2 de abril de 2021

Olheiro

 



Olheiro


Em ziguezague, cá e lá, tantos olhos nus,

Aguardando a ponta do sol,

Que vai nascer num mote distante

De um lugar nenhum.


Não importa!


Como sossegos que assustam morcegos

Escondidos em cavernas, companheiros dos sentimentos tímidos;

Alma cálida daquela paixão nada passageira,

Derramando na veia, demudando o que corre no corpo

Da sola do pé ao topo

Vinho tinto – vinho do Porto...


Saboreia.


Seu lugar à mesa não está vazio,

É seu disponível - é seu abrigo

Inimigo e amigo do seu espírito

Em plena consciência da compaixão...


Humildade.


Venha fartar-se tão breve

Nessa mesa ou naquela

Na panela de quem se atreve.


Venha sentar-se tão logo

Nesse ou naquele colo

Ou no solo frio do chão.


As torradas estão prontas, saltam da torradeira,

Na hora exata de derreter a manteiga;

O aroma intenso do inexperiente mel

Espalha-se pela mesa

Junto com as tintas de um novo artista

Que o olheiro cobiça.


André Anlub®

Feliz Páscoa

"Caríssimos(as) Amigos(as)

Segue o Resultado do 1º Concurso de Poesias Livres ARLACS 2021 - categoria Acadêmicos Efetivos...

na página da Academia Internacional da União Cultural poderão ser consultados os resultados das outras duas categorias (Acadêmicos Correspondentes e Especial Não Acadêmicos)...

Aproveitamos para desejar um excelente feriado a todos! Paz e luz!"



A candura do aplauso


É, joguei a toalha - acho que já escrevi isso antes

No meu inferno de Dante, a vida sempre me malha.

Larguei novamente a navalha, deixei-me ir no amor

O sol vai sorrir ao se por; a lua desfaz tal fim triste.


De tempo em tempo a mente não mente, e molda, e muda...

Como uma mola que estica e torna-se um espeto de aço.

Tirei meu colete à prova de balas e delineei meu espaço

Derreti meus nervos de aço nessa equação absurda.


Há sempre notas musicais que adornam o dia

Aliviando os tímpanos, desopilando o fígado.

Compete aos comprimidos cumprirem sua sina

Todas as bodas de Fígaro têm certo tom de ironia.


Salve, salve, pois a maré sempre estará para peixe

Por isso deixo essa deixa; por essa haverá quem se queixe.

Uma Quimera, uma Górgona, uma goela, uma garrafa 

E a nau sem vela nem leme, o lance é lançar a tarrafa. 


Suprimindo qualquer coerência, homens seguem otimistas

Nessa vida de artista, a arte foi quem pintou o seu sete.

No deserto doído da alma, colocaram certas cores intimistas 

Desdenhando de peça e de palco; desenhando o aplauso à vedete.


André Anlub

30 de março de 2021

Sonhei com o Tibet

 



Sonhei com o Tibet


Por vezes penso em puxar a tomada

desligar-me de tudo

raspar a cabeça

limpar a consciência

e ir atrás da paz interior.


Sonhei com o Tibet!

E pra quebrar o tabu

sem quebrar a tíbia

vou tocar tuba

dentro da taba

deitado em uma tumba.


Descansando aqui, no meu banco de pedra

iluminado pela lua cheia

que disputa importância com o poste de luz.

Novamente, bloco e caneta nas mãos

e um pouquinho de inspiração

tenho a sensação estranha

de estar tendo uma experiencia

tipo extracorpórea.


Os cães latem ao longe

e pra longe se desloca meu pensamento

logo, logo, eu volto.


André Anlub®

29 de março de 2021

Cordão umbilical

 



Cordão umbilical


Sinto-me próspero quando não sou tapeado

E a inspiração, por fim, deixa minha mente.

Ela não é indigente, tampouco empregada,

É minha filha e amada,

Meu sentimento mapeado

Que foge do meu masculino ventre.


Mas a mesma não quer viver de vaia

Ou aplauso desacerbado.

Não quer ficar arquivada

Em uma gaveta empoeirada

Ou no raio que o parta.


Ela quer ser mais um elo da corrente

Ir longe, logo e ir pra frente,

Criar um leal - legal - legado,

Ser um dos 300 de Esparta.


Ela quer viver pequena ou colossal,

Onde habita a multidão e a solidão.

Ir ao limite que estica a emoção

E o meu cordão umbilical.


André Anlub®

28 de março de 2021

A epopeia de Denise e do Dono (caixa de Pandora - 5/5/10)


A epopeia de Denise e do Dono (caixa de Pandora - 5/5/10)

Denise caminha em uma praia e mesmo que o sol não raia sua alegria insiste e num instante depara-se com uma caixa, um baú velho e pequeno. O abre, deixando escapar um vento, em vulto, um veneno.

A caixa: dentro havia um sonho que a remeteu a outros lugares; voava por entre vales, sentia na face leve brisa gélida; despiu-se de todos os seus disfarces, reviu todos que já se foram e todos que por ela eram amados e ela por eles. Viu a morte que passou tão rápida e inexpressiva que na verdade poderia se tratar de uma nuvem negra: nuvem pequena – inútil –, essa nuvem que não faz chuva, mas, dependendo do ponto de vista, pode tirar o reinado do sol. Voou sobre a ilha de Páscoa e sorriu para seus mistérios; atravessou deltas de rios, do Parnaíba ao Nilo. Ao anoitecer viu Paris, sentiu seus perfumes e por um momento os odores a levaram a campos, como se estivesse presa numa redoma de vidro; foi testemunha do nascimento de uma pequena aldeia: África. Os lugares voltavam no tempo, homens surgiam em grupos, perseguiam mamutes e comiam famintos... descobriam o fogo – violência – pretensão. Ninguém podia vê-la ou ouvi-la, e tantas coisas para ensinar e aprender. De repente, tudo foi simplificado a um só casal de humanos, uma árvore, uma fruta, uma cobra – voltando em segundos ao atual e normal. Pode ver tanta coisa e estar em tantos lugares, mas ao retornar desse sonho tão real a realidade maior a esperava: ela não pode encontrar quem seria prioritário, quem responderia suas recentes e antigas perguntas, quem a acolheria e daria afagos e força, quem a conhecia como ninguém... ninguém mais que, talvez... talvez, ela mesma.


O Dono 


Pulando de nuvem em nuvem,

Jogando bola com o sol;

Pintei o arco Iris de preto

E mostrei a língua pro furacão.


Usando um vulcão de privada,

Canal do Panamá de piscina,

Posso estar em qualquer estrada,

Posso dobrar qualquer esquina.


Eu uso a Itália de bota,

Bebo a Via Láctea no café;

Sou Deus que troca Vênus pela Lua

E depois me escondo onde quiser.


Tudo posso e faço

Tudo com minha criação

Poeta da tinta e do espaço

Sou dono da imaginação.


Buscando plenitude e paz no dia a dia,

Nas águas límpidas do saber viver,

Achando sempre muito mais,

É assim que tem que ser.


Choro por muitas vezes sem motivo,

Posso chorar por você!

Estendo a mão a qualquer inimigo,

Simplesmente por não aguentar vê-lo sofrer.


A Lua e o Sol se completam,

Mesmo sem se tocarem;

Faço inimagináveis incógnitas,

Sou vultos por todos os lugares.


Quebro a barreira do som,

Posso fazê-lo ou não,

Mas mostro o poder maior

Que é grande nesse meu dom.


Falo em línguas estranhas,

Olho por todos os ângulos,

Dono de todos os tesouros,

Mestre de todas as façanhas.


O som das ondas é meu grito,

Refugio das manhãs tristes,

Um vulcão que sangra com meu sangue,

Dias mais que felizes.


Deito-me devagar vendo a terra tremer,

Sempre ao levantar, meu suor, orvalho.

Piso na neve para fazer planícies

E com poesia choro chuvas sem querer.


Na escuridão de um fechar de olhos,

Pensamentos voam como falcão,

Vagueiam em um amor que nunca existiu,

Falhas de canyons, rachaduras do coração.


Estar irritado é impossível,

Extinguirá a vida e o mundo;

Sou totalmente previsível,

Nunca serei um moribundo.


Acordei um pouco cansado,

Pensei em apagar o sol;

Dei um sorriso mal humorado,

Fui caminhar dormindo acordado.


Bebi toda água do rio Negro,

Usei uma nuvem como espuma de barbear,

Subi no cume do Everest buscando sossego,

Mas já havia gente por lá.


Com uma pirâmide palitei meu dente,

Usei o lago Ness como espelho d’água,

Fui para o Aconcágua, mas também havia gente,

E lá rio Tâmisa afoguei minhas mágoas.


Posso ser o dono, mas mesmo assim sou gente,

Crio o universo, mas também me enfastio.

Vou já indo para Marte como um indigente,

Gritar feito louco como uma gata no cio.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.