17 de dezembro de 2016

ótima noite

Bora nessa!

Berra, erra e alimenta uma fúria,
Ou reage, age e alimenta uma barriga com fome?

“Bora nessa” (10/8/14)

Vou caminhando com total certeza:
No fundo, no fundo, você está em mim.

Não a vejo, entretanto consigo ver o belo,
Os olhos fracos ainda enxergam.

Ouço tal música (aquela nossa)
Os ouvidos estão indo bem;
Mesmo sem você escrever uma só linha,
Como nunca, sinto sua poesia,
Pois ela também é minha...
(admiração eterna).

No fundo, no meio e no raso,
Meu escuro – meu escudo
Meu jardim – meu cenário.

Nos olhos de janela,
Cada casto colorir de aquarela,
No vácuo, no vasto, no espaço,
Em cada música,
Em cada arte que faço
Em, absolutamente,
Todos os meus passos e traços...

Você está em mim.

André Anlub®

16 de dezembro de 2016

Manhã de 1 de julho de 2015


Manhã de 1 de julho de 2015 (Adaptação)

Continuando falando em flexibilidade antes de entrar no meu humilde novo voo: não se deve confundir a flexibilidade no comportamento em conjunto com a mesma no tratar pessoal (não descartando que possam coexistir); o flexível tem uma enorme capacidade de adaptação ao mudar de relacionamento, moradia, região, cidade ou país. Ele é nômade por excelência e cria sua raiz renascendo novamente em/na/uma nova árvore. Essa mangueira (pessoal: adoro manga e mangueira) dará frutos e as sementes serão bem guardadas a sete chaves para (caso seja necessário) o replantio em uma nova terra. Por outro lado, o inflexível, de um modo geral, é pessimista, corriqueiro, cético, rotineiro e comodista. O comodismo parece ser um paradoxo, mas explico: o inflexível comodista é aquele que estaciona onde se sentir protegido, mais à vontade, em sua zona de conforto; tem medo de mudanças e terrenos desconhecidos, geralmente são encarcerados aos lugares onde foram criados e cria um vínculo extremado, às vezes doentio, com hábitos e amizades antigas, sendo também dependente sentimental da família e de pequenos e grandes bens de consumo. E por falar em família (mudando de pau para cavaco): vivemos uma grande e cheirosa utopia da família perfeita, e essa fantasia tem levado muita gente ao caos, às preocupações supérfluas, insônias e situações de atos extremistas. Alguns pais criam seus filhos em uma bolha de mimos, presentes, excessos, medos, preconceitos e fobias. Essa história da construção da família perfeita não perdura, pois simplesmente não existe. É uma arquitetura retrógrada, que já não dava certo antes, de construção frágil, falida, que já nasce nos escombros, pois é permeada de sonhos errados, da contramão da mídia, das capas de revistas e dos filmes de final feliz. Essa edificação se ergue erroneamente, pois – mesmo que muitos não saibam – apoia-se em três pilares: na cruel aversão, em moldes arcaicos inexistentes e na sociedade excludente. Erros ou acertos: aceitos ou não, mesmo não concordando com nada que escrevo... é sempre bom se conhecer.

André Anlub

15 de dezembro de 2016

Texto de Marta Medeiros

VENDE-SE TUDO
(Marta Medeiros)

No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento.
Outra mãe que estava ao meu lado comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes.
O resto, eu vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.
Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão.
O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite, era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante.
Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus e minhas bugigangas.
Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu.
No penúltimo dia, ficamos somente com o colchão no chão, a geladeira e a tevê.
No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.
Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo.
Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar. Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto isto, que se torna cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que elas estiveram presentes na minha vida.
Desejo para essa mulher, que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos, a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha dois anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio.
Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde.
Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza:
"Só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir”. É melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ!
Não são as coisas que possuímos ou compramos que representam riqueza, plenitude e felicidade.
São os momentos especiais que não tem preço, as pessoas que estão próximas da gente e que nos amam, a saúde, os amigos que escolhemos, a nossa paz de espírito.

Condomínio de inocentes


Condomínio de inocentes

A coisa mais bela
A abelha e sua colmeia
A natureza mostrando a cara
Muito além das nossas ideias.

Muitas vezes me pergunto
Quem criou toda essa graça
Tudo cheio de beleza
Com tempero de desgraça.

Andamos nos esquivando
Sem tempo, sem templo e igreja.
Com fé e sem muita certeza
Com sonhos que estão voando.

Buscamos o fim da tristeza
Violência – maldade.

Vida digna - notoriedade
Tudo na absoluta clareza.

Nossos rebentos com segurança
Arrebentando as correntes
Que os prendem às desesperanças
Um condomínio de inocentes.

André Anlub

Nada e tudo (releitura)


Nada e tudo (releitura) 

Dito e feito: nada poderá ser dito
Pois coisa alguma mudará o agora...
O concreto é espiga de milho, espelho
São olhos verossímeis e diretos.

Feito e dito: nada poderá ser visto
Pois tudo é breu, é véu, é ver...
Qualquer fagulha nesse espaço
É como vulcão no vácuo
Tamanho sem poder.

(Des) focado: nada poderá ser tocado
Pois se não pode ser vesgo, visto...
Onde estará? E se estiver há viço? 
Absolutamente preto no preto, ser que te quero ver. 

De repente alguém saiba o que é para ser dito
Até tocá-lo com delicadas ou nervosas mãos...
Quiçá vê-lo nitidamente, naturalmente...
Aonde se encaixam o sim, o som, o são e o não.

Mas se estiver no âmago de um buraco negro?
Vê-se navios negreiros sem ninguém no timão.
E se estiver então na fantasia de todo artista,
Fora de vista ou meramente no dia que inexiste?

André Anlub

Memórias da Guerra




Memórias da Guerra (Parte I)

Prólogo

Em meio a fumaça cinza com um toque avermelhado
Embaixo de um céu que é testemunha
Vejo ferros retorcidos, destroços
Vejo corações calados, que gritam
Vejo o tempo congelado.

Em meio as ruas esburacadas
Vejo pertences abandonados
Abrigos.

Vejo um rio frio
Rio de cartuchos que tiveram seus projéteis deflagrados
Todos com nomes, um objetivo
Calar um peito inimigo
Um corpo latente a ser alcançado
Silenciando-o
Roubando-lhe sonhos.

Como o corte de uma navalha
Como quem tira o doce de uma criança
Como quem tira o amor e a esperança
Em troca de uma medalha.

Memórias da Guerra (Parte II)

A expansão do mundo Grego

Alexandre III, da Macedônia
Guerreiro, príncipe e rei aos vinte anos
Braço forte, coração valente
Morrer com trinta e três anos não estava nos seus planos.

Foi um conquistador do mundo antigo
Teve Aristóteles como amigo
Nunca perdeu uma batalha sequer
Os persas eram o alvo inimigo.

Era um homem de visão e inteligente
Tentou criar uma síntese entre o oriente e o ocidente
Egocêntrico e sanguinário
Admirava as artes e a ciência de toda gente.

As suas guerras eram em suma por território
Algumas vezes por recursos
Procurava ser notório
Galgava sua glória.

Houve as batalhas de granico, hidaspes e gaugamela
Todas com intuito de derribar
A vitória ele clamava por ela
Mas foi a babilônia que veio a o derrubar

Sua morte uma incógnita
Não se sabe se foi veneno, febre ou malária
Seu grande amor havia morrido
Morreu junto com o coração partido.

Memórias da Guerra (Parte III)

Guerra de Troia

Pelos livros, pelo filme, ela é muito conhecida
Descrita pelo poeta épico Homero no romance “Ilíada”
Foi um conflito bélico entre gregos e troianos
Motivado pelo rapto da rainha de Esparta.

Como dizem que na guerra, morre ou mata
Os gregos atacam troia para recuperar Helena
A paixão de uma pessoa que o fez seqüestrá-la
Páris, príncipe de troia, criou toda essa tormenta.

A guerra dura dez anos com troia sitiada
Abaixam-se as armas e os gregos usam a cabeça
Pensando em ganhar a guerra demonstrando sossego
De repente surge uma idéia, um pouco inusitada
Ulisses cria o “cavalo de tróia”
Realmente um presente de grego.

Dentro do falso ventre da estátua
Estavam muitos sedentos soldados
Com sede que não seria de água
Saíram matando adoidados.

Helena retorna a Esparta
Morrem Heitor e Aquiles
Heróis, inimigos de espada 
Por causa de um rabo de saia
Na guerra “se morre” e se mata.

Memórias da Guerra (Parte IV)

Gengis Khan – Conquistador Mongol


Nasceu com o nome de Temudjin
Virou o senhor dos senhores
Entre muitos sonhos e lendas
Um lobo cinzento devoraria o planeta.

Eram mitologias xamânicas respeitadas
E por um breve e próspero período
Houve um controle sobre uma Mongólia unificada.

Treinado desde jovem como arqueiro montado
Com grande habilidade como todos os mongóis
Comandava o cavalo apenas com os joelhos
E as flechas voavam com uma fúria atroz.

Foi escravizado e levado até a China
Foi comprado pelo imperador chinês
Mas um belo dia ele foi resgatado
Por vários clãs ele foi apoiado.
E criou as “leis dos mongóis” para ter sua vez.

Na batalha contra Jamukha teve um temporal
Todos os mongóis tinham medo de raios
Mas ao ver que Temudjin não temia o tal
Jamukha rendeu-se nessa batalha final.

Ele virou Gengis Khan aos quarenta e cinco anos
Expandiu a Mongólia até não poder mais
Morreu satisfeito e com um filho sagaz
Que depois da Muralha da China, chegou à Sibéria
Dizem que fez a guerra para depois vir à paz.

André Anlub 

14 de dezembro de 2016

Sim, sim..

O olhar direto, mas discreto, belo, hipnotizante
Olhar falante, esperto, jovem, de moça...
Mostrando a alma pura, mostrando a ausência de agrura
Nos olhos fantásticos da raposa.

Já arredei minha veste preta, vou vestir branco, demiti as carpideiras, e com muito pesar darei "tchau" ao querido espaço Orkut; sinto-me muito triste, pois foi por lá que comecei meus primeiros rabiscos "online"... lá vendi muitos livrinhos ‘Poeteideser’ e fiz diversos amigos; muitos deles extravasaram para uma amizade mais perto, cá fora, com mais cheiro de verso e de gente; felizmente pude partilhar das rimas pessoalmente com alguns poetas e amantes das letras também fora das redes sociais e muitos ainda estou para conhecer. Bem, contudo, novas redes sociais vieram e virão, e a nau poética jamais afundará (nem se tacarem fogo em todos os livros e meios de divulgação), pois a poesia é eternizada no universo de cada ser vivo. 
Em tempo: vão-se os papéis, ficam os enredos.

André Anlub

Marcando toca

Marcando touca (5/8/14)

E aquela folha se solta, se livra, se vai com o breve vento,
Se vai com o tempo como a lágrima esquecida no rosto...
Resseca, desaparece, e é esquecida, pois é consequência,
E já foi... num sopro.

O fim aparece e se disfarça de sombra,
Torna-se parte da vida, da caminhada,
Do respiro, do sono, da alegria e da raiva,
E a leva...

E o fim é assim, como um trem errado que se embarca,
Não percebendo o erro ou que não há mais nada a ser feito,
E já foi... num frêmito.

Numa tarde quente de verão,
O Fim decidiu ter um novo começo:
Largou sua labuta, seu fardo,
Sua maleta cheia de agonias e acasos;
Largou suas metas, suas retas que mais pareciam curvas,
Suas negritudes e suas alvuras...

E uma folha que já estava se tornando pó, 
Reconstituiu-se,
Tornou novamente folha seca,
Levantando voo do chão,
Como se voltando no tempo,
Regressou à árvore e encaixou-se no galho,
Ficou amarelada, alaranjada, esverdeada,
A seiva percorrendo seu corpo,
Como sangue novo
E tornou-se novamente moça...

O solo junto com a vida (marcando touca),
Perderam seu adubo.

André Anlub®

boa noite!


É como caminhar solitário na China


A resposta vem com o ar fecundo 
Quebrando o coeso silencio
Queimando mil brancos lenços
Prevendo o fim dos futuros lamentos.

É como caminhar solitário na China (3/6/13)

Comumente aparecem terremotos
Que abalam estruturas e enfraquecem terrenos.
Nas raízes das árvores, o lamento.
Nas artérias e veias, o sangue esquenta.

Há guerreiros e fantasmas internos
Munidos de lanças e espadas
Com a cabeça em redemoinhos
E sentimentos em explosão.

Há vidas passando em lembranças
Que surgem ao fechar dos olhos,
Nos quentes lençóis em frias noites
No fingir do embarcar nos sonhos.

As emoções são rústicos vigias
Que transitam pelas alamedas vazias,
Passando pelos tugúrios de pedras
Com suas luminosas lamparinas.

O lume dos candeeiros
Por dentro dos nevoeiros
Divide com o amor seu fulgor.

Sagrada inspiração 
E o real do imaginário
São sombras no caminhar solitário.

André Anlub®

Dueto XXIV


Em casa é um homem sério, reservado, sisudo beirando o mal-humorado. Na rua é um bobo-alegre, e ri tanto à toa que até engana que sua alma voa.

Dueto XXIV

Claramente a clareza buscava um pouco mais de luz ao esticar a mão e tocar o sol do meio-dia.
Toque quente, gentil e sutil, que transforma o vil na magia/energia da melodia
Em cujos acordes acorda o sonho e se deixa levar como um barco dócil aos ventos, como uma andorinha solta nos ventos,
Tão belo como o rascunho de um milagre e tão encaixado como o beijo da mãe natureza.
Claramente a clareza não queria apenas a si mesma quando buscava um pouco mais de luz para a iluminação que já tinha:
Queria imputar muita claridade ao breu, aposentar de vez a escuridão e, por fim, dizer “não” às tempestades negras.
Era um ideal como qualquer outro, mas era o ideal da clareza. E então seus olhos cegaram de ver
Com a mudança que não poderia haver, pois a escuridão sempre foi/é/será necessária. A falta dela não deixa a clareza viver.

André Anlub e Rogério Camargo

Duetos!

Dueto CX

As mãos do silêncio na face sempre receptiva da ternura
Causando um interno incêndio em entretom de calmaria azul.
A ebulição pacificada abre um espaço no coração da sensibilidade
Faz domicílio, planta árvore de raiz intensa e deixa fluir um rio.
Às margens dele nada é marginal, tudo habita um centro e dentro há luz
E no que trata/retrata a beleza: assombrosamente fenomenal!
Uma arquitetura de bem-estar vai abrindo portas e jane-las no vento,
Deixa entrar no momento o incenso de algo muito além do habitual.
Os olhos procuram sem procurar, as mão buscam sem buscar e a alma dá o que nela abunda: ternura.
Fecha-se o ciclo. As mãos do silêncio abrem-no outra vez e a face sempre receptiva faz sumir as pardas nuvens, surgindo um lume intenso apagando o incêndio, soltando uma gargalhada afável e anulando o laconismo.

André Anlub e Rogério Camargo

13 de dezembro de 2016

Diamantes de sangue


Diamantes de sangue (14/3/10)

Como um presente esperado
Nas mãos, aquecidas com luvas;
Estendidas e espalmadas,
Lisas e leves como plumas.

Alcançam um inferno estrelado,
Abafam gemidos e gritos de dor;
Que, por fim, pensam que tocam o amor.

Coroam um rei e seu reinado
Ouvindo o mais terrível louvor.

Diamantes vindos da África,
De suor, de sal e sangue,
São pedras (a saga de uma gangue)
Que alimentam com a fome sua máfia.

O povo com humildade e inanição,
Comete em si próprio eutanásia;
Perde o orgulho para a ambição.

Não vê que de certas bocas saem falácias
E anda por pura vontade na contramão.

E assim, mais uma vez explorado,
Sem arma, comida e força,
Um continente que o contente ficou atolado
Tem o tamanho, a dimensão, da sua forca!

André Anlub

Água que guia uma Águia


Na foto: Onde está 'Wally'?

Água que guia uma Águia

Vejo o rebento rapina
Que em ondas e ventos chegou
Fez do mais velho, menino
E a discórdia enterrou.

Nasceu do amor impregnado
Uma busca que nunca teve fim
Chuva e semente, cultivado
Verde, forte, capim.

Cresce e se alastra com brilho
Bate suas asas de Pégaso
Voa por entre palácios
Desperta nas nuvens seu filho.

Aurora de paz, sentinela
Seus olhos fitam o amor
Orquestra um grito de guerra
Na companhia de um condor

Vejo de baixo incrível beleza
Derramo sem piedade meu pranto
Sem jeito mas com sutileza
Viro, caminho e canto.

André Anlub®

12 de dezembro de 2016

Ótima noite


Negros Desejos


Negros Desejos (2010)

Com afinco se afoga em afagos
Declama aos quatro cantos o seu amor
E por esse alguém que não merece
Se ajoelha: assim saem melhor as palavras.

Um momento de fraqueza não define seu caráter
Pois errar além de humano é inevitável.

Desista das investidas!
Pois ela mesma vestida de ouro e brincos de marfim
Despe-se e completamente nua
Se testa e se faz de cúmplice.

Revivendo antigas luas
Amores perdidos e senhores de engenho
Relembrando das ondas tocando seus pés
Trazendo frescor, algas e cobrindo com areia.

Deixando por entre seus dedos...
Pintando sua pele...
Contornando suas veias...
O petróleo rico e podre dos seus desejos.

André Anlub

Amor enfermo


Imagem: no cantinho tirando onda... mas não enxergando nada sem óculos!

Amor enfermo

Quando por fim chegou a mim
Veio de uma forma tão ímpar.
Voou alto nas nuvens
Uma estrela pariu
Desvendou meu enigma.

Simplesmente surgiu
Fácil demonstrar o que sinto
Mais fácil ainda é fazê-lo crescer.
Amor, sentimento infinito
Acabou de amadurecer.

Sem meu escudo e armadura
Frágil a sua mercê.
Submetido a sua postura
Ajoelhado com muito prazer.

Lhe amo, lhe quero... “lhe tudo”
Sou seu e de ninguém mais.
Um ser absoluto
Incompreendido jamais.

Faço em você o meu leito
O deleite do leite que alimenta.
Faço porque lhe quero imensamente
Faço; por que me rejeita?

André Anlub®

Olhos azuis de cegos


Olhos azuis de cegos

Jovem, bonita e mortal
Uma crônica cólica romântica pode até ser fatal
Mas para corações fracos e desprotegidos
Quase todos que há.

Ela deixa o sujeito de quatro, febril e sem norte
Clamando pela morte sob o ataque juvenil
Em um labirinto do fauno, entregue a própria sorte
“A inocência tem um poder que o mal não pode imaginar”.

Quando se alcança uma idade avançada há uma predisposição
Uma espécie de paixão pelas coisas mais novas
A luxúria de cunho sexual e erótico movido pela imaginação
O que foi rima vira verso, o que foi verso torna-se prosa.

O poder da juventude é efêmero e nada discreto
Existe o enorme preconceito pelo ultrapassado ou velho
A pureza do novo, que ante visível, assim não é mais reta
Sinuosa estrada que no final volta ao seu início.

Nas margens do caminho há no limite o precipício
O verdadeiro mergulho na vaidade não tem volta ou arrependimento
Faz uma vida de angústia, um ímpio no hospício...
Que vaga por orifícios das seringas de rejuvenescimento.

Enche com silicone os egos
As amarguras com cimento
Vê-se no espelho por um momento...
Com olhos azuis de cegos.

André Anlub®

Por nada não


Por nada não

Pingos que caem ao chão
Nuvens nublando o tempo que se arrasta
Em um céu total e ampliado...
Amor de irmão
Ouço sons que outrora eram de pássaros
Vejo rastros de coloridos animais
Voando entre suas pernas e braços
Aquecimentos e afeições...
Amor de mãe.
Na infância maravilhosa pulando cordas
Nas bordas das encostas crio asas
Palavras e desculpas inexistem
Bordões escritos em ovos fritos
Suas surdas calúnias de salto alto
Atravessam a avenida em um domingo
Pelos sorrisos de crianças que nunca se perdem
Semblante belo, imponente e irrestrito...
Amor de filho.

André Anlub

11 de dezembro de 2016

Verso Vadio


Verso Vadio
Marçal Filho/André Anlub
Minas/Rio
03/04/12

Meu verso sorriu um riso falso
brincou de ninar a inconseqüência
talvez por clemência desceu a ladeira
sem eira e nem beira criou alternância.

Aos passos ébrios com deselegância
se fez de coitado sem chamar atenção
nessa contramão de portas fechadas
avistou a fonte da casta inspiração.

Então ‘desinventou’ a seriedade
zombou da vaidade só pra divertir
com passos trôpegos fez-se de rogado
e deixou de lado o que queria sentir

Adotou a alcunha de anjo caído
olhos de fogo e essência de desatino
mas mesmo sendo um abandonado menino
ficou grandioso para um bardo estimado.

E a moda agora (mais um pouco)


E a moda agora (mais um pouco)

A moda que bate e apanha
Não é crise conjugal
Ou uma lá na Espanha
Tudo importante e banal
Falar fino e ser macho
Ou mais um morde fronha
Não é a cura gay
Ou uma nova alcunha
Alisar o cabelo
Ou pintar sua unha
Não é ser feliz por inteiro
Ser infeliz e um pulha
Ninguém decide se posso
Dar ou não o traseiro
Dar ou não o que é nosso
Cavaleiro ou escudeiro 
Ir à merda ou pra rua
Gritar em uma manifestação
Expor seios, ficar nua
Ou com as bolas na mão
Quem pensa que não pecou
Não ouse atirar uma pedra
Mas dar pedrada em irmão
É virar mais um merda
Defender animais
Tornar-se vegano
Criticar policiais
Dizem que o mundo acaba esse ano
Mas esse tal de Nióbio
Criou uma ação confusa
Ninguém sabe que existe
Pra que serve e quem usa
Na atual conjuntura
Não posso esquecer
O mensalão, o trensalão
PT, PSDB
Mas falando a verdade
Sabemos que existem outros mais
Não estou na idade
Pra dizer “tanto faz”
Temos que logo aprender
A ler, ser, ver e ouvir
Descobrir a verdade
Ser verdadeiro e sentir
Não é mais o crack
Quiçá ser bipolar
Ser pitboy, ter Pitbull
Só falar por falar
Ser um ser correto
Reto politicamente
Ou sexual metro
Fanático vil e demente
Não são as nádegas 
Cheias de celulite
Nem os silicones
Arrisque um palpite
Não é mais dizer
“Imagina na Copa”
E fica Drummond sem óculos
No banco de Copa
Não é ser conivente
Pois o que a pátria parir
Sobra sempre pra gente
Tim-Tim por Tim-Tim
Dizem que o que está por vir
O tal “barbudo” consente
Espero uma pá de cal
Patético e poeticamente
Mas novamente tudo vira 
O grande “etecetera e tal”
Pois todo o povo pira
Quando chega o Carnaval!

André Anlub®

Boa noite

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.