Das Loucuras (internamente e eternamente querer)
Vagarosamente refiz o começo,
Buscando lembranças e transformando em quadro.
Pinceladas em tons dramáticos, suor no queixo,
E um velho verniz nada e sempre apropriado.
O traço que crio é avesso quando ainda é o parto...
Um precipício de luzes apagadas, apegadas a largas distrações.
Nesse voo com águias opto por escalar com lagartos,
Que criam formas desconexas impregnadas de sinceridades e emoções.
Ao ar livre, saindo por detrás da nuvem, posso ver o lume...
E assim ouço o grito de gloria dos trovões ao fundo.
Recebo um abraço de aço do vento frio mais absurdo,
Que transpassa a roupa que uso disfarçando de mim mesmo ao mundo.
Fixo os olhos e afrouxo as porcas do Sistema,
Numa anátema abantesma que conserta o problema.
Um Eu absoluto que me ajudou a derrubar alguns muros,
Como murros na cara da ganancia e a ânsia de tapar os furos.
Outro clarão se anuncia: o som, a luz, o intruso,
Querendo fazer contato; sendo alimento impuro...
Tal como um besouro preto perdido no escuro
Que é pisado sem piedade pelo peso do meu novo mundo.
Lentamente, assim, refaço meu fim
O quadro pronto que a tinta branca cobre novamente.
É surpreendente como há o controle, enfim...
Tudo é sonhar, ansiar, ser e apetecer,
Num querer e querer e querer eternamente.
André Anlub®