11 de abril de 2019
Das Loucuras (escuta, compreende, se identifica, mas não concorda)
Das Loucuras (escuta, compreende, se identifica, mas não concorda)
E o som está alto, incomodando a vizinhança,
São quatro da matina e a bebida ainda dança.
Conversa vai, convite fica, pipa sobe, papo vem,
O prato quente, a fumaça, a vodca gelada e necas zen.
Na rapaziada, quase ninguém deixa de falar (de coerente) nada;
Ele gargalha, fica triste, dá um palpite e pita quando convém...
Nem nada a favor da corrente, deixa-se levar aliviado e atolado;
Atrelada à sua perna a corrente, olha o céu e avista um solado.
Gargalo, dedo em riste, come alpiste e apronta nos hospícios...
É vadio que não é velado, nem vendido, quiçá valorizado;
É viajado, avantajado, mas nada vencido tampouco avoado.
Amigos são queridos; ócios são quitados;
Ações são assíduas; poesias são princípios.
Conhece um esnobe que considera diminuir todos a sua saída.
Nas suas idas e vindas – aos países ricos –, sempre questiona:
– Quem a tal alegria pensa que é para tentar entrar na minha vida?
E assim conjectura em seu meio:
É de alma, bem vazio; é de dinheiro, bem cheio.
Lembrando uma escrita antiga:
Assim nada feito: saída singela à francesa...
Comida à mesa, sem fome, olhos atentos à cegueira.
Sem eira nem beira, novamente entregue ao caminho...
Sem afã, à procura; abraços ao vento e lento redemoinho.*
André Anlub®
(26/1/18)
*fragmento de “À francesa” do próprio autor
9 de abril de 2019
Escrevo em dois mil e sempre.
Acordei venerando a música
Peguei a gaita e o jeito
Não fazemos amor há tempos
Saiu um blues dos pesados
Melodia traçada nessa harmonia
Rito e reta
Meta e mote
Fito o mito
E tudo que se preze...
Sem moda
Sem fúcsia
Filha única.
Escrevo em 2013.
Agora o papo é outro
Nem bolacha, nem biscoito
Continuo gostando de gaita
De bateria e de música...
Mas passei a gostas de fúcsia,
Também de violeta
Vermelho, laranja, preto,
E tudo o que compete...
A única diferença - lembre
Sendo papo torto ou papo reto
É que comprei um trompete
E Escrevo em dois mil e sempre.
André Anlub®
Saraswati
Inventários Parte VI
Saraswati
Aniquilar ou ser aniquilado
Sonho que continua sendo sonho.
Anistia ou anestesiado,
Gado, ovelha, rebanho.
Vejo novo em folha um mundo velho,
E entrego-me ao pessimismo inofensivo.
O amigo se veste como um escaravelho
E sussurra todos os motes aos ouvidos:
Sai de fininho, pois o seu tempo é pouco,
Os deuses jamais se importarão com isso.
Faz o bem a si mesmo e permaneça vivo,
Para assim, tranquilo, levar ajuda aos outros.
União às vezes é só marca doce e bandida,
Que adoça a boca e faz crescer barriga.
Jogou a toalha o bom de briga,
Ao ver que a luta já foi vendida.
Outrora o boi disse que a vaca é louca,
E foi pastar com a moral tinindo.
Saraswati pôs razão onde ela é pouca,
E hoje é sabido que o boi vive mentindo.
André Anlub®
(9/4/19)
A um passo
A um passo
Peço aos deuses para calar-me,
Já preparo a invasão
Espero o tempo que precisar esperar...
Passo por raiva, ruas, risos,
Provocações, impropérios, impérios...
Nada me impedirá.
Não me compres com ouro,
Olhares,
Beijos,
Queijos
Tesouros
Mesmo sendo a melhor,
A perfeita,
Nada me impedirá.
Não implores perdão,
É tarde;
Não implores misericórdia,
Ainda é cedo.
O meu exército está a caminho,
Já estou bem perto
A um passo
Do seu coração.
André Anlub
8 de abril de 2019
Quando o além não apetece
Inventários
Parte V
Quando o além não apetece
É nossa inovação da alma
Quando se dança na chuva mais gélida
Sorrindo com uma boca sincera
Perdoando e pedindo perdão.
Degustam-se livros em madrugadas
Mesmo com o barulho interior.
E no silêncio que faz a lua na rua
Medita-se sobre a divisão do pão.
Os tempos são outros
Ainda há consciência
Mas persistem doenças
Pragas velhas e novas
Dos corpos, das almas
Que se enraizaram na inocência.
As derrotas nos assombram
Com a perda da transparência
Lembrando do inquieto vai e vem
Em tempos idos de outrem.
E agora, muitos “saem e não veem”
Baseados em livros não lidos
Que fazem de alguns quietos
Os guetos e gritos
Da dor dos oprimidos
Ou de um mero João ninguém.
As lágrimas são abundantes nos olhos
Mas também em rios e mares
E se não tornarem ímpares, os pares
Nunca veremos além.
André Anlub®
7 de abril de 2019
Giromundo (Inventários – parte IV)
(Inventários – parte IV)
Giromundo
Coisa certa de tudo que se torna algo formidável
É a certeza de que tão logo ira acabar.
A excessiva importância às coisas
Torna o tempo de mergulho incalculável.
O mundo gira, mas e dai se e em vão?
Frases feitas, corações desfeitos, a vida é um osso...
Dentro de acontecimentos que vem e vão.
Se a melhora foi sintoma pós-traumático,
Criar novos traumas é solução? – ou paradoxo?
Fizeram uma pintura com a sua ponte,
Colocaram lírios, pássaros e o rio São Francisco de alegorias.
Pintaram a alegria com cores aos montes,
Mas deixaram num museu desconhecido – à revelia.
Pediu carona numa esquina qualquer,
Foi na boleia feliz igual pinto no lixo;
Sua mente tão ativa que entortaria uma colher,
Prega sossego, pinga na sua horta, vive da porta à rua,
Mas na alma o que cisma pegar é o bicho.
O mundo gira, mais um dia, firme e salvo...
Escova nos dentes dividindo espaço com a faca.
A lata de atum, as folhas do jardim, a casa com sua marca.
Arco-íris bicolor de escuro e de alvo.
Tiros no escárnio, teias no espúrio, a tarântula se transforma...
Salvo a bela pontaria de quem sempre acerta o alvo.
André Anlub®
(7/4/19)
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Biografia quase completa
Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)
Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas
Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)
• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)
Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha
Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas
Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)
Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte
André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.
Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.
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Mesmo assim Agora mesmo a alegria passou por uma rua, Ela estava nua, estava fula, estava atormentada e vadia. Olhou em todas as portas, p...
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Sylvia Plath Via: Revista Prosa Verso e Arte Canção da manhã O amor faz você funcionar como redondo relógio de ouro. A parteira bateu ...
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- Que fatalidade: ao fechar seu zíper, Zappa perdeu seu Zippo; ficou com o fumo, mas sem consumo, sem fogo, sem fósforos; ficou famélico e...