28 de dezembro de 2018

Doido adoidado


Doido adoidado

Nas manhãs o sol piegas me prega uma peça:
Se esconde atrás de uma nuvem
E torna ainda mais glacial a água da cachoeira.

As novas selvas não são anfitriãs,
São as selvas de pedras e as de podres.
Vejo deusas anãs;
Vejo duendes gigantes.

Estou estafado; estou estufado; estou estatelado
Muita pimenta no pirão; muito pernil com paçoca...
Mas o pulso ainda pulsa.

Já contei algo assim, fatos mais que conhecidos;
Já debati mentindo; já me bati me debatendo.
Enganando a escória pisei na Lua e corri em Marte,
Fiquei corado e fui coroado um mártir maluco.

No final das contas,
Joguei os dados:
Fumei ópio no hospício,
E doido, 
Deu para mentir adoidado. 

André Anlub

26 de dezembro de 2018

Como nasce a inspiração (Noite de 13 de maio de 2015)



Como é bom gente simples, leal, aberta, 
que acerta e às vezes erra; 
gente que é o que é, e faz o que vier na telha; 
gente que bebe água ou uísque 
ou cachaça ou café 
no copo velho de geleia.

Como nasce a inspiração (Noite de 13 de maio de 2015)

Os mestres vieram prestar suas condolências; morreu à tarde, em um final de tarde majestoso, o sol fantástico, que esquentou muito bem o meu dia. Morreu mergulhado em um alaranjado dégradé com um vermelho vivo com tons de amarelo e abóbora, e com direito a uma revoada de periquitos nervosos e gritantes... Simplesmente algo estonteante. Maré mansa; é assim que estou. Ouvindo um som antigo, Pink Floyd e o álbum “Animals”, um dos primeiros LPs deles que tive. Deixo-me levar nessa maré da calmaria e serenidade. A inspiração pelas tintas e desenhos anda me cutucando;  hoje tirei um tempo para fazer uns desenhos para um trabalho em um livro, no qual farei uns traços para ficarem abaixo do texto, e acabei rabiscando horas e horas. Acho que é assim que funciona com o Deus inspiração; ele levanta de seu trono, coça os testículos, pega seu cajado de ouro branco, que tem uma espada em aço raro, embutida, camuflada, e anda com aquela pança um pouco grande e seus dois metros e meio de altura, com uma roupa branca, com uma capa enorme que corre pelo chão feito um rio de leite; tem uma grande barba  e cabelo ruivos, as mãos cheias de anéis com diversos símbolos de guerra e de paz; anda descalço com duas pulseiras em cada tornozelo, cada qual carregando pingentes e dentes de saber e outros animais; ele anda calmamente, com o olhar plácido que sai de seus olhos hipnotizantes – um escuro como o breu mais profundo e o outro metade laranja claro e outra metade verde esmeralda – e ele segue resmungando baixo até a sala com as portas grande de madeira talhada e que ficam sempre abertas. Antes passa na cozinha e pega uma coxa de avestruz, enorme e suculenta, pega um cálice de vinho e continua sua caminhada, passa pela porta até chegar a um imenso salão, com telas desde bem pequenas até as gigantes, com mais de trinta metros; há tintas, um teto feito a Capela Cistina, também pintado por Michelangelo; há o chão colorido, cheio de penas de asas de anjos e restos de aquarelas e tintas ressecadas, alguns borrões e pingos ainda em fase secante; há marcas de pés e pagadas para todos os lados, rastros de cobras, pincéis de todos os tipos e tamanhos; ao final da sala encontra-se uma enorme janela e uma grande luneta, onde Anjos observam os funestos homens mundanos e suas pressas, de lá para cá. E de lá de cima escolhe um e outra ou outros, prepara sua flecha invisível, em formato de pena, de mira impecável, e de modo inesperado, ou nem tanto, atira e com certeza acerta seu alvo pelas costas... Assim o faz nascer e acordar à inspiração. 

André Anlub 

25 de dezembro de 2018

Haikais



1 #
Belo domingo
Pinta a selva e voa 
Feliz pintassilgo



2 #
Lápis e folhas
A cachaça de rolha 
Lua de sempre



3 #
São poesias
Fazem crescer as flores
Beijam o dia


4 #
A alma calma
Todo um corpo amor
É vida feliz



5 #
Sim, moro em mim
Costumo fugir de casa
“Poète Maudit”



6 #
Arte além do céu
Arco-íris de pura fé
Tintas no papel


7 #
Águas nervosas e lindas
Descendo a colina
São delas, tuas, minhas


8 #
Na manga um “ás”
Faz mágica com a vida
“Bon vivant” que apraz 

Andre Anlu

FUNK ANTIGO REGISTRO





Minha imaginação inventa


Por um Natal com mais Amor!


Minha imaginação inventa

Apenas achou o caminho
nem louco, nem santo
fez casa como João de Barro
falou línguas, tirou sarro
cantou melodias famosas
outras nem tanto.

Os caminhos ardilosos
que evitam os precavidos
são vazios, nada faceiros
sem amores, sem anseios
e a rotina asfaltou.

Nas estradas abstrusas
com alcunha de “caminho”
passa o birrento
passam o forte e o neutro
passam nuvens de feltro
num céu azul marinho.

Alguns tolos de exposta lamúria
escalam montanhas de fogo
vulcões que são seus espelhos
na realeza da calúnia.

Mas na sinceridade da entrega
o amor que mais alto berra
tocando a ponta da estrela
na penúria da cratera
na adaptação do obstáculo
diz-se a avenida da espera.

Arrisco-me nessa rodovia
na jornada bela e florida
com brisa que forte venta
com tulipas e margaridas
que minha imaginação inventa.

André Anlub®

23 de dezembro de 2018

O importante é ser


O importante é ser

Fácil, ligeiramente improviso, mas previsto – falado;
É num estalo que se constrói um “bom dia”.
Um passo importante é fugir de maldosos achaques,
Mergulhando em sonhos e abandonando o ser ilhado.

Sabe-se que não há nada melhor que um dia após o outro...
E como adereço: uma boa garrafa de vinho entre os dias;
Sabe-se que a leitura abarca a mente, a retira da preguiça,
Desfazendo-a do pensamento de espelho, copiado.

Vêm letras dançantes ao som do que vier na manhã;
Sempre criam, pintam, esculpem e dão brilho em um novo casco robusto:
- lusco-fusco, hilariante.
É absurda, mas a receita é sonhar com simplicidades: 
- empanturra o rechonchudo.

São férias? São sérias? O importante é ser;
Os olhos tremulam e o coração bate mais forte pensando em você.
Deixo aqui a prova que renova o que vou assinar,
O amor estava no ar, estava no coração, na mente, atrás e na frente...
Agora, em tudo.

Não sei se é assim que deveria ser,
Mas é assim que é
E o importante é ser.

André Anlub®

Verso Vadio


Dueto
Verso Vadio
Marçal Filho/André Anlub
Minas/Rio
03/04/12

Meu verso sorriu um riso falso
brincou de ninar a inconseqüência
talvez por clemência, desceu a ladeira
sem eira e nem beira criou alternância.

Aos passos ébrios com deselegância
se fez de coitado sem chamar atenção
nessa contramão de portas fechadas
avistou a fonte da casta inspiração.

Então desinventou a seriedade
zombou da vaidade só pra divertir
com passos trôpegos fez-se de rogado
e deixou de lado o que queria sentir

Adotou a alcunha de anjo caído
olhos de fogo e essência de desatino
mas mesmo sendo um abandonado menino
ficou grandioso para um bardo estimado.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.