Lá se foi o passarinho,
Por entre os coqueiros mergulhou na maresia...
Deixou um frágil dedo apontado ao infinito,
Colado ao sorriso do rosto da garotinha.
Madrugada de 24 de janeiro de 2016
(Saturado de arte - no bom sentido; saco nada de Marte - no vão 'sentigo')
Desceu um litro de água direto goela à baixo, de uma só vez. Depois de mergulhar fundo nesse amor, nem tudo seguiu o mesmo fluxo, algumas pessoas próximas, teimosas, apenas observavam e se seguravam nas pedras para a cachoeira não levá-las comigo. Nem tudo era taxado de absurdo; talvez loucura, um jazz de trás para frente, um rock no rol das músicas para dormir ou coisas similares. Não entendia patavinas, apenas via as pegadas na areia... aquela voz tonitruante aos ouvidos somente fazia caricia. O amor agora faz paredes de vidro e tetos de aço puro; e mesmo com essa indelicadeza, estava tudo exposto, tudo continuava a seguir seu caminho... a pomba branca de algodão, a mão no corrimão da escada, e mais algo mais do que bom na luz desse dia sombrio... alguma coisa que não sei ao certo. Pessoas doidivanas expõem suas mazelas pelo bairro, pelas ruas, pelo corpo... no escopo de comprarem o sol. Pede-se piedade pela ação, e em apelação vem o perdão perdido na última cena de um falso filme... um ‘filmete’ qualquer... esse nosso. Desceu o Fogo como fênix como farsa como força... tudo ao mesmo tempo no olho do furacão. Vejo as ondas do Arpoador; sonho com as ondas do Arpoador; não me recordo direito se a água estava azul, verde ou amarela, mas você estava lá. Acordo – me frustro –, mas o sonho segue ao longo do dia, ao longo do tudo, acariciando minha torta memória. Bebi toda essa água como na adolescência costumava beber uísque, a saber, em pequenos goles.
André Anlub
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