29 de setembro de 2021

Das Loucuras (Tarde de sábado)

 














Das Loucuras (Tarde de sábado)


O estreito furo do observador

A galinha ciscando no quintal

Tal de etc. de afago e dor

Enquanto a enfermeira prepara o mingau.


O que há dentro de nós?

Uma guerra sem fim;

Uma festa uníssona...

Aquele algo além do passível, enfim:

Tudo que se faz combustível.


É como se os verões quisessem sair,

Alavancando novos rumos,

Flertando com o ir e o vir,

Um futuro além de seus túmulos.


Então, enquanto o incenso invade a casa

Falsificando o cheiro puro do jasmim.

Para recomeços sempre será tarde criar asas

Se a cicatriz não se torna tatuagem assim.


Inícios, recomeços, medos, a rocha frágil, veeiros...

A roupa rasgada lavada; o pássaro preso ao viveiro.

De dia aquele clarão que põe à prova a coragem,

De noite a engrenagem que se quebra na cegueira do covarde.


Pés pisando em pequenos cascalhos,

A maresia, a adrenalina, a música e a sacanagem.

O pensar vago enquanto vagueia nas imagens

Numa bela praia do acaso;

Numa pintura de tarde de sábado.


André Anlub®




Excelente quarta feira!

 A OUTRA BELEZA DE DILMA  

Por respeito à dignidade humana, quase todos os órgãos jornalísticos se negam a divulgar as imagens que restaram dos jovens guerrilheiros mortos pela Ditadura Militar do Brasil. 

Quem suporta vê-las no Memorial da Resistência, em São Paulo, encara corpos de moças e rapazes deformados por pancadaria massacrante, queimaduras de pontas de cigarros, afogamentos e choques elétricos. 

Pois, muitos deles não foram simplesmente eliminados como ocorre em qualquer guerra, em combates. Mas depois de submetidos a perversidades, quando já estavam desarmados e presos.  

  Por esta razão, houve grande emoção entre os pesquisadores, em 2011, ao ser descoberta, no Arquivo Público de São Paulo, a foto de uma jovem guerrilheira, que sobrevivera a 22 dias de tortura. 

Dilma Rousseff, aos 23 anos de idade, aparece nela sentada no banco dos réus da Auditoria Militar do Rio de Janeiro, à espera da sentença que a condenou a três anos de prisão. 

Com olhar sério, mas sereno, ela acompanha a farsa do seu julgamento, clamorosamente desmascarada, na própria foto, por dois juízes militares que escondem os rostos com as mãos. Enquanto Dilma mantém a cabeça erguida e o nariz empinado.

A foto havia sido publicada 41 anos antes, no Última Hora, com assinatura de Adir Mera. 

Sobre ela escreveu a jornalista Karina Peixoto: 

“É extraordinária sob muitos aspectos. E um deles é a sua expressividade como História, como fato histórico. Uma jovem altiva mira os interrogadores e dois dos delinquentes que participavam da barbárie esconderam o rosto para o fotógrafo”.

Trata-se, de fato, de documento icônico de tal densidade que só, aos poucos, vai sendo melhor entendido. Reforçando, a cada passo que se dá nesta direção, seu significado simbólico de homenagem à força moral dos jovens imolados no enfrentamento da Ditadura.

Um destes passos foi conquistado quando a imprensa, no fim do período de censura da Polícia Federal, pôde ter informações sobre aqueles 22 dias de tortura a Dilma. 

- A Dilma levou choque até com fiação de carro. Fora cadeira de dragão, pau-de-arara e choque p´ra todo lado, revelou uma de suas companheiras de prisão, Maria Luíza Belloque, a Luiz Maklouf, da Revista Piauí, em abril de 2009. 

    Antes, em dezembro de 2005, a própria Dilma havia contado para Luiz Cláudio Cunha, da Isto É: 

- Levei muita palmatória, me botaram no pau-de-arara, me deram choque, muito choque. Um dia, tive uma hemorragia muito grande, hemorragia mesmo, como menstruação. Tiveram que me levar para o Hospital Central do Exército”. 

Finalmente, em 2014, novo avanço. Através de outra foto, tornou-se possível saber como era a aparência de Dilma antes de sua prisão. 

A imagem, até então desconhecida, mostra Dilma com surpreendentes semelhanças físicas com uma lenda da música popular brasileira, a bela Maysa Matarazzo. 













(Ilustração: A foto de Dilma, estudante universitária de Belo Horizonte, anterior à sua prisão)

27 de setembro de 2021

Excelente semana

 








A performance perturbadora de Marina Abramovic

Via: Iconografia da História


A artista Marina Abramovic é considerada referência mundial em performance. Ela foi uma das difusoras das performances contemporâneas com a participação ativa do público. Tem em seu currículo mais de 50 obras artísticas. Em anos de trabalho, enfrentou muita coisa, mas nada se compara à atividade desenvolvida por ela, em 1974.

Marina alugou uma sala e se colocou como um objeto diante de seu público. Colocou uma mesa ao seu lado e disponibilizou 72 itens, que poderiam ser usados em seu corpo, sem nenhuma restrição. As ordens foram as seguintes:


– “Existem 72 itens na mesa e vocês podem usá-los como quiserem em mim”.     

– Premissa: “Eu sou um objeto. Durante este período, eu assumo toda a responsabilidade pelo que acontecer”.


A performance, com duração de 6 horas, a princípio não apresentou nenhuma anormalidade. Entre os itens disponíveis estavam flores, objetos eróticos, facas e até mesmo uma pistola carregada. Após duas horas, o público observou que a artista não esboçava reação alguma. Foi quando começaram a tirar suas roupas, bater em sua barriga com espinhos, e até mesmo cortá-la ou tocá-la nas partes íntimas. Um homem chegou a passar uma lâmina em seu pescoço. Um dos participantes colocou a arma no rosto e ameaçou puxar o gatilho.

Ao término do evento, a artista deu a seguinte declaração:


“Esse trabalho revela algo terrível sobre a humanidade. Isso mostra o quão rápido uma pessoa pode ferir em circunstâncias favoráveis. Mostra como é fácil desumanizar uma pessoa que não luta, que não se defende. Ele mostra que, se você fornecer o cenário, a maioria das pessoas aparentemente “normais” podem se tornar verdadeiramente violentas”.i


Referências:

BORTOLUZZI, Gilvani José e Biancalana, Gisela Reis. “A arte performática de Marina Abramovic: corpo e dor”. Contemporânea, Santa Maria, UFSM v.1, n.2, e19, 2018, p. 01 – 10…

26 de setembro de 2021

Das Loucuras (transparente como a telha da varanda)



Das Loucuras (transparente como a telha da varanda)


Vendo no espelho o cocuruto reluzente,

Iluminado pelo sol que vem agora,

Através da telha larga e transparente

Vejo que ausente é a telha em minha cachola. 


Sinto-me uma hiena sorridente,

Num mundo louco que só quer que você adoeça...

Não salgue o meu ser – antes que me lembre;

Não adoce meu café – antes que me esqueça.


Pela absolvição dos meus pecados

Sairei em busca do que desconheço por agora.

Deixarei sinal de fumaça e bilhete como recados;

Levarei sal de frutas, kiwi e torta de amora.


Queria algo mais ilustrado na minha alma,

Tipo um misto de Kandinsky e Jackson Pollock.

Por enquanto sou um desbotado preto e branco,

Como a fumaça do cigarro numa aurora.


Sou livro aberto nesse poço cheio d’água

Onde o mundo afogou-se em suas guerras.

Tentei salvá-lo, mas lembrei de não ter guelras...

Chorei mil rios dentro de uma mesma mágoa.


André Anlub®

 



Das Loucuras (Meu compromisso)

 


Vídeos: Babi Thomas e Maria Ribeiro

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Das Loucuras (Meu compromisso)


Me aqueço e esqueço que existiu o frio

Se dias ruins me fecham, tem ela que abre as portas

Nos seus olhos entro em voo e me inebrio

São questões que só exponho porque muito importam.


Admirável é ver o verde e saber que há calafrios

Mas sei que só em sonhos isso acontece.

Se hoje muda e o amanhã se cala, 

Mesmo assado, mesmo assanho, mesmo assim é elogio.


Águas quentes, águas mornas, tudo apetece.


Constroem uma canção que afaga aos ouvidos

Abro a janela, peixe na panela e deixo entrar seu rosto.

Se estou em sono, o sonho há de ser você

Navio ancorado, estando acordado não terá desgosto.


Pego a caneta, tchau à melancolia e sigo sem rimar

Pra te conquistar não preciso ser meloso.

Poema certo em rima torta é barco desgovernado ao mar,

Pois na tormenta dou amor, ser seu amo é meu colosso.


Fecho o dia, rogo votos e abro o coração,

Assim, como se não fosse corriqueiro.

Quero inovar, me doar, quero algo novo...

Trabalho nisso feliz na palma da sua mão.


André Anlub®





Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.