28 de novembro de 2020

Nua em pelo, no pulo e num palco

 



Nua em pelo, no pulo e num palco


Nadando no gélido lago foi encontrada

feliz e pelada

com os pelos arrepiados

seus belos cabelos negros cacheados

e como seria imaginável

cantarolando aquela lacônica balada.

“...you can’t always get what you want...”

- Olhos esbugalhados, olhar simplório.

Perfil de romântica rebelde

com a sensação de estar nada errado.


Seria assim que eu a descreveria

e é assim que ela é.


Entre os dias que se passaram em sua vida

estão de um lado algumas horas que se petrificaram

na sensação de não seguir um vil modelo.


Na outra ponta da história, não menos importante

fica o momento do “replay”, 

do “Déjà vu”, 

do oposto de um pesadelo.


Quase sem querer

de repente por estar mais magra

a aliança caiu no ralo.

(num estalo a lágrima sem jeito a seguiu)


O próspero havia recebido conserto

e a velha flecha no seu peito

enferrujou e ruiu.


Os olhos agora mais secos 

caçam felicidade

e a sombra não mais se encontra por aí, 

vagando...

meramente sumiu.


A alma quer plateia, 

zelo

nada de estar sozinha.


Ela quer que outros olhos curtam seu curto vestido decotado

o sorriso do rosto com duas covinhas

e todos, mas todos, os seus pelos eriçados.


André Anlub®


Cárcere da criação II


Confinado na escrita

Vejo-lhe no espelho

Vestida, chanti

Azul turquesa, de beleza pura

A Ísis e a lua

Agora toda nua.


Sou o escriba no porão de um mundo

Sou ar puro no pulmão de uma vida.

Monta o rolo, rola a fita

Cinema mudo tinha muito que falar

Histórias e memórias

Romances e enlaces

Guerras e embates

Comédias e glórias.


Nos teatros antigos

Nas trincheiras e abrigos

Bebedouros de todos os bêbados

Copos cheios

Corpos vazios

Loucos soldados

Querendo espaço e apreço.


Confinado na escrita

As horas voam

Folhas se enchem

Ansiedade e alienação

Com sorte

Consorte

Sem premunição

Sempre.


André Anlub®

24 de novembro de 2020

Das Loucuras (Ela, Elaine e a adrenalina de Adriane)


Das Loucuras (Ela, Elaine e a adrenalina de Adriane)


Bocas se mexem juntos com suas mechas do cabelo...

Crespo, comprido, vermelho.

Meticulosamente as mãos são dadas – sem pretexto;

Mas suadas, sem querer

Pressentem o subsequente texto.


Há um terceiro amor entre elas,

O colorido pode se tornar ainda mais aquarela.

A anuência é que há de se fazer janela no lugar de grade...

Sorrisos à parte, os lábios se beijam sem queixas,

E estala então o aval da reciprocidade.


Elaine é mulher guerreira, tem a alcunha de Lorein...

No reino é povo, rainha, rei – cem mil mulheres em uma.

Ficariam o ano enumerando seus predicados – mas em suma:

Forte, decidida, olhos vivos, mãos e pernas “de matar”.


Também fiel, fêmea de alma linda, excelente filha e mãe exemplar.


Adriane é um pouco insegura, traz a alcunha de Andja

Mulher felina, sagaz, com fé, heroína que transborda paz.

De dia é camaleão de cores; a noite se camufla na escuridão...

Roga sonhos, rega amores, rasga o céu que lhe apraz.


Ainda é andarilha e relutante, com um pé à frente e o outro atrás.


E Ela? 

Ela é um segredo que com o tempo varia...

Pássaro que chega com a minhoca no ninho.

Um dia caminha comendo pitanga,

Pode ser flor, pode ser espinho...

Às vezes voa sob os olhos de Maria.


É nuvem branca que ninguém alcança,

Sabor doce nas línguas mais azedas;

Pega a separação e demuda em aliança,

Água que escorre descendo alamedas.


Vive em tempos novos e flerta com os antigos...

É Stevie Nicks, Sosa, Joplin, Joni Mitchell;

É Roberta Sá, Pitty, Elza, Alice Phoebe.


Mulher de porte e de sorte – todas numa só...

Contornos, carícias, fetiches – haja nó.

Constrói o próprio norte – tem poder para isso...

Vivem juntas, bocas conjuntas – alguém com isso?


O amor em explosão atômica, aliança sem cobrança,

Derrubando preconceitos, espalhando esperança,

Ela pode ser Ella, Nina, também Esperanza,

Diane Krall, Julie Byrne, Alice Coltrane...

Pode ser trem, pode ser zen, Billie Holiday.


André Anlub®

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.