Das Loucuras (Nossa Holanda)
Fazer o bem sem se gabar a cem,
O bilhete diz absolutamente o que mereço.
Diz tudo e muito mais um pouco...
Está explicito ali, para olhos que veem.
Infiltrando-se por dentro do corpo oco
E por fora mantendo o brilho extenso.
A capilaridade social impede o fundo do poço,
Ainda que possam empurrar o sol para dentro.
Há as mais puras inércias...
Nos países baixos.
Há a maior mentira discreta...
Pra não fica por baixo.
Mais um adendo:
O corpo não se sustenta
Não há omelete sem ovo
Nem borda sem centro...
Mas há quem inexista e aguente.
Nossa Holanda arquitetada
Também tem ciclovia que brilha
Em artes de Van Gogh inspirada
Numa folia de vaga-lumes em trilha.
Vejo-a naquela pantomima...
Todos vão com tudo na encenação eloquente.
Se não há fé, vá sem fé mesmo...
Pega-se um ônibus, dobra-se uma esquina,
Mas com um pouquito de crença
A vida, com ou sem desavença,
Fica mais a contento.
Vejo-a bela e sorridente,
Dentro de nossa antípoda.
Não é preciso falar ao meu ouvido,
Eu já nasci entendendo.
Sussurre ao abismo,
Sem eco, sem ego, sem medo.
Século de nada, de sangue, de ouro,
Rasga-se o couro...
O mestre dos sonhos e seus tesouros.
Tudo para se gabar com os louros.
Nuvens cinza se dispersam com o vento,
E nesse lamento as lágrimas secam.
De um lado da bifurcação o mar e a lua que refrescam;
O que fica para trás é só o fim do começo.
Bem visíveis às pegadas
Na areia fria da necrópole,
E a semântica dessa semana
É branda e já está sanada.
Estacionada na nossa Holanda,
Nossa enrolação nos enrole
Com moinhos de vento,
Ventania inventada,
Eu e você, de mãos dadas,
Constituindo nova prole.
André Anlub