13 de maio de 2021

Buraco da agulha

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Buraco da agulha


Passou pelo pequeno buraco da agulha

como um raro e sensato camelo franzino. 

Deixou ao relento seu ego sozinho

e jogou num bom vento os versos nas ruas.


É no amor, e não há impossível

no verossímil da batalha à vitória.

Fez de fulgentes momentos, o invisível

e na equação da paixão, a auréola simplória.


Sim, eu conheço, sei bem dessas fábulas

sei qual o seu curso, bons e maus imprevistos.

Falam de alguns vícios, falam de absurdos

não provaram na língua o que dizem amargas.


Qual o passo difuso em logradouros de deuses?

O que fez um sol confuso no louro da Nêmesis?


E agora um velho e sábio seguia adiante

e passou novamente pelo buraco da agulha.

Ficou na agrura, pois não era um camelo

ao se olhar no espelho viu somente um gigante.


André Anlub®


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É como caminhar solitário na China


Comumente aparecem terremotos

Que abalam estruturas e enfraquecem terrenos.

Nas raízes das árvores, o lamento.

Nas artérias e veias, o sangue esquenta.


Há guerreiros e fantasmas internos

Munidos de lanças e espadas

Com a cabeça em redemoinhos

E sentimentos em explosão.


Há vidas passando em lembranças

Que surgem ao fechar dos olhos,

Nos quentes lençóis em frias noites

No fingir do embarcar nos sonhos.


As emoções são rústicos vigias

Que transitam pelas alamedas vazias,

Passando pelos tugúrios de pedras

Com suas luminosas lamparinas.


O lume dos candeeiros

Por dentro dos nevoeiros

Divide com o amor seu fulgor.


Sagrada inspiração 

E o real do imaginário

São sombras no caminhar solitário.


André Anlub®












excelente quinta a todos

 


Sopro


Fica tão óbvio

Mas por que não falar de amor?

Mesmo o ópio que entorpece,

Que se lembra; que se esquece

Faz do momento um próprio vício

De eternidade.


Fica tão certo...

Quanto o martelo que acerta o prego 

Na construção da casa.


O extremo fogo que queima a casa

Na maldição do tempo que deixa as cinzas

Ao vento...


O ontem que já foi

Correu ligeiro;

Como já foi o que o ontem alimentou

Hoje resta a fome de hoje;

Fica tão hoje o desejo

De repetir o que passou.


Fica tão perto...

Na criança que desce o escorrega,

Calhando em segundos – sua alegria;

São elas, absurdamente elas.


E homens correm suas vidas

Essas – que não tiveram;

Correm, correm e correm.


Por fim brincam, choram,

Nunca alcançam;

E seguem bem-aventurados 

Na utopia.


André Anlub


Dueto CLII


A pétala dormia serena seu sono de orvalho quando foi sacudida por um vento elétrico.

“Vento de maio rainha dos raios de sol” – de repente agora se dava início sua larga e aguardada jornada. Sempre quis se soltar das irmãs.

Leva consigo o perfume e a saudade, mas entrega-se à aventura com o furor dos descobridores de novos mundos.

Pétala que cai no rio é pétala que tem sorte. Pode passear por um extenso caminho, enfrentando correntezas, vendo novas margens, novas árvores, na certeza de tudo ser incerto.

Mas ela não sabe se vai cair no rio. Não sabe mesmo o que é um rio. No momento apenas embriaga-se com a sensação de engolir o mundo enquanto mundo a engole.

Se dopa com seu próprio cheiro, se enfeita com sua própria cor; entre trejeitos de uma princesa ela despenca sem nenhum pudor.

Cai entre as pedras de um calçamento árido. Passos apressados e indiferentes pisoteiam o passeio. São como compassos de uma música sem estrutura. Ela ouve e não entende.

A pedra esquenta seu corpo e o foco perde-se na aparência; a mente mistura as letras: tudo se torna gigante mesmo antes gigante já sendo.

Não demora alguém lhe pisa em cima. Ela não sabe o que é “alguém”. Mas acaba de saber o que é ter o peso de alguém em cima.

Vê-se carregada colada em um sobe e desce frenético; agora é pétala que pedala, entregue ao léu e deus dará... Sem patoá nem patuá.

Já conheceu o mundo nas asas do vento, vai conhecer o mundo numa sola de sapato.


Rogério Camargo e André Anlub


Vi seu rosto no papel


Ela acabou de abrir os olhos

em dúvida se foi sonho ou delírio

em meio a nuvens e cordilheiras

cavalgava em um corcel negro de fogo

num arco-íris de sossego

cercada de lírios

em algum lugar do globo.



Sentia nas entranhas o desejo queimar

como se engolisse uma brasa

que aquecia intensamente a quimera

elevando-a acima do mar.

No ar, lá estava...

No ar.


Seu corpo de carne e osso

como se fosse feita de vento

lava, livre, leve

sem destino ou martírio

sem necessitar de resguardo.


O bloqueio havia acabado

aperte o cinto e decole

para o mundo só seu

no absoluto apogeu

do desconhecido.


Talvez agora possa se encontrar

demitindo a tristeza por justa causa

pouco importa se for sonho ou real

transpondo o sentimento pro transbordo

da escrita, viciante, sobrenatural.


André Anlub®

12 de maio de 2021

Pérfido imaginário

 



Pérfido imaginário


Distraído com fotos espalhadas pela cama

A saudade está mais perto.

Chega e me cerca, aperta e acerta o que já seria certo no cerne...

(Querer você)


Eu saberia como agir em outras épocas,

Mesmo que falte o mesmo entusiasmo.

Seria simplesmente uma aventura,

Ainda não estava atrás da mais perfeita escultura.


Pensando bem, criarei a própria artista,

Vendo outra dela em vagos corpos.

Lógico que deixarei isso em mistério,

Disfarçarei com toda minha fúria.


No íntimo considero um adultério

Ver o sorriso dela em outras bocas,

Sentir seu cheiro em todas as roupas,

Mas pagarei para ter essa luxúria.


Voam versos de afeto tão cálidos no conforto,

No forno do sentimento;

Voam tão meigos ou salsos,

Verdadeiros ou falsos;

Voam se for de gosto

Ou até desgosto

(assim querendo).


Deleito-me nesse teu jeito tenro quase sofrido;

Que me completas e que me interpretas em poliglotas sensações...

Mostro com sinceridade de emoções que tu és simplesmente minha vida.


Às vezes queremos tanto

Pertencer a tal coisa,

Estar dentro de certo universo,

Que não percebemos que a porta abre para fora (teimamos em empurrá-la)

Quando bastava apenas recuar um pouco

Para a porta se abrir...

Facilmente.


André Anlub

10 de maio de 2021

Extra, extra!

 


Extra, extra!


É pedir muito que o pôr do sol dure um pouco mais?

Que se exponham os rostos rubros e os sorrisos nobres

num tempo raso, que se faça um brilho nas gotas dos prantos

enquanto descem pelo canto do rosto, até a boca

com gosto salgado de solidão.


Já conhecemos essa rotina, decoramos o roteiro

somos atores e diretores dessa trama.

Sem ou com paixão correspondida e final feliz

ao som, ou não, do mais belo fundo musical

queremos somente que nunca deixe de acontecer

pois amamos esse fardo.


É aquela corrida contra nós mesmos

revelando nosso íntimo nas primeiras páginas dos jornais da vida.


Extra, extra!


Somos como cães vagabundos

cambaleando pelas alamedas de sonhos

atrás de mais um prato de comida

do calor, da proteção da chuva

atrás do mais sincero tesouro.

E nesse minuto, o tempo se foi

o sol se pôs.


Agora vou-me no breu do desconhecido

no medo de esquecer o que é medo

e não mais poder fazer parte de tudo isso.


André Anlub®

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.