31 de dezembro de 2015

MUNDINHO DO CINEMA

“Já estive em Paris, França, e Paris, Paramount. Prefiro Paris, Paramount” (Ernest Lubitsch). Se eu fosse obrigado, a boca de fuzil, a fazer uma escolha, escolheria Paris, França – pela qual não tenho a menor simpatia, mas apenas e tão somente porque seria mais real, mais viva, menos alucinação e delírio do que Paris, Paramount. Já é difícil manter os dois pés na realidade. Já é difícil não se perder em fantasias. Optar deliberadamente por um universo fantasioso é dar um tiro no pé, se a intenção é a de viver alguma coisa fora da ilusão. Mas quando a ilusão se torna um valor inestimável, quando não é só uma fatalidade, por tudo que a mente já faz sozinha, mas igualmente um bem de raiz, aí não adianta nem argumentar. Aliás, quase sempre argumentar é uma grande perda de tempo, só serve mesmo para o argumentador pensar coisas boas de si mesmo – que é um cara atilado, mentalmente organizado e de “boas intenções”, já que deseja mostrar “a verdade” para os outros. Isso é, outra vez, Paris, Paramount, é o mundinho do cinema dentro da cabeça da gente.

ROGÉRIO CAMARGO 

Feliz 2016

Em 2016 vamos tentar não reclamar de barriga cheia! 


Ação Corrente do Bem



"O que nos une? O desejo sincero de ver um mundo onde todos tenham a consciência da verdadeira unidade... afinal, todos somos um. 

Um mundo aonde solidariedade, respeito, igualdade, fraternidade, compaixão e caridade não façam parte de um dicionário utópico, mas sim da chama que move nossas ações no dia-a-dia. Um mundo onde todos saibam o significado da palavra empatia, mais ainda, que a tenha como uma de suas mais preciosas qualidades.

Um mundo aonde não enxerguemos a casca, o rótulo, o adjetivo aparente, mas sim as qualidades internas, as ações de bondade, as palavras de ternura. Um mundo onde não existirá negros, brancos, amarelos, gays, héteros, transexuais, evangélicos, católicos, ateus, espíritas, países do Norte ou do Sul, do Leste ou do Oeste, mas onde existam SERES HUMANOS, IRMÃOS, no contexto mais sublime da palavra.

Um mundo onde magoar, violar, ofender, maldizer, prejudicar o outro é inadmissível em todas as nações, coisas de um passado distante que todos os seres humanos deixaram para trás, e se lembram somente para se felicitarem por sua própria evolução.

Um mundo onde possamos rir de felicidade, das pequenas coisas da vida, rir de amor, rir de satisfação, rir ao ver alguém sorrir. Um mundo aonde não precisemos mais ver nosso irmão cair, sofrer, ser humilhado, discriminado para sorrirmos...

O que nos faz Cidadãos Do Bem? Convertemos esse desejo em ação todos os dias retirando uma por uma as ervas daninhas do preconceito, da discriminação, da intolerância e do ódio do coração das pessoas. Por vezes somos guerreiros, defendemos pessoas que não conhecemos por não tolerarmos ver um ser humano sofrer... Mas na maior parte do tempo somos agricultores, que plantam amor, tolerância, consciência, fraternidade, igualdade, justiça e bondade em nossos próprios corações e no coração do próximo.

Isso é amor, talvez seja mesmo a prática do amar incondicionalmente. Não nos importamos se você foi preconceituoso, intolerante, maldoso, fomentador da discórdia, do mal no mundo... De verdade, não nos importamos... Nos importamos sim com aquilo que você pode ser, com o seu potencial divinamente humano de ser bom, de se superar e de se unir a nós, deixando o passado para trás e olhando somente para o futuro, e temos certeza que estará ao nosso lado quando começarmos a colher os frutos de todo o amor que plantamos neste planeta.

Juntem-se a nós, compartilhem amor, tolerância, respeito e união...

Lutar pelos seus direitos é digno. Lutar pelos direitos de todos é DIVINO!!!"

Adriana Pasquinelli

O preconceito é uma prova de inferioridade. O combate ao preconceito é obrigação de todos!

30 de dezembro de 2015

Soberbas lanças


Soberbas lanças

Na despedida da justa causa da vida
Com raro aroma de quero mais
Faço da presunção inimiga
E digo ser gratificante a paz.

Uma nebulosidade me persuade
Fico com receio de satisfazer meu arroubo
Mas meus pés nesse solo quente que arde...
Não conseguem permanecer sem meu voo.

Sabendo que tenho como objetivo o empíreo
Muito além que os olhos dos normais alcançam
Quero deixar aos mortais o extermínio
Que provem das minhas soberbas lanças.

André Anlub®
A INFLAÇÃO E OS INFLADORES

Não lembro bem quando foi a última vez que fui ao podólogo. Quero dizer, a última vez foi ontem, falo da vez anterior ainda. Paguei 85 reais pela consulta – um trabalho de 45 minutos, diga-se de passagem. Não fosse um calo super incômodo que me nasce no mindinho do pé direito, gastaria esse dinheiro com outra coisa, certamente. Mas digamos que tenha sido há seis meses. Tiveram tempo de achar que o preço deveria subir para 100 reais. A frase é chavão mas eloquente: É por isso que o Brasil não dá certo! O que justifica aumentar o preço de um serviço em quase vinte por cento num intervalo tão curto? A inflação está na casa dos dez ao ano, e isso há muito pouco tempo. Ninguém faz esse cálculo quando reajusta suas mordidas, todo mundo o que faz é morder o máximo possível. Desencadeia um efeito cascata, evidente. Não há quem queira ficar pra trás. Se dispara a histeria de correr pra chegar antes, o desespero de não ser o último provoca atropelamentos. E, naturalmente, a culpa é do(s) governo(s), que não “controla(m) a inflação”. Para controlar a inflação era preciso controlar os infladores...

ROGÉRIO CAMARGO  

29 de dezembro de 2015

Meu Sangue


Meu Sangue
(André Anlub®)

Voo entre a terra e o céu
O sonho que crio na escrita
Lua que derrama no papel
Sol que desbanca na tinta

Vivo em copiosa adesão
Fome e vontade de comer
Tudo é mão e contramão
Auge do exagerado querer

Noto o sangue correr ligeiro
Tragando minhas entranhas
Travestido em mil façanhas

Noto o vermelho em cores
Transformando dor em amores
Poesia é alimento e anseio.

Arte nos olhos


Arte nos olhos

Arte que brinca com a bola naquela velha praça
Bermudas rasgadas, pés sujos e mente limpa
Vento que sopra quente na respiração ofegante
No belo guache que brilha.

Arte que vai a fundo à aventura
Velho barco em velhas águas inóspitas
Meio tombado, marrom e pôr do sol
No óleo sobre tela banal.

Arte que imita um deus
Imagem inebriante de dimensões erradas
Casas pequenas, homens gigantes
Na arte Naif com acrílica.

Arte que joga os dados
Corriqueira, que dá o ar e o tira
Que sustenta um corpo pagão
Pastel seco ou carvão
Na aquarela da vida.

André Anlub®

28 de dezembro de 2015

DIANTE DAS CRISES

Augusto Boal conta deliciosamente, em “Histórias de Nuestra América”, o caso de uma velhinha que foi morar na favela porque o seu maior pavor na vida era o de ser obrigada a ir morar na favela. Conviver com a pobreza extrema apavorava a boa senhora. Então ela foi conviver com a pobreza extrema. Parece extremado, mas não deixa de ser positivamente didático. Enquanto se agarra na esperança de que “talvez não aconteça”, quando está para acontecer, o cidadão morre aos poucos. Feliz daquele que, diante de uma situação de crise, pondera: Bom, o que é que de pior pode acontecer e o que se pode fazer diante disso? Esta pessoa tem os pés no chão e, por conta disso, pode contar consigo mesma. Empurrar fantasiosamente com a barriga é ir morrendo aos poucos. A esperança é a última que morre e a primeira a matar. Muito mais útil a si mesmo é o indivíduo que encara as possibilidades mais agudas com as ferramentas que lhe garantem uma realidade palpável: seja qual for a circunstância ele  prevalecerá.

ROGÉRIO CAMARGO  

Ótima semana


Veio assim de repente, 
como essa brisa gostosa que corta o vale
Uma lembrança recente, que se faz nascente
No amor que ainda insiste em você.

Torta de amora

Renasce com o dia a serenidade
que buliu com o ontem fazendo o momento
esculpindo o hoje de um modo mais tenro
fundindo o amor e rejuvenescendo.

Seduzido no deserto pela miragem
fica quase abolida a palavra “sozinho”.
Mil dentes surgem sem prévia censura
fazendo abrigo no corpo vizinho.

Fez-se vida no horizonte do sortilégio
jogada ao vento no intento da vela.
As águas singelas, um sol amarelo
nos pés os chinelos de couro bem velho.

Há aquela clara linha de guarda e guia
caminho da senhora, do guri, da guria
alegrando o coração no calor da emoção
tornando a ação repleta e divina.

A essa linha tênue se deixa um pedaço
não da paz, não do corpo, da alma tampouco.
O pedaço que nutre, e que fleuma e que flora
com a cor e o sabor de uma torta de amora.

André Anlub®
(14/11/13)

26 de dezembro de 2015

Cantar do futuro


Cantar do futuro

Na trilha do som e do cheiro,
Entre outros planejes,
Já havia o longo tempo de um asilo,
E saiu, enfrentou, 
Nisso e naquilo,
Foi certeiro.

Conhecia um pouco de tudo,
E de todos a prudência do cantarolar,
Mas de cor, tão-somente, do sábio sabiá.

O verde vivente evidente,
Fez nuance nos raios dourados do sol,
Que surgiam e sumiam
Ao bailar de folhas,
No cair de sementes,
Da jabuticabeira.

E a comunhão com a quietude,
Ao chegar o negrume,
O que estaria por vir?

E os motores aos ouvidos em dores;
Os odores do carbono a calhar;
O cruzar de mil pernas;
As janelas com visão limitada;
E a empreitada de ser e estar.

André anlub®
(28/9/13)

25 de dezembro de 2015

Ótimo sabadão...


RECICLAGEM DE MIGRANTES

Um artigo bastante interessante que encontrei na internet fala de programas implantados na Europa, pelos países que estão recebendo migrantes de zonas conflituadas, para que se reciclem no trato com as mulheres. Desacostumados à liberdade que o Ocidente concedeu ao feminino, quem chega da Eritréia, por exemplo, choca-se. Lá, como disse um refugiado, quando um homem deseja uma dama ele simplesmente a toma. A noção de que é preciso respeitar a individualidade, as escolhas e o comportamento das mulheres ainda não chegou a estes cantões. Estudando as causas de uma onda de estupros em seu território, os noruegueses chegaram à conclusão de que é preciso reeducar esta leva de  infelizes que, formados sob uma orientação de valores quase pré-históricos, ainda veem na mulher meros objetos para satisfação sexual momentânea. O infeliz recebe um amistoso sorriso de uma desconhecida em um bar ou no cruzamento de uma calçada e já acha que isso é um convite para a cópula. O fundamentalista cobriu a mulher de alto abaixo, deixando apenas os olhos de fora, como “solução” para este problema. O problema de não saber conviver com suas compulsões, o problema de administrar mal os seus instintos. O ocidental menos obtuso tratou de entender que isso deve ser resolvido na esfera do relacionamento de cada um consigo mesmo. Se a dama, como diz o eritreu, desperta no cavalheiro “desejos bestiais” a responsabilidade por isso é inteiramente dele. Tomá-la à força ou mandar que se cubra para não perturbar seus toscos olhos é inverter completamente a ordem das coisas.

ROGÉRIO CAMARGO  

24 de dezembro de 2015

Feliz Natal

Feliz Natal e que a força esteja com vocês!Créditos: https://youtu.be/R91QF6Xbaow
Posted by IGN Brasil on Quinta, 24 de dezembro de 2015


Elefantes brancos

O que é liberdade para você? E o quanto desfruta dela? Às vezes falta coragem, tempo e até vontade. Mas quem...
Posted by Canal OFF on Quinta, 24 de dezembro de 2015

  
Elefantes brancos

De tudo que li, duvido de muita coisa
algumas eu vivi
mas nem sei se foi um sonho.

As inspirações
ah... as mulheres...
personagens centrais na peregrinada
nós, os homens
somos elefantes brancos.

Aos trancos e barrancos
somos feitos para fazer a diferença
seja ela boa ou ruim.

Algum de nós tem mente delituosa
na fossa, é perigoso demais.
Brancos elefantes, aspirantes a gente
pisando em tudo
pisando em todos
na fossa, é extremante errante.

E quando os pensamentos voam
pura especulação
especulando até os próprios atos
crescendo na imaginação
de tão grande, colossal
vendo o mundo uma pequena bola de gude.

Um menino vê a dor de uma menina
ela está diante do tumulo do pai
ele pega duas tulipas e entrega à ela
uma é de chope
a outra é uma flor.

Por alguns segundos as duas mãos seguram a tulipa
as mãos dela e dele.

Por alguns segundos a vida deles formam uma só
elefante branco apaixonado
de coração errante
flutuante e entregue.

Até poderia ter sido verdade
mas não foi.

André Anlub®


COM TATO

“O tato consiste em saber até onde se deve ir quando se vai longe demais” (Jean Cocteau). Posto que pisar no tomate, por razões várias, qualquer um pode, o que resta é o relacionamento mais lúcido possível com as consequências. Depois de uma burrada, muito pedido de desculpas – às vezes qualquer pedido de desculpas – é completamente inócuo e pode que só sirva para agravar os danos, pelo aborrecimento que causa. A arte de ir adiante é complexa e exige algo que quase ninguém possui: confiança em que, seja lá qualquer for a circunstância apresentava, todo mundo sobrevive. A vida é sempre mais forte do que qualquer das suas configurações. Antes de se formalizar qualquer ambiente, externo ou interno, havia o ser. Ele não existe porque se manifesta: ele se manifesta porque existe. Isso nunca está claro, no entanto, em um momento de medo-pânico diante das consequências de haver “errado”. Seja qual for o tamanho da tempestade, ela não é definitiva. Tudo passa, porque nada é de ficar. E enquanto não vai adiante, acompanhando tudo que passa, aquele que se prende está vivendo uma alucinação. Tato – sensibilidade – é perceber esta alucinação e dar-lhe o destino correto.

ROGÉRIO CAMARGO 

Fulano da Silva


 Fulano da Silva

Deu um gole no chá verde gelado
e ao descansar a xícara, sorriu.
Viu-se num lago novamente o guri
que brincava um dia com seus sonhos alados.

Congelando o momento foi trajando o futuro
luz no fim do túnel do incerto predestinado.
No amanhã um apogeu deveras absurdo
a essência madura que utopicamente nasceu.

Viu-se feliz com o viver protegido
viu-se ungido com o suor de mil anjos.
Na boca pequena um grandioso sorriso
e aos ouvidos violinos de Vivaldi em arranjos.

Faz-se adulto, pecante e andarilho
com rugas no rosto e prantos arquivados.
É trem de carga que não carece de trilhos
Abandonou seu abrigo, sem culpas e mágoas.

André Anlub®
(8/1/13)

23 de dezembro de 2015

Feliz Natal


Outro dia flagrei-me lembrando de certa véspera de Natal, lá pelos idos de 1992, quando encontrei nas areias finas da praia de Grumari, um grande amigo de infância; foi realmente uma enorme coincidência, já que estou falando de uma praia que se encontra numa reserva ambiental, que conta com a presença de poucos “points” e que é brindada com ondas em quase toda sua extensão (2,5 km). O encontro: estava na praia num dia ensolarado, dando minha corrida pela areia e esquecendo-me da advertência do médico a respeito do meu joelho bichado... Advertência esta que eu não deveria correr nem pela areia mais dura, perto do mar, muito menos pela areia fofa... de repente vi aquela prancha fincada na areia, ao lado de uma cadeira vazia e um guarda sol com estampa de cerveja. Reconheci a prancha e já voltei meus olhos ao mar. Lá estava o “brother”, surfando de jacaré, bem ao estilo de nossa meninice... sentei-me na cadeira, meu joelho “sorriu”, olhei novamente para o mar e assobiei... trocamos acenos e me ofereci à poesia. Ele, morador do Bairro Peixoto em Copacabana, era meu vizinho de bairro, andávamos na mesma turma e dividíamos as mesmas praias e namoradas... Ele, que sempre após a ceia na casa dele passava na minha para comer mais um pouco e beber mais um vinho, já avisou que naquele ano não seria diferente, deixando-me extremamente feliz. Nesse dia, nessa cena congelada na hora, e agora se congela na memória, começou meu mergulho no mundo poético, uma de minhas razões de viver. Um poema nasceu, amadureceu e se concretizou anos depois; o poema melhor lapidado e com respingos dos Natais que passamos juntos, sorrisos que dividimos e das opiniões e namoradas que trocamos...
Um poema de saudade, de falta e da sensação que deveria ter ficado mais datas ao seu lado... grande amigo.

O poema:
Acordei com uma lágrima;
No sonho bem claro o rosto,
De pronto sorriso me olhava;
Amigo de praias e farras
Que o vento levou sem aviso;
Deixando a doce lembrança,
Momentos que não amarelam,
E regam o verde singelo
Desse jardim da saudade.


André Anlub
BEM BRASILEIRO

Dois eufemismos bem brasileiros: “Me empresta?” e “Depois falo contigo”. Quando alguém diz me empresta? via de regra está querendo dizer me dá. Como me dá é uma forma pouco elegante, invasiva, quase agressiva e como também ela coloca o pedinte suma situação muito mais fragilizada do que o me empresta, o me empresta funciona como me dá. Legiões de pessoas sentem-se indignadas: Me pediu emprestado e nunca mais devolveu! Ou: Fui pedir de volta e ficou uma fera comigo, onde é que já se viu? Já se viu aqui mesmo, e a toda hora.
Assim o depois falo contigo. Está no lugar do não quero te atender, do isso não me interessa, do não tenho tempo pra isso, do não me aborrece. Fórmulas, evidente, que não dão face para ninguém. E este é o xis da questão: dar face aos envolvidos, para que o grau dos ressentimentos não ultrapassem determinadas medidas, dentro das quais todo mundo pode continuar pedindo emprestado sem devolver ou não querendo conversa sem que os atingidos por isso tomem o rumo norte e não voltem mais.

A experiência foi fazendo com que eu aprendesse. Quando me pedem “emprestado”, meu cálculo imediato é o do prejuízo caso a coisa (ou o valor) não volte mais. Se voltar, tudo bem, é lucro. Mas se ocorrer o “normal”, então eu já sabia que estava perdido mesmo e preparado para isso. Daí que não sou um grande emprestador, evidente. Já quando me dizem que depois falam comigo, dificilmente – a não ser que seja muito importante – volto ao assunto. Sei muito bem o que quer dizer “depois falo contigo”...

ROGÉRIO CAMARGO  

22 de dezembro de 2015

SÓ LHE DÃO SOLIDÃO

“À velhice só lhe dão solidão”. Joguinho bem interessante de palavras. No mérito da questão, o tratamento dado aos velhos. O estorvo que eles representam quase sempre está ligado a duas necessidades: atendimento e companhia. Dá trabalho atender, quando as dificuldades físicas do atendido exigem tempo, cuidado, até certo conhecimento técnico. Um entrevado precisa ser limpo, trocado, medicado, etc. Tudo isso chateia quem se sente preso, até mesmo explorado. As pessoas querem é a liberdade indispensável para gozar a vida. Trabalho é chatice. O trabalho sem retorno, então, anônimo, obscuro, é quase uma ofensa.

E também tem a companhia que, sendo uma pessoa não totalmente vegetalizada, o idoso reivindica. Também é chato, para grande parte dos que querem “ir adiante”, perder algum tempo dando ouvidos a assuntos quase sempre banais ou falando a ouvidos quase sempre distraídos. Ser considerado e tratado como um incômodo, então, passa a ser mais um dos inúmeros testes que a vida apresenta a todos nós. Olhar para tudo isso com olhos de compreensão e não ter nem que fazer o movimento de “perdoar”, por ter visto com clareza o que está acontecendo, é para muito poucos. Assim como ter de fato aprendido alguma coisa de real e indissolúvel valor também é para muito poucos. É por este reduzido grupo, no entanto, que tudo vale a pena: mais dia, menos dia, qualquer um de todos pode fazer parte dele.

ROGÉRIO CAMARGO  

21 de dezembro de 2015

NATAL TODO DIA

“Tenho certeza que se poderia fazer um Natal todo dia”. Pois eu tenho certeza que não. Mesmo afastando o lado cínico da interpretação, que seria o de uma diária troca de presentes: o comércio ficaria muito feliz, mas não haveria bolso para sustentar essa prática. Mesmo ficando só com o aspecto idealista da afirmação, que é muito ingênua. Acreditar nisso é acreditar que o ser humano pudesse ser perenemente “bom”, só sentir coisas “boas” pelos outros seres humanos, viver um espírito de “fraternidade” constante e retilíneo. Isso é pura fantasia. Mais lucra quem coloca aspas nesses cor-de-rosas que só atrapalham a admissão de que estamos muito mais perto da animalidade grosseira do que da sutileza angelical. As pessoas se têm em muito alta e equivocada conta. Até por instinto de defesa (ou por uma reaplicação dele) procuram evitar uma observação mais profunda e isenta em suas reações violentas, mascarando-as com o verniz de uma civilidade extremamente frágil. Em resumo, a humanidade não tem condições de sustentar uma coisa dessas, um Natal diário. Aceite-se, só para exercício filosófico, que o espírito natalino tão decantado nas propagandas não seja apenas condicionamento, não seja apenas vontade de que fosse mesmo de verdade os desejos de paz e felicidade trocados sem que se pense no que está sendo dito. Em dois tempos a cabeça, inquieta e satisfeita, estaria entediada com o repetismo. Não durava uma semana isso que, no sonho, deveria durar para sempre, a fim de libertar os pobres sofredores dos grilhões do sofrimento.
A propósito, ontem digitei o texto abaixo, para um próximo livro de minha mãe que estou preparando:

A maior utopia dos grandes idealistas é solucionar os problemas da humanidade. Dar ao homem, em toda a face do planeta, plenas condições de paz e prosperidade. E eu me pergunto: se tal fosse possível, o que essa paz e essa prosperidade fariam da humanidade? Como sobreviveria o homem sob a camada estabelecida de inércia? E quais os resultados desse acomodamento sobre a evolução do homem? Ninguém pensa que o homem tem exatamente o que precisa para não soçobrar irremediavelmente no empedramento e na anulação. Tire-se a mola propulsora que o impulsiona para frente e em pouco tempo teremos um estado de caos. E é tão fundamental no ser o desequilíbrio e a rebelião, que o próprio homem desfaria em segundos o que o sonho utópico conseguisse por ventura realizar.

ROGÉRIO CAMARGO  

20 de dezembro de 2015

Esperando a chuva


Esperando a Chuva

A dança da chuva funciona se todos os dias a dançarem; amarro-me ao relento com a corda mais sensata que houver (no grande cajueiro), nó cego impossível de desatar. Dos dias felizes valem os sorrisos congelados; das noites de amor valem pensamentos impuros.

Por todos os lados não há o proferir do absurdo, e sim palavras incoerentes (murmúrios e soluçados de amor). Nenhum amor é inútil - absolutamente o contrário - achado ou perdido, o amor é tesouro que extravasa por lendas e mitos... é água-viva no mar morto. 


Por obséquio: todo amor tem seu preço?
E por direito todos podem pechinchar?

André Anlub®

19 de dezembro de 2015

Na casualidade dos caminhos tortos

  
Na casualidade dos caminhos tortos
(André Anlub - 13/7/13)

Parece sinóptico tal gesto simples,
Esse teu, que brilha num todo.
Precata, de jeito torto,
Serem delicadas quaisquer escolhas.

Aberto o enorme fosso,
Que aos brados chama aflito.
Equidistante é carne e osso,
Pequena fenda que flerta,
Num zunido.

Vejo estática tua íris,
Por compreenderes tamanha epístola.
Voas, feito águia,
Tão majestosa tal qual a vida.

Há brilho demais no inconformismo,
Sufoca e cega.
Há equilíbrio e imagem,
E na miragem não há cegueira.

E qual atitude seria mais certa,
Senão entregar-te ao próprio destino?
Vai-te logo, fizeste o prólogo,
Sigo-te, em linha reta...
Feito menino.
ROESIAS

A pétala que a brisa beija
com o cuidado
de quem sustenta o mundo.

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A vida que descobre a vida
num olhar que descobre a vida
num olhar.

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A par seria
se a par ficasse
em vez de apartado.

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A marcha do progresso
como um batalhão
indo à guerra que já perdeu.

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O trabalho de não ter trabalho
sai ao sol
querendo ser o sol.

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Quase domingo.
Ainda terça-feira,
mas quase domingo.

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O lirismo viajante
por um roteiro
que já ter viajado inspira.

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O de dois
é de um
e de nenhum
nos dois.

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O mar que não tenho
é o mar que sempre terei
em ondas.

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A minha casa lá longe
e tão aqui perto
a minha casa em mim.


(Rogério Camargo) 

18 de dezembro de 2015

ROESIAS

A brisa da tua mão em meu rosto
e meu rosto sabendo da tua brisa
na brasa dele.

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Um sol
para que mar converse com a luz
e a luz converse com a pedra
que o mar conversa.

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Pode que você não acredite.
Mas eu preciso que você acredite?

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Forte como a esperança.
Não.
Forte como a certeza.
Não.
Forte como a força.

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Um dia de frente
para um dia de frente.
E os demais de menos.

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O texto muito estranho
que não ter escrito
escreveu.

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À beira do rio
e à beira do céu
que o rio reflete.

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Levarei meus excessos
até onde a beleza permitir
que leve meus excessos.

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O meu amor esperando
que o meu amor esperando
não seja apenas esperar.

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Todas as cores da árvore
que são apenas céu
para a árvore e só.


(Rogério Camargo) 

17 de dezembro de 2015

APROVEITAR ENQUANTO ESTÁ BOM

Há muito anos já eu uso o mote “vamos aproveitar enquanto está bom, porque vai ficar pior”. Digo isso geralmente quando alguém se queixa de uma situação ruim. Nunca ela é tão ruim quanto pode ficar mais adiante. E tudo indica que logo ali, mais adiante, ela vai ficar bem mais do que muito ruim. No cenário mundial a gente tem dois elementos cruciais: a ecologia torpedeada e os radicais muçulmanos. São duas energias que marcham firme para um objetivo comum: a destruição. O que sobrar das explosões terroristas vai ser consumido pela poluição. A morte do Rio Doce, no Brasil, é o atestado de que já podemos nos candidatar a sócios do clube. Não acredito numa ação vigorosa do IE em nosso país, mas, como tudo é possível, isso também é possível. O cenário interno estará conturbado mesmo é pela radicalização política. Seja qual for o resultado desta palhaçada que chamam de Impeachment – uma das coisas mais irresponsáveis que já se fez, depois da eleição de Collor –  o lado perdedor não vai deixar barato. Enquanto isso, a estrutura, frágil como é, vai cedendo nas bases. Uma mistura de inconsequência, alienação, oportunismo e cobiça está fazendo na política brasileira o que a lama tóxica fez no rio que mataram. Mas... vamos aproveitar enquanto está bom, porque vai ficar pior.

ROGÉRIO CAMARGO  
ROESIAS

Procurando
o sol no cinza que o sol deixou
que brincasse um pouco.

..........................


Trago-te um sorriso cansado
mas aprendendo
a descansar.

..........................

Todas as árvores
e mais algumas
que ainda não viram
minha floresta.

.........................

Vou te falar de expectativa
e vais me falar também,
mas não será a mesma coisa.

.........................

Nenhuma distância
maior do que estar longe
logo ali.

..........................

Não sou menor que meu tamanho.
Mesmo que sejas gigantesco
diante de mim.

.........................

Deixo-te a carta que jamais escreverei
junto com todas que te deixo sempre.

..........................

O azul da tua noite,
o azul profundamente azul
da tua noite só tua.

..........................

Um pássaro junto ao pássaro.
Os dois dizendo que não.
Os dois dizendo que sim.
E o céu também.

..........................

A amiga longe
e o coração sabendo
que longe é logo depois de logo ali.




(Rogério Camargo) 

Ótima quinta


 Atravesse os mais tortuosos logradouros
Cobice as respostas e não os louros
Vire o mundo do avesso, como num desenho
Enfrente mandinga e sol quente, com muito empenho
Seja pigmento sólido ou pó solúvel
Transmita o que vive e pensa, em ínfimo espaço
No papel deixe sua vida e assine embaixo.

16 de dezembro de 2015

SEM RAZÃO PARA EUFORIA


Terminou a conferência em Paris organizada para que se tomasse alguma atitude em relação ao aquecimento global. Sinto muito, mas não consigo entrar no clima de euforia que tomou conta de algumas declarações. O Secretário Geral da ONU foi às lágrimas com a emoção do momento. O Ministro francês encarregado de encarregar-se dos encargos também. Deve ser gente que chora fácil. Ocorre que, mesmo admitindo o perigo, os cacicões estabeleceram a meta de 1,5 graus no máximo de aumento na temperatura quando o limite para catástrofes ocorrerem nos países insulares é 2 graus.  Outra coisa: as providências devem começar a partir de 2020 e deixou-se brecha para que comecem  mesmo em 2030. Mais cinco anos (ou quinze) de produção industrial frenética desenfreada vão fazer muita diferença: para pior. Se as resoluções do Grande Encontro apontassem para medidas radicais imediatas já seria de desconfiar. Porque uma coisa é querer. Outra é poder. E quando o Poder não quer, podemos todos tirar o cavalo da chuva, porque ela vai ser ácida.

Rogério Camargo 
ROESIAS

Juntei uma estrela do chão
e o chão veio junto,
porque ela não vivia sem ele.

..........................

Um sorriso de domingo
numa terça-feira qualquer
que não é uma qualquer terça-feira.

..........................

O que eu puder te dizer que estou vendo
e o outro lado,
quando também puder.

..........................

Quando as águas se encontram em cruz
e seguem adiante,
mesmo em cruz.

..........................

As águas se encontraram em cruz.
De longe ninguém via.
De perto também não.

.........................

O meu caminho de areia e água
para a imensidão
do meu caminho de sol.

.........................

Tudo que há
 na vontade de tudo
e mais o que voa. 

.........................

Vou te falar de destino
apenas quando não mais
me contares chegadas.

.........................

Quando a luz brinca
de ter o que sempre teve,
mas está do outro lado.

..........................

Ainda será muitas vezes
o que nenhuma vez
consegue ser a primeira.


(Rogério Camargo) 

Caixa preta


Caixa preta

Saboreio cada gesto como se fosse o último,
tento adivinhar o manifesto do seu pensamento
como se fosse o primeiro, como se fosse justo.
Nada é em vão.

A sua corrente quente me ajuda a nadar,
fico mais confortável e feliz.
Aquela força resistente me diz:
Atravesse o oceano e me beija.

Pelejas amigas, cantigas antigas,
caem bem, são bem recebidas.
Paixões passadas, cicatrizes fechadas,
caem bem, na caixa preta trancada.

Pela manhã molho o rosto e constato minha sorte,
perdi há tempos a necessidade de encenar.
A barba branca, o cabelo ralo
e da vivência o aguçado faro
- o voo mais acertado.

Limpo a poeira da caixa,
às vezes passo um verniz,
mas não abro.

O nosso presente já é tudo que me chega,
me cega e me cerca, fazendo coerente o amor.
Já não acolho vozes externas, demagogias,
orgias de picuinhas, não mais.

Enfim você chegou,
está ardendo àquela prometida fogueira,
com panos - papéis inúteis,
quilos de baboseiras...
E a velha caixa queimou.

André Anlub®
(9/9/13)

15 de dezembro de 2015

Água Que Guia uma Águia

گروه بزرگ سازهاى ايران شاهو : خروش
Posted by ‎موسیقی از دیروز تا امروز‎ on Terça, 3 de novembro de 2015


Água Que Guia uma Águia

Vejo o rebento rapina
Que em ondas e ventos chegou
Fez do mais velho, menino
E a discórdia enterrou.

Nasceu do amor impregnado
Uma busca que nunca teve fim
Chuva e semente, cultivado
Verde, forte, capim.

Cresce e se alastra com brilho
Bate suas asas de pégasus
Voa por entre palácios
Desperta nas nuvens seu filho.

Aurora de paz, sentinela
Seus olhos fitam o amor
Orquestra um grito de guerra
Na companhia de um condor

Vejo de baixo incrível beleza
Derramo sem piedade meu pranto
Sem jeito, mas com sutileza
Viro, caminho e canto.

André Anlub® - 2010

Ótima terça


O poster original de promoção ao «Back Catalogue» dos Pink Floyd, concebido por Storm Thorgerson. Da esquerda para direita, os álbuns Atom Heart Mother (1970), Relics (compilação de 1971), Dark Side Of The Moon (1973), Wish You Were Here (1975), The Wall (1979) e Animals (1977).


Da esquerda para direita: Technical Ecstasy, Black Sabbath (1976), The Widow, The Mars Volta (single de 2005), Wake Up And Smell The Coffee, The Cranberries (2001), Absolution, Muse (2003), Deceptive Bends, 10cc (1977) e o álbum homónimo da banda Audioslave (2002). | Foto: Rupert Truman
Da esquerda para direita: Technical Ecstasy, Black Sabbath (1976), The Widow, The Mars Volta (single de 2005), Wake Up And Smell The Coffee, The Cranberries (2001), Absolution, Muse (2003), Deceptive Bends, 10cc (1977) e o álbum homónimo da banda Audioslave (2002). | Foto: Rupert Truman


Gasoline, Catherine Wheel (single de 2000), Elegy, The Nice (1971), The Bottom Half, Umphrey’s McGee (2007), Difficult To Cure, Rainbow (1981), o primeiro dos álbuns homónimos de Peter Gabriel (lançado em 1977) e o DVD Pulse, dos Pink Floyd (2006).


Echoes, Pink Floyd (compilação de 2001), Slip Stitch and Pass, Phish (1997), On Air, Alan Parsons (1996), o álbum homónimo dos Program The Dead (2005), Chrome, Catherine Wheel (1993) e Lovedrive, Scorpions (1979).


 Re­cri­ação feita pela body­painter Na­talie Flet­cher 

Da esquerda para direita: Technical Ecstasy, Black Sabbath (1976), The Widow, The Mars Volta (single de 2005), Wake Up And Smell The Coffee, The Cranberries (2001), Absolution, Muse (2003), Deceptive Bends, 10cc (1977) e o álbum homónimo da banda Audioslave (2002). | Foto: Rupert Truman
Da esquerda para direita: Technical Ecstasy, Black Sabbath (1976), The Widow, The Mars Volta (single de 2005), Wake Up And Smell The Coffee, The Cranberries (2001), Absolution, Muse (2003), Deceptive Bends, 10cc (1977) e o álbum homónimo da banda Audioslave (2002). | Foto: Rupert Truman
 
 

FAMÍLIAS AMERICANAS

Tenho acompanhado duas séries bobinhas americanas, feitas para a televisão. Já vi dez capítulos de cada uma e, se não me aborrecer pelo caminho, vou passar muito tempo vendo ainda pois ambas têm sete temporadas já. São filminhos de vinte minutos, encaixam-se bem numa hora em que fico entre San Juan e Mendoza, tapam um buraquito. Ambas focam famílias. Uma de classe média bem média e outra de classe média bem alta. As mensagens também são familiares, visam o entretenimento de gente que sintonize com o mesmo espírito. Gente que vai absorver e consolidar o mesmo espírito. E nele há uma visão muito rasa das coisas: dos relacionamentos humanos, de como enfrentar os problemas cotidianos e de como “aproveitar a vida”. Os remediados viram-se como podem para tirar uma lasquinha do grande sonho de consumo. Os abastados espojam-se. Uma simples festa de aniversário para um dos filhos transformou-se em uma orgia inacreditável. Havia disso e daquilo, havia daquilo e disso e havia muito disso e muito daquilo. Não existe nessa postura um centavo que seja de conflito, de dúvida, de insegurança, de desconfiança. Será que não estamos exagerando? Passa reto. Enquanto nos arrabaldes a utilização do “Amigo Secreto” (ou “Oculto”, como dizem fora do RS) é cada vez mais uma imposição para enfrentar a “obrigatoriedade” de presentear alguém no Natal, nos Estados Unidos as famílias estradulam. Todo mundo ganha carradas de mimos. Dos quais vai usufruir um mínimo, seja por desinteresse, seja pela prosaica falta de tempo para se ocupar com tanta coisa. E ninguém pondera o quanto isso custou. Não aos seus bolsos, sempre recheados de dólares, mas à terra-mãe que forneceu a matéria-prima para tanto brinquedo inconsequente. 

ROGÉRIO CAMARGO 
ROESIAS

Um pouco porque tudo é meu,
um pouco porque nada é
e eu não me importo.

..........................

O incêndio do céu
e o incêndio da alma
conversam todos os fogos.

..........................

Todas as certezas da certeza
e mais algumas,
incertas e belas.

..........................

A luz que chega
sem pedir licença.
A licença que chega
sem pedir luz.

..........................

Até um pouco antes
era um pouco antes.
Depois ficou apenas depois.

..........................

O dia cinza
ainda não é uma trégua definitiva
do sol inclemente, mas dá esperanças.

..........................

Toda uma procura de céu
e toda uma certeza
de que ele está lá.

..........................

Não te tenho amor:
te tenho amores.
Todos num só.

..........................


Chegarei.
Ou então serei alguém lá longe
que pensa em chegar.

..........................

Terei a noite
e as coisas da noite
para pensar na noite
e amanhecer.


(Rogério Camargo) 

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.