21 de março de 2019

Excelente noite aos amigos











Quando fui moleque
Andava com minha magrela
No cemitério São João Batista
Entre as tumbas e vielas.

Nunca tive medo de morto
Mas tenho de vivos desgraçados:
Os com pensamento torto
E políticos com discursos aprontados.

André Anlub®




Tapete vermelho do amor



Tapete vermelho do amor

Saiu a lista dos apaixonados do ano
Nem sicrano, nem fulano,
Meu nome estava lá...
Foi magia – em primeiro lugar, quem diria.
Mas por favor, não vão me alugar.

Já era de praxe:
Peguei pesado no sentimento
E amei além da imaginação.
Não teve um sequer momento
Que eu não tenha acertado na mão.

Fiz o bê-á-bá certinho,
O arroz com feijão;
Rezei conforme a cartilha,
E para na volta não perder-me na trilha,
Joguei pedacinhos de pão.

Comecei como homem de lata
Levei na lata, fiquei em frangalho.
Nunca levei jeito pra espantalho...
Sobrou a coragem do leão.

Por causa da bendita paixão,
Deixei de me acabrunhar num fosso,
Tornei-me de cerne, carne e osso
E fiz da poesia oração.

André Anlub

20 de março de 2019

Ótima quarta queridos amigos

Rumo ao monte

Escoltei o tempo, lado a lado, carne de pescoço de fato.
Fui criar, criei; escrever e ver o que vai dar.
Círculos tornaram-se triângulos; teoria da conspiração?
O velho sendo novo – recriando na absolvição.

Olhos fechados e deixa-se levar pelos ouvidos, 
Sentimento sequestrado – síndrome de Estocolmo.
Estou como um velho sábio: abraçando livros.
E os vivos como o diabo gosta: cem perguntas, sem ter como.

As horas são amigas, são teimosas e esportivas;
Todos os dias correm lentamente e andam correndo.
Vai um drama vem um ‘dream’ ouço um ‘drum’;
A dama da beleza – dama da noite com seu perfume ao vento.

De joelhos faço de coração uma oração ao longe;
Vem rebates, vem sons alheios em língua estrangeira azul.
Haverá uma asneira rasteira que deixaremos aos asnos; 
Há simplicidade suntuosa no grão de areia do monge.

Faz-se maestria, faz-se nada –, de dia ou de noite...

O tempo me escolta, puro e seguro de volta ao invento;
Sabendo que normas estão pelo mundo, feito chorume.
Vê-se insistente o sorriso do sol ao morrer do negrume;
Livro-me do manto, minto ao lamento e subo ao monte.

André Anlub



19 de março de 2019

Anti-herói filósofo


As paixões incompletas estressam
Surgem, mas não se deixam ver
Ficam cobertas com o manto da noite
E somem no mais sútil alvorecer.

Anti-herói filósofo 

Não me acostumo a recear paixões
Em qualquer esfera
Já com meus quarenta e poucos anos
Afortunado, burro de carga 
Nos caminhos da vida
Em estradas esburacadas
Dias nublados
Na fome, na sede
Na imaginação.

Será que sou anti-herói filósofo?
Que tem a cabeça dura de pedra
De frágil esteatito
Que tem perigosa peçonha
E usa para criar o antídoto
Que tem o coração guardado 
A sete ou oito chaves
Mas deu cópia aos amigos.

A meu ver o amor foi descoberto
Na era Cenozoica, período Quaternário
Perdidos, corações de artistas
Traçados rupestres
Ecos de pesares
Nas paredes das cavernas
Nas mentes apaixonadas.

André Anlub®

É cobra comendo cobra,


É cobra comendo cobra, e a que sobrar se comerá pelo próprio rabo.
Os pés já andam descalços, pisando em vidros, ouvindo inverdades;
E no encalço da felicidade, a igualdade é dinossauro utópico
Junto ao próprio ópio de mediocridade.

Os fantasmas do círculo de fogo

E assim desmancha-se na nuca o que nunca foi inteiro;
Nada raro no reino, faro costumeiro e matreira abstenção...
Fez um ano já acabado – de cabo a rabo – em pleno final de Janeiro, 
Mas com possibilidade de alargar o círculo da postergação.

Algo aderiu ao convite de um ouvinte obsceno – alma nua;
Inexistentes vozes que dizem: adoro nozes – mudo assunto que muda.

Na permuta e na pergunta, na barganha e na “bagaça”
Quebrado eu sou pleno, um uísque, Leminski...
Fogueira no inferno, inflamo antenado e atraente:
Geleira desnuda, chalé no Chile, versos de Neruda.

Invenções reinventadas, mais do mesmo no submerso;
Desembrulho algumas caixas e me acho inteiro dentro.
Pássaros passam, o tempo pulsa, nuvens dispersam – e dai?
Ir e vir, gordos e magros, ruas e seus buracos – ser e insistir. 

Assustam-se os fantasmas, venço a batalha, mas eles persistem;
São guerreiros, os derrubo de jeito, mas levantam novamente.
Nada atraente é ser o enfermeiro de sua própria doença,
Em uma névoa eterna, plena e descrente. 

André Anlub


17 de março de 2019

O ser notívago


O ser notívago

Avenidas vazias,
Mãos e contramãos de molambos.
Pelos mausoléus de fantasmas
Passam colecionadores de isqueiros inúteis...
Catando lixos, latas e vidas ocas.

Sem pressa, arrastando correntes
Levando seu corpo moribundo
Andam se esquivando de nada
Balançando ao vento.

Ao som de motores noturnos,
À luz dos postes e faróis...
Muitas vezes os remetem à vida de festas, 
Uma existência regada a drogas
Que foram trocadas por comida e sexo.

Expectativas são contratempos de eras
E momentos que não passam.
Das bocas as mais puras conjecturas,
Dos olhos as bulas de remédios de leituras
Desenfeitam qualquer paisagem,
Enfeiam o que de pior que há.

Na fantasia de um deles
Surge um pássaro de bela penugem
O canto: variação de tenor e gênero lírico
Sublime delírio
Com o toque de um panorama,
O inverno senta na primeira fila.

Não existem sapatos,
Pisa descalço em uma linda grama verde
Entre seus farrapos e uma velha esteira
Acabou o artefato, passou a loucura...

Chega enfim o “canto” de uma britadeira.

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.