28 de março de 2015

Dueto da tarde (CVII)



Dueto da tarde (CVII)

É a vez das vozes da mãe, do pai, do filho natureza, naturalmente e nada mais.
Alguma coisa diz que é a vez da voz e a voz não vara a vez com avisos avulsos: manda ver,
Só para entreter, ser amistosa e ver fluir, evoluir, desenfrear a mente anacrônica e choramingosa.
Se consegue ou não consegue, o mote que a persegue faz notar a quem se negue o quanto é inútil se negar.
Sonegar a negativa é admitir o erro, mesmo que só por dentro. Eis que assim surge o enterro de toda a possibilidade de acerto.
Féretro concorrido: a família, os amigos, os conhecidos, os fãs, os desafetos, os sem-teto, os arquitetos de um mundo melhor comparecem.
Sambam o samba do crioulo doido em cima do caixão do morto. É torto? Até pode ser; é mentira? Até é; mas a diversão é garantida.
Nada é mais risonho que o sonho da seriedade: todos direitinho em seus papéis. Vão-se os anéis, vão-se os dedos, a mão recusa-se a ir.
E as vozes cantam os cantos das selvas para tentar tirar das trevas quem das trevas acha que se agrega.
Presente grego? Talvez um apego maior ao sossego, que torna-se inação, inanição, decomposição. Enquanto isso é disso que vive.
Enquanto isso no hospício a mente retrógrada se acomoda; cercada de antigamente ao som de quem já se foi, escreve o dia inteiro com caneta tinteiro no papiro que se decompõe.
Enquanto isso as vozes falam. Se puderem falar até o fim dos tempos, os tempos terão fim com as vozes falando.

Rogério Camargo e André Anlub
(28/3/15)

27 de março de 2015

Memórias da Guerra

¿Tendrías el valor de subir a cambiar el foco de esta antena? Checa la #videorecomendación de hoy
Posted by Siempre 88.9 on Quarta, 14 de janeiro de 2015


Memórias da Guerra
(André Anlub - 19/4/11)

Em meio a fumaça cinza com um toque avermelhado,
Embaixo de um céu que é testemunha:

Vejo ferros retorcidos, destroços,
Corações calados, que gritam...
Vejo o tempo congelado.

Em meio às ruas esburacadas
Vejo pertences abandonados (abrigos)
Vejo um rio frio...

Rio de cartuchos que tiveram seus projéteis deflagrados,
Todos com nomes - objetivos
Calar um peito inimigo,
Um corpo latente a ser alcançado,
Silenciando-o e roubando-lhe sonhos.

Como o corte de uma navalha,
Como quem tira o doce de uma criança,
Como quem tira o amor e a esperança,
Em troca de uma medalha.

Hospício

Just another relaxing day on the water.....
Posted by Mustang 87.7 on Quarta, 10 de setembro de 2014


Hospício
(André Anlub - 23/7/09)

Salientaram no hospício
Ninguém iria comer
Injeções na testa...
Mais que um sacrifício.

Uma doutrina errada,
Condições terríveis,
Faces amarguradas...
Pessoas mais que sensíveis.

Não tinham valor algum,
Exclusos da sociedade,
Pessoas novas e de idade...
Somavam um mais um.

Indigentes, obscenos
Cenas do dia a dia,
Pretos, brancos, morenos...
Sujeitos à revelia.

Desprezados pela verdadeira família,
Inúteis sem poder reciclar,
Cães expulso da matilha...
Sem ter mais em quem amamentar.

Aos montes iam se definhando,
Em um frenético vai e vem,
Homens mortos andando...
Passos calmos pro além.

Os tais anos ainda não vividos

Capa da edição digital de abril de National Geographic Brasil. Guerra à ciência. Tibete. Coluna de Trajano. Lagos. Telescópio Hubble. Disponível no iba clube (iba.com.br), AppStore e GooglePlay.
Posted by National Geographic Brasil on Sexta, 27 de março de 2015


Os tais anos ainda não vividos
(André Anlub - 21/4/14)

Faça com seus brinquedos de montar
Aquele casarão da sua imaginação.

Coloque janelas aos montes,
Para nos dias escuros a luz chegar farta
E em dias frios o sol entrar com afinco.

Coloque enfeites nas paredes
E para consumir o tempo
Coloque quadros dos mais confusos.

Vieram nuvens gordas e ondas gigantes
Trazendo o receio e uma água mais fria.
Vieram estranhos trazendo bebidas
E com o sol escaldante
Acenderam a euforia.

Não os tema!
São apenas estranhos de boas intenções.
Alguns são pescadores de sereias
Que fazem vigília no cais;
E no caos do silencio das redondezas
Somente o choro baixinho
Dos inconformados.

Assim forma-se a tal “bola de neve”,
Já que o tempo é guerreiro
E alimenta o imaginário.

Assim se leva no jeito de jeito,
O que se faz de gosto
Na grama ainda mais verde.

Foi-se o corpo à mercê de mil ventos
Em asas longas de longas sombras
E penas douradas de puro ouro.

Passou ao lado do falcão peregrino,
Deixando seu som,
Sua beleza e pudor.

Acabou com a lamúria da vizinhança,
Transformando todos em agitados meninos.

Dorme agora...
O casarão iluminado pela luz da lua
Que entra pela janela da vida.

Sonha agora...
Mergulhando no silêncio da madrugada,
Alimentando-se da saudade cultivada
E também dos anos ainda não vividos.

Estou muito compenetrado
Nas minhas distrações,
A tal modo que me flagrei
Dançando sem música 
E assim segui até o final do disco.

Dueto da tarde (CVI)



Dueto da tarde (CVI)

Na batalha pessoal, um soldado é o exército, o exército é um soldado.
O repente só reflete os aflitos que na linha de frente estão armados até os dentes.
As armas nunca são barões assinalados. Podem ser assassinados, no entanto.
O campo, imaturo e mal iluminado, reflete o pranto seco e inacabado de esperança.
As trincheiras arreganham as bocas, exalam odores de arcadas corroídas e refluxos corrosivos.
Os explosivos são rancores prensados em corações apertados e sombrios... quase todos pouco usados.
A música dos canhões não cessa jamais e quanto mais música é menos música pode ser.
Feridas expostas e cabeças penduradas para enfeiar possíveis belas alvoradas.
Na batalha pessoal, possíveis belas alvoradas são uma piada amarga que os combatentes contam uns aos outros enquanto recarregam os fuzis.
Faces hostis – hóstias de sangue –, mangues de corpos em foscos lamentos, em orações apáticas, em mentes insanas.
Quando o clarim do armistício ecoa lá longe, é lá longe que ecoa o clarim do armistício.
É fatídico, é libertário, é libertino: se é o fim da batalha, é o sepultamento dos que foram e vem o nó à nódoa como uma navalha amolada nas mentes e corações dos que ficam.

Rogério Camargo e André Anlub
(27/3/15)

Corações inteligíveis

Dave's epic remake of "Higher Ground" featuring a duet with Chris Coleman and a cast of all-star musicians! This song...
Posted by Dave Weckl on Sábado, 13 de dezembro de 2014


Corações inteligíveis 
(André Anlub - 9/6/13)

Ah, nesse amor descolado, desnudo
Das mais gostosas traquinagens;
Organizando as engrenagens
Desorientando meu mundo.

Acordo afogado no pranto,
Praticamente um tsunami violento
Que fez-me lembrar dos tantos encantos,
Que migraram para o desejo vagabundo.

O tempo se esgota, é a gota d’água...
Que desagua na grota e no vento.
Pois invento a lorota da mágoa
Por não encontrar meu contentamento.

Perco a razão do vivente
Mas no convívio, dentro de um conto:
Lapido do meu jeito o sonho
E à francesa, saio pela tangente.

Ah, sei que o seu pensamento é só meu
E num breve instante em branco
Escorrem os pigmentos mais francos
E colorem todo o nosso apogeu.

26 de março de 2015

Asas de anjo ou dragão



Asas de anjo ou dragão 
(André Anlub - 3/7/14)

Vejam só os dois olhinhos,
Sinceros, impávidos,
Carregando a expressão das brasas dos entusiasmos.

O mundo deles também anda agitado,
E ainda mais quando estão juntos;

São avejões diversos...
No advérbio adjunto do anseio
Disponível no plasmático vulcânico...
Fundiram os neurônios e os versos.

Não há relógio no “slow motion”,
Tampouco o reviver das simples coisas.

A caneta dança na folha branca,
O sentimento canta a canção que voa...
Os dois olhinhos são escravos do tempo,
E o tempo não vive a mercê da porta aberta...

Não cumpre a cumplicidade que se torna seguro,
Simplesmente existe e o quase é quase eterno.

Asas batendo, colorido das penas,
Bico bem largo e garras como dentes;
Com moderação se barganha com a vida,
Contínua rotina de distrair pensamentos
E tapear os momentos e as ideias baldias.

Criou-se o hábito saboroso e salutar,
Começou a lutar com as armas evidentes.
Vê a novidade de coisas iguais que nunca foram feitas,
Reinventa os trejeitos dos seus sujeitos (dá-se um jeito).

E a luta contra o colosso imortal continua,
O gigante que é anão, que espeta,
Que apunha, apunhala, compunha a mente incerta,
E a luta se enluta no negro alerta.
(...) nessa hora os olhos se emocionam mais uma vez,
Enchem-se d’água e desaguam...

E a vida: 
Eles querem entendê-la, desvendá-la,
Querem enterrá-la para saber sempre onde está;
Irão confessar até o que nunca fizeram
E pelos campos e cidades aos ventos voarão...
Sendo perene ou não, sendo asas de anjo ou dragão.

Dueto da tarde (CV)

Não é gordura, é excesso de música...
Posted by Cifras on Terça, 4 de novembro de 2014


Dueto da tarde (CV)

Chegou pontualmente na hora junto à aurora a pólvora que apavora.
Com ela os canhões que Navarone não invejaria, que Anthony Quinn jamais destruiria.
O sombrio é pontual e às vezes solitário; no alto, no calvário, sempre tem companhia.
Olha o mundo de cima, o mundo que o esmaga diariamente e não mente, está ali para isso mesmo.
Uma nuvem negra chega repentina, como a fumaça do charuto do mendigo da esquina.
Ribomba, estronda, faz a ronda, solta a bomba: lá vem o que todo mundo aguarda de guarda fechada.
Na rebeldia do assombro e na paz da nevoada vieram às sombras as luzes do fim do túnel, do fim do tudo e do fio da meada,
Lá onde os nós se desatam de nós e ficamos sós com a pós-amarração,
Lá onde o sim diz não ao não e chega à conclusão de não querer mais ser um vassalo.
Olhar para cima, olhar em volta, olhar para baixo e, finalmente, olhar para dentro.
A morte chega atrasada e na contramão, sempre atualizada e aguerrida por ter a certeza que todos em vida a encontrarão.
É a pólvora que apavora. Todos sabem e ninguém está preparado. É a única certeza, e chega sempre como surpresa.
Os canhões se calam e deixam a fala ao charuto que não se apaga; o Antônio e seu antônimo ficam atônitos;
Antônia é a tônica e faz a crônica de um encontro/desencontro interminável como a vida vivendo a si mesma.

Rogério Camargo e André Anlub
(26/3/15)

25 de março de 2015

Afogado em águas rasas...


Afogado em águas rasas...

Tornou-se de gosto
Um concubino erudito.

Concubino erudito (revanche) (5/8/13)

Chegou manso, 
Com aquele papo de ouro:
- conquista, envolve e absorve.

Se não deu, dá um tempo e tenta de novo,
Naquele clima fresco:
- aquele vinho bom, lareira acesa,
Sentimento em “blow”.

Se já há resposta, atividade!
Com responsabilidade faça de jeito 
E de bom-tom.

Vejo o futuro: 
- a mulher grávida caminhando na praia,
Saia rodada e imensa vontade 
De estar numa festa cálida. 
(pagã)

Para quebrar a leitura
Aumento essa poesia fútil,
Dispensável, absurda,
Cega, surda e muda,
Com esse parágrafo inútil.

Volto ao conquistador barato,
Réu com popular palavreado...
Engomado, com a boca que dança
Ao som da goma de mascar.

O ser mascarado,
De louco disfarçado,
Fazendo crueldade.

Escreve livros invisíveis:
- irrisórios (de matar)
- sem fim (há de acabar)
E até mesmo sem finalidade.

Por fim surgem infinitos demônios
Sem nomes nem rostos,
Sem breves e longos amores,
Surgem para lhe buscar.

Agora vemos as dores
Que somem, longe,
E deixam os motores
Que impulsionam o viver.

É só mais um dia
(vida e coração)
Visão apaixonada,
Do fluxo, sangria,
E adoração.

Não há mais a dizer,
Só abra os olhos 
E permaneça amando.

Cordão umbilical

Depois, o Maluco sou eu.Muito louco essa cara.
Posted by Maluco-Beleza Osasco on Sexta, 6 de março de 2015


Cordão umbilical
(André Anlub - 30/5/13)

Sinto-me próspero quando não sou tapeado
E a inspiração, por fim, deixa minha mente.
Ela não é indigente, tampouco empregada,
É minha filha e amada,
Meu sentimento mapeado
Que foge do meu masculino ventre.

Mas a mesma não quer viver de vaia
Ou aplauso desacerbado.
Não quer ficar arquivada
Em uma gaveta empoeirada
Ou no raio que o parta.

Ela quer ser mais um elo da corrente
Ir longe, logo e ir pra frente,
Criar um leal - legal - legado,
Ser um dos 300 de Esparta.

Ela quer viver pequena ou colossal,
Onde habita a multidão e a solidão.
Ir ao limite que estica a emoção
E o meu cordão umbilical.

Dueto da tarde (CIV)



Dueto da tarde (CIV)

O sol escreve na pele coisas que a pele não lê.
No deslumbre dos cabelos ao vento o encanto do dourado confere.
Há um perfume de sentir-se bem rodeando o corpo.
Há o porto acessível ao atraque e ao ataque de um Couraçado antigo.
Há uma leve ansiedade pelo possível ainda não realizado que mora ao lado ou do outro lado
E o sol desenha na alma coisas que os olhos não veem.
Vem a brisa e também quer desenhar.
Quem avisa que no desenho todos podem participar?
A vida, quem sabe, que desenhou a chance de todos os desenhos antes do primeiro e depois do último.
O mar em tons de azuis; o amar em tons sutis; o céu em azul celeste e as chuvas beijando as faces.
Repasses: veio do mundo e adentra o mundano. Uma vez por ano é todo dia. Um dia de sol é uma eternidade escrita na pele.
Nenhum ser vivo se atreve a desdenhar o desenho; saem o “foi” e o “venho”, entram o “fica” e o “breve”.
Alto relevo, baixo relevo, tudo é relevante, nada se releva.
O Couraçado atraca trazendo tudo que se espera: tintas, telas, aquarelas e o que se espera delas. E o que se espera delas está escrito na pele.

Rogerio Camargo e André Anlub
(25/3/15)

24 de março de 2015

Sonhador



Sonhador
(André Anlub - 6/11/13)

Ressurreição dos grandes,
Dos poderosos deuses,
Que repousavam e sonhavam,
Apenas sonhavam.

Ao longe se ouve os gritos,
Preparativos da paz.

Entram pelos tímpanos
Os novos tempos dos templos
E as novas terras, moças naves.

Há de surgir o maior dos maiores,
Fim das catástrofes,
Princípio dos versos
E ventos dos Bons.

- Ouçam as trombetas!

Mas é assim, nesse momento,
Onde a festa tem brilho,
Tem som tem ritmo.

Onde pipocam as estrelas
Abrindo passagem aos cometas
Que trarão a verdade.

- Seriam cometas?

E ao cair das pedras e dos astros,
Ilustrando o céu em frenéticos rabiscos,
Vemos uma nova era,
Atmosfera de segurança, 
Benevolência e compreensão.

Como num desejo e sonho:
- ao chão o cajado!
- ao sol o rebanho!
Na utopia a visão.

The Dark Side of the Moon - 42 anos


Lançado o álbum The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd
24-03-1973
Considerado um dos mais importantes álbuns do rock, The Dark Side of the Moon, do grupo britânico Pink Floyd, era lançado no dia 24 de março de 1973. O trabalho, o oitavo disco do grupo, foi um sucesso imediato de crítica e de público. The Dark Side of the Moon marca ainda uma nova fase do Pink Floyd, com letras intimistas e o emprego de efeitos sonoros complexos para a época, como o uso de múltiplos relógios tocando ao mesmo tempo e caixas registradoras para a clássica Money.
No álbum há referências à cobiça, doença mental e envelhecimento, inspirados pela saída de Syd Barrett, que deixou o grupo em 1968 por causa de sua saúde mental. O disco foi gravado entre 1972 e 1973, no Abbey Road Studios, em Londres, e teve como produtor Alan Parsons.
A emblemática capa, com um prisma atingido por um feixe de luz transformado em arco-íris, foi criada para refletir um trabalho "simples e marcante. Em 2003, a revista especializada Rolling Stone colocou The Dark Side Of The Moon no segundo lugar da lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame.

Dueto da tarde (CIII)



Dueto da tarde (CIII)

Outro gole no Absinto e o voo fica perfeito; voa por cima do de vulcões extintos.
Mais um gole na ilusão e tudo fica mais claro: não quer ficar aonde os pés tem chão.
É pretensão de ser águia ou apenas vontade de conhecer o domínio ou o condomínio de algum Deus?
É pretensão de ser Deus ou apenas vontade de conhecer a quem dominam as águias? Seu reflexo no copo da bebida não responde.
Sua fonte da juventude secou. Agora restam esforços para tentar algo novo ou beber de novo do mesmo velho. 
Suspira. Retira do suspiro um arremedo de alento e, cem por cento inconformado, procura um horizonte.
O peso em suas costas aumenta a cada segundo e o clamor do medo profundo sai contíguo ao suor de seus poros.
“Contigo aprendi!”, cantarola para seu copo esverdeado, um Altemar Dutra que desfruta de si mesmo muito pouco e rouco insiste.
Outro gole? não é mole, mas a garrafa está oca; fica uma secura na boca salivando um dilúvio e mãos temendo e tremendo um futuro/presente distúrbio...
Voar sobre vulcões extintos passa a ser reativá-los. Valos e fendas se arreganham, ganham vida. Antes de morrer é preciso voltar pra casa.
A força é escassa! Mas a dádiva da raça clama pelo enfrentamento da ameaça; a força é absurda – no momento que se encara – no flash se tem a cura.
Levanta-se com dificuldade. Despede-se com dificuldade. Amanhã tem mais. Ou talvez não. Tudo depende de tudo não depender.

Rogério Camargo e André Anlub
(24/3/15) 
BRASIL BRASILEIRO

Segundo o jornal, quase nove mil artistas brasileiros estão na lista dos que tiveram conta no HSBC suíço entre 2006 e 2007. Muito bem. Considerando que o HSBC não é o único banco que oferece o serviço, considerando que a Suíça não é o único país que adota essa conduta de proteção ao dinheiro ilícito e considerando que o mundo não parou em 2007, duas perguntinhas:
A) Quantos “artistas”, no total, não têm contas lá fora a fim de fugir ao pagamento de impostos nesse exato momento?

B) Quantos destes “artistas” não estão nas redes sociais, neste exato momento, chamando os políticos de corruptos e exigindo a saída de Dilma?



As classes “A” e “B” brasileiras são de uma arrogância patética. Talvez todas elas sejam, mundo afora, é patrimônio universal sentir-se com direito a cobrar serviços e paparicos “bem feitos” quando se tem dinheiro para pagar por eles. Ao passarem algum tempo lá fora, onde “tudo funciona”, chegam aqui e descem a lenha na bagunça nacional, esquecendo que somos mesmo Terceiro Mundo. A única diferença entre nós é a de sermos metidos. O índio: um cocar vistoso na cabeça e a bunda de fora. Trinta milhões de brasileiros vivem na Bélgica, os demais vivem na Bolívia. E quando os nossos belgas voltam da verdadeira Bélgica, enxergam a Bolívia em toda parte.

ROGÉRIO CAMARGO

23 de março de 2015

É mentira



É mentira

Ouço aquele antigo e famoso soneto; 
Aquele soneto penoso, faceiro e genioso.
Criou um rolo que rola pela rua ao desígnio;
Sopro do delicado açúcar que soa e sara como seiva na sua nuca.

Vou fingir ressentimento, pirar e respirar o mais fundo possível...
Vem passando o caminhão do fumacê.
Faça como fiz: coloque seus espertos óculos espelhados
E vire um servo que serve de espelho aos cabelos despenteados dos amigos.

Lá vem ele de novo!
- enganou-se o bobo na casca do ovo.

Teve tal sujeito sem jeito para quase nada,
Mas que fez cabana na colina.
Colhia taioba e fazia um refogado supimpa.
Tal homem babava – bebia sidra e dormia cedo, sonhava muito e muito sorria...
Era gente boa, boa bica, de boa índole – dependente de sol e insulina.

Lá vai ele de novo!
- é mentira!

André anlub
(23/3/15)

Dueto da tarde (CII)



Dueto da tarde (CII)

Fala pelos cotovelos, reclama pelos cotovelos, quase não usa os cotovelos para dar cotoveladas ou salutarmente apoiar na janela – paquerar ou ver o sol nascer.
Acotovela-se “linguando” e “linguando” passa o tempo que os cotovelos passariam se apoiando.
Cotovelos nada selvagens, todos pamonhas. Avermelhados de tanto descanso, quiçá de vergonha.
Pensa em fazer uma tatuagem em cada cotovelo: duas bocas.
Há planos de aposentar a própria boca, pois para os queijos há o regime e para os beijos se auto restringe.
Se não der certo, vai falar e reclamar e repetir que tem razão até que os cotovelos criem joelhos.
São cotovelos carentes de desvelos; até são como aço, mas em pedaços. Acabarão parecendo pinturas de uma fase de Picasso.
Por enquanto, enquanto falam, têm de si a ideia posta sobre si: é necessário - e se é necessário é preciso.
Pensam e discutem (um com o outro) e falam muito e se iludem. Não repararam que são apenas cotovelos (metade do braço) sem rédeas sem rodeios, são só meios. 
Cotovelos com conotação farpada não está com nada; cotovelos tem que ser como novelos de lã, irem ao vento sem ferir quem passa.
Quem fala pelos cotovelos deve mais respeito aos cotovelos: seus e alheios. Alheio a isso, quem fala pelos cotovelos fala.

Rogério Camargo e André Anlub
(23/3/15)

A Perda da Fé




A Perda da Fé
(André Anlub - 21/1/11)

A visão mais turva, suja,
Deixa que eu mesmo piso na uva.
Sei que irá curar o desalento,
Muito mais fácil deixar cair dos olhos uma chuva.

Cansei de levantar para o céu as mãos,
Engasgo com o medo, ébrio e hipocondria.
Supre a dor com o Comprimento de um comprimido* comprido...
Levanta e não cai de joelhos ao chão.

Dizem que um Deus te ama!
O resto do mundo não.

Todos os elos dessa corrente,
Foram tomados pela ferrugem.
Águas só me molham, aos outros ungem,
Palavras incertas e ditos incoerentes.

Com os nossos cabelos ao vento
Que acabam levando a vida,
Uma partida fez-se momento,
Para um lugar bom será sempre bem-vinda.

Como sabemos dos nossos erros
E como fingimos indiferença.
Como negamos todos os zelos
E como sofremos com nossas crenças.

Dedão nas orelhas,
Mãos espalmadas
E línguas a mostra...

Armado o circo, chamamos os santos.
Com olhos cegos soltem seus prantos...
Eu perdi a fé, quero uma forra.

22 de março de 2015

PurOOsSo na area com preço de custo!

OBS: Esse livro e todos os meus lançados no Clube de Autores estão a preço de custo, sem comissão, para assim sair mais popular possível e com o simples, claro e salutar objetivo de entreter e levar meus escritos ao maior numero de leitores.

(...) aqui, pelo Clube de Autores. 205 páginas recheadas de poesias, imagens, pensamentos, textos e suor. Link: https://www.clubedeautores.com.br/books/search?utf8=%E2%9C%93&where=books&what=andre+anlub&sort&topic_id


Dueto da tarde (CI)



Dueto da tarde (CI)

A fidelidade não era seu forte, por outro lado na conversa construía seu forte.
O apache que tentasse invadi-lo, sentiria a força da paliçada. Palhaçada? Talvez, mas era sua e não abriria mão dela.
Sua boca dançava aos ouvidos adocicando um por um. Falava o que queriam ouvir, pois até mentiras sempre foram bem-vindas.
Tudo para mantê-los lá longe, enquanto de perto não quisesse olhar suas coisas.
Sinal de fumaça foi visto, seguido de agito e grito de guerra. Ao longe a mata se agita e da gruta sai um grande exército.
A fidelidade, que não era seu forte, media-lhe as fraqueza, cobrando seus despojos, seus tributos, suas taxas e impostos.
O que resta de senso crítico grita, tatuado no coração: para quem não é fiel a praxe é não cobrar fidelidade... nem dos amigos/inimigos.
É um grito no vácuo. Vacas são todas elas. E o querem na canga, puxando a carreta do dia-a-dia.
Seu forte mesmo era a fatalidade e nada sabia de mudanças nas cabeças alheias. Nem do que viam os olhos das cabeças alheias.
O mundo havia mudado, evoluído. Os sinais de fumaça eram fábricas, os gritos eram as festanças com danças e hinos.
O mundo mudou para quem mudou com o mundo. Quem cultivava pedras seguia colhendo muros. Duros conceitos, parapeitos para os peitos não caírem em si.
No seu forte nunca iria ver o farto. Mas era a única fortaleza que conhecia. Então jamais conheceria a força.

Rogério Camargo e André Anlub
(22/3/15)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.