais pecadores.
III
Concubino erudito
Já foi de encontro,
Com as duas mãos aos ombros,
Ensaiando um inolvidável beijo,
Demonstrando assim ser o mais original.
Antes adormecido Vesúvio.
Conquistador caro
De curtas palavras afetuosas;
Minucioso no andar e no faro,
Pretensão volúvel.
E o mal...
Serpente que persevera,
Sempre há tempo que abunda.
O veneno que fica à pampa
Na sombra e na sobra
Do mais novo ovo de cobra.
Desequilíbrio patológico
Espalhando suas crias
Nas cidades, nos bairros,
Nas ruas e vias.
E o bem...
Conquistador irrestrito,
Viu-se na acerba enrascada,
Preso ao amor puro e adequado,
Afogado em águas rasas...
Tornou-se de gosto
Um concubino erudito.
IV
Concubino erudito (revanche)
Chegou manso,
Com aquele papo de ouro:
- conquista, envolve e absorve.
Se não deu, dá um tempo e tenta de novo,
Naquele clima fresco:
- aquele vinho bom, lareira acesa,
Sentimento em “blow”.
Se já há resposta, atividade!
Com responsabilidade faça de jeito
E de bom-tom.
Vejo o futuro:
- a mulher grávida caminhando na praia,
Saia rodada e imensa vontade
De estar numa festa cálida.
(pagã)
Para quebrar a leitura
Aumento essa poesia fútil,
Dispensável, absurda,
Cega, surda e muda,
Com esse parágrafo inútil.
Volto ao conquistador barato,
Réu com popular palavreado...
Engomado, com a boca que dança
Ao som da goma de mascar.
O ser mascarado,
De louco disfarçado,
Fazendo crueldade.
Escreve livros invisíveis:
- irrisórios (de matar)
- sem fim (há de acabar)
E até mesmo sem finalidade.
Por fim surgem infinitos demônios
Sem nomes nem rostos,
Sem breves e longos amores,
Surgem para lhe buscar.
Agora vemos as dores
Que somem, longe,
E deixam os motores
Que impulsionam o viver.
É só mais um dia
(vida e coração)
Visão apaixonada,
Do fluxo, sangria,
E adoração.
Não há mais a dizer,
Só abra os olhos
E permaneça amando.
Insone e insano no seno e cosseno do ser
Insone e insano no seno e cosseno do ser
(André Anlub - 15/6/13)
Eu vejo, vejo!
Nas paredes do corredor que leva à cozinha,
Algumas sombras que balançam,
Com as leves e tontas brisas,
Expondo seus desenhos simplórios,
Notórias alucinações, visões dela...
Vou abocanhar meu pão de centeio,
Com queijo coalho e margarina,
E uma fatia generosa de mortadela.
Por enquanto, só por enquanto,
Primeira noite de inverno,
Sem arrepio, sem espanto,
(Por enquanto)
Encontra-se calma e silenciosa.
Quebrou-se o silêncio,
No barulho do meu copo de vodca.
O gelo frenético batendo,
No fino e fanho vidro,
Ao ser mexido pelo dedo.
Olhos mirando o bloquinho,
Sou zanho, sou zen, sozinho.
O álcool companheiro agora me deixa,
Foi estacionar no cérebro,
Criou raiz e espera ser regado.
Convite à escrita,
Sorriso no canto do lábio,
Nos dedos da mão direita,
Uma imaginária tatuagem escrita;
O que há, não diz!
Mas uma letra se esconde por debaixo do anel.
A verdade deve ser sempre colocada à prova,
As horas são escassas
E procura-se o término de um romance real.
Depois de linhas traçadas,
Dois comprimidos de anfetamina, a garrafa já no final,
Boca seca, pupila dilatada (Tenta-se dormir).
11 de março de 2016
Segurei na mão do meu avô
Segurei na mão do meu avô
(André Anlub - 14/2/13)
Miles Davis em volume máximo,
Fones nos ouvidos;
O trompete fazendo
As orelhas arderem:
Confusos aforismos.
Imagens brotam agora,
Já estava na hora:
Uma longa estrada de terra,
Estreita e velha,
Com flores na beira
O que vier na telha.
E os ritmos dos assovios
Espalham-se aos montes,
Com a música do momento
Na companhia do meu avô.
Meu avô, meu avô...
Foi um homem de bom coração.
Com suas cicatrizes de vida,
Encarcerado pela labuta
Vivia na transmuta:
Ruim – bom – sã – não.
Imagens retornam:
Já não interessava onde estou ou vou,
Logo fechará no chover;
Sentados em pequeno bar,
Cerveja gelada em uma mão
E na outra a cuia de tacacá.
Conversa-se sobre amores,
Sobre a cidade de Belém;
Das redes nas tardes chuvosas,
Das mangueiras generosas...
Entre, entre e entre...
Um gole e outro,
Passam faróis dos carros;
Passam pessoas com olhares vagos;
Passam formigas e besouros;
Passa o tempo apressado.
No lamento do andar do ponteiro
Íamos nos separando - eu triste e desesperado
Mas entendendo a efemeridade
Desse nada raso momento.
Segurei na mão do meu avô
E lembrei-me que ele já havia partido.
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Biografia quase completa
Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)
Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas
Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)
• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)
Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha
Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas
Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)
Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte
André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.
Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.
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Mesmo assim Agora mesmo a alegria passou por uma rua, Ela estava nua, estava fula, estava atormentada e vadia. Olhou em todas as portas, p...
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Sylvia Plath Via: Revista Prosa Verso e Arte Canção da manhã O amor faz você funcionar como redondo relógio de ouro. A parteira bateu ...
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- Que fatalidade: ao fechar seu zíper, Zappa perdeu seu Zippo; ficou com o fumo, mas sem consumo, sem fogo, sem fósforos; ficou famélico e...