8 de setembro de 2018

Manhã de 12 de maio de 2015


Manhã de 12 de maio de 2015

Sempre fui réu confesso e um pouco individualista na escrita, pois ultimamente tenho falado muito de mim (com uma pitada de imaginação, claro). Não nego, não resisto, não reajo nem justifico, – assumo meus defeitos e meu modo de viver a vida –; assumo minhas ignorâncias e qualidades – diferenças e igualdades – minha alta e baixa estima; assumo minha hipocrisia, mas com ela há peleja, há briga feia de faca afiada (sempre fui bom com facas). Assumo meu caráter singular de viver, meu mundo físico e metafísico, meu mundo ou mundinho ou mundão; este que flerta com a realidade fora da escrita e também nessa realidade é casado, sincero, honesto, fiel e feliz... sou isso, nada além ou aquém, pronto e ponto. Não suporto pensar em viver uma falsa ou verdadeira vida para olhos alheios; só me vejo vivendo o que desejo e desejei. Não tenho tudo que quero, confesso. Mas estou na batalha, sem pressa e sem tormento, para conseguir. Sigo e vivo cada dia, tarde e noite, cada letra que escrevo e invento, aproveitando minha sorte e de uma maneira simples e sem grandes ambições (maneira esta que sempre almejei e trabalhei minha psique arduamente durante muito tempo para isso). E assim começo o rabisco de hoje: provem de caminhos percorridos, escolhas certas e erradas, lugares, muros derrubados, muralhas construídas, bolhas (per) furadas e esculturas cruas ou pré-fabricadas que foram sendo novamente talhadas para tornar-se outra imagem/escultura. Este ser que aqui registra saiu incólume da primeira fornada da vida. Há de se convir que os perigos foram devidamente procurados por mim. Flertei com a morte por inúmeras vezes e de maneiras e em épocas diferentes. Escalei montanhas íngremes e enfrentei mares revoltos, aguentei bocas malditas, falas vis de pessoas atrozes de mal com a sua vida e com a vida de quem não lhe ofertava muito... Passei batido e tranquilo, passei a régua e hoje regurgito lembrando essas “estrumidades” de pernas, bocas e olhos curiosos e sempre a postos para barganhar, fofocar e lançar intrigas e raivas. Estrumes de carne, osso e desgosto que possuem uma espécie de chorume que deixa o seu cheiro ruim, e uma lembrança carregada por meses, mesmo há quilômetros de distância. Depois de um tempo evapora, some, desfaz-se e é substituída por uma leve e doce fragrância de alfazema. Basta manter distância corpórea. Hoje em dia, com o advento da internet e seus infinitos recursos, fica impossível ver/ouvir/ler só o que agrada. Mas deve-se sempre tirar proveito da informação, mesmo que negativa. Ao final do dia a gente faz uma limpeza nos “cookies” e “cocôs” que acumulamos ao longo da navegação. Afinal de contas, dos cantos e dos contos: prisão de ventre não é bom para o corpo. A internet atualmente vive sua era faroeste. Inóspita, terra de ninguém – porém, sem um Xerife. É solo onde cobiçam o ouro e a fama; onde há raros duelos “mano a mano” de igual para igual, pois na maioria das vezes atiram pelas costas. São de uma covardia ímpar, insalubre, pois testam nossas pachorra, opinião e argumentação constantemente. Cobram sem dar em troca, ou, caso deem é resultado que uma procura extrema, extensa de finíssima peneira. São insetos com intentos de perfeccionismo às avessas.

André Anlub


Ótima noite de sábado meus nobres amigos


A cada passo um ar mais puro

Ela voltou, trouxe algumas flores silvestres,
Vamos agora, juntos, pela nossa rua do apego.
A calçada é larga e o sol que fulge sempre,
Há cães que não ladram e gatos nos telhados.

De longe, bem ao longe, alguém clama companhia.
Lá, onde habita o delírio, tudo existe,
E ainda insistem até mesmo em chamar de “amores”,
As variedades de corações em combustão.

Mesmo com a enorme falta de enzimas e excesso de buzinas,
Reinam os notórios e imortais motores...
Nem mesmo as dores conseguem atenção.

É lá, toda a inquietude e desassossego,
Estão vendo mal de perto como funciona o medo,
E estão cansados, mostram-se exaustos.

Mas nossa estrada é larga, como já foi dito,
Há espaço e apreço para tudo e todos,
As intolerâncias não crescem no infinito,
Quaisquer que sejam e venham à tona,

André Anlub®


7 de setembro de 2018

O livro que fez meu cavalo livre



O livro que fez meu cavalo livre
(Parte I, II, III)

A priori... tudo está a contento, e sobrevivi!
Lembro-me da vastidão do picadeiro
O cavalo da loucura em galope louco.
Nunca se deixa de fazer pouco
Quando tudo se tem... é você em primeiro!

Alucinações, parábolas, cogumelos
Nos desenhos moravam duendes;
Para as crianças, eram casas...
Salgados caramelos.

Cavalguei sobre o campo de tulipas
Amassadas pelas pegadas do cavalo.
E na queimada da mata...
Pelo ralo foram-se alguns anos
Pelo corpo farejei meus desenganos.

Chorei ao deparar-me com o tempo perdido
E no dito e não dito que ignorei.
Com a felicidade tinha perdido o compromisso
E no chumaço do chá de sumiço, 
Hoje me achei.

Enfim, estacionado o cavalo.
Dei banho, água e feno
Abri o cercado do terreno
E o deixei livre ao regalo.

Se todas as tulipas fossem negras

Meu cavalo nesse momento é livre
Porém, ainda com alguns fantasmas.
Também há as estradas íngremes
Que estendem um tapete vermelho para o nada.

Agora, as tulipas estavam inteiras,
Não mais pisadas pelas patas.
Brilhantes tulipas, com cores vivas
E força para enfrentar a tempestade.

O amanhã próximo de letras e tintas
A sina que mudaria o caminhar.
Nas mãos, preparados para tocar a alma...
Os livros de Emily Dickinson e Sylvia Plath.

E as tulipas se tornaram negras
Ao conhecerem sua história e sua dor.
Regadas e afogadas pelas flores coloridas
Que também afogaram junto seu rancor.

E meu cavalo livre...

Hoje tenho novo cavalo
Ele está perto, mas não temos contato.
Ele me inspira, traz força e medo
Me respeita e impõe respeito.

O coração se abre, vejo meu próprio inventário.
Martírio empoeirado de um achaque guardado
E o amor incrustado de um todo imaginário.

Hoje a vida é um constante cenário
Como o mar que me conhece
Até mais do que eu mesmo.

A moradia na emoção 
É o botão de liga/desliga da alma incendiária.

Pago a diária desse hotel
Com a locação do meu bordel
Com o papel, meus rabiscos
E a loucura ponderada.

Os cavalos, as tulipas e uma vida

Meu cavalo relinchou por comida
Quer algo esquecido e sem fim.
Quer banquete farto e antigo
Quer minhas loucas iguarias
Pois já está farto de capim.

Meu cavalo veio à minha porta
Nessa torta manhã de domingo.
Ouvi com delicadeza sua clemência
E chorei feito menino.

Mais uma vez só vejo as tulipas negras
E o verão mergulhado no inverno.
O inferno com suas portas abertas
Badalou os sinos
E colocou o capacho de “bem-vindo”.

Mas, minha gente amiga...
Beijo a vida vadia.
Deem-me as mãos, me deem guarida
Não quero ser julgado, é covardia.

Como réu confesso, meu cavalo se vai
Some ao longe, pelo canto da estrada.
Sua estada é sempre trágica
E, como mágica, ressuscita as tulipas.

André Anlub

Bora nessa



“Bora nessa”

Vou caminhando com total certeza:
No fundo, no fundo, você está em mim.

Não a vejo, entretanto consigo ver o belo,
Os olhos fracos ainda enxergam.

Ouço tal música (aquela nossa)
Os ouvidos estão indo bem;
Mesmo sem você escrever uma só linha,
Como nunca, sinto sua poesia,
Pois ela também é minha...
(admiração eterna).

No fundo, no meio e no raso,
Meu escuro – meu escudo
Meu jardim – meu cenário;

Nos olhos de janela,
Cada casto colorir de aquarela,
No vácuo, no vasto, no espaço,
Em cada música,
Em cada arte que faço
Em, absolutamente,
Todos os meus passos e traços...

Você está em mim.

André Anlub®

5 de setembro de 2018

Algumas Histórias XII


Algumas Histórias XII
(Um grande amigo de botequim)

Dez da noite bate o ponto
Uma coxinha, cerveja e a cachaça
Álcool resolve, em outra dimensão, a sua peleja
Coça a carteira e só moedas, migalhas
Mas ao olhar para a saída do bar
Avista uma sorrateira nota de cem.

Duas garrafas de pau pereira
Porção de batatas fritas
A conta paga
Mata meia garrafa
Incha e cora
Chora.

Resolve espernear
Resolve falar sozinho
Conversa com estranhos
Só ele pode vê-los, mas sempre respondem
Ele diz que são homens de branco
Geralmente mascarados
Ele diz que quando os vê nasce uma sensação sufocante
Mesclada com amargura.

Tem ânsia de vomito
Vai ao banheiro e transborda 
Volta suado e sedento
Pede um sal de frutas
Coloca sal nas fritas
Oferece-me um copo.

André Anlub


3 de setembro de 2018

O sábio e o tolo


O sábio e o tolo
(24/3/13)

O mais sábio homem também erra,
Erra ao tentar ensinar
Quem nunca quis aprender.

Os tolos morrem cedo,
Senão por fora
Morrem por dentro,
Ou ambos.

O mais sábio homem
Também ama.
E nesse amar,
Mergulha...
E se entrega,
Confia,
E muitas vezes
Erra.

Os tolos desconfiam,
Nunca arriscam,
Nunca amam,
Por isso acabam não vivendo...

Morrem por dentro e por fora,
Acabam errando
Sem jamais terem sido sábios.

André Anlub


2 de setembro de 2018

Das Loucuras (rundll32.exe)


Foto: Mirante em Jardim - Cariri/CE - 2010

Das Loucuras (rundll32.exe) 

Eta, o som da música estava porreta,
Havia uma harmonia no instrumental.
Aquela percussão ritmada no compasso dos astros,
Aquele contrabaixo que era o bicho, um arraso...
Genial, lâmpada mágica, gênio do bem e do mal.

A iluminação estava o “cão”,
Tudo encontrava-se sempre em ação.
Qualquer coisa ruim, pra baixo,
Batia partida às avessas.

A energia estava tão forte
Que se dilatava do centro da terra ao céu.
E ao Léo, e ao Lido, aos vices e vícios...
E também às vespas e versas.

Tragam a coroa para o Rei;
Mas esperem o efeito da moqueca apimentada passar.
Sairá de um trono rumo ao outro – “é de lei”...
Há de um mundo de incenso queimar.

Não é bom em dar conselhos,
Mas os recebe bem;
Pensa no tempo que se perde
No querer aparentar que tudo entendeu.

Há prazer no vagar vago, vagão de trem em vistosa viagem; 
Há prosar no pesado, vê-se leveza no bem querer...
Vende-se a vertigem virgem no copo que não bebeu.

Eta, a luz da lua bateu na mente num infinito romantismo...
E no mar o sorriso largo fez espelho.
Pegou força, desfez desencontros;
Assumiu o sumiço dos seus fantasmas...
Principalmente a fobia de não aceitar seu otimismo.

Quer dança, festividades, saúde, amor e ponto.
Pronto... Parágrafos inúteis surgirão quase sem fim...
Penhora de linhas perdidas no tempo...
Mas o que fazer? 
O poeta quis assim.

André Anlub®
(2/9/18)

Insone e insano no seno e cosseno do ser


Insone e insano no seno e cosseno do ser

Eu vejo, vejo!
Nas paredes do corredor que leva à cozinha,
Algumas sombras que balançam,
Com as leves e tontas brisas,
Expondo seus desenhos simplórios,
Notórias alucinações, visão dela...
Vou abocanhar meu pão de centeio,
Com queijo coalho e margarina,
E uma fatia generosa de mortadela.

Por enquanto, só por enquanto,
Primeira noite de inverno,
Sem arrepio, sem espanto,
Por enquanto,
Encontra-se calma e silenciosa.

Quebrou-se o silêncio,
No barulho do meu copo de vodca
O gelo frenético batendo,
No fino e fanho vidro,
Ao ser mexido pelo meu dedo.

Olhos mirando o bloquinho,
Sou zanho, sou zen, sozinho.
O álcool companheiro, agora me deixa,
Foi estacionar no cérebro,
Criou até raiz, e espera ser regado.

Convite à escrita,
Sorriso no canto do lábio,
Nos dedos da mão direita,
Uma imaginária tatuagem escrita;
O que há, não diz!
Mais uma letra se esconde,
Por debaixo do anel.

A verdade deve ser sempre colocada à prova,
As horas são escassas,
E procura-se o término de um romance real.

Depois de linhas traçadas,
Dois comprimidos de anfetamina,
A garrafa já no final,
Boca seca, pupila dilatada.
Tento dormir.

André Anlub®




Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.