29 de novembro de 2019

Excelente sexta aos amigos



O valioso tempo dos maduros (Ricardo Gondim)

Contei meus anos e descobri que tenho menos tempo para viver a partir daqui, do que o que eu vivi até agora.
Eu me sinto como aquela criança que ganhou um pacote de doces; O primeiro comeu com prazer, mas quando percebeu que havia poucos, começou a saboreá-los profundamente.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis em que são discutidos estatutos, regras, procedimentos e regulamentos internos, sabendo que nada será alcançado.
Não tenho mais tempo para apoiar pessoas absurdas que, apesar da idade cronológica, não cresceram.
Meu tempo é muito curto para discutir títulos. Eu quero a essência, minha alma está com pressa … Sem muitos doces no pacote…
Quero viver ao lado de pessoas humanas, muito humanas. Que sabem rir dos seus erros. Que não ficam inchadas, com seus triunfos. Que não se consideram eleitos antes do tempo. Que não ficam longe de suas responsabilidades. Que defendem a dignidade humana. E querem andar do lado da verdade e da honestidade.
O essencial é o que faz a vida valer a pena.
Quero cercar-me de pessoas que sabem tocar os corações das pessoas… Pessoas a quem os golpes da vida, ensinaram a crescer com toques suaves na alma
Sim … Estou com pressa … Estou com pressa para viver com a intensidade que só a maturidade pode dar.
Eu pretendo não desperdiçar nenhum dos doces que eu tenha ou ganhe… Tenho certeza de que eles serão mais requintados do que os que comi até agora.
Meu objetivo é chegar ao fim satisfeito e em paz com meus entes queridos e com a minha consciência.
Nós temos duas vidas e a segunda começa quando você percebe que você só tem uma…

28 de novembro de 2019

Esperanza Spalding: Live at BRIC | NPR MUSIC FRONT ROW

Velho reinado do jovem Rei


Velho reinado do jovem Rei

O sorriso para as aves que chegam do infinito;
Novo abrigo para os que preferem vir pelo mar.
Osso para o cachorro ficar, brincar e esconder,
Caneta para escrever, vitimar e tirar cera do ouvido.

A nuvem escura chegou – nuvem prometida;
Traz chuva, traz vida, regando sedentos.
Cá estamos em casa nos embriagando de música;
Braços e pernas presos, agarrados aos instantes,
E “Mutantes” na vitrola dos hiantes amantes.

Nas mãos o punhado de flores colhidas,
Nos vasos o intenso cheiro puro da terra;
O aquário o clichê de peixes dourados,
Adorados por exporem a todos suas vidas.

Quadros amarelados, pelas paredes, espalhados,
Cansados da vida no mesmo cenário;
Atrás deles escondidas, alvas e frias lagartixas,
Devorando todos os insetos devidamente desavisados.

Está tudo certo – absolutamente sob controle:
A vida segue o norte que se deu e que se dá...
Num grande sacolejar, quase virando o barco,
Uns morrem, uns porres, uns nadam, uns nada e uns vivem de molho.

Chamuscaram a loucura no incêndio da alma,
Pois ela vive na externa, na espreita da cura;
Absurda é na artéria sem medo correndo vermelha
A paixão suntuosa e frenética, carnal, corriqueira.

Seu corpo no meu colo – pode ser agora?
Já traço; é o meu rolo...
Faço um bolo de amora para o lanche
E o lance é você trazer a Coca-Cola.

Vimos todos deixando de ser guiados por outros,
Vimos tolos pensando em falar a língua dos anjos;
Lapidamos a escultura da nossa personalidade,
Amparados, juntos e separados; cada qual no seu trono.

André Anlub®

27 de novembro de 2019

Velho reinado do jovem Rei


Minha consciência é extremamente leve, 
mas não há maleficência que leve.

Pousa para dar pé, pausa para um café;
Asa em construção – voo em atuação;
Ao distante a verve chamando, pois...
Incitante é a vida entoando.

Conseguiu riquezas, ostentações,
Ultrapassou a barreira do som;
Foi na Lua, dormiu em Marte
E como se não bastasse
O mundo virou ouro com o toque de suas mãos...
Mas de volta ao real – natural – importante,
Como se por um instante
Acabou-se a loucura;
Deu-se conta que está sozinho,
É estranho no ninho,
Na ilusão da fortuna.

Velho reinado do jovem Rei

O sorriso para as aves que chegam do infinito;
Novo abrigo para os que preferem vir pelo mar.
Osso para o cachorro ficar, brincar e esconder,
Caneta para escrever, vitimar e tirar cera do ouvido.

A nuvem escura chegou – nuvem prometida;
Traz chuva, traz vida, regando sedentos.
Cá estamos em casa nos embriagando de música;
Braços e pernas presos, agarrados aos instantes,
E “Mutantes” na vitrola dos hiantes amantes.

Nas mãos o punhado de flores colhidas,
Nos vasos o intenso cheiro puro da terra;
O aquário o clichê de peixes dourados,
Adorados por exporem a todos suas vidas.

Quadros amarelados, pelas paredes, espalhados,
Cansados da vida no mesmo cenário;
Atrás deles escondidas, alvas e frias lagartixas,
Devorando todos os insetos devidamente desavisados.

Está tudo certo – absolutamente sob controle:
A vida segue o norte que se deu e que se dá...
Num grande sacolejar, quase virando o barco,
Uns morrem, uns porres, uns nadam, uns nada e uns vivem de molho.

Chamuscaram a loucura no incêndio da alma,
Pois ela vive na externa, na espreita da cura;
Absurda é na artéria sem medo correndo vermelha
A paixão suntuosa e frenética, carnal, corriqueira.

Seu corpo no meu colo – pode ser agora?
Já traço; é o meu rolo...
Faço um bolo de amora para o lanche
E o lance é você trazer a Coca-Cola.

Vimos todos deixando de ser guiados por outros,
Vimos tolos pensando em falar a língua dos anjos;
Lapidamos a escultura da nossa personalidade,
Amparados, juntos e separados; cada qual no seu trono.

André Anlub®

26 de novembro de 2019

Excelente tarde de terça

Elizabeth Bishop em carta a Robert Lowell:

"Manuel Bandeira é delicado e musical e tudo o mais - nada parece sólido ou realmente 'criado' - é tudo pessoal e tendendo para o frívolo. Um bom poema de Dylan Thomas vale mais do que toda a poesia sul-americana que já vi, com a exceção, possivelmente, de Pablo Neruda."

Das Loucuras (estoico, apostador, caótico, profano)


Das Loucuras (estoico, apostador, caótico, profano)

Ecos do provisório do cabelo escovado
E o corpo com cheiro de talco.
No papel o roteiro com o fim e o meio esperando o início.
Pés aquecidos em sapatos italianos bico fino...
“Pisantes” comprados de um índio.
O sal na boca e o céu acima,
“Biloucos” com o sangue cheio de álcool.

A plateia aperta o cinto,
Pois o espetáculo vai durar mais uns dias...
Uns dizem se tratar de rebeldia,
Outros se tratam com remédio num terreno baldio.

Cascalhos pelo chão e cães magros no pedaço compõem o cenário.
Sim, tem algo estranho no ar! 
Alguém levanta uma placa pedindo gás do riso.

Na sequencia a consequência de não ter se separado do seu vício:
Viveu sua vida de vidro, tomou chá de presença e de sumiço.
Gritou nu pelas ruas, pois o silêncio o fazia deprimido.

Nunca esteve sozinho,
Meio mundo copiava seus caminhos.

Na rebeldia do seu tempo, na inércia da solidão,
Desvendou criptogramas, leu dicionários, diários, Bíblia, Alcorão.

Apostou em si mesmo, perdeu tudo que tinha;
Fez-se rico com pouco, conheceu sua sina.
Olha no espelho com orgulho, vê o quer encontrar...
Perdeu a necessidade inútil de sempre sorrir e agradar.

André Anlub
(8/7/18)

25 de novembro de 2019

Entrevista com o escritor André Anlub (2012)


November by Aleksey Zuev

Entrevista com o escritor André Anlub (2012)

(1) Pergunta da amiga Roberta F Souza – No início, que tipo de escritor/livro te influenciou?

Na minha época do colégio, por orientação e ‘obrigação’ do mesmo, li e conheci os livros de Maria José Dupré, Orígenes Lessa e Monteiro Lobato. Tinha em casa uma coleção inteira do TinTin que eu saboreava somente as imagens (era toda em Francês). Sempre busquei uma leitura alternativa em bancas de jornais, nas famosas revistinhas do Mauricio de Souza entre muitas outras disponíveis na época. Lembro-me, mais velho, comprando as revistas MAD, Playboy, Chiclete com Banana e os HQs do Sandman (Neil Gaiman), que tão logo tornei-me fã e um leitor assíduo. Há escritores que influenciam nossas vidas de forma saudosa e afetiva, pois um tal livro deixa sua marca em tal época que foi lido. Há escritores que deixam influência não somente por suas obras, mas contudo por sua maneira de ser e viver. É o caso de Manuel de Barros, Jorge Amado, Vinicius de Moraes e também obras fantásticas temperadas com vidas conturbadas como Sylvia Plath, Virginia Woolf, Ana Cristina Cruz Cesar e Leminski (entre outros). Há poucos anos dois livros foram quase que duas epifanias em minha vida: Canto Geral (Neruda) e O evangelho segundo Jesus Cristo (Saramago). A literatura é fascinante, seja como aprendizado, hobby ou distração para passar o tempo; para quem escreve, ler muito torna-se essencial, pois a leitura – a meu ver – deve ser uma rotina satisfatória, corriqueira e indispensável ao longo do seu dia a dia.

(2) Pergunta da amiga Cínthia Moretti – Você segue uma rotina de horário pra escrever?

Não! No computador há sim uma rotina, mas mais de organização e arquivamento do que da escrita propriamente dita. Tenho em casa diversos bloquinhos espalhados pelo quarto, escritório, sala, banheiros e varanda. Quando saio levo no bolso ou na bolsa, mas nunca saio sem; certa vez esqueci o celular; mas o bloquinho ainda não. Sou uma pessoa rotineira, quase pragmática em relação com minha saúde: faço meditação, corrida, preparo minha alimentação e afins; nos meus hobbies: escultura, escrita, pintura, leitura, filmes, boxe, música e afins sou aventureiro e deixo-me levar conforme queiram os ‘deuses’ (sem da minha parte impor normas, horários e regras)... Não tenho restrições de horários nem dias ou meses para a arte... Nunca aconteceu, mas acho que posso ficar meses sem escrever ou pintar que não entrarei em ‘alerta’, nem tampouco em pânico. Aproveitando a deixa, Cinthia, pego o gancho e tomo a liberdade de deixar um escrito sobre o assunto:

Letargia
- André Anlub

A depressão lhe caía ao corpo, lhe corroía as entranhas, doía todos os músculos, juntas e ossos, cegava os olhos e secava as artérias e veias; a depressão o fazia um tudo tardio e torto, era nua, vil e absoluta, era o toldo à chuva, era de tudo um nada e daquilo e daquele inquilino mais tosco e fosco, um todo; a depressão lhe subia senil do chão ao alvo que era o alto, bem no alto da ponta da cabeça; sugava-lhe o sangue, o suor, a saliva da boca, a seiva do sexo, e desbotava todos os brilhos, os bagos, os beiços até que escureçam; a depressão já chegou a tempo e lhe tapou os tímpanos com seu tampão tempestuoso; arrancava-lhe as pálpebras, os pelos e cabelos, desmascarava suas ilusões, seus enganos e seus festejos, o bolinava e brochava ao extremo, o fazia enfermo, ínfimo, verme, vesgo; a depressão podia até ter boa intenção, mas bem no fundo à esmo; era verduga, verruga e veneno. Mas e a garrafa? – A garrafa acabou e o copo secou. Não sobrou sequer um comprimido amigo, um som de piano, um ano pela frente, ou um enterro decente com carpideiras e enchentes; nada... nem um pano sujo com éter ou clorofórmio... nada, nem os coliformes fecais sobreviveram... nada, nem a cola de sapateiro, nem o padeiro gritando: pão!; nem o leiteiro gritando: flor!; nem o mendigo pedindo esmola e nem a bola do guri João. O dia rasteiro veio à sua busca, dar-lhe um sorriso sem anistia e lhe cobrir com um manto negro e tão grosso que asfixia... A noite vem chegando, mas não vai dar tempo de vê-la em vida, pois a sofreguidão é tamanha que lhe come a pouca e qualquer expectativa. É o fim do mundo: a depressão já fez outra vítima, endureceu a carne e enrijeceu a língua; a depressão abandona o corpo e voa sem sina na brisa... Mas soa um aviso à redondeza: não fechem as janelas – não temam as feridas.

(3) Pergunta da amiga Poliana Marques – Você prefere escrever em primeira ou terceira pessoa? Por que?

Estou no meu primeiro romance, ele é fictício e autobiográfico ao mesmo tempo. É um misto de coisas que realmente aconteceram com pitadas de ébrios devaneios e de sóbrias inspirações. Garanto de antemão que será um bom livro, uma leitura salutar e uma grande viagem de fácil compreensão (mesmo para quem não me conhece desde novo). O curioso é que comecei e assim segui escrevendo em terceira pessoa (será um livro grosso, já escrevi muito e acho que ainda estou em 1/4 dele), e um amigo leu e me confidenciou que ficaria melhor em primeira pessoa. Ainda estou na dúvida se farei a troca, pois vai dar um trabalhão – caso mude –, mas continuo escrevendo em terceira enquanto fico na indecisão... O que realmente importa é a evolução do mesmo.

(4) Pergunta da amiga Daya Maciel – Como foi a decisão de começar a escrever profissionalmente?

Ainda não me considero – nem sei se quero – um profissional! Na verdade penso pouco no assunto. Acho que em um futuro próximo, por causa da acessibilidade da internet, poderá surgir uma enxurrada de pessoas dividida em três grandes vertentes: a primeira enxurrada de talentos ocultos que serão revelados, arrebatados pela literatura, acorrentados pelo salutar vício e ofício de ler/escrever (farão sucesso e, caso queiram, venderão igual pão quente); a segunda enxurrada de escritores frustrados, que ambicionaram em demasia e focaram em um objetivo muito além de seu alcance... Esquecendo-se da essência das letras – a mágica da escrita –, causando assim desistências ou excesso de contingente no limbo literário (espero que não caiam em depressão); a terceira enxurrada de amantes das letras, que continuarão com suas mentes voando, sentido prazer em escrever, vagando entre o real e o imaginário, felizes por serem o que são e sem a menor pretensão de pretender. A meu ver o ideal é a gente só se frustrar quando quer... só para fugir da rotina! - Encaro a escrita como um hobby arrebatador – quase divino –, um divisor de águas que completou minha maneira de ver e viver a vida, desbastou minha alma e coloriu minha história.

Escrever é expressão, é dar pressão e se exceder; é no viver levar o mesmo com mais emoção. Aos que temem a caneta: que fiquem imbuídos de lançar a flecha, e terão a certeza de acertar, pelo menos, um coração.

(5) Pergunta da amiga Ana Fernandes – Qual foi sua inspiração para escrever?

A inspiração surge do cotidiano, do acordar de bem (ou não) com a vida, do corriqueiro, da novidade, da vaidade e humildade de ser um eterno aprendiz nesse mundo. Costumo dizer: escreva à tia, escreva às tantas, escreva à toa. No ano que resolvi escrever e lancei meu primeiro livro de poesias e textos, em 2009, eu só contava com uns vinte rabiscos... Alguns impublicáveis. Comecei então uma produção descomedida pois não queria um livro fino, queria algo com mais de 200 páginas, com desabafos sobre o cotidiano, política, vida e amores... queria lançar para o Natal e tinha menos de 8 meses para me inspirar, criar, escrever, editar e mandar para a editora (que no meu caso foi uma gráfica). Escrevia no ônibus, no taxi, no consultório dentário, no banheiro e até dormindo (acordava na madrugada com poesias que havia sonhado). Consegui! Mas para variar, e não fugir do de quase praxe, a gráfica atrasou e o livro foi-me entregue no comecinho de 2010. Costumo dizer que vendi mais de 100 livros ‘Poeteideser’ de 2010 até meados de 2011 só pelos correios (devo ter sonhado). Depois esfriou! – Agora, tempos depois, se somados todos os meus outros livros seguintes (livros com um pouco mais de maturidade, técnica e desenvoltura) mesmo assim só chego aos pés desse feito.

Se me permite, Ana Fernandes, lembrei-me disso:

Já arredei minha veste preta, vou vestir branco; demiti as carpideiras e com muito pesar darei "tchau" ao querido espaço Orkut; sinto-me muito triste, pois foi por lá que comecei meus primeiros rabiscos "online"... Lá vendi muitos livros ‘Poeteideser’ e fiz diversos amigos... muitos deles extravasaram para uma amizade mais perto, cá fora, com mais cheiro de verso e de gente; felizmente pude partilhar das rimas pessoalmente com alguns poetas e amantes das letras também fora das redes sociais e muitos ainda estou para conhecer. Bem, contudo, novas redes sociais vieram e virão, e a nau poética jamais afundará (nem se tacarem fogo em todos os livros e meios de divulgação), pois a poesia é eternizada no universo de cada ser vivo.

Em tempo, vão-se os papéis, drivers, pen drivers, nuvens e véus... mas ficam os enredos.

(6) Pergunta da amiga Laura Jane Silva Na sua opinião, qual é o maior obstáculo que um escritor enfrenta? saber o que mais agrada os leitores e conquistá-los, ou a falta de recursos e oportunidade de expor às suas obras?

Com certeza a falta de recursos. Acho que começar a escrever para agradar, é começar com o pé esquerdo (e dar um tiro no mesmo), é começar tonto e torto! Temos que focar em escrever para nós mesmos, às vezes o que gostaríamos de ler e às vezes até não... mas apenas escrever o que nos dá prazer. A escrita focando no que está em voga, no que é modinha é inevitavelmente reservar para o futuro a pá e o cal.

O lado bom da vida é fazer o que gosta
Não pingar colírio em olhos alheios
Viver para ser invejado é tiro no pé
É egoísmo com a própria alegria
É fazer com a falsidade parceria
É ser Zé Ruela, Zé Mané.

(7) Pergunta da amiga Mariana Moschkovich Athayde – Quantos anos você tinha e sobre o que era seu primeiro texto literário?

Eu e o pessoal da minha turma (Bairro Peixoto – Copacabana (RJ)) fizemos um jornalzinho de rua em 1983 chamado Jornal da Banche. Era um jornal voltado ao esporte, em especial ao skate e surf. Escrevi algumas matérias, textos pequenos e muito mal escritos que contavam nossas aventuras nos ônibus em buscas das ondas nos litorais fluminense. O Jornal era mensal e vendido ao preço simbólico de poucos centavos (uns 25 na moeda atual). Chegou a ter 4 edições. Se não me falha a memória, foram os meus primeiros rabiscos direcionados a outra pessoa (sem levar em conta as cartinhas de amor).

Imagem do jornalzinho:

(8) Pergunta do amigo Luiz Amato – O que você acha da situação da cultura em nosso país?

Opa Luiz, antes de tudo quero lhe agradecer pelo convite. Fiquei muito feliz. Bem, sobre a situação já fui mais pessimista e não faz muito tempo! Atualmente (de uns 4 anos para cá) tenho visto museus lotados, novamente surgir gente boa na música, nas letras e nas artes. Vejo feirinhas de artesanato com obras fantásticas... e o principal: vejo crescer leitores (pelo menos em meus círculos), gente que se dedica e estuda, que se aprofunda e com o coração mergulha, não visando lucro com o banal – dentro do raso e vil (sempre existe tal pessoa, mas a gente se esquiva e segue nosso caminho). Vejo também os amigos de antologias se conhecendo; vejo surgirem academias e associações unindo os escritores e artistas de forma real e amiga, saindo da preguiça inerte do virtual, do escritor de sofá e divulgador que se limita em comunidades de redes sociais... Não somos de outras galáxias, temos como nos unir na carne e osso, sairmos um pouco da zona de conforto e darmos um abraço ao vivo sentindo o cheiro da poesia exalada pela aura do amigo. Atualmente temos as ‘armas’ da internet (para chegar a todos), mas é salutar também o contato ao vivo. De uns anos para cá vejo isso acontecendo com mais frequência. Agora, no início de dezembro, estarei em um enorme evento, com diversos amigos, no lançamento de duas Antologias em Salvador (BA)... Tem tudo para ser uma maravilhosa festa.

(9) Pergunta da amiga Sabrina Oliveira – Eu já vi leitores dizendo que um autor deve ser conhecido por um só gênero literario. Eu discordo. Pois se vc gosta de ler de tudo pq não pode escrever de tudo um pouco? Seguindo esse pensamento, vcs acham que tem preconceito dos leitores quando um autor gosta de variar os gêneros em seus livros? Acham que o autor seria mais reconhecido se focasse em um tema apenas?

Excelente e complexa pergunta! Nunca pensei nisso, pois quando leio apenas leio. Muitas vezes nem sei se o escritor variou de estilo e tem flertado com novos temas e/ou escreveu algo novo dentro de seu universo.

(10) Pergunta da amiga Vivian Santana Todo escritor gosta de ler. Quais os tipos de livros que vcs mais gostam e quais autores preferidos???

Gosto de poesias, sou um devorador inquieto, metediço e entusiasta. Leio os clássicos, mas leio muito também os amigos poetas; desde a época do bom e velho Orkut. Gosto também de ler os romances, principalmente quando escritos por pessoas complexas na vida real. Tenho uma curiosidade mórbida por suicidas, loucos e escritores controversos. Gostei muito de ler os livros ‘quase biográficos’: Confesso que vivi e Canto geral de Neruda, Ariel e A redoma de vidro de Sylvia Plath, A medida da vida de Virginia Woolf e Poética de Ana Cristina Cruz Cesar. Não são biografias diretas; são sutis, enigmáticas e perspicazes.


Das Loucuras (entrar em ação pode ser entrar pelo cano)







Das Loucuras (entrar em ação pode ser entrar pelo cano)

Ele é tatu e está tudo errado nessa dedução.
Pé no chão, pata no chão, barriga no chão.
Ele é rato ou pode ser cobra,
Vamos cobrar essa resposta.

E agora se faz o que? 
Mostrar o crachá,
Pegar o acarajé e caprichar no dendê.

A temperatura caiu...
Um mar Báltico,
Mas o corpo nunca esteve tão quente
E cáustico
Como nesse instante.

E amanhã como vai ser?
A lâmina da faca entre os dentes
Estará ainda mais gélida, afiada e lancinante.

Ele quer guarida,
Se reencarnasse iria querer novamente guarida...
Sonhos, projetos, orações são tudo em vão.

Tem a noção de que precisa de segurança externa,
Não anda com as próprias pernas,
Mas bebe e comete seus pecados
Com cuidado e as próprias mãos.

Quer disfarce para usufruir da distração;
Não consegue,
Então chegam suas nuvens pesadas.
Guarda-chuvas na mão
E a estrada de barro inundada...

Se proteger da chuva não é nada,
E novamente ele se deixa na mão.

Foi montado o funeral,
Ele já pode aparecer.
Cava seus buracos, busca suas saídas,
Trabalha seus ensaios e divulga suas rotinas...
Se expondo, se impondo, se cobrando
De uma forma que ninguém imagina.

A vida de dia lhe sorri – timidamente,
A noite ela se vinga, o faz de vítima.
Mas enfim:
Dizem que nem tudo acaba em pizza,
Talvez não seja somente lá e aqui...
Nem tudo é água ou daiquiri.

André Anlub®
(17/10/18)





24 de novembro de 2019

Das Loucuras (roubaram meu relógio biológico)



Das Loucuras (roubaram meu relógio biológico)

O tempo já é era, a saudade é válida e estamos conversados...
Feliz infeliz aniversário – é mais um ano maçante que passa –,
Balões de gás hélio e o Hélio fez muffins com uva passa...
Uns falam fino - outros fanhos, mas os corpos amarfanhados.

Uma luta de boxe do povo, contra o velho-novo imbróglio,
Arrumar um esquema para a boca da rua ter microfone.
Ao toque de corneta, Raul de Souza prefere o trombone....
John Bonham e João Barone fazem o coração bater ao contrário.

Nem esperto, nem otário – sobrevivente e vidente do óbvio;
Nem notório, nem obscurecido – adormecido num trópico utópico.

O tempo já é ouro, todo saudoso rebobina na mente a fita...
Felizes anos velhos – anos bons que foram à mingua –,
Embora já tenham ido, mas deixaram tatuagens na língua...
Puseram meu coração no ácido, sorte minha pele ser refrativa. 

André Anlub
(17/10/17)



Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.